sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Crentes Fiéis Doentes Sim Senhor!

O pregador na TV dizia, com voz suave e cativante: “a enfermidade não existe. Ela é uma mentira porque ela é do diabo, e o diabo é mentiroso.” Depois disso, para defender que os cristãos não mais ficam doentes ou que Jesus nos cura de todos os males, usou Isaías 53.4: “Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si...”

De fato, Jesus foi ferido para que pudéssemos ser curados. Mas isto é uma linguagem figurada para mostrar que o castigo que nós, pecadores, merecíamos, foi suportado por Jesus, nosso substituto. Dizer que Jesus, na cruz, levou todas as nossas doenças físicas e por isso o crente verdadeiro não fica doente, é violentar a graça de Deus e desconhecer o Novo Testamento.

O evangelho chegou aos Gálatas porque o apóstolo Paulo ficou doente: “como sabem, foi por causa de uma doença que lhes preguei o evangelho pela primeira vez” (Gl 4.13). A Igreja de Filipos enviou uma oferta ao apóstolo por mãos de Epafrodito. Quando lá chegou, ficou doente e quase morreu, mas Deus teve misericórdia dele (Fp 3.27,28). O pastor Timóteo tinha gastrite e frequentes enfermidades (1 Tm 5.23) e Paulo deixou seu companheiro Trófimo doente na cidade de Mileto (2 Tm 4.20). O apóstolo também tinha um espinho na carne crônico, que o machucava. Paulo acabou dando graças a Deus por ele (2Co 12.7-10). Além disso, quando Lázaro ficou doente, suas irmãs mandaram o seguinte recado a Jesus: “Aquele a quem amas está enfermo” (Jo 11.3). Elas sabiam que Lázaro era amado por Jesus e, mesmo assim, ficou doente. Em nenhum desses textos a Bíblia sequer insinuou que a doença e a dor eram uma grande mentira.

Vivendo num mundo pecaminoso é natural ficarmos doentes. Adoecemos por herança genética, por contaminação, por acidente e por não cuidarmos do corpo. Além disso, nunca devemos nos esquecer de que vivemos a tensão entre o já e o ainda não. Ou seja: nós já fomos salvos, mas ainda não somos participantes da glória de Cristo. Já fomos perdoados, predestinados, justificados, estamos sendo santificados, mas ainda não fomos glorificados. Chegará um dia quando seremos glorificados e aí não haverá mais dor, nem lágrimas, nem morte ou pranto (Ap 21.4; 22.2).

Além do mais, o texto de Isaías que mostra Jesus levando nossas enfermidades também ensina que ele carregou todas as nossas dores sobre si. Seria o caso de o crente verdadeiro nunca mais sentir qualquer dor física. Seria muito bom também observar se esses pregadores têm alguma obturação dentária ou se usam óculos. Em caso positivo, peça-lhes, por favor, um pouco de coerência.


Atribuir enfermidade à ação do demônio na vida de uma pessoa, que já está sob assistência médica, é pura maldade. Só acrescenta dor moral a quem já está sofrendo dores físicas. Pois agora, além do sofrimento físico, têm de suportar a acusação de culpa pela doença. Como bem diz o Pastor Falcão Sobrinho: “devemos ser consoladores e não acusadores dos nossos enfermos”. E lembre-se: Satanás só pode agir diretamente na vida de um filho de Deus por permissão especial de Deus, como no caso de Jó.

Creio em milagres. Creio no poder da oração. Inclusive, já fui curado milagrosamente. Mas tenho visto servos fiéis do Senhor caindo doentes e morrerem, não obstante as orações sinceras do povo de Deus. Tenho visto que, mais que curar fisicamente, Deus quer restaurar o homem por inteiro. Ele cura alguns da enfermidade e outros são curados na enfermidade. São crentes que, em meio ao sofrimento, enfrentam esta hora com tranquilidade por causa da sua fé em Cristo. É que o evangelho não é somente o que Jesus quer fazer por nós, mas o que Ele quer ser nas nossas vidas. No fim, podemos dizer: “Se vivemos, para o Senhor vivemos; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14.8).

domingo, 26 de dezembro de 2010

Guarda-Costas Para 2011

Fazia estudos bíblicos para um grupo de jogadores de futebol, em Freamunde, no Norte de Portugal, quando na primeira reunião após o Carnaval um recém-convertido me fez a seguinte pergunta: “Pastor, quais são as recomendações para a Quaresma?” Disse a ele que as recomendações bíblicas para aquele período eram as mesmas de todos os dias do ano.

Agora, quando 2011 bate às nossas portas, sei que muitos crentes desejam que os pastores apresentem um conjunto de regrinhas que garanta sucesso para o Ano Novo. Mas, tudo o que vai precisar para o Ano Novo é aquilo que você também necessitou para todos os anos velhos que já cruzou.

