quarta-feira, 30 de maio de 2012

Somos um Hospital, Não uma Delegacia.

A igreja é um lugar para pecadores. Ou seja, aqui há lugar para doentes espirituais. Ela acolhe gente que, por descuido ou falta de vigilância, caiu em tentação e agora está profundamente ferida e debilitada pelo seu pecado, necessitando de cura para a sua alma.

Algumas igrejas se parecem com uma delegacia, onde agentes são escalados para investigar e denunciar os que erram. E, uma vez confirmada a denúncia, o infrator é exilado para a terra da indiferença e o acusador é promovido a uma espécie de delegado especial. Além disso, da noite para o dia, os irmãos exibem o Boletim de Ocorrência, e dão um gelo no transgressor, fazendo de tudo para que ele não apareça mais no grupo.

A igreja que se vê como um hospital é diferente. Ela sabe que é para lá que deve ser encaminhado todo enfermo espiritual. E é lá que o pecador deve ser atendido com carinho e presteza, com seu pessoal treinado para fazer de tudo para que o paciente seja salvo, independentemente da sua aparência física, da sua classe social, da sua situação financeira, e do seu estado espiritual.

A igreja que é um hospital, e não uma delegacia, costuma ter também serviços preventivos de saúde para a alma humana. Ela ensina a verdade com amor e prega a Palavra sem omitir ou acrescentar nada. Ela também fala com objetividade as doutrinas da salvação, fortalecendo assim a fé dos seus membros.

Não poucas vezes será preciso aconselhar e advertir o enfermo, tentando reeducar os seus maus hábitos e redirecionar os seus caminhos. Por amor, algumas vezes a igreja terá que afastar do seu rol aqueles membros que teimam em permanecer se machucando espiritualmente, e assim prejudicando a sua própria vida, assim como médicos amputam um membro do corpo para evitar que aquele mal se alastre pelo corpo inteiro. A igreja-hospital age da mesma forma.

Da mesma raiz de hospital derivam-se também as palavras hóspede e hospitalidade. Assim, por natureza, numa igreja, a pessoa deve ser acolhida com caridade e cortesia. Significa que quantas vezes o enfermo precisar de atendimento espiritual serão tantas as vezes que a igreja cuidará dele. Por isso, todo o tipo de pecador é bem-vindo aos seus cultos: aquele que está com plena saúde, o que sofre recaídas, o doente crônico e até mesmo aquele que está com a vida por um fio. É que a igreja de Cristo deve lutar pela cura da alma humana até o fim.

A igreja é os seus membros. Ela deve ser uma unidade de terapia intensiva para qualquer moléstia espiritual. Deve também exercer uma grande atração sobre as pessoas com problemas, dificuldades, desajustes e crise. Que corram para ela todos os aflitos e amargurados de alma, pois era esse tipo de gente que procurava Jesus.

A questão é: Qual tem sido a sua participação para ajudar, consolar, aliviar a dor dos aflitos de alma? Você se compadece dos pecadores, ou está se especializando em jogar sal na sua ferida? A igreja de Cristo tem de ser uma Casa de Saúde para os amargurados de espírito. Muito mais do que uma instituição religiosa, a igreja é uma comunidade onde os nossos defeitos são tratados com amor. Devemos prestar serviço uns aos outros, para que todos recebam a cura para as aflições espirituais, mediante o sacrifício perfeito de Jesus Cristo no Calvário.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

"A Minha Oração Não Passa do Teto!"

Certa vez ouvi um pastor relatando uma conversa em que seu amigo lhe disse: “Rapaz, a Bíblia fala que o rei Dario decretou que ninguém podia orar por trinta dias. E Daniel foi para a cova dos leões porque o desobedeceu. Eu fiquei pensando que se hoje se baixasse um decreto parecido, isso não faria a mínima diferença na minha vida, pois eu nunca oro mesmo!” Já parou para pensar quantos crentes, hoje, poderiam dizer a mesma coisa?

Na relação dos dons dados à igreja não existe o ‘dom da oração’. E devemos dar muitas graças por isso, porque qualquer crente tem o privilégio de falar com Deus. Mas, na prática, parece que Deus escolheu alguns poucos irmãos para orar. Geralmente esse grupo é tão pequeno que em muitas igrejas é chamado de “Guerreiros da Oração”, “Exército da Fé” ou alguma coisa parecida. Quase sempre tem a tarefa hercúlea de carregar todo o ministério da igreja em oração. Não é dramático isso?

Algumas pessoas costumam dizer que oram sem cessar. Na verdade, elas nunca param num quarto fechado ou num lugar secreto para orar. Ao longo do dia, de vez em quanto, quando se lembram, o que elas fazem é falar uma frase aqui ou acolá para Deus. E chamam isso de “orar sem cessar!” Isso se parece com aquele marido que tenta ler o jornal diário ao mesmo tempo em que tenta conversar com a sua esposa. Se nunca fez isso, experimente e note a alegria que ela sentirá?

