sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A Nossa Geração Gospel

Previamente contratado para ‘abençoar’ o culto, o cantor gospel chegou atrasado. Naquela altura, o dirigente mandou que abrissem a Bíblia em Efésios. Deram uma Bíblia para o cantor, e ele não sabia onde ficava Efésios. Abriu-a no Antigo Testamento e ficou procurando, procurando... Finalmente, chegou a hora dele atuar e, com todo aquele seu rico conhecimento bíblico, sempre deixava um sermãozinho antes de atacar a próxima música. No final, todos saíram alegres e animados. Ele também, pois o seu cachê foi pago integralmente.

Um desses dias, um Pastor foi convidado para pregar num congresso jovem, num feriado, em um lugar afastado. Saiu de casa deixando toda a família. Ao chegar lá, notou que o templo estava lotado, com muita gente do lado de fora. Não havia mais espaço. É que o grupo gospel que ia cantar estava em 1° lugar no hit parade das rádios evangélicas. O pastor pregou, e Deus o usou, havendo muitos decisões. No final, a igreja se cercou de tanta preocupação com o grupo vocal(autógrafos, fotos, vendas de cds e segurança), que se esqueceu do pregador, que saiu de lá sem receber sequer um ‘boa-noite’.

Houve uma época em que se ia ao culto para ouvir a voz de Deus, refletir sobre a vida e deixar o Espírito Santo moldar o coração. A época passou. Hoje em dia o que vale é o entretenimento. Hoje se vai ao culto para ouvir um cantor gospel, ou para se estrebuchar com uma banda evangélica. Como diria Bill Ichter, “querem algo que mexa com os pés, não com o coração”.

Como num show, as pessoas vão aos cultos, mas já não carregam Bíblias, trazem máquinas fotográficas. É mais importante tirar uma foto com o cantor gospel, do que meditar na Palavra de Deus. Enche mais o ego trazer um cd novo autografado que trazer o coração marcado pela voz de Deus. É também mais importante saber quem vai cantar do que quem vai pregar. É que a música tornou-se central no culto evangélico. Dá-se mais tempo para ela do que para a mensagem bíblica. É a parte mais apreciada e difundida. Valoriza-se mais o que se fala para Deus, do que aquilo que Deus tem a dizer. O importante não é o que se crer, mas o liberar das emoções. Não poucas vezes, as pessoas estão tão cansadas após os cânticos, que sobra pouco ânimo para ouvirem o sermão. Os crentes já não querem pensar nem aprender, só querem se emocionar. Vê-se isso na postura de muitos ‘líderes do louvor’ (título inadequado, pois na verdade eles lideram cânticos, porque louvor é todo o culto). Eles só ficam no templo enquanto estão no palco. Encerrado o período, saem. Que não se conte com eles para um tempo de oração, meditação e submissão a Deus.

Com tudo isso, o culto é antropocêntrico. Voltado para o homem, não para Deus. Eis aí a geração de crentes mais egoístas de que se tem notícia nestes últimos séculos. Não ama a Deus nem o obedece. Só quer festa e as suas bênçãos. Mas, Deus se interessa mais com que o obedeçamos do que com o que nós cantamos. Já entendeu porque, apesar do seu número crescente, esta geração de evangélicos não transforma este País ?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Nas Palmas das Mãos de Deus

O filme “O Panaca” (versão brasileira), de Steve Martin, é a história de uma pessoa adotada por uma família que cresce buscando sua identidade. Um dia ela descobre seu nome nas páginas de uma lista telefônica. Então, começa a gritar: “Meu nome está escrito aqui! Eu sou alguém!”

O crente é alguém que já descobriu que é importante não por constar numa lista telefônica, mas porque seu nome está gravado nas mãos de Deus: “Eis que te gravei nas palmas das minhas mãos”. (Is 49.16).