Gostamos de recitar textos bíblicos, mas muitas vezes não sabemos aplicá-los à nossa vida. O Salmo 23 é um deles. Muitos crentes conhecem o Salmo, mas não desfrutam do Pastor. E é nesse Salmo que temos uma das promessas mais tranquilizadoras sobre o nosso amanhã. No v. 6, temos o único versículo cujos verbos estão no futuro: “certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida e habitarei na casa do Senhor por longos dias.”

O nosso Bom Pastor coloca à disposição dos crente dois guarda-costas para protegê-los no futuro. Um se chama “Bondade” e outro “Misericórdia”. Ele promete que esses seguranças não nos perderão de vista, pois andarão grudados em nós. A primeira palavra é “tov” e significa “tudo o que é bom”. A segunda palavra é “hesed”, que é a palavra mais rica da língua hebraica. Hesed é o amor do Pacto, que levou Deus a escolher Abraão, Isaque e Jacó. É o amor que não se altera, pois tem disposição para amar até o fim. É o amor que não pode aumentar porque não tem para onde crescer. É o amor no grau máximo, que nunca irá diminuir porque Deus nunca deixa de amar assim. Esse amor está bem definido numa expressão do Novo Testamento, que diz: “se formos infiéis ele permanece fiel porque não pode negar-se a si mesmo (2Tm 2.13).” É o amor que assume compromisso e cuida. Então, Deus está dizendo que não haverá um único dia na minha vida em que Ele se esqueça de mim, pois não é um Deus com humor instável, que um dia me aceita e no outro, não. Deus não é Alguém que só me trata bem se eu for um bom menino, ou quando eu me comporto bem. Não! Esta bondade e misericórdia não dependem de quem nós somos, nem do que fazemos, mas daquilo que Deus é.

No último dia do ano você pode pular sete ondas, usar roupa nova ou comer lentilhas, como ensina esta sociedade que não conhece o nosso bom Deus. Mas o melhor que você pode fazer é ter esse Deus como Pastor e Senhor da sua vida. Ele cuida de nós todo o ano. E ainda coloca à nossa disposição Seus guarda-costas Bondade e Misericórdia, para que o nosso andar seja seguro, cheio de graça, e abrigado pelo Seu poder.

Portanto, se você é crente em Jesus, o Bom Pastor, não se preocupe com 2011. Haja o que houver, esses Guarda-Costas Celestiais estarão vigiando a sua vida. Podemos não saber como será o nosso futuro, mas sabemos Quem estará conosco no futuro. Descanse nisso, e tenha um maravilhoso Ano Novo!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

“Feliz Natal!” – O Que é Isso?

Nesta época recebemos muitos cartões com votos de um Feliz Natal. Os amigos, os parentes e vizinhos saúdam-nos: “Feliz Natal!” O homem do mercado, a mulher do açougue, o jornaleiro e o rapaz da loja desejam-nos: “Feliz Natal!” Mas o que querem dizer realmente com essa expressão?

Será que “Feliz Natal!” é ter uma mesa farta, com bebidas variadas, um bom bacalhau, peru, chester, panetone e frutos secos? Se é isso, então “Feliz Natal!” significa, na verdade: “Coma bem!”, “Tenho uma ótima Ceia!”, “não vá ter indigestão, hein!”, ou “cuidado com o excesso de comidas e bebidas!” Assim, uma pessoa que não tiver uma mesa sortida terá todo o direito de dizer: “tive um péssimo Natal!!”

Ou “Feliz Natal!” significa boa companhia e boa confraternização social? Se é isso, então o que as pessoas querem nos dizer, de fato, é: “olha, reúna-se com pessoas amigas e saudáveis”, ou “procure passar momentos agradáveis junto das pessoas que mais gosta!”. Nesse caso, se estiver longe dos amigos, da família e das pessoas queridas o seu Natal será um fracasso.

Pode ser também que “Feliz Natal!” seja uma referência aos presentes. Aí, as pessoas desejam que você ganhe bastante prendas no Natal. Poderíamos traduzir a saudação como: “que você fique encantado e sinta-se enriquecido e amado com todos os presentes que vai ganhar!” Então, pouco presente é sinal de um Natalzinho pra esquecer!

Se o meu raciocínio estiver certo, Natal seria uma espécie de “Festa de aniversário do mundo ocidental”, onde todos assopram as velas, recebem os parabéns, os presentes e comem bem.

Temo que nós, que já fomos transformados pelo sangue de Jesus, também pensemos que “Feliz Natal!” seja uma referência à mesa, aos presentes e as confraternizações.

