sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Datas pra Ninguém se Esquecer

Consultando um calendário para ver dias especiais no ano, deparei-me com algumas datas curiosas: Descobri que o “Dia do Sogro” (10/3) não pode ser comemorado com o da sogra, pois o dia dela é 28/4. Há um dia de homenagem ao vendedor de livros (14/3), talvez pela sua audácia em tentar vender um produto tão desprezado num país que não lê. Há o importante “Dia do Goleiro” (26/4). Fiquei pensando nessa justa homenagem, pois o que seria de nós, nação pentacampeã do mundo, se não nos lembrássemos dos guardiães do gol? Há o introvertido “Dia do Silêncio”, que ficou tão tímido e calado, a ponto de ninguém saber que é comemorado em 7/5. Em 10 de julho, temos o “Dia da Pizza”. Certamente, algum deputado ou senador quis fazer uma homenagem justa aos políticos brasileiros. É uma data tão comemorada no nosso país que se estende por todo o ano. Há ainda o “O Dia dos Solteiros” (15/8), o “Dia da Velocidade” (9/9), o “Dia das Saudações” (21/11), que não anda muito saudado, e o “Dia da Lembrança” (26/12), que, afinal, ninguém se lembra.

O “Dia da Justiça” (8/12) não deve ser confundido com o “Dia da Injustiça” (23/11). Há o prestigiado “Dia do Nordestino” (8/10). Curiosamente, não há o “Dia do Sulista” nem o “Dia do Nortista”. Que algum deputado, por favor, resolva essa discriminação criando logo essas importantes datas. O “Dia do Office-boy” é comemorado com o “Dia dos Jovens” e também com o “Dia do Hino Nacional”, em 13/4. Algum cérebro bem dotado deve ter concluído que todo office-boy acaba se tornando jovem e deve aprender a cantar o hino do seu país. Talvez por isso haja essa comemoração conjunta.

Descobri também dias religiosos elogiáveis, como: “O Dia da Liberdade de Culto”, comemorado em 7/1. Há o “Dia Mundial da Religião”, celebrado em 21/1. Oração é uma coisa tão importante na nossa terra que é comemorada em duas datas: o dia 2/3 é o “Dia da Oração”, e o vizinho, 3/3, é o “Dia Mundial da Oração”. Há a homenagem ao “Dia do Sacerdote” (27/4) que não deve ser confundida com o “Dia do Pároco” (8/8). E o esquecido, mas essencial “Dia Universal de Deus”, comemorado em 14/6, junto com o “Dia do Solista”.

Procurei o que seria comemorado no dia 31/10 e encontrei: “Dia das Bruxas, Halloween”. Fiquei simplesmente indignado. Importar para o Brasil uma festa pagã, que celebra deuses da antiga Gália e cultua ancestrais mortos, e ocultar a Reforma Protestante? Esquecer que, nessa data, em 1517, ocorreu uma das maiores revoluções espirituais de todos os tempos. Pois, finalmente, muitos povos e nações se libertaram da tirania da fé. Depois dessa data, as pessoas redescobriram a Revelação de Deus na Bíblia e aprenderam sobre o amor imerecido de Deus pela humanidade. A partir daí, muita gente começou a ter acesso à mensagem de que Deus nos aceita porque Jesus, o Santo de Deus, fez um sacrifício único, perfeito, irrepetível, todo suficiente, na cruz, por nós. E aprender que ninguém compra as bênçãos de Deus, pois Ele não é movido a dinheiro. Entender que ninguém precisa fazer sacrifícios para ser aceito por Deus. Basta ir a Ele através de Jesus, que abriu o caminho novo e vivo até o Trono da Sua Graça.

Antes daquele 31/10, muitas pessoas pensavam que só podiam chegar a Deus acionados por um sacerdote. Todos procuravam um para se relacionar com Deus. A partir dali, as pessoas redescobriram que, após a conclusão do ministério terreno de Jesus e a descida do Espírito Santo, Deus veio morar no crente em Cristo. Agora eles têm acesso a Deus. Ninguém mais é o predileto de Deus e o queridinho do Papai do Céu. Ninguém é melhor que ninguém, em Cristo. Deus não privilegia nem discrimina pessoas, pois o Espírito Santo é Deus conosco.