Isaías escreveu estas coisas quando o povo se sentia completamente abandonado por Deus. Os judeus já estavam a 70 anos escravizados na Babilônia. Eles achavam que Deus havia se esquecido deles. Então, o Senhor responde: “Não me esquecerei de Ti. Eis que nas palmas das mãos eu te gravei”. Era como se Deus dissesse: “Preste atenção. Eu estou aqui. Você é importante pra mim e eu nunca o abandonarei”.

Escrever o nome de alguém nas palmas das mãos era algo comum naqueles dias. Os babilônicos tinham o costume de gravar nas palmas das mãos o nome dos deuses que cultuavam. Os escravos, por sua vez, tinham o nome do seu senhor tatuado nas suas mãos. Era para lembrarem a quem pertenciam. Entretanto, o que lemos é algo totalmente contrário: é Deus quem tem o nosso nome gravado em Suas mãos. Deus talhou nosso nome ali para nunca mais ser apagado ou esquecido. Deus não se esquece de você, aconteça o que acontecer. Você não é um João Ninguém. Ao contrário, é alguém importante e amado, pois seu nome está constantemente na mente e no coração de Deus.

Muitas vezes pensamos que ganhamos esta honra pelos nossos méritos e esforços. Mas Jesus falou aos seus discípulos assim: “...não me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós” (Jo 15.16). E lembrar que Davi, no Salmo 8, pergunta: “Que é o homem para que Te lembres dele?” Acontece que, ninguém, a não ser o próprio Deus, pode gravar algo nas mãos dEle. O que impulsionou Deus a isso foi o Seu amor.

Uma vez os discípulos de Jesus saíram de dois a dois pregando o evangelho. Voltaram fascinados porque, sob a autoridade de Jesus, até os demônios se submetiam a eles. Jesus, então, lhes disse que não ficassem alegres somente por isso. Que se alegrassem por terem seus nomes escritos nos céus. Era como se dissesse: só ter os demônios em sujeição é muito pouco. Deus tem dádivas maiores, tem o céu para vocês.

Onde estamos gravados? Nas eternas mãos de Deus. Se estivéssemos gravados numa rocha, um terremoto poderia despedaçá-la. Se estivéssemos gravados num anel, ele poderia ser perdido. Mas a nossa gravação está nas mãos de Deus, onde ficará protegida durante toda a eternidade. Jesus disse algo parecido às suas ovelhas: “E dou-lhes a vida eterna, e jamais perecerão, e ninguém as arrancará da minha mão” (Jo 10.28). Esta é a garantia de que Deus protegerá você na hora da tempestade.

Mas há mais: A gravação está na palma, a parte sensível e protegida da mão, onde Deus pode nos guardar e olhar por nós com freqüência. Estar nas mãos de Deus é estar no lugar mais protegido que existe. Você, crente, é muito mais rico do que imagina. Nos momentos difíceis e na escuridão mais densa, peça ao Senhor para se lembrar desta preciosa promessa: “Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei”. Deus é fiel e nunca se esquece de você.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quando o Milagre Não Vem

Muitas vezes oramos pedindo a Deus um milagre, e ele simplesmente não vem. Clamamos por alguém que amamos, e que está muito doente, suplicando ao Senhor que poupe a sua vida, e Ele não ouve o nosso clamor. Pedimos que Ele abra uma porta de emprego, e outro é contratado em nosso lugar. Suplicamos pela salvação dos nossos filhos, e eles se tornam cada vez mais rebeldes à Palavra de Deus. Nessas horas, muitos desanimam, e acham que Deus não se importa com eles.

Deus nos ama, mas o fato dele nos amar não nos dá imunidades especiais. O fato de nos amar não nos torna seus filhos prediletos. O amor de Deus por nós não nos garante vantagem especial contra tragédias, mágoas e dores. Você sabia que nenhum dos apóstolos de Jesus teve morte natural? O único que teve uma morte normal foi João, mas morreu exilado, em uma ilha solitária, por causa da sua fé em Jesus. Deus não nos prometeu privilégios, mas prometeu a Sua presença conosco sempre. Ele não prometeu explicações, mas prometeu Ele próprio conosco, Aquele que tem todas as explicações.