Mas o Natal cristão não é isso. Natal pra mim é outra coisa. É outra festa. É algo interior. “Feliz Natal!” é ter certeza de que Jesus, o Deus-Homem, nasceu em Belém da Judeia, mas também nasceu na minha vida e vive no meu coração. “Feliz Natal!” é Deus comigo! “Feliz Natal!” é comemorar uma alegria que ninguém pode roubar; é ter certeza do perdão de Deus. “Feliz Natal!” é saber que tenho rumo na vida. Através de Jesus Cristo, sei quem eu sou e, independentemente do que me vier acontecer, sei que sou amado e aceito por Ele. “Feliz Natal!” é saber que na eternidade também participarei da glória de Cristo.

Enfim, para um crente em Jesus Cristo, “Feliz Natal!” é uma redundância. Se a pessoa já renasceu em Cristo, no muito ou no pouco, na mesa farta ou na simples, com a presença dos amigos ou não, o seu verdadeiro Natal é feliz!



Publicado pela 1ª vez em 09 de Dezembro de 2001

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A Ousadia de Recomeçar

Há dois anos, o Coro Infantil da nossa igreja apresentou o musical de Natal,“Anjos, Preparem-se!”, de Celeste Clydesdale. Era, então, a vez de Caio Liszt, filho de Hezil e Bergson, fazer o prelúdio do culto, ao piano. Ele tocava o hino “Cantam Anjos Harmonias”, quando, de repente, ficou travado numa nota musical que insistia em sair errada. Então parou. Voltou-se para a congregação com um gesto manual, tipo: “esperem aí” e, tranquilo, disse: “vou começar de novo”. Reiniciou o hino e tocou tudo certinho.

Caio, de oito anos, teve a coragem de recomeçar, coisa que muito adulto velho não tem. Como é difícil recomeçar! É preciso ter muita bravura para tal. Ah!, quanta gente andando por aí necessitada de fazer uma revisão na vida; tropeçando na partitura da alma, produzindo sons dissonantes e, tal como o Caio, precisando reavaliar a sua situação; parar, e começar de novo. Gente com a vida desafinada, insistindo no erro, como se tudo estivesse bem.

Música é uma coisa muito boa. Ela toca o nosso coração; trás enlevo e emoção; atiça boas recordações e, não poucas vezes, atinge maravilhosamente a nossa alma. Mas, música desafinada é desconcertante. É uma espécie de punhalada no nosso coração. É um golpe cruel nos nossos ouvidos. Incomoda. Irrita. Constrange. Causa mal-estar. E o pior: por menor que seja a peça, música mal executada demora a terminar.

Para recomeçar é preciso, primeiro, humildade de reconhecer que a coisa não está boa. É preciso assumir que o erro é nosso. Caio não ficou arrumando desculpas. Não procurou um bode expiatório nem justificou as suas falhas. Ele estava insatisfeito com a sua exibição e assumiu publicamente que não estava bom. Então, tomou a decisão correta: começar de novo.

Caio também não ficou acomodado com a sua má apresentação. Ele, rapidamente, percebeu que podia fazer melhor. Sabia que podia apresentar algo mais bonito e atraente. Tinha certeza de que podia conseguir uma execução mais agradável. Poderia alçar voos mais altos. O seu coração palpitava por um patamar mais ousado como pianista. Mesmo porque estava num culto, tocando para Deus. Então, abandonou o erro e recomeçou.

Pensando bem, muita gente nunca mudou nem vai mudar porque nunca teve a humildade nem a ousadia do Caio. Vai empurrando com a barriga a sua vida, cheia de falhas e de incorreções, fingindo que está tudo bem, e pensando que ninguém está ouvindo ou vendo o seu fracasso.

Mas, ao assumir a sua má situação, Caio ganhou a nossa admiração. Começamos a torcer para que sua execução desse certo. Acompanhamos com santa expectativa cada nota que dedilhava ao piano. E, contentes com seus acertos, apreciamos o seu progresso.

Naquele domingo, Deus usou o Caio para nos ensinar que nunca é tarde para recomeçar. Ele nunca se desaponta com os nossos erros, desde que os reconheçamos. Afinal, os piores pecadores foram muito bem aceitos por Jesus quando reconheceram que necessitavam da sua misericórdia para recomeçar.

Que tal aproveitar este final de ano para fazer uma avaliação espiritual da sua vida. Abandone as notas dissonantes e peça a Deus uma alma mais sintonizada com o seu diapasão. Pare. Recomece. Não se afaste dos acordes majestosos que Deus escreveu para a sua vida e peça a ajuda do Mestre para recomeçar a carreira afinado com os Seus propósitos. E que sua vida seja uma belíssima canção de louvor a Deus no próximo ano. Feliz ano novo!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Os Sobrinhos do Diabo

Comemoramos no 2º domingo de Dezembro o “Dia da Bíblia”. Houve um tempo na minha vida quando carregar uma Bíblia era tremendamente difícil. Aquele livro era muito pesado. Como os seus ensinos andavam longe do meu coração, precisava de muita coragem para andar com ela nas mãos, sobretudo diante dos meus colegas. Interessante que, à medida que a minha vida com Deus foi se acertando, a Bíblia começou a ficar leve. Carregá-la já era fácil. Hoje é relativamente simples carregar uma Bíblia nos braços. Difícil é carregar a sua mensagem no coração.

