segunda-feira, 4 de abril de 2011

"Não por Força ou por Violência"

Há dois anos atrás, uns fanáticos neopentecostais entraram num Centro Espírita, no Catete, RJ, e destruíram tudo o que lá havia, em nome do evangelho. Quando a gente pensa que já viu de tudo, ainda se surpreende. No movimento evangélico atual já temos a volta de amuletos e relíquias; a venda de bênçãos (indulgências); descarregos; impérios econômicos explorando pessoas, e eis que agora surgem bandos truculentos fazendo guerra religiosa em nome de Cristo.

Sou neto de pastor batista. No início dos anos 50, meu avô pastoreou a Primeira Igreja Batista de Petrópolis. Ali foi apedrejado e escorraçado por pregar o evangelho em praça pública. Já ouvi muitos relatos de como os crentes foram perseguidos em Venda Nova, interior de Teresópolis, por tentarem fazem culto ao ar livre. Agora, as coisas mudam: são grupos chamados evangélicos que estão perseguindo os outros.

Um dos legados dos batistas aos grupos evangélicos é a liberdade de expressão e de opinião. As pessoas têm o direito de escolher a sua fé e até mesmo não professar fé alguma. Cada pessoa é responsável por sua vida e por suas decisões. O homem não pode ser tutelado pela Igreja nem pelo Estado. E toda e qualquer intolerância, seja racial, social, religiosa, ideológica ou política deve ser veementemente rejeitada por nós.

É assustador ver pessoas querendo impor o que julgam o certo aos demais. Esta liberdade de opinião permite que a Convenção Batista Brasileira, por exemplo, abrigue em seu meio amilenistas, pré-milenistas, pré-milenistas dispensacionalistas e pós-milenistas. Abrigamos diversas tendências porque este ponto não é fundamental, mas secundário na fé cristã.

Mas, liberdade de expressão não significa aceitar tudo. Somos inegociáveis em pontos onde não há nada para se negociar. E onde há pontos não definidos, mantemos uma postura de respeito. Não podemos agredir a nossa história. Resumimos tudo nisso: “Nas pequenas coisas, diversidade; nas questões capitais, unidade; em todas as coisas, caridade”.

Melhor fariam os ferozes neopentecostais se agissem como fez a família do Pastor Ozir Antônio Manso, na década de 70. Um Centro Espírita comprou uma propriedade ao lado da sua casa. Ele não gostou, mas não bateu em ninguém; não quebrou coisas nem criou encrenca com os novos vizinhos. Ao contrário, começou a orar, pedindo a Deus que agisse. Todas as noites, na hora da sessão espírita, ele se reunia com a família em culto doméstico, pedindo que o Senhor não permitisse que aquilo fosse adiante. Três meses depois o Centro foi fechado, porque “os guias” não estavam conseguindo baixar. Problemas espirituais são resolvidos espiritualmente. Ou como diz o profeta Zacarias: “Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6).

Um comentário:

  1. Excelente! Temos que ter postura equilibrada, testemunho de crente, segurança no Senhor e em meio a tanta morte espiritual demonstrarmos o verdadeiro sentido da vida que é Jesus, que é o único caminho, que é a verdade e a própria vida. Demonstrar amor aos que estiverem mortos espiritualmente falando, pois Deus é amor. Testemunhando e orando, atuando naquilo que estiver ao nosso alcance, no tempo oportuno veremos o resultado da intervenção do Espirito Santo na vida daquele que desejamos ser atingido pelo evangelho.

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