segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Casamento É um Compromisso de Amor

Vai se generalizando em nossa sociedade a ideia de que o amor é um sentimento. E que é o sentimento de amor que sustenta o casamento. Acabado o sentimento de amor, acabado o casamento. Então, fortemente apoiados pelas novelas da TV, as pessoas se apaixonam,casam-se, param de amar e divorciam-se.

Acontece que sentimento não é base sólida para nada que fazemos na vida. Sentimento é algo instável, pois varia de acordo com o dia, com a hora e com as circunstâncias. Se uma mãe, dona de casa, só cozinhasse quando sentisse desejo de o fazer, tenho a impressão de que muitas famílias raramente comeriam em casa. Se você só fosse trabalhar quando sentisse vontade, tenho o palpite de que seria um péssimo empregado. Se o estudante só fosse a escola quando sentisse desejo de estudar, creio que muitos ainda estariam na escola primária.

Quando seus filhos nasceram, as noites tranquilas foram embora. Muitas vezes, em noites frias, seus filhos pequenos choravam lhe chamando. Não conheço um único pai que, ao acordar à 1:30h da madrugada para atender seu filho, tenha dito: “como é maravilhoso ter de acordar a essa hora para cuidar do meu bebê!” É o amor que nos leva a sair de debaixo do cobertor naquela hora para cuidar do filho.

As coisas importantes da vida estão baseadas em compromissos. É o compromisso que faz você agir com responsabilidade. São os compromissos que assumimos na vida que dão a dimensão do valor que damos às coisas e também espelham o nosso caráter.

Nas cerimônias de casamento os noivos assumem um compromisso. Nele, nada se fala sobre seus sentimentos. Tudo o que prometem é se amarem enquanto viverem. E acrescentam: “na pobreza ou na riqueza, na saúde ou na enfermidade, nos dias bons e nos dias maus.” Alguns casais memorizaram seus votos conjugais e costumam recitá-lo em cada aniversário de casamento. Li de um casal que recita seu compromisso duas vezes por semana. Lá em casa, às vezes peço a minha esposa para me fazer um café, e digo brincando: “Lembre-se do seu compromisso: prometo amá-lo, fazer seu cafezinho....” Às vezes a brincadeira dá certo.

O casamento está baseado no compromisso de amor. Nos comprometemos a fazer o que o amor faria. Agindo assim, logo percebemos que os sentimentos amorosos acompanham os nossos atos.

John Drescher faz uma pergunta: "O amor é um sentimento?" Ele responde: "Certamente." Mas acrescenta: “O amor que dura é muito mais que um sentimento. É o amor baseado no compromisso selado em votos conjugais, de viver unidos enquanto vivermos e não somente de viver unidos enquanto nos amarmos.”

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sarampo, Sansão e Adolescência

“A adolescência é uma doença benigna, parecida com sarampo. Ela se cura por si mesmo, e raramente deixa sequelas”, diz Rubem Alves. É um período da vida em que o corpo experimenta mudanças físicas: aparecem pelos, a voz se altera e desenvolvem-se os órgãos sexuais. Aquela criança que era dócil e meiga vai ficando maior que os pais. E, agora, tudo o que ela não quer é ser tratada como criança, principalmente diante do grupo. Aliás, ser visto como uma criança é algo simplesmente insuportável para ela.

Rubem Alves tem a tese de que o surgimento dos pelos na adolescência torna-os portadores da “síndrome de Sansão”, assim explicada: “Como o segredo da força de Sansão estava no seu cabelo, por uma perturbação mental, o adolescente também pensa que os seus pelos lhe dão poder". Com isso, já não querem ir aos mesmos lugares que os pais frequentam, não falam a mesma língua e também não estão muito interessados em diálogo com eles, principalmente quando estão com o grupo.

A infância é uma época bela, mas toda criança é muito egoísta. Criança se relaciona com os outros pensando nela e no seu bem-estar. É preciso amadurecer para começarmos a pensar nos outros. A adolescência é uma ótima ocasião para isso. Daí a importância do adolescente ter um amigo do peito, antes mesmo de começar a namorar. Com o amigo do peito, o adolescente aprende a compartilhar gostos, ideias e sentimentos com alguém que ele confia, sem ter que se envolver fisicamente com esta pessoa. Com um grande amigo do mesmo sexo ele aprende a valorizar o companheirismo, a amizade e o amor. Um amigo assim fará com que crie vínculos preciosos e aprenda a respeitar o outro. Será capaz de discordar do amigo em tudo e, ainda assim, ouvir os seus conselhos.