O problema não é tanto a Bíblia em si, mas a sua interpretação. Há aplicações variadas, para todos os gostos. Falando num congresso fluminense, o Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho fez várias citações: um pastor pregou, dizendo que mulher não deveria fazer cesariana, pois Gênesis 3.6 diz que “com dor dará a luz filhos”. Outro pregou contra o esporte porque 1 Timóteo 4.8 diz que “o exercício corporal para pouco proveita”. Ainda outro pregou contra a televisão, porque nela vemos o que não devemos ver. Usou 2 Samuel 11.2, quando “do terraço viu Davi uma mulher que estava se lavando”. Em contrapartida, outro mensageiro imaginou que a expressão apocalíptica “E todo o olho o verá”(1.7), se cumprirá por televisão, via satélite. Aliás, é grande o número de líderes doentes que fazem o povo de Deus adoecer. Enxergam na Bíblia coisas que ela nunca quis dizer.

Há pregadores que usam a Bíblia para enviar recados aos que discordam dele. Há os que se valem do sermão, usando a Bíblia, para que suas vantagens pessoais prevaleçam. Há os que usam versículos fora do contexto. E há também aqueles são até bem intencionados, mas ignoram o contexto cultural em que o texto foi produzido.

Está voltando à moda o seu uso astrológico e alegórico. Ela está sendo usada apenas para indicar algumas práticas das pessoas. O seu impacto histórico é desprezado, pois o intérprete está apenas interessado que ela seja um depósito de cenas e eventos. Não é tanto o que a Bíblia diz, mas como ela autoriza a sua visão pessoal da vida. A Bíblia é apenas um mero suporte para o pregador. Não é à toa que a gente vê tanta esquisitice sendo dita como revelação da Palavra de Deus.

As pessoas também ignoram que a revelação de Deus é progressiva. O Antigo Testamento é a Palavra de Deus, mas foi dada num estágio inicial da revelação, quando o povo de Deus estava no jardim de infância da fé. Jesus é a revelação final. Ele tem a última palavra em tudo. Por isso, na transfiguração, quando aparecem Moisés, representando a lei, e Elias, representando os profetas, Deus interveio, retirando ambos de cena, e declarando: “este é o meu filho amado em quem me agrado. Ouçam-no!” (Mt 17.5). A interpretação bíblica que faz Jesus sumir é delirante. Por isso, Lutero já dizia: “Jesus é o cânon dentro do cânon”.

As pessoas fazem confusão entre livre exame das Escrituras com livre interpretação das Escrituras. Todos têm o direito de estudar e examinar as Escrituras, mas ninguém tem o direito de interpretá-la como quiser. Por isso, em que pese dois mil anos de cristianismo, de repente surgem novos profetas e gurus que acham no Novo Testamento coisas inéditas que a cristandade nesses vinte séculos nunca viu. Desconfie.

O primeiro intérprete bíblico foi o Diabo. Está lá em Gênesis 3.1. Ele foi o primeiro a falar sobre Deus e a distorcer suas palavras. Muitos intérpretes da Bíblia, hoje, parecem ser sobrinhos do Diabo. Apresentam um deus tão insosso, uma interpretação tão incoerente e imperfeita que só existe na cabeça deles. Por tudo isso, ame a Bíblia, mas muito cuidado com os "sobrinhos do Demo".

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Beleza do Efêmero

Quando regressei de Portugal, após doze anos de atividades missionárias, a Junta de Missões Mundiais da CBB me colocou à disposição um apartamento na Tijuca, RJ, próximo ao Clube Monte Sinai, até que Deus definisse o meu novo destino. Daquele prédio avistava facilmente a sinagoga vizinha e as suas reuniões semanais. Uma das semanas mais intrigantes que observei foi quando os judeus celebravam a Festa dos Tabernáculos.

O rabino Harold Kushner termina seu livro “Quando Tudo Não é o Bastante” falando da Festa dos Tabernáculos (Sukkot, em hebraico). Ele diz que, na vida de Israel, ela era um protótipo do Dia de Ação de Graças, pois os judeus agradeciam, no outono, a colheita realizada. E até hoje, para a festa, a tradição judaica ergue um barracão tosco, com algumas tábuas e galhos de árvores. E convidam os amigos que chegam para beber vinho e comer frutas. Os judeus celebram ali a beleza das coisas efêmeras: pois o próprio barracão será destruído no final da semana, as frutas frescas se estragarão em breve, caso não sejam logo consumidas. E os amigos talvez não fiquem com eles tanto tempo quanto poderiam desejar.