Muitos políticos criaram datas especiais para homenagear e realçar o valor de grupos e fatos históricos. Porém, a multiplicidade dessas datas acabou por banalizá-las. Aquilo que deveria ser destaque se tornou tema de gracejos. Se 31/10 fosse celebrado como o “Dia da Graça”, talvez a graça de Deus só fosse lembrada naquela data. Mas a graça e o amor de Deus devem ser lembrados e testemunhados todos os dias, pois Ele as renova a cada manhã, e elas não têm fim (Lm 3.22,23).

Enfim, você pode se esquecer do “Dia Mundial do Consumidor” (15/3), do “Dia do Desarmamento Infantil” (15/4) e até do “Dia da Constituição” (17/5), mas não se esqueça nunca de agradecer a Deus pela Sua Graça e de, pela fé em Jesus Cristo, a cada dia, se apossar dela.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Seu Caráter Faz seu Nome

Um tio da Jane se chamava Blandismar. Era um nome tão esquisito que toda a família o chamava de “Fio”. Um dia perguntamos à vovó Marta por que dera tal nome ao filho primogênito? Ela disse que, lá na rua onde morava, havia um garotinho muito educado e prestativo, cujo nome era Blandismar. Então, ela colocou o nome em homenagem àquele garoto, na esperança que seu filho também fosse tão prestável. Foi aí que descobri que, mesmo que receba um nome excêntrico, você pode neutralizá-lo se tiver uma vida bonita.

Li que “no Império Romano, os pagãos frequentemente invocavam o nome de um deus ou de uma deusa ao fazerem apostas em um jogo de azar. Uma divindade favorita do apostador era Afrodite, a palavra grega para Vênus, a deusa do amor. Ao rolar os dados, eles diziam ‘epafrodito’ – literalmente, ‘por Afrodite’”.

Na verdade, o nome Epafrodito significa “amado por Afrodite”. Possivelmente, quem recebia tal nome, era filho de pais devotos da deusa, também ícone da beleza e da sexualidade, na mitologia grega. O nome seria dado na intenção de que a pessoa fosse dedicada a Afrodite, ou protegido por ela. Enfim, ao homenageá-la, queriam que houvesse uma ligação forte com a deusa.

Acontece que, na Bíblia, aparece um Epafrodito que não é consagrado a Afrodite, mas é alguém convertido a Jesus, e tem ligação forte com ele. Provavelmente ouviu o evangelho e se rendeu a Jesus. Quando a Igreja de Filipos necessitou de uma pessoa de confiança para levar uma oferta ao apóstolo Paulo, logo pensaram nele. E Epafrodito não só foi leal à sua missão, como se tornou um grande companheiro do apóstolo, servindo-o com fidelidade. Sobre esse amigo, Paulo escreveu: “...Epafrodito... meu irmão, cooperador e companheiro de lutas” (Fp 2.25).

Epafrodito foi um bravo soldado da fé e o portador da inspirada carta de Paulo aos Filipenses. Ele se comovia com as necessidades dos seus irmãos na fé e tinha uma ética a toda prova. Cheio de vontade de servir ao seu Deus, Epafrodito já não vivia por Afrodite, mas tinha a reputação de quem vivia pela fé em Jesus. Seu nome continuava pagão, mas agora demonstrava um enorme apego e amor a Cristo.

Agora leio que funcionários do Detran do Rio foram presos pela Polícia Federal, na sexta-feira, 21/10. Eles arrumaram um esquema fraudulento de emissão de carteiras de habilitação, que beneficiou sete mil motoristas. O desfalque aos cofres públicos é calculado em 30 milhões nesses últimos três anos. Um dos líderes do bando chama-se Oséias. Ele era o atendente da diretoria de licitação do Detran.

Oséias significa “salvação” e é equivalente aos nomes de Josué e Jesus. Não é um nome raro, mas quase sempre quem o recebe é filho ou neto de crente. Geralmente o nome é dado não só para homenagear o profeta bíblico, mas inspirado no seu caráter. O Oséias do Detran não honrou o significado do seu nome. Sendo empregado de confiança, no meio de empregados corruptos, não foi a “salvação” ética do grupo.