O profeta Habacuque estava aflito, pois orou pedindo que Deus não permitisse que os Caldeus invadissem Judá até que, finalmente, Deus lhe disse que era Ele quem estava promovendo a vinda dos Caldeus para destruir Judá. Ele não compreende, e pede explicações a Deus. Deus lhe responde de um modo curioso. Diz pra ele escrever sua resposta num outdoor. Mas acrescenta: “Se tardar, espera-o, porque certamente, virá, não tardará” (2.3). Habacuque poderia perguntar: “Senhor, a sua resposta vai demorar ou não?” Para Deus, ela chegaria no tempo certo. Mas Ele sabe que, muitas vezes achamos que ela demora porque, para uma alma perplexa, inquieta e ansiosa, uma noite é uma eternidade.

Deus sabe a hora certa de agir e como agir. Ele age segundo o cronograma do céu e não segundo a nossa agenda. Ele age a Seu tempo e não segundo a nossa pressa. Quando Ele parece demorar, está fazendo algo maior e melhor para nós. Talvez seja essa a sua angústia: Você tem orado pelo seu casamento e o vê mais perto da dissolução. Você tem orado pela conversão do seu cônjuge e o vê mais endurecido. Você tem orado pelos seus filhos e eles continuam mais distantes de Deus. Você tem orado pelo seu emprego e ele ainda não surgiu. Você tem orado pela sua vida emocional e ela ainda parece um deserto.

Quando não entendemos a ação de Deus, ou quando Ele parece estar demorando, é bom pensarmos na Sua santidade. Deus é Santo. Isso significa que Ele não joga sujo conosco. A Bíblia nos assegura que nenhum motivo de Deus é impuro. As razões de Deus são santas. Ele não brinca com a sua dor e tampouco coloca armadilha para você cair. Isso quem faz é o diabo. Até quando o diabo faz o bem, a motivação dele é matar e no fim destruir. Mas, Deus, não. Mesmo quando permite coisas ruins, Deus não está conspirando contra você. Deus é santo em tudo o que faz. E até quando Deus permite o mal é para o seu bem.

Uma vez, uma senhora estava bastante decepcionada com Deus, e veio brigar comigo por causa de Deus. Ela O xingou, blasfemou e falou tanta coisa, e eu fiquei calado. É que já aprendi que não preciso defender Deus. Então, ela me perguntou: “Você não vai dizer nada?” Eu lhe respondi: “Este Deus que a senhora falou aí não é o meu Deus. Ao contrário, é tudo o que creio sobre o demônio.

Mas, mesmo quando Deus não nos dá o que pedimos, ou aparentemente demora em nos responder, Ele se importa conosco. Ele é o Deus Emanuel. Ele chora com você. Sofre com você. Ele se identifica com você. Ele não é o deus distante dos deístas, nem o deus impessoal dos panteístas, nem o deus fatalista dos estóicos, ou ainda o deus bonachão dos epicureus. Lembre-se, então: quando o milagre não vem, como você tanto deseja, Deus tem planos maiores, melhores, e santos. No final de tudo, Ele está agindo para o nosso bem. Ou como Jesus disse a Pedro: “Agora você não entende o que estou fazendo, porém mais tarde vai entender!”

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Vidas Que Pregam a Graça de Cristo

Conheci poucos jovens líderes como Luís Carlos de Miranda. Era engraçado, consagrado, carismático, único. Em pouco tempo conquistou os jovens da IB de Acari, no Rio, tornando-se presidente da nossa União de Mocidade. Uma vez, num intercâmbio como os moços da IB do Brás, SP, pregou um excelente sermão, intitulado "Um pé na estrada e outro no caminho". Miranda falava de crentes que queriam agradar a Deus e ao Diabo ao mesmo tempo. Inesquecível.