Ivan Lins e Victor Martins escreveram uma música que eu gosto muito, chamada “Guarde nos olhos”. Quando a ouço, imagino uma família pobre saindo do interior, indo para uma grande capital, e então o pai diz: “Guarde nos olhos a água mais pura da fonte, beba esse horizonte, toque nessas manhãs. / Guarde nos olhos a gota de orvalho chorado, guarde o cheiro do cravo, do jasmim, do hortelã. / Guarde o riso como nunca se fez, corra os campos pela última vez. / Guarde nos olhos a chuva que faz as enchentes, vai um pouco da gente rumo a capital. / Vai dentro da gente, vamos pra capital.” A letra é um convite para guardarmos a beleza das coisas simples do campo, que não podemos comprar e revê-las na capital.

O rabino nos ensina que “o mundo está cheio de coisas bonitas..., mas temos que as apreciar logo, porque não vai durar muito.” Pare de correr, e valorize as pessoas e os amigos que estão à sua volta. Se ainda tem seus filhos consigo, dê um grande abraço neles, beije-os sempre, diga que os ama, e curta este momento porque ele é brevíssimo. Saiba que, em muitas famílias, as melhores recordações da vida chegam da fase em que eram crianças. Se você tem um amigo especial, leal, que enche sua vida de generosidade e significado, valorize-o, antes que ele não esteja mais ao seu lado. Se seus pais ainda estão vivos, e moram perto de você, abrace-os com amor, e aproveite as oportunidades para que saibam o quanto são importantes na sua vida. Se você tem tido uma boa companhia com quem você divide momentos de alegria, valorize esses momentos. A vida aqui não vai durar para sempre.

Gosto de fotografia. Uma vez, na Grande Lisboa, fiz minha família esperar até tarde, na praia, para que pudesse tirar fotos do pôr-do-sol. Aí, quando o sol já declinava, entrou uma nuvem no horizonte, e acabei não tirando uma foto sequer. A família protestou pela espera, mas eu só queria valorizar e celebrar aquele instante. Acorde mais cedo e veja o sol nascer. Sinta o cheiro de uma flor e repare a sua beleza. Ouça o canto dos pássaros e convide seu amigo para almoçar com você. Olhe à sua volta, e contemple as coisas bonitas que estão próximas. Algumas delas são gratuitas, mas efêmeras. É tempo de ser feliz com quem você ama. Admire tudo isso, e aprecie logo, pois não vai durar muito.

Não se esqueça também de “praticar a justiça, amar a misericórdia e andar em humildade com o seu Deus”, conforme nos diz o profeta (Mq 6.8). Admire as coisas bonitas e simples ao seu redor, esta é uma das maneiras de dar sentido à vida e tirar o máximo de proveito dela.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Um Espelho para a Alma

No seu livro “Mosaico de Deus”, o pastor Helmut Thielicke conta que fez seu filho, ainda pequeno, olhar-se num grande espelho. A principio, ele não se reconhecia, pois ainda era muito ingênuo. Apenas a presença daquele menino risonho no vidro cristalino lhe causava muita alegria. De repente, porém, alterou-se a expressão do seu rosto. Descobriu, finalmente, pelos movimentos simultâneos que aquele ali era ele mesmo.

Sempre que me olho no espelho dou graças a Deus. Mas não é pelo que você está pensando, não. Dou graças a Deus porque, apesar de ser tão feio, tenho sido alvo das misericórdias dEle. Muitas vezes, intrigado, chego-me a perguntar: “Espelho, espelho meu: existe alguém mais abençoado do que eu!” Afinal, como é possível um sujeito tão feio como eu ser tão agraciado por Deus? Fico pensando em tudo o que Deus tem feito por mim. A família que me deu, nos ministérios que desenvolvo, nos amigos por todos os lados, e pergunto-me: “Espelho, existirá pessoa tão feia mais marcada pela graça de Deus?” Além disso, muitas vezes o espelho me revela que Fernando Sabino estava certo quando dizia: “Viver faz mal a saúde! Faz cair os cabelos e os dentes. Provoca rugas na pele, flacidez nos músculos e artrite nos ossos. Enfraquece a cabeça, combale o organismo e ataca o coração”. A verdade é que diante do espelho, alegre, concluo que sou um grande exemplo do imerecido amor de Deus, em Cristo Jesus.

Existe um outro espelho que costuma mostrar o íntimo da pessoa. Ele penetra lá dentro de cada ser humano, e mostra nua e cruamente a situação da nossa alma. É um espelho tão especial que costuma exibir o nosso interior: pensamentos maus, mentiras, falsidade, orgulho, egoísmo, ingratidão, desonestidade, traição, hipocrisia e rebelião contra Deus. Esse espelho é a Bíblia, a Palavra de Deus.