Não basta ter nome bonito. Também não importa se seu nome é exótico. Na verdade, as qualidades observadas em nossa vida são mais importantes do que o nosso nome. O que você gostaria que as pessoas associassem ao seu? Viva de tal modo que ainda que tenha um nome extravagante, a sua vida se torne útil a Deus e fonte de inspiração para todos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O Que é a Vida ?

Depois de uma vinda inteira de trabalho, finalmente aquele avô, agora, tem tempo para os netos. Vai levá-los ao playground, para brincar com eles; e uma bala perdida o encontra, e ele cai por terra, mortalmente ferido.

São dois senhores saindo para levar a produção de hortigranjeiros para o Ceasa, no Rio. Chegam a Av. Brasil e notam que um dos pneus do caminhão furou. Vão trocá-lo e, enquanto trocam, passa um carro em alta velocidade, os atropela, e os mata.

É um casamento bonito. Tudo organizado com antecedência, e tudo correndo bem. A cerimônia religiosa é belíssima. Os noivos estão alegres; a família, feliz; e os convidados, encantados. Quando já estão todos indo embora, o tio da noiva sofre um enfarte fulminante, morrendo ali mesmo.

Falta apenas uma hora para acabar o serviço, conta o vigia que trabalha na Prefeitura. De repente, aparecem quatro homens, que batem a porta. Vai atendê-los, sai uma briga, e ele recebe dois tiros. Morre ali no cumprimento do trabalho.

Contei em flash quatro casos reais. Dois, ocorridos no Rio, e os outros dois, em Teresópolis. Diante disso, fica a pergunta: o que é a vida?

A primeira resposta é: a vida é imprevisível. No dia da partida para o Egito, Moisés não podia imaginar que ele mesmo não entraria na terra prometida. Bartimeu, o cego, ao sair para mais um dia para esmolar, não podia imaginar que, naquele dia, teria um encontro com Jesus, que restituiria a sua visão, e mudaria por completo a sua história.

A segunda resposta é: a vida nem sempre é justa. Nem sempre filhos enterram os pais. Nem sempre ímpios morrem antes dos justos, e os mais velhos antes dos mais novos. Também não morrem doentes antes dos sãos, nem os que nada têm para realizar na frente dos que estão no auge das realizações.

A terceira resposta é: a vida é fugaz. A Bíblia a compara a um sopro. Ela também é um vapor. É um conto ligeiro. Moisés diz: “Acabam-se os nossos anos como um suspiro... nossa vida ...passa rapidamente, e nós voamos” (Sl 90.9,10).

Resumo da ópera: a vida é fugaz, injusta e surpreendente. É loucura vivê-la sem se preparar para a morte. É insensatez vivê-la sem planejar o dia do nosso encontro com Deus. O problema se agrava quando vivemos como se tudo o que existisse fosse a vida aqui. Jesus contou uma história e nela chamou de louco ao homem que, enriquecido, achou que tudo o que devia fazer era regalar a sua alma com comidas, bebidas, e festas. É que, naquela noite, Deus pediria a sua alma e ele não estava preparado.

Não viva como se nunca fosse morrer. Aos olhos de Deus somos como um vapor. Nunca deixe Deus de fora dos seus planos. Você precisa de Deus já. Pra hoje, pra essa vida. A boa notícia é que Jesus disse: “Quem vem a mim, vem ao Pai”. A única maneira de estar preparado para o dia da morte é estar preparado agora.

Costumo ter esta conversa em funerais. E muitas vezes a minha palavra ali é dita tarde demais. Hoje é o dia de você ouvir a voz de Deus. O que é a sua vida? Um vapor! Portanto, venha a Cristo agora. Abra o seu coração para Deus já!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Não Tema o Diabo. Tema Você.

Vivemos num mundo místico, onde pessoas adoram gnomos, duendes, anjos, e o esoterismo ganha força. Um rapaz dizia que a rotina semanal da sua sogra era ir ao candomblé, frequentar a sessão espírita e também participar de um estudo bíblico numa igreja evangélica. As pessoas têm um vazio no coração e estão à procura de uma espiritualidade plural, onde o que importa são boas sensações.