Anos mais tarde, liderando o Grupo Chuchu, do nosso retiro de carnaval, coube ao seu grupo parodiar um evento da história do Brasil. Lá estava o bem-humorado Miranda como D. Pedro I. Na paródia, moças tentavam demovê-lo de voltar para Portugal, e ele permanecia irredutível. Várias propostas lhe foram feitas, cada uma melhor que a outra, até que um gaiato lhe disse: "Se ficar, lhe dou um chuchu". D. Pedro Miranda, num sotaque português bem articulado, respondeu: "Se é assim, e para o bem-estar da nação, diga ao povo que fico".

Miranda casou com a Rosa, menina tímida, mas consagrada ao Senhor. O casamento dos dois tinha tudo para dar certo, mas Miranda começou a se afastar de Deus e da igreja. Um dia, eu e o Correia resolvemos visitá-lo. Eram onze e meia de um domingo e, ao chegar à sua casa, senti Rosa constrangida. É que Miranda acordou cedo, foi para o bar e tomou cerveja até cair. Agora estava lá, no quarto, bêbado, quase em coma. Tristes com aquilo, oramos com Rosa, pedindo a misericórdia de Deus sobre o Miranda.

O tempo passou, o casamento dele acabou, e nunca mais ouvimos falar no Miranda. Em Acari não estava, pois nunca mais botou lá os pés. Agora, soubemos o resto da história. Miranda foi indo de queda em queda. Perdeu a Rosa, perdeu o emprego, perdeu os amigos e ainda estava longe de Deus. A sua situação ficou muito ruim e, já que nada lhe dava certo, ele começou a pensar num jeito de se matar. Daria cabo da sua vida e ficaria, finalmente, constatado que fora mais uma promessa que não dera certo. E, do jeito que ele estava, com certeza, pouca gente ia se importar com sua morte.

Um dia, saiu de casa preparado para morrer. O plano era simples. Subiria na passarela da Praça da Bandeira, no Rio, e se jogaria na frente de um ônibus. Chegou lá e começou a observar o tráfego. Com uma passarela tão grande, e com tantos ônibus passando lá em baixo, logo estaria morto. Seria mais uma estatística triste numa cidade desumana. Subiu e percebeu que lhe faltava a devida coragem. Andou para um lado, para o outro, tentando conseguir forças para se jogar, e nada! O tempo passava e ele não conseguia sequer se matar. Era um fracassado até nisso. Foi aí que olhando em direção à lanchonete Cometa, na Praça, avistou uma pessoa bem conhecida. Era a Dona Loecy, líder da Igreja Batista de Acari, no tempo em que era presidente dos jovens lá. Seus olhos continuaram acompanhando os passos dela.

E ele começou a meditar no seu exemplo e nos bons ensinos que tantas vezes ela lhe passara. A lembrança do Deus da D. Loecy falou mais forte ao seu coração. Decidiu que não mais se mataria. Voltaria para Deus, para a igreja e pediria ao Senhor que lhe desse outra oportunidade de recomeçar.

Agora, reconciliado com Deus, e integrado numa igreja, Miranda está vendo Deus refazer sua vida e reconstruir os seus sonhos. Recentemente, ao saber da morte da D. Loecy, foi até o consultório do seu filho, Ricardo, para lhe contar esta história.

Sei de outras histórias de gente que, na aflição, tentando se matar, conheceu o evangelho de Cristo, e encontrou nele alento e poder para reconstruir sua vida. Mas essa história tem um sabor muito especial para mim, pois D. Loecy era a minha querida mãe.

Duas perguntas finais: Se no seu desespero, lá na Praça da Bandeira, o Miranda conhecesse a sua vida e o enxergasse, será que ele se lembraria de Deus? E que tipo de mensagem a sua vida teria para lhe dizer? A minha oração é que a sua vida pregue a graça de Cristo até calada.