Às vezes, diante da Bíblia, assusto-me com a minha feiúra de alma. Nestas horas, fico triste comigo mesmo, mas também sinto alegria por uma outra revelação que este espelho me faz. É que este espelho celestial também me revela a graça eterna de Deus, em Cristo. Nele, consigo ver a misericórdia diária de Deus por mim. Na verdade, ele exibe em letras gordas o amor de Deus por cada ser humano: “suficientemente largo, para abranger a totalidade da humanidade; suficientemente comprido, para durar toda a eternidade; suficientemente profundo, para alcançar o pecador mais degradado; e suficientemente alto, para levá-lo ao céu” (John Stott).

Bendita Bíblia, espelho de Deus, que expõe a nossa feiúra de alma, mas também exibe a beleza do amor de Deus, em Cristo.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Livros Vivos

Na juventude, fiquei fascinado por Vargas Llosa ao ler “Conversas na Catedral”. Não era tanto o conteúdo em si, mas o domínio que o escritor peruano tinha da narrativa. Llosa consegue colocar duas pessoas conversando num bar, Catedral, intercaladas por muitos outros diálogos. A exposição das conversas é tão bem feita que, mesmo não citando seus nomes, a gente entende perfeitamente quem fala com quem. Tempos depois chegou-me as mãos uns dos seus livros mais divertidos: “Tia Júlia e o Escrevinhador”. Nele, além de narrar o seu namoro com uma tia, fato que deu pano pra manga no seio da sua família, ele aperfeiçoou esta técnica. Tudo muito inteligente, bem escrito e engraçado. Aquilo que tinha tudo para ser algo confuso, tornava-se uma história extremamente prazerosa.

Tudo bem diferente de uma experiência recente. Recebi um exemplar de um livro de um amigo. O título era interessantíssimo. Pus-me a lê-lo imediatamente, mas suas idéias eram tão confusas, tão desorganizadas, que abandonei a leitura.

Agora, lendo o apóstolo Paulo, deparo-me com a seguinte expressão: “vocês (cristãos) são a carta de Cristo,... conhecida e lida por todos os homens.” Fiquei pensando: que tipo de leitura tem sido a minha vida? Será que estão gostando do que leem nas minhas páginas? Elas têm exaltado o meu Cristo? Sabe o que me passou pela mente? Que estou escrevendo um “evangelho segundo o Renato”. Claro que não é inspirado, mas deveria inspirar muita gente a querer conhecer o meu Deus.

Às vezes vejo crentes com vidas tão desorganizadas que custo a perceber que aquilo é obra de Cristo. Nem parece que têm a mão de Cristo ali. Mas, confesso: a vida de alguns cristãos é tão bonita, que mais parece com aqueles livros que a gente pega e não quer mais parar de ler. É tudo tão empolgante que só se sossega quando a leitura acaba. Percebe-se direitinho que Deus está por detrás de cada página, e de toda a obra. E o que dizer de crentes com vidas tão sem graça, que lembram aqueles livros que nossos professores nos obrigavam a ler no colégio. Que chatice! Lia-os somente por causa da prova. Há também aquelas vidas que são verdadeiras histórias em quadrinhos. São muito infantis! Crentes com fé tão rasa, que nada mostram das riquezas sempre encontradas em Cristo Jesus.

Há também crentes cuja fé causa confusão. Dizem que seu Deus é fiel, e são incapazes de confiar que ele irá sustentá-los se derem o dízimo, por exemplo. Dizem que Jesus é “o Príncipe da Paz”, mas vivem brigando o tempo todo. Dizem que seu Deus é Senhor, mas são eles quem escolhem a quem servir e aquilo a que devem obedecer. Dizem que a igreja é um corpo, o Corpo de Cristo, mas insistem em viver uma vida isolada, sem qualquer envolvimento com os outros membros. É tudo tão confuso que a gente fica na dúvida se ele realmente é de Jesus.

E se a sua vida for o único livro que seus amigos estão lendo? O que ela tem revelado acerca do seu Deus ? Lembre-se: as suas paginas estão sendo lidas diariamente. Pense nisso e capriche nos próximos capítulos.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ontem, Hoje e Amanhã