Aliás, gosto da maneira sincera como os adolescentes, geralmente, se tratam. É verdade que, às vezes, usam uma linguagem dura, caindo mesmo para a grosseria. Mas costumam ser leais. Há pouco tempo acompanhei uma conversa entre quatro deles. Em determinado momento, um flexionou o verbo de maneira errada e foi logo corrigido pelo colega. Claro que se um adulto usasse aquele tipo de linguagem ocorreria um terremoto, de nono grau na Escala Ritcher, no relacionamento. Mas entre eles é diferente. Eles falam na lata, mas se respeitam.

Só depois de ter um amigo do peito é que o adolescente está emocionalmente apto para pensar num namoro. Ele terá aprendido a ver a perspectiva do outro e será capaz de se relacionar com uma pessoa do sexo oposto, não voltado para si, mas para o bem-estar do outro.

Namoros pegajosos são sintomáticos de casais que não amadureceram. São duas pessoas que se relacionam uma com a outra, mas cada qual voltada para si. São duas crianças querendo tirar proveito uma da outra. O pior é que existem muitos marmanjos que nunca saíram da fase infantil. Eles continuam se relacionando com as pessoas pensando somente neles. São as crianças que mais dão trabalho. Mas, no amor verdadeiro relacionamo-nos com o outro buscando o bem-estar dele. Aliás, já dizia o apóstolo Paulo: “O amor não busca os seus próprios interesses”.

Por tudo isso, é importante que os pais ensinem a criança no caminho em que ela deve andar, e deixem o exemplo. Façam tudo o que puderem para inserir no coração da criança valores bíblicos e eternos, enquanto ela é pequena. Procurem fazer com que cresçam no ambiente da igreja, para que seus amigos sejam também pessoas que temam a Deus e tenham princípios cristãos. Acima de tudo, orem para que Deus tenha misericórdia deles. Mas não se desesperem. Lembrem-se: adolescência é como sarampo, logo vai passar.

sábado, 14 de maio de 2011

Pais Convertidos aos Filhos e Filhos aos Pais

A família foi alvo da última grande promessa do Antigo Testamento. Deus diz que “converterá o coração dos pais aos filhos e, e o coração dos filhos aos pais; para que ... não fira a terra com maldição” (Ml 4.6) .

Você gostaria de ter essa promessa cumprida na sua família? Gostaria de ter um relacionamento absolutamente maduro, terno e alegre com seus filhos? Eu não consigo achar nada melhor na vida. Isto é obra de Deus no nosso coração. E Ele disse que quer fazer isso para que a terra, as cidades, as famílias não adoeçam, não sejam feridas com maldição

Quando nosso coração não está convertido aos filhos, a primeira grande maldição são os nossos afetos e emoções prejudicados no lar. E aí a gente vê filhos agredindo pais. Filhos violentos e cheios de rebeldia em casa. Pais indiferentes, e sem diálogo. Mentiras, farsas e enganos. Gritaria. Afetos danificados e constantes tensões no lar. E, de repente, pessoas que foram feitas para se amar, tornam-se amargas inimigas. Ou como disse uma jovem à assistente social: “A senhora pode estar certa: se eu precisar ir ao inferno para ferir meu pai, eu vou.”

Quando Deus não converte o coração dos pais aos filhos, a segunda grande maldição é dificuldade dos filhos se relacionarem com Deus de uma forma pessoal. Eles até se tornam religiosos, mas a fé deles é apenas institucional. Eles conhecem a fé dos pais, que não é a deles. Conhecem orações e rituais, mas não conhecem a Deus. São até bons religiosos, mas não desfrutam da graça pessoal. Tornam-se evangélicos, mas a fé não invade suas almas. Vão à igreja, cantam hinos, cânticos, e oram, mas não trazem Deus para a casa, e muito menos para a experiência familiar. A maldição são filhos que conhecem Deus de segunda mão, mas não no silêncio dos seus corações.

Quando Deus não converte pais aos filhos, a terceira grande maldição é a falta de alegria e de contentamento interior. Alegria é a marca da verdadeira espiritualidade. Mas, sem essa bendita conversão, nossos filhos viverão eternamente descontentes, em crise, e nossos lares ficam fechados, sem alegria e sem paixão. A ternura, a espontaneidade e a singeleza deixam de entrar nos nossos quartos, e a casa fica sem afeto e sem amor. E, cá pra nós, eu nunca vi um filho abençoado e feliz no coração que não esteja se relacionando bem com os seus pais.