- Hoje, 17/2, se estivesse entre nós, D. Loecy completaria 82 anos.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Não Querem Ouvir

Em nossa igreja, como em muitas outras, temos um ministério para deficientes auditivos. São pessoas que, mesmo surdas, querem ouvir a voz de Deus. Para isso caminham dominicalmente até ao nosso templo, onde alguém especializado em Linguagem Brasileira de Sinais (libras) lhes transmite a mensagem do púlpito. Alguns dos nossos intérpretes são tão apaixonados pelo que fazem que, volta e meia, tenho a impressão de que a mensagem que estão traduzindo está melhor do que a que estou pregando.

Mas, é curioso que pessoas que têm audição perfeita e boa saúde muitas vezes não querem ouvir. Numa das nossas reuniões de oração, a mãe pediu que orássemos pelo seu filho e seu marido, que já não lhe querem ouvir. Gente com bom ouvido, mas se fazendo de surdo.

Jesus falou de uma cidade inteira que não lhe quis ouvir. Disse assim: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que te são enviados, quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!(Mt 23.37)” Trancaram as mentes, fecharam o coração e os ouvidos, e não perceberam que aquele era um tempo especial, eram dias em que Deus lhes fazia visita e oferecia salvação. Deus querendo lhes falar a alma, mas eles não querendo ouvir.


Temos alguns anciãos na PIBT que já não podem vir aos nossos cultos, por causa da saúde. Quando vou visitá-los, muitas vezes com lágrimas, eles falam da saudade que sentem da vinda ao templo. Outros sentem falta da Escola Dominical. No entanto, hoje há crentes que, embora com saúde perfeita, não se interessam pelo estudo da Bíblia e pelo culto comunitário. Outro dia mesmo, uma irmã hospitalizada me dizia: “como sinto saudades da EBD e do culto!” Como é triste ver pessoas saudáveis, que vivem batendo perna pra tudo quanto é canto, comprometendo-se com tudo quanto é coisa, mas não sentem prazer em ouvir ao Senhor.

Aos domingos, fico angustiado ao ver gente que quer entrar em nosso templo para prestar culto, mas não o conseguem, por absoluta falta de espaço. Entristeço-me por aqueles que voltam pra casa porque o nosso espaço é pequeno. Mas dói-me mais o coração quando vejo que o templo não está tão cheio, e há ainda vários lugares para acomodar os crentes, e muitos deles preferem ficar do lado de fora, conversando na hora do culto. É gente que está na igreja, mas não quer ouvir a Deus.

A Bíblia também fala de Esaú, que não levava as coisas espirituais a sério. Era profano e impuro. Ao tempo em que gente temente a Deus dava-lhe conselhos não os escutava. Um pouco mais tarde, certamente quando muitas das advertências já se tornavam triste realidade, ele quis se arrepender. Ou seja, fez ouvidos moucos até que a situação ficasse insuportável, mas a Bíblia diz que era tarde de mais. O autor aos Hebreus diz assim: “Posteriormente não encontrou lugar para arrependimento, embora com lágrimas tivesse buscado” (Hb 12.7). Esaú não quis ouvir Deus enquanto podia, até o dia em que Deus deixou de ouvi-lo.