No campo evangélico a situação não é muito diferente. Há um forte apelo à magia. As pessoas querem se relacionar com Deus como se envolviam com as entidades espíritas. Elas dão ofertas pensando que, assim, Deus ficará preso em suas mãos. Há uma tentativa de controlar os poderes divinos. E até mesmo igrejas outrora históricas, que tinham a Palavra como base da sua fé, estão largando as Escrituras, e voltando-se para essa ‘feitiçaria evangélica’. Uma igreja, no Rio, colocou a seguinte placa na entrada do seu templo: “Hoje, sexta-feira da libertação. Faremos libertação com arruda e sal grosso.” Isso é macumba. Não é à toa que vemos 'crentes' aterrorizados por anjos, demônios, feitiçarias e magias espirituais.

A sociedade vive também amedrontada. Um pastor respondia pela sua igreja num Fórum, e o advogado que defendia a parte oponente o procurou, antes da audiência, e lhe disse: “Pastor, por favor, eu estou defendendo o meu cliente aqui, mas não ora contra mim lá na sua igreja, não!” O pastor lhe disse: “ Fique tranquilo: lá a gente não ora contra, não. Só a favor.”

C. S. Lewis disse que cometemos dois equívocos. O primeiro é supervalorizar o Diabo, satanizando tudo. Há gente atribuindo ao Diabo comportamentos que são seus. Um casal procurou um pastor, pedindo que ele orasse expulsando o ‘Demônio da Desavença e do Desentendimento’, que não saía da sua casa. O pastor, conhecedor das Escrituras, disse que não havia tal demônio. E que eles começassem a se responsabilizar por suas brigas e baixarias. O segundo equívoco é ignorá-lo, pois assim podemos nos tornar presas fáceis dos seus ardis.

A Bíblia, no entanto, nos garante que, para aqueles que já entregaram a vida a Jesus, não há mais nenhuma condenação (Rm 8.1). Jesus veio destruir as obras do Diabo (1Jo 3.8). E não precisamos ter medo de tocar nisto, manusear aquilo, ou tirar qualquer objeto de casa (Cl 2.20-22). A questão principal não é se o Diabo vai pegar você. É se você está ou não sob a proteção do sangue de Jesus Cristo. A Bíblia nos garante que “o Senhor é fiel, e ele confirmará e o guardará do Maligno” (2Ts 3.3). A nossa segurança está no caráter de Deus, a quem servimos. Ela também assegura que se resistirmos ao Diabo, ele fugirá de nós (Ef 4.30). E nós o combatemos em o Nome de Jesus.

A má notícia é que, conquanto o Diabo não possa destruir a igreja, você pode. Em Números 23, Balaque, rei dos Moabitas, contrata um macumbeiro da pesada, Balaão, para amaldiçoar o povo de Deus. Balaão era muito respeitado pelos poderes sobrenaturais que tinha. Ele aceitou a tarefa, mas Deus foi logo lhe dizendo: “Nem pensar! Este povo é meu.” Como estava em jogo muito dinheiro, e Balaão era muito ganancioso, ele ainda assim tentou amaldiçoar aquele povo. Mas Deus lhe disse: “Contra Jacó não vale encantamento nem maldição” (Nm 23.23). Então, ele foi e respondeu a Balaque: “nós temos forças espirituais, mas esse povo tem do lado dele o Deus criador dos céus e da terra.”

Aí Balaão deu um conselho a Balaque. Não dá para fazer danos ao povo através de magia negra, mas se você contratar umas prostitutas e colocá-las bem licenciosas, vestidas tipo periguetes, lá no meio daquele povo, o estrago vai ser muito grande. Balaque gostou do conselho, e as enviou. Aí os rapazes de Israel começaram a se envolver com aquelas garotinhas, e as mocinhas de Israel começaram a ‘namorar’ os marombados rapazes moabitas. A depravação foi tal que Deus destruiu 24 mil israelitas.

Só o que causa dano à igreja é o pecado dela. A única coisa que Satanás pode fazer contra o crente é colocar diante de nós tentações, para que alimentemos o coração com o pior que há em nós. Então, quando cedemos ao pecado, nos enfraquecemos espiritualmente, e nos esfriamos diante de Deus. E os nossos pecados limitam a atuação de Deus a nosso favor. E aquilo que Satanás não pode fazer em nós, o pecado faz.