Que coisa infeliz é ver nossos filhos coisificados, violentos, rebeldes, doentes e tristes! Quer maldição maior que ver uma geração inteira vivendo numa dimensão assim? A boa notícia é que Deus quer tratar o nosso coração e as nossas emoções na família. E eu já estou até ouvindo você dizer: “mas, eu não sei como me converter ao meu filho?” Mas não é você. Esse processo é uma ação de Deus em nós. Se não sabe como fazer, nem eu. A minha grande esperança é que Deus possa fazer isso no meu coração. É essa a promessa de Deus para nós. Não é autoajuda, é ajuda do Alto.

Quem sabe Deus não começa isto na sua vida hoje. Faça desta promessa a sua oração. Diga ao Senhor: “ Eu preciso me converter aos meus filhos. Então, Senhor, vai transformando o meu coração. Dá-me um coração sensível, que tenha paixão pelos meus familiares. Tá faltando essa dimensão em mim. Eu preciso ser mudado, Deus, pois o Senhor tem uma promessa maravilhosa pra mim, e eu a quero. Eu preciso !” Um coração convertido aos meus filhos é tudo o que eu preciso para maiores bênçãos no meu lar. Você também não está precisando disso?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Espécies em Extinção

Diz O Globo de 23/5 que “as atividades humanas estão levando à extinção três espécies de animais e plantas a cada hora", alertou ontem a ONU, no Dia Internacional da Biodiversidade. Se nada for feito, essa será a maior onda de extinção desde aquela que causou o desaparecimento dos dinossauros, há mais de 65 milhões de anos... A cada hora, três espécies são perdidas. A cada dia, mais de 150 espécies são perdidas. A cada ano, entre 18 a 55 mil espécies são declaradas extintas.

Paralelamente à extinção destas espécies, especialistas já diagnosticaram o desaparecimento de algumas espécies de cristãos. Outrora, eles viveram fecundos e frutíferos na terra, mas agora, em que pese todo o avanço de religiões evangélicas no Brasil, acompanhamos o sumiço dessas espécies raras e importantíssimas para a preservação do testemunho do evangelho no mundo.

Constatamos o desaparecimento do Homus Intercessorium, mais conhecido com o crente de oração. Atenção: não confundi-lo com uma espécie mais simples, como a dos crentes que vão à igreja por causa da música, dos amigos, do pastor e do espetáculo da fé. Essa espécie é comum, encontrada aos milhares nas igrejas da vida. O crente de oração, em extinção, é aquele que tem um amor a Jesus tão real que quer se demorar na presença dEle. Por isso, ele tem prazer em orar e em ir aos cultos de oração. Ele não quer saber quem será o pregador ou quem irá tocar o quê. Ele ora mesmo que não haja música. A sua necessidade básica é buscar seu Deus e estar em comunhão com Ele e com seus irmãos. Quase sempre acorda mais cedo para orar e, em casa, ele tem seu lugar para um tempo devocional. Ele encontra tempo para agradecer as bênçãos, interceder pelos crentes, orar pelos perdidos, clamar pelo ministério da igreja e pelo progresso do Reino de Deus. Ele se distingue pelo seu hábito de depender única e exclusivamente de Deus para todas as coisas na vida. Não só busca a Deus quando está passando por grandes problemas e aflições. Ele tem prazer em participar de reuniões de oração nos dias comuns da vida. Especialistas calculam que, com seu sumiço, daqui a pouquíssimos anos não haverá nem mesmo mais cultos de oração.

Estamos perdendo também o Homus Integrus. O crente íntegro, como era chamado no Brasil tempos atrás, está ficando cada vez mais raro. Quando visto no mundo, é popularmente apelidado de careta e ultrapassado. Alguns acham que ele paga mico, pois é capaz de ter prejuízo financeiro ou material, mas não compactua com o erro e com o pecado. Se alguém lhe dá dinheiro a mais, é capaz de devolvê-lo. Sabe dar bom trato ao dinheiro. Não está em busca de vantagem em tudo, certo? Não conte com ele para contar uma mentirinha. Prefere ser visto como otário, a faltar com sua palavra. É cumpridor dos seus compromissos. Por isso, é conhecido pela sua palavra: se sim, sim; se não, não. Por favor, não vá confundir a espécie com uma parecida que vive apregoando seu poder espiritual, mas que não tem qualquer intimidade com a ética cristã.