O profeta Isaías diz que “os ouvidos de Deus não estão surdos, para não poder ouvir, mas as nossas iniquidades fazem separação entre nós e Ele” (Is 59.1b,2). Se não há lugar para Deus, hoje, na sua vida, você corre o risco da agenda dEle também não ter mais lugar para você. Se você ouve a tudo, mas não ouve a Deus, você está caminhando para a sua própria destruição. Por isso, em nome de Jesus, deixo-lhe um apelo: “hoje, se ouvir a voz de Deus, não endureça o seu coração.” Então, se tem ouvidos, ouça!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Combatendo a Ignorância Bíblica

Sou do tempo quando os adolescentes crentes eram capazes de dar um banho de conhecimento bíblico em qualquer padre. E tudo porque os padres conheciam bem filosofia, filosofia da religião e as bulas da igreja, mas não estudavam a Bíblia. Enquanto isso, nossos adolescentes ouviam histórias, faziam concursos de destreza e de conhecimento bíblicos desde a mais tenra infância. Entretanto, hoje, muitos crentes não evangelizam por medo de não saberem responder as eventuais perguntas que lhe serão feitas.

A verdade é que muito do que se ouve nos púlpitos evangélicos nesses dias é uma reprodução das palestras de neurolinguística de Lair Ribeiro, e muitos crentes pensam que é mensagem bíblica. A nossa geração evangélica aceita qualquer coisa desde que, após uma frase inócua, o pregador diga: “Amém, irmãos?!” Ou seja, meia dúzia de chavões evangélicos, guarnecidos com um versículo bíblico fora do seu contexto, já são suficientes para impressionar os ouvintes. Esta é a geração evangélica mais biblicamente analfabeta.

Pensando em como nós, evangélicos, somos hoje acríticos, o Pastor Antônio Carlos de Lima trouxe uma divertida parábola acerca de um pregador que acreditava manejar bem a Palavra. Ele pregou assim: “Meus irmãos, um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu numa plantação de espinhos que começaram a sufocá-lo. Tentando sair daquela situação, ele gastou todo seu dinheiro até ficar pobre, a ponto de comer a comida dos porcos numa fazenda. Foi então que ele encontrou a Rainha de Sabá, que lhe deu um prato de lentilhas, cem talentos de ouro, vestidos brancos e um cavalo.

Ao prosseguir viagem, seus cabelos se enroscaram numa árvore, e o homem ficou pendurado por muitos dias, mas os corvos lhe trouxeram comida e água, de sorte que ele comeu cinco mil pães e dois peixinhos... Uma noite, quando ainda estava suspenso, Dalila, sua mulher, chegou e sorrateiramente cortou seus cabelos. O homem caiu em pedregais escorregadios, mas levantou-se e andou. Então, chovendo quarenta dias e quarenta noites, ele escondeu-se numa caverna, onde se alimentou de gafanhoto e mel silvestre.

Saindo, encontrou um servo chamado Zaqueu, que o convidou para jantar. Mas o homem desculpou-se, dizendo que não podia porque havia comprado uma manada de porcos perdidos como ovelhas sem pastor. Foi então que um leão faminto tragou os porcos, mas Golias derrotou o leão com sua funda e mostrou ao homem o caminho que levava a Jericó...

Ao aproximar-se das muralhas da cidade, viu Jezabel na janela. Porém, ao invés de ajudá-lo, ela riu. Indignado, o homem bradou em alta voz: ‘Lançai-a fora!’ E eles a lançaram setenta vezes sete. Dos fragmentos foram recolhidos doze cestos, e disseram: Bem-aventurados os pacificadores. Portanto, irmãos, reflitamos: na ressurreição dos mortos, de quem será esta mulher?”.


Esta narrativa fictícia e exagerada mostra que precisamos nos dedicar ao estudo sistemático da Bíblia, para não usarmos histórias e vocabulário bíblicos sem significado algum. Na Escola Bíblica Dominical, com a oportunidade para fazermos perguntas, somos treinados na fé bíblica para considerar com cuidado tudo o que nos é dito, quer seja pela opinião pública ou nos púlpitos.