Então, não tenha medo do toque do Diabo, pois “maior é o que está em nós, do que o que está no mundo”(1Jo 4.4b). O Senhor livra o crente de toda obra maligna (Ef 4.18). Mas não abra brecha ao pecado. Ele irá afastá-lo de Deus, da Sua graça, do Seu poder e dos seus irmãos na fé.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Com Cristo é Muito Melhor

Iniciei meu ministério pastoral em Guaíba, RS. Havia lá uma comunidade pobre, que descobriu que a Igreja Batista não cobrava nenhuma taxa para fazer o funeral. Então, comecei a ser convidado para dirigir cerimônias fúnebres.

Lembro-me de vários momentos difíceis. Num deles, fui convidado por um diácono para falar de Cristo à sua vizinha, uma octogenária, que estava hospitalizada. Cheguei lá no Hospital Municipal e expliquei àquela senhora, de uma maneira simples e clara, o plano da salvação. Ela me respondeu assim: “Pastor, quando eu sair daqui eu vou à sua igreja”. E cumpriu a promessa, porque naquela noite morreu, e seus familiares pediram que o corpo ficasse numa sala ao lado do nosso templo. Foi ali que vi uma das piores cenas de desespero. As quatro filhas, todas de meia idade, literalmente arrancavam os cabelos, e gritavam: “Nunca mais veremos nossa mãezinha!” A cena era deprimente e chocante.

Em outra ocasião fui solicitado a visitar uma senhora, cujo filho alcoólatra, de 35 anos, acabara de falecer. Os familiares queriam que eu assistisse a mãe durante o funeral. Enquanto esperávamos a chegada do corpo, passeei com ela por um jardim, e ela me dizia: “Pastor, eu estou desesperada assim porque eu sei que esse meu filho foi exatamente para o mesmo lugar onde o meu marido está. Ele foi para o inferno.” E contou que, tendo seis filhos, sendo três homens e três mulheres, criou as filhas na igreja. Mas o pai, que não era crente, disse que ensinaria os filhos a serem homens. E, desde pequenos, dava-lhes bebidas alcoólicas. Os três se tornaram alcoólatras. Enquanto isso, as três moças se tornaram boas crentes em Cristo e servas fiéis do Senhor. Aquele filho fora o “rei momo” do carnaval de Guaíba, naquele ano. Três meses antes de sua morte, o médico lhe disse: “ou para de beber ou morre”. Agora estava eu ali no seu funeral, tentando consolar aquela triste mãe.

Mas, já tive outras histórias. Faleceu a esposa de um crente muito fiel, casado há mais de 50 anos. Ao visitá-lo, ele me dizia: “Pastor, eu não sei o que estou fazendo aqui, porque tudo aquilo de mais precioso que eu tenho em minha vida está no céu. Porque lá estão a minha amada esposa e o meu querido Jesus.” Pouco depois, com absoluta serenidade, de quem parte para se encontrar com Jesus, ele faleceu.

A irmã Eurides Silva, querida esposa do meu professor da EBD, diácono Cândido Silva, passou muito tempo doente, e acamada, com dores atrozes na coluna. Seu marido e fiel companheiro a assistia. No início deste ano, já bastante debilitada, na presença do esposo, olhou para o lado, e disse: “Lá vem Jesus. Ele é lindo, lindo! Lá vem meu Jesus! É lindo!” E faleceu.

Por isso, inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo Paulo nos diz: “Meus irmãos não quero que sejais ignorantes acerca dos que já partiram, para que não sejais como os que não têm qualquer esperança. Pois se cremos que Jesus ressuscitou, cremos que os que dormem nele ressurgirão”. (1Ts 4.13,14).

O crente não ignora a morte. Não é um alienado no assunto. Ele fica triste com a separação, mas não com a tristeza de quem não tem esperança. Não sente tristeza de arrancar cabelos nem um desgosto inconsolável. Ele crê que assim como Jesus morreu e ressuscitou, ele também morrerá e ressuscitará e estará para sempre com o Senhor. Aliás, esse texto bíblico termina assim: “e assim, estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (1Ts 4.17).