Houve um tempo em que eu sonhava em impressionar as pessoas com a minha inteligência. Queria que todos notassem as minhas ideias geniais, a minha agudeza de espírito, os meus comentários irônicos e a maneira fluente com que conseguia expor meus pensamentos. Desejava que notassem a rapidez com que captava as falácias e os erros sutis. Nesse tempo, ficava deslumbrado com elogios e abatido com as críticas. Esperava o aplauso e temia a vaia. Era escravo da bajulação. Queria saber se as pessoas reconheciam o meu valor. Hoje, já atinei para a futilidade de tudo isso. Descobri que Deus não precisa de estrelas. Ele usa qualquer um, mas tem prazer em aproveitar homens simples. Descobri que não preciso impressionar pessoas nem cativá-las pela minha argumentação. Não preciso exibir alguma virtude que não tenho. Não preciso ter a última palavra sobre tudo. Já me conscientizei de que nem sempre sei. Já aprendi a apreciar ideias melhores que as minhas; a me curvar diante de pessoas mais sábias e mais preparadas que eu; a aprender com os mais experientes e, sobretudo, mais espirituais. Não tenho medo de reconhecer meus erros, mostrar minhas dúvidas, expor minhas fraquezas e apenas desejar ser verdadeiro e fiel ao que sou e ao que creio. Desejo aprender com minhas falhas e consertá-las. A vida também me fez curtido aos profissionais da crítica, mas sensível aos censores que me corrigem com amor.

Houve um tempo em que desejava ser herói. Queria ser admirado por alguma coisa importante. Pretendia fascinar multidões com minhas realizações. Ambicionava a fama. Encantava-me a idéia de conquistar o mundo através de um feito espetacular. Hoje, contento-me em ser eleito e separado por meu Deus, útil ao Seu Reino, admirado por minha família, respeitado e levado a sério pelos meus filhos, amado por meus irmãos em Cristo e acarinhado pelos meus amigos.

Houve um tempo em que corria em busca de felicidade. Queria toda aquela alegria contagiante dos anúncios de TV. Aspirava uma vida cheia de aventuras fantásticas e experiências deslumbrantes. Hoje percebo que são as coisas simples que enchem a nossa vida de significado. Amar e ser amado. Valorizar o momento, mesmo que ele não dure para sempre. Aprendi a não ficar à espera do grande evento da minha vida, mas fazer de todos os momentos simples uma grande ocasião. Aprendi que a felicidade é um subproduto da santidade e, à medida que ando bem com meu Deus, todas as outras coisas ganham uma nova dimensão. Hoje sei que não preciso esperar a morte e o céu para começar a viver. A vida bem-aventurada começa aqui. Como disse o Pastor Ed Kivitz: “creio na vida antes da morte”.

Houve um tempo em que eu ambicionava conquistas materiais. Não me contentava em apenas ser rico, queria ser reconhecido como um daqueles poucos que conseguiu o topo do sucesso. Desejava nada menos do que o mundo aos meus pés. Ambicionava dinheiro, poder, status e tudo aquilo que fizesse as pessoas me olharem como um semideus. Hoje compreendi que tudo isto era pura idolatria. E, qual o escritor de Provérbios, agora peço a Deus que não me dê nem a pobreza nem a riqueza, apenas o necessário. Aprendi que muitos dos melhores momentos da nossa vida acontecem quando ainda lutamos pelo pão de cada dia. Vejo muita gente desgraçadamente rica. Então, suplico ao Senhor que me dê riqueza interior; que Ele me faça generoso e íntegro, de tal modo que valorize pessoas e use coisas. Peço que minha riqueza seja espiritual, dessas que estão guardadas no céu e ninguém pode roubar. Agradeço a Deus por me ter feito Seu herdeiro celestial, em Cristo, e certo de que, mais dias ou menos dias, estarei para sempre com Ele, desfrutando das suas eternas mansões.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

"Dezembrite"

Há uma virose infestando Teresópolis, desde o meado de novembro. Pessoas de reputação duvidosa dizem que ela chegou justamente com as luzinhas que a Prefeitura Municipal mandou colocar nas árvores da cidade. Dizem as más línguas que essas luzes incidem sobre os caules dos arbustos liberando um vírus que tem uma capacidade de penetração assombrosa, atingindo tanto adultos como crianças. Alguns alarmistas chegam a falar num subtipo de Rotavírus, pois ele permanece vivo mais tempo no ambiente e é mais resistente do que se pensa. Contudo, especialistas contestam esta explicação. O certo mesmo é que virose já está sendo popularmente chamada de “Dezembrite”.

Os sintomas de que você foi atingido por “Dezembrite” são: um irresistível desejo de olhar vitrines, fazer compras e de gastar dinheiro em presentes. Geralmente, esta obsessão é acompanhada de ansiedade pelo recebimento do 13° salário. Em muitos casos, a pessoa gasta o que tem e o que não tem, adquirindo dívidas que vão atrapalhar a sua vida e a dos seus familiares por muito tempo. Não poucas vezes, o infectado fica com uma dor de cabeça muito intensa por não conseguir limpar o seu nome sujo na praça.

Tenha também muito cuidado, pois uma senhora, moradora da Várzea, teve o seu caso agravado: ela ficou temporariamente cega, e comprou três pares de sandálias para juntar aos muitos outros que já tinha. Também adquiriu dois novos modelos de celulares só para ficar na moda. E, se não fosse pouco, ela foi fisgada pela propaganda publicitária, comprando mais uma tv para juntar a outras três que tem em casa. Portanto, muito cuidado, pois “Dezembrite” faz a pessoa atacada comprar coisas desnecessárias.

