Joni Earickson era uma jovem atleta, cheia de vida. Certo dia, ao mergulhar em um lago, ela bateu em uma pedra. Como resultado desse choque, ficou tetraplégica. Quando entendeu a extensão da sua dependência, desesperada, pediu a morte. Pediu a uma amiga que lhe desse alguns comprimidos para se suicidar. Diante da negativa, desesperou-se mais ainda com o pensamento: “Não posso nem mesmo me matar”. Com o espírito abalado por ódio e amargura, sua vida estava fadada a ser tragicamente triste. Um dia, a sua melhor amiga, ao lado da sua cama, tentando consolá-la, lhe disse: “Joni, Jesus sabe o que você está sentindo. Você não é a única pessoa paralítica. Ele também esteve paralisado”. Joni olhou-a enfezada, e perguntou: “O que você quer dizer com isto?” A amiga prosseguiu: “É verdade. Lá na cruz, Jesus deve ter tido muita vontade de remexer-se um pouco, mudar de posição para aliviar o peso do corpo, mas não podia mover-se. Ele sabe o que você está sentindo.” Joni disse que já tinha percebido o bem que o amor dos seus amigos e familiares lhe fazia, mas pela primeira vez Deus lhe pareceu incrivelmente próximo dela. Hoje, Joni pinta quadros com a boca, e seu testemunho cristão já correu o mundo através de filme e livros.
Recentemente, meu irmão gêmeo me disse que conheceu um Ministro de Música muito competente, músico fino, mas que maltratava os coristas e músicos que não aprendiam facilmente, mostrando falta de paciência com suas fraquezas. Um dia sofreu um AVC, e ficou com várias partes do seu corpo comprometidas. Através de um processo longo de fisioterapia, enfim voltou a reger. Só que, após a enfermidade, continuou competente, sério e exigente, mas passou a tratar a todos com cortesia e paciência. Como experimentou a fraqueza de querer fazer algumas coisas e não conseguir, humanizou-se.
O Escritor aos Hebreus diz: “temos um sumo sacerdote que pode se compadecer das nossas fraquezas” (Hb 4.15). A palavra grega usada para fraqueza é astheneia, que pode ser traduzida por ausência de força ou deformidade. No Novo Testamento, esta palavra nunca é usada como sinônimo de força física. Ela se refere mais a uma fraqueza moral, mental ou emocional. Então, a Bíblia nos diz que o nosso Grande Sumo sacerdote e único mediador, o Senhor Jesus Cristo, porque foi tentado e provado em todas as coisas como nós, mas sem pecado, se compadece das “nossas fraquezas”.
Se Jesus só entendesse as nossas fraquezas já seria bom. Mas Ele conhece a sensação que temos em nossas fraquezas – os traumas emocionais, os conflitos interiores e a dor que tudo isso nos acarreta. Ele compreende as nossas frustrações, aflições, depressões, mágoas, os sentimentos de abandono e solidão, isolamento e rejeição. Ele sabe exatamente como nos sentimos quando experimentamos toda essa gama de emoções que acompanham nossas fraquezas e enfermidades. A Bíblia garante que, tendo passado pelas mesmas coisas, Ele sabe entrar nos nossos problemas e senti-lo conosco.
No Getsêmani, Jesus sentiu “a sua alma profundamente triste até a morte”(Mt 26.37,38). Ou seja, Ele passou por sofrimentos e sensações de agonia tão fortes que até desejou a morte. Então, Ele entende quando você está deprimido e não quer viver mais. Mas Jesus também enfrentou falsos testemunhos, calúnias e humilhação. Na cruz, cuspiram-lhe no rosto, deram-lhe murros e o esbofetearam (Lc 22.63, Mt 26.67). Poucas coisas são tão humilhantes, degradantes e destroem o nosso sentimento de dignidade. Então, Ele entende o tipo de sensação que se passa dentro de nós quando nos sentimos agredidos e humilhados. Mas também, lá na cruz, fizeram pouco caso dele. Foi alvo de chacotas (bullying), de gozação. Sentiu-se desajeitado, horroroso, justamente por causa da crueldade dos seus algozes. Isaías descreveu o que Ele passou, dizendo: “...nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado, o mais rejeitado entre os homens, ... e dele não fizemos caso” (Is 53.2,3). E, talvez, a pior dor que sofreu foi quando se sentiu abandonado pelo próprio Pai. Os céus se tornaram horrivelmente surdos para Ele. Gritou por socorro, mas não recebeu resposta (Mt 27.46). Então, Jesus compreende o nosso grito de desamparo, quando o nosso nível emocional está mais baixo, devido à rejeição, abandono ou depressão.
Não importa qual seja a nossa fraqueza, Deus não se envergonha de nós. A Bíblia nos garante que “Ele se compadece das nossas fraquezas” (Hb 4.15). Mas diz mais. Deus nos convida a chegarmos a Ele com nossa dor, culpa ou vergonha. Ele diz: “Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno”. Sim, há esperança e socorro para cada um de nós. O Deus de toda a graça, nosso Sumo Sacerdote Jesus Cristo, pede tão somente que nos aproximemos dEle com confiança. Aquele que se compadece da nossa fraqueza quer nos socorrer, quer agir com graça e amor em nossas vidas, na hora certa. Então, aproxime-se dEle já.
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