Gosto de cantar. Muitas pessoas gostam de dançar e fazer barulho para Deus. Hoje, muitos crentes querem é se sentir bem numa igreja. Mas Deus quer, acima de tudo, que todos cresçam na graça e no conhecimento de Jesus Cristo. Existimos para amar a Deus e nos tornar pessoas moldadas pelo Seu coração. Ou seja, todos os crentes com vida bonita, contando a todo mundo que o seu autor é Jesus.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Não Vire Manchete de Jornal

Em uma pequena meditação do “Nosso Pão Diário”, David McCasland conta que o jornal da sua cidade informou que “uma auto-estrada de alto custo, projetada para tráfego pesado, em Denver, Colorado (EUA), ficou pronta dentro do prazo e do orçamento.” Entretanto, a reportagem não saiu na primeira página, mas foi encaixada numa coluna de notícias breves, em letra pequena, na seção de notícias locais. O articulista argumenta: “se o projeto estivesse envolvido com fraudes, atrasos e superfaturamentos, não há dúvida que teria sido a notícia mais importante do jornal.”

Aprendi a ler jornal cedo. Primeiramente corria para devorar a seção de esportes. Correr é um termo correto, pois se quisesse lê-lo antes dos meus irmãos, tinha que me apressar. Queria saber a escalação do meu time e as declarações dos seus jogadores e dirigentes. Saber a opinião dos adversários e me entreter com alguma gaiatice. Particularmente, gostava quando o goleiro Manga pedia para receber o bicho adiantado, na véspera de um jogo do Botafogo contra o Flamengo. Lia tudo com avidez. Sabia pormenores, afinal o futebol era o meu mundo. Não poucas vezes armei confusão porque um irmão ficava com uma parte importante. Meu pai nos dizia que um dia iríamos brigar pelo primeiro caderno.

Naqueles tempos as manchetes dos jornais versavam sobre política e economia. Os embates políticos se davam mais no campo das idéias. Assaltos, estupros, fraudes, roubos e achaques eram raros. Nos grandes jornais eles só iam para a primeira página quando envolviam alguém da alta sociedade ou da política. Portanto, eram notícias raras. Os jornais populares é que estampavam fotos de defuntos envoltas em letras gigantes. Geralmente, eram crimes passionais. Por detrás daquelas fotos macabras estava uma filosofia: mostrar ao trabalhador simples que a sua vida era ruim, mas havia alguém com vida ainda pior. Portanto, que ele se desse por satisfeito.

Hoje tudo está diferente. A seção policial veio para a primeira página. A vida está tão ruim que até mesmo os grandes jornais só estampam crimes. A política geralmente só aborda interesses mesquinhos, roubos e corrupção. O caderno de economia anuncia novas fraudes e golpes na praça. O dia-a-dia é marcado por uma sociedade acuada, sem lei, e sem saber o que fazer e a quem recorrer. E o pior: a polícia federal, de quem esperaríamos alguma coisa boa, rouba a própria polícia na sua sede. Mais do que nunca, notícia boa não tem vez em manchetes de jornais.

Anos atrás, grupos evangélicos fizeram mais uma “marcha pra Jesus”, em São Paulo. Na semana seguinte, também em São Paulo, foi o “Dia do Orgulho Gay”. Segundo a PM, havia mais evangélicos na “marcha” que gays no “orgulho”, mas a festa dos homossexuais foi manchete em letras garrafais em todos os jornais e o evento evangélico saiu numas notinhas em páginas obscuras.

David McCasland prossegue seu artigo, dizendo: “Eu decidi que a frase ‘Não vire notícia’ pode ser um bom lema para a nossa vida. Se nós mentimos, enganamos e roubamos, viramos notícia. Se vivemos de forma honesta e moral, nossa influência pode passar despercebida, mas será uma influência espiritual efetiva nas pessoas ao nosso redor”.

Como o nosso objetivo é agradar a Deus em tudo o que fazemos, não importa que a imprensa não publique nem aplauda nossos atos. Não fomos chamados para sermos famosos, mas fiéis. Se má conduta vende jornais; honra, integridade e honestidade honram ao nosso Deus. Então, por favor, não vire manchete de jornal!