Psicologicamente os danos da virose são maiores ainda, pois a pessoa passa a ter idéias fixas, e o seu vocabulário gira em torno de palavras, como: panetone, rabanadas, passas, nozes, bacalhau, chester, tender, peru, ceia natalina, Papai Noel e árvore de Natal. Algumas crianças foram diagnosticadas depois do uso frequente de certas palavras, como: bicicleta, boneca, bola, tênis de marca, celular, ipod,ipad, notebook, mp3 e carro telecomandado. Autoridades estão preocupadas porque muitos dos contaminados usam a época para se embriagar, causando inúmeras brigas, acidentes e tristezas na vida dos seus familiares.

A certeza de que a pessoa foi realmente infectada com “Dezembrite” é um sintoma clássico: a amnésia. Não poucas pessoas ficam completamente esquecidas. Esquecem-se de que o verdadeiro Natal é a celebração da vinda de Jesus Cristo a terra, em Belém da Judéia, para ser o Salvador do mundo. Esquecem-se também de que “a vida de um homem não consiste na soma das coisas que ele possui”. Então, pensam que “Feliz Natal” é comprar, comprar e comprar. Por isso, celebram um Natal em que Papai Noel é mais adorado do que o próprio Filho Unigênito de Deus.

Todo o cuidado é pouco. Não se deixe encantar pelas luzes da cidade. Certifique-se de que a luz de Jesus já está brilhando dentro de você. A presença dele, reinando no seu coração, é a certeza de que esta doença viral nunca mais vai entrar na sua vida.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Recebendo Asas

Depois de quatro anos de uma rotina rígida, com viagens semanais, ordem unida, exercícios físicos, marchas e contramarchas, horários a cumprir, barba aparada, cabelo cortado, sapato engraxado, e outras disciplinas do regime militar, meu filho concluíu a academia militar e tornou-se um aspirante. Na cerimônia de entrega dos brevês aos formandos, eles receberam uma insígnia, uma asa de prata, que lhes foi pregada ao peito. O coronel, Comandante do Corpo de Cadetes da AFA, no seu discurso final, disse: “Estas cerimônias simbolizam a ruptura da Turma Sírius com o Corpo de Cadetes da Aeronáutica. Isto significa que, a partir de agora, vocês ganharam asas. Asas para voar, mas voar com responsabilidade. A partir de agora é cada um por si. Ninguém mais estará a olhar para os senhores, aos domingos de noite, quando regressam; ninguém mais olhará se a velocidade do carro está além do limite; ninguém estará mais a olhar se estão com o cabelo cortado e com o sapato engraxado. Somente a consciência dos senhores é que será o seu mais algoz, juiz.”

Pode parecer estranho, mas essas palavras me fizeram refletir sobre o casamento. A vida conjugal não é uma gaiola. Aliás, quando um cônjuge começa a se sentir preso, engaiolado, algo está errado na vida conjugal. Logo, qual um passarinho, ele estará sonhando com o seu dia de liberdade, e o casamento corre perigo de acabar. Por isso, um casamento estável e bom é feito por pessoas que se amam tanto a ponto de darem asas um ao outro O único cadeado que o prende um casal à vida conjugal é o seu amor.

Estava numa rua, conversando com o Pastor Diné Lota. Logo passou uma moça bonita por nós, e um rapaz que estava próximo lhe fez um gracejo. Depois, voltou-se para nós, e disse: "que mulher maravilhosa, não acham?” O Diné logo lhe respondeu: “sabe, você acha que quem tem uma torta de morango com chantilly em casa vai ficar perdendo tempo com gelatina, na rua?” Acho que a Leila, esposa do Diné, nunca soube disso. E nem precisava saber. É o amor e o compromisso de amor que fazem com que um homem tenha olhos só para a sua esposa. Ele tem asas, mas a sua consciência do valor do cônjuge e o privilégio de tê-la como companheira o fazem voar para dentro de casa.

Pode parecer que não, mas o evangelho também dá asas ao pecador crente. O evangelho trás uma boa notícia: apesar dos nossos pecados, Deus nos ama e nos aceita através de Jesus (Rm 5.8). Não há mais condenação para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1) . Não importa o que você coma, o que você beba, nem o que você faça - a salvação está garantida. Somos aceitos por Deus pelo que Jesus fez por nós. Isso é graça, é presente imerecido. Só que quem conhece essa graça fica tão fascinado e agradecido por ela que quer viver uma vida digna do amor de Deus. E o mínimo que pode fazer é obedecer a Deus de todo o coração, e tentar viver como Jesus viveu (1Jo 2.6,3.2,3). Então, quem recebe essa maravilhosa graça, finalmente percebe que recebeu asas. Asas para alcançar os céus.