Falar algumas frases para Deus ao longo do dia não substitui a orientação dada por Jesus de você separar um tempo diário, a sós com Deus, num lugar. E a Bíblia também acrescenta que precisamos ter uma atitude de alerta constante na nossa vida, transformando o nosso andar diário numa experiência de oração. É isso que é orar sem cessar. É transformar as experiências mais comezinhas da vida numa experiência de oração. Ou como disse o apóstolo: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, tudo fazei para a glória de Deus” (1Co 10.31).

Agir assim é estar plugado, conectado, acessado ao site dos céus. Você já não divide a sua vida em compartimentos, com coisas que você faz para Deus e outras que faz para você. Mas Deus está presente em todas as coisas, horas e locais onde você está, e você quer honrá-lo e adorá-lo ali. Uma das grandes bênçãos nisso é transformarmos as coisas comuns em experiência espiritual. Aí Deus transforma as nossas coisas mais simples em experiências significativas.

Só que ninguém aprende orar lendo um artigo sobre oração. Muito menos ouvindo um bom sermão sobre o assunto. Aprende-se a orar como se aprende a andar de bicicleta. Você pode comprar um livro fantástico que lhe ensinará a andar de bicicleta em 1 hora, mas só aprenderá mesmo andar de bicicleta quando montar no selim e começar a pedalá-la. Tudo o que você tem de fazer é começar. Comece a orar. No início, a sua oração vai parecer a coisa mais sem graça e tola do mundo. Eventualmente, terá a sensação de que está fazendo um papel ridículo, e será tentado a dizer: “Eu não sei orar!” Mas Deus o chama para orar. Oração não é opcional, é algo básico na vida cristã. Não há como você crescer espiritualmente sem orar.

Você pode dizer: “Ah, pastor, mas parece que a minha oração não passa do teto!” Mas quem disse que as nossas orações têm de passar do teto? Se ela passar do seu coração já está ótimo. Sabe por quê? Porque Deus diz: “buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29.13). E lembre-se de que Deus está em todo lugar, até mesmo no teto.

Então, meu irmão, vá para a sua casa, desligue um pouco a TV, e ore! Faça alguma coisa assim intencionalmente. Oração nos livra do mal, nos conecta com o Sagrado e nos aproxima de Deus. E se a sua oração não transformar ninguém na história, ela poderá fazer uma coisa fantástica em sua vida: ela o transformará numa pessoa melhor. Então vá, entre no seu aposento, e comece a orar!

terça-feira, 22 de maio de 2012

"Pastor, A Minha Oração é Fraca!"

Poucos crentes gostam de orar. O pior é que não temos vontade de orar nem ficamos tristes por isso. Afinal, o que há de errado no nosso coração para que oração seja uma coisa tão difícil para nós? Poucos crentes sabem como orar. Aliás, os discípulos de Jesus também chegaram a essa conclusão, pois pediram a Jesus: “Ensina-nos a orar” (Lc 11.1). E a Bíblia comprova isso, dizendo que “nós não sabemos orar como convém” (Rm 8.26).

Com muita propriedade, alguém fez a seguinte observação: “alguns santos do passado gastavam horas diante de Deus que pareciam segundos, e nós, hoje, gastamos segundos que nos parecem horas”. Há um conflito no nosso coração que nos tornou uma geração de crentes que desaprendeu a orar. A nossa experiência de oração é muito pálida e fraca. Perdemos a dimensão da oração que aqueles homens de Deus tinham. Hoje nossas orações são ritualistas e decoradas e nós repetimos fórmulas.

Pedir a Deus que nos ensine a orar é uma das coisas mais importantes que podemos fazer. Se você não ora ou ora pouco, eu queria que você perguntasse honestamente a você: “por que eu não oro?” Isso é como a questão da contribuição para a obra de Deus. Quando eu não contribuo, a questão não é aumentar a culpa, mas perguntar: “Por que é tão fácil pra mim comprar um tênis de marca, de R$ 300,00, e é tão duro, tão penoso trazer uma oferta para a igreja?” Faça esse tipo de pergunta e você chegará a conclusão de que tudo é uma questão de afeto. Tem a ver com o seu coração.

Veladamente, há uma disputa nas igrejas evangélicas para anunciar a que tem mais poder em oração. Há uma igreja cujo slogan é: “Esta igreja tem poder!” Outra aliciava pessoas, dizendo que colocaria 318 pastores orando por elas, como se boa quantidade de intercessores fosse pressão suficiente para persuadir os favores dos céus. Só que o mesmo texto bíblico que diz que “não sabemos orar como convém”, diz que “o Espírito Santo, nosso intercessor, intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).