Raramente conseguimos ver a espécie Homus Testemunhus. É o crente que testemunha da sua fé em Jesus. Ele sempre está pensando numa maneira de levar uma pessoa a Cristo. Fica chateado quando ouve alguém indicando uma mãe-de-santo ou um mantra para uma pessoa angustiada. Incomoda-lhe ver parentes e amigos sem Cristo e sem certeza de vida eterna. É ardoroso por Missões, mas também é conhecido por distribuir com alegria folhetos. Também não sente vergonha de se apresentar como crente. Ele não quer ser visto como um “agente secreto” de Deus. Por isso, ousa testemunhar de Cristo a tempo e fora de tempo. A espécie já foi mais povoada, por isso está sendo monitorada por especialistas.

“Quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” – Lc 18.8b

terça-feira, 10 de maio de 2011

A Mãe do Ano

Carlinhos de Oliveira foi colunista do Jornal do Brasil, que escrevia diariamente no Caderno B. Em 1981, escreveu uma série de artigos sobre o drogado e a sua família.

Uma das histórias que contou foi a de dois garotos: Guga e Baby. Guga começou a fumar maconha aos 11 anos de idade. Aos 14, passou a consumir cocaína. Da cocaína foi para o LSD até que se tornou um drogado completo. Baby, o irmão, percorreu a mesma trilha. Os dois tinham duas irmãs, que curtiam maconha e aderiram ao estilo hippie de viver da época. Os dois adolescentes foram presos numa batida policial, e caracterizados como traficantes.

A mãe, uma senhora da alta sociedade, três anos antes aparecera como “A Mãe do Ano” na capa da revista de maior circulação nacional. Ela no meio, ladeada por Guga, Baby e suas duas irmãs.

Ao saber da prisão dos filhos, a mãe declarou-se arrasada. Disse que procurara ser uma boa mãe. Só que procurava também acompanhar o marido, no ritmo de vida que levava. Ia a festas e quase sempre chegava ao nascer do dia em casa. Então, ela tomava banho, trocava de roupa, e despachava os filhos para o colégio.

Quando surgiu o escândalo, reuniu os filhos na sua frente, e fez uma triste constatação: seus filhos já não eram seus filhos. Tinham sido seus filhos em alguma época passada, agora eram seres totalmente estranhos.

Não basta procriar, e colocar filhos no mundo. Animais irracionais também fazem isso. Não é suficiente dar roupas, brinquedos e comida aos filhos. Eles também não são movidos apenas a dinheiro e diversões. É preciso dar-se a eles. Filhos necessitam de atenção, carinho, e de alimento para suas almas. Mãe que não investe tempo moldando seu filho pode até ser paparicada por revistas, e ser escolhida “Mãe do Ano”, mas, no futuro, colherá decepções e tristezas.

Para Deus, a mãe de valor tem outras características. Ela, na sua sabedoria, já compreendeu que filhos necessitam de lares com valores sólidos, como aceitação, disciplina, ética e amor. Filhos também precisam ser dedicados a Deus. E Deus precisa ser central no lar, para que o lar tenha em quem se sustentar. Por isso, a mãe especial se preocupa em incutir temor ao Senhor no coração dos seus filhos . E não somente ora diariamente por eles, mas ela procura viver uma vida digna de ser imitada. Sabe também que tem um tempo muito limitado para ajudar o seu filho a ser moldado pela Palavra de Deus. Então, assume o compromisso pessoal de ganhá-lo para Cristo o quanto antes, e de zelar pelo seu crescimento espiritual. A mãe que é uma jóia de mulher sabe que, mesmo fazendo tudo isso, terá que depender da graça de Deus para que seu filho não se desvie do caminho do Senhor.

Seus filhos ainda são seus filhos? Eles trazem as marcas da presença de Deus nas suas vidas? Prezada mãe crente, a minha oração é que você se torne a “Mãe do Ano” pelos critérios de Deus. Então, cuide bem dos seus filhos, para que, fitando-os mais tarde, possa reconhecer os sinais do seu zelo espiritual por eles. E que não só no Dia das Mães, mas em todos os dias da sua vida, eles lhe tragam muitas alegrias.


P. S. - Escrito em 1984 e revisto em 2008.