É muito bom viver aqui com Cristo, mas morrer com Cristo é incomparavelmente melhor!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Adoração Produz Desejo de Servir

Na minha juventude usava um cabelo grande, arrepiado e, por que não dizer, horrível. Mas era a moda. Todo mundo usava cabelo grande. Namorava a Jane e, aos sábados, o pai dela perguntava: “O cabeludo vem aí, hoje?” Um dia, precisei tirar fotos para a carteira de identidade. Não sei como é hoje, mas naqueles dias o mínimo que se tirava eram seis fotos. Elas sobraram e, muito tempo depois, foram achadas pela minha filha Susana, e imantadas na geladeira lá de casa, com os seguintes dizeres: “procura-se: vivo ou morto?” Acho que afastava as moscas. Susana, na sinceridade da sua infância, olhou pra aquele pavoroso cabeludo, e perguntou: “Mãe, como é que você conseguiu gostar do pai, sendo ele tão feio?” Acho que a Jane lhe disse que “o amor é cego, surdo e mudo”. A minha resposta, hoje, é: “foi a graça de Deus”.

Você pode até rir do que está aí em cima, mas quem diria que um dia você, ou a sua filha, gastaria uma boa quantia de dinheiro para comprar uma calça comprida rasgada, num lugar sofisticado? Daqui a vinte anos quem estiver vivo rirá disso. E, talvez envergonhado, se lembrará que, quanto mais rasgadas, as calças ficavam mais caras. Mas hoje é moda, e muitas pessoas são reféns dela.

No meio evangélico também há modas. Veio a moda dos dons espirituais. Não se ia a um encontro evangélico sem que não se falasse do tema. Podia ser aqui, no Brasil, na Europa, ou na Conchinchina, que todo crente queria saber alguma coisa sobre dons espirituais. Até que veio o tempo da batalha espiritual. Se não estou enganado, a onda surgiu com o advento do livro “Neste Mundo Tenebroso”, de Franck Peretti. Igrejas faziam simpósios e não havia congressos de pastores, de jovens, de mães, de músicos, e até de rol-de-bebês em que o assunto não fosse abordado. Como sempre, surgiram centenas de livros sobre o tema, e até alguns poucos bons. Batalha espiritual fez também o ibope do diabo subir nas igrejas, a ponto de ele quase se tornar central na fé cristã. Tudo era o diabo. Não se ia a um culto sem que ele não fosse lembrado. Cunhou-se também a frase, não bíblica: “está amarrado em nome de Jesus”. Não havia reunião evangélica em que ele não fosse amarrado. Amarravam-no tanto, que ficava a pergunta: quem será que o soltava de novo? Outra vez, livros em catadupas foram consumidos pelos crentes. A febre passou para o tema adoração. Tudo era adoração. Embora hoje já não seja assunto central, adoração ainda é discutida.

Quem vai à Bíblia, encontra Isaías tendo uma experiência fascinante de adoração. Mas ele não ficou apenas contemplando ao Senhor. Ele se confrontou com a santidade de Deus; sentiu o seu pecado; confessou suas faltas; foi perdoado, e se ofereceu para o serviço. Agraciado por Deus, ouviu a sua voz, e se apresentou para a obra: “Eis-me aqui, envia-me a mim”, disse. É que adoração produz desejo de servir. O adorador cristão não é um místico. Hoje há uma massa de pessoas nos cultos, empanzinada em adoração, que não trabalha, só canta, canta, canta; pula,pula,pula; chora, chora, chora; celebra,celebra, celebra, e não faz mais nada! Adoradores ociosos. Só vêm aos cultos para adorar ou se fortalecer. Mas, a verdadeira adoração produz consagração. A pessoa diz: “eu quero fazer alguma coisa, eu quero me envolver com a obra”. Além de Isaías, foi essa a experiência de Pedro. Após declarar seu amor a Jesus, ele ouviu o Mestre lhe dizer: “apascenta as minhas ovelhas”. Assim, se você realmente adora a Deus, isso produzirá um incontido desejo de trabalhar em prol do seu reino. Ah!, só mais uma coisinha: adoração verdadeira nunca sai de moda. O resto é conversa mole pra boi dormir.