O que a Bíblia diz é que o Espírito transforma nossas débeis e superficiais orações em preces viscerais. Ou seja, orações que brotam das nossas vísceras, lá de dentro, do nosso interior. É que a palavra grega traduzida por gemidos são orações que brotam dos nossos rins. Na cultura hebraica daqueles dias, era o mundo interior mais rico que podia sair da gente. Você já teve dores renais? São dores que nos dão a impressão de que o mundo vai acabar. É uma angústia só, um peso imenso. E aqui está a promessa: o Espírito Santo, nosso Intercessor, transforma as nossas orações superficiais em orações viscerais, que saem do nosso interior.

Então, meu querido, não existem grandes intercessores humanos, não. Existe, sim, um grande Intercessor para as nossas orações, que é o Espírito Santo. Você também não precisa dizer que a sua oração é fraca, porque ela é mesmo! Não existem grandes homens de oração, mas existe um Grande Intercessor na nossa oração.

Ele pede por nós, interpreta o nosso interior, e pega aquelas nossas frágeis palavras, muitas vezes mescladas com pensamentos confusos, e transforma-as em orações poderosas, que traduzem fielmente o que queremos dizer junto ao Trono da Graça.

Estas coisas não deveriam fazer com que tivéssemos mais vontade de orar? Porque agora podemos entender que oração não é uma questão de pedir a Deus, mas um meio de me aproximar dEle e experimentá-lO em minha vida.

O nosso grande desafio é este: andar em comunhão e intimidade com Deus. E é por isso que Jesus insiste nas nossas orações, dizendo: “Tu, quando orares, entra no teu quarto, e fala em secreto com o teu Pai. E teu Pai que te vê em secreto te recompensará” (Mt 6.6). Então, vá lá! Deixe a sua alma ir com Deus.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Onde está Deus quando Sofremos?

Quem, sinceramente, diante de um sofrimento, não perguntou: “O que fiz, afinal, para merecer este castigo?” Alguns anos atrás, quando explodiu o avião 747 da TWA que fazia o vôo 800, entre New York e Paris, as pessoas comentavam: “Por que Deus permitiu que isto acontecesse?”

Uma vez perguntaram a um cristão piedoso sobre a razão de tantas injustiças e sofrimentos no mundo. E, onde estava Deus que, aparentemente, nada fazia. Ele respondeu assim: “você acha que é da vontade de Deus que homens peguem em armas e matem seus semelhantes? Acha que é da vontade de Deus que um homem se embebede, conduza um carro e provoque a morte de uma família?”

Isaías declara que “o mundo andava em trevas (em caos), debaixo da sombra da morte”
, mas que “o povo que andava em trevas viu uma grande luz.” Ou seja, a presença de Jesus na ocasião do caos, da dor, da morte e do desespero traz luz. Um dia, ao se depararem com um cego de nascença, os discípulos de Jesus lhe perguntaram: “Quem pecou?” (João 9) Desde que o mundo é mundo, duas respostas têm sido dadas para esta pergunta. Jesus acrescentou uma terceira.

“O sofrimento é de responsabilidade pessoal”, dizem alguns. Com a pergunta, os discípulos já trouxeram alguns pressupostos na mente, pois diziam: “Quem pecou, este... (v 2) ?” Esta também foi a resposta de Caim quando foi chamado por Deus a responder pelo sangue do seu irmão: “Acaso sou eu guardador do meu irmão?” Quando defendemos que o mal e a fatalidade são problemas pessoais, estamos dizendo que cada qual é responsável pela sua situação, afinal, o sistema dá oportunidade a todos. Quem não está bem é porque não quer. É uma resposta cínica que não ajuda em nada nem estanca a dor.

Outros dizem: “O sofrimento é de responsabilidade dos outros”. Os discípulos de Jesus também não rejeitaram esta hipótese, porque acrescentaram: “Quem pecou,... seus pais ?” É a ideia de que a dor e o sofrimento podem ter origem, também, fora do indivíduo. É um problema dos outros. É o jovem drogado que diz: “o problema são os meus pais”. Outros dizem: “É culpa da família”. Ou, então, furiosos, dizemos: “é culpa do governo!” Como fez Adão: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu do fruto, e comi.” Como fez Eva: “A serpente me enganou, e comi.” Ora, se a mulher foi dada por Deus e se a serpente foi criada por Ele, então, o responsável último pela dor e sofrimento é o próprio Criador.

A resposta de Jesus foi: “Nem este, nem seus pais pecaram, mas para que se manifestasse a obra de Deus na vida dele (v 3)” Em outras palavras, o sofrimento do outro é sempre um convite para manifestarmos as obras de Deus, criando um mundo mais justo, mais fraterno e solidário. Todas as vezes que encontramos gente a sofrer e a clamar no sofrimento, ali está Deus nos chamando para realizar as Suas Obras. Se você deixar que a presença de Jesus na sua vida ilumine aquele ambiente, aquela situação difícil pode trazer glórias ao nome de Deus. Muitas pessoas não verão Deus naquela situação, mas poderão enxergar o amor e a presença dEle na sua atuação desprendida e amorosa naquela hora.