Quem, sinceramente, diante de um sofrimento, não perguntou: “O que fiz, afinal, para merecer este castigo?” Alguns anos atrás, quando explodiu o avião 747 da TWA que fazia o vôo 800, entre New York e Paris, as pessoas comentavam: “Por que Deus permitiu que isto acontecesse?”
Uma vez perguntaram a um cristão piedoso sobre a razão de tantas injustiças e sofrimentos no mundo. E, onde estava Deus que, aparentemente, nada fazia. Ele respondeu assim: “você acha que é da vontade de Deus que homens peguem em armas e matem seus semelhantes? Acha que é da vontade de Deus que um homem se embebede, conduza um carro e provoque a morte de uma família?”
Isaías declara que “o mundo andava em trevas (em caos), debaixo da sombra da morte”, mas que “o povo que andava em trevas viu uma grande luz.” Ou seja, a presença de Jesus na ocasião do caos, da dor, da morte e do desespero traz luz. Um dia, ao se depararem com um cego de nascença, os discípulos de Jesus lhe perguntaram: “Quem pecou?” (João 9) Desde que o mundo é mundo, duas respostas têm sido dadas para esta pergunta. Jesus acrescentou uma terceira.
“O sofrimento é de responsabilidade pessoal”, dizem alguns. Com a pergunta, os discípulos já trouxeram alguns pressupostos na mente, pois diziam: “Quem pecou, este... (v 2) ?” Esta também foi a resposta de Caim quando foi chamado por Deus a responder pelo sangue do seu irmão: “Acaso sou eu guardador do meu irmão?” Quando defendemos que o mal e a fatalidade são problemas pessoais, estamos dizendo que cada qual é responsável pela sua situação, afinal, o sistema dá oportunidade a todos. Quem não está bem é porque não quer. É uma resposta cínica que não ajuda em nada nem estanca a dor.
Outros dizem: “O sofrimento é de responsabilidade dos outros”. Os discípulos de Jesus também não rejeitaram esta hipótese, porque acrescentaram: “Quem pecou,... seus pais ?” É a ideia de que a dor e o sofrimento podem ter origem, também, fora do indivíduo. É um problema dos outros. É o jovem drogado que diz: “o problema são os meus pais”. Outros dizem: “É culpa da família”. Ou, então, furiosos, dizemos: “é culpa do governo!” Como fez Adão: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu do fruto, e comi.” Como fez Eva: “A serpente me enganou, e comi.” Ora, se a mulher foi dada por Deus e se a serpente foi criada por Ele, então, o responsável último pela dor e sofrimento é o próprio Criador.
A resposta de Jesus foi: “Nem este, nem seus pais pecaram, mas para que se manifestasse a obra de Deus na vida dele (v 3)” Em outras palavras, o sofrimento do outro é sempre um convite para manifestarmos as obras de Deus, criando um mundo mais justo, mais fraterno e solidário. Todas as vezes que encontramos gente a sofrer e a clamar no sofrimento, ali está Deus nos chamando para realizar as Suas Obras. Se você deixar que a presença de Jesus na sua vida ilumine aquele ambiente, aquela situação difícil pode trazer glórias ao nome de Deus. Muitas pessoas não verão Deus naquela situação, mas poderão enxergar o amor e a presença dEle na sua atuação desprendida e amorosa naquela hora.
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