Depois de quatro anos de uma rotina rígida, com viagens semanais, ordem unida, exercícios físicos, marchas e contramarchas, horários a cumprir, barba aparada, cabelo cortado, sapato engraxado, e outras disciplinas do regime militar, meu filho concluíu a academia militar e tornou-se um aspirante. Na cerimônia de entrega dos brevês aos formandos, eles receberam uma insígnia, uma asa de prata, que lhes foi pregada ao peito. O coronel, Comandante do Corpo de Cadetes da AFA, no seu discurso final, disse: “Estas cerimônias simbolizam a ruptura da Turma Sírius com o Corpo de Cadetes da Aeronáutica. Isto significa que, a partir de agora, vocês ganharam asas. Asas para voar, mas voar com responsabilidade. A partir de agora é cada um por si. Ninguém mais estará a olhar para os senhores, aos domingos de noite, quando regressam; ninguém mais olhará se a velocidade do carro está além do limite; ninguém estará mais a olhar se estão com o cabelo cortado e com o sapato engraxado. Somente a consciência dos senhores é que será o seu mais algoz, juiz.”
Pode parecer estranho, mas essas palavras me fizeram refletir sobre o casamento. A vida conjugal não é uma gaiola. Aliás, quando um cônjuge começa a se sentir preso, engaiolado, algo está errado na vida conjugal. Logo, qual um passarinho, ele estará sonhando com o seu dia de liberdade, e o casamento corre perigo de acabar. Por isso, um casamento estável e bom é feito por pessoas que se amam tanto a ponto de darem asas um ao outro O único cadeado que o prende um casal à vida conjugal é o seu amor.
Estava numa rua, conversando com o Pastor Diné Lota. Logo passou uma moça bonita por nós, e um rapaz que estava próximo lhe fez um gracejo. Depois, voltou-se para nós, e disse: "que mulher maravilhosa, não acham?” O Diné logo lhe respondeu: “sabe, você acha que quem tem uma torta de morango com chantilly em casa vai ficar perdendo tempo com gelatina, na rua?” Acho que a Leila, esposa do Diné, nunca soube disso. E nem precisava saber. É o amor e o compromisso de amor que fazem com que um homem tenha olhos só para a sua esposa. Ele tem asas, mas a sua consciência do valor do cônjuge e o privilégio de tê-la como companheira o fazem voar para dentro de casa.
Pode parecer que não, mas o evangelho também dá asas ao pecador crente. O evangelho trás uma boa notícia: apesar dos nossos pecados, Deus nos ama e nos aceita através de Jesus (Rm 5.8). Não há mais condenação para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1) . Não importa o que você coma, o que você beba, nem o que você faça - a salvação está garantida. Somos aceitos por Deus pelo que Jesus fez por nós. Isso é graça, é presente imerecido. Só que quem conhece essa graça fica tão fascinado e agradecido por ela que quer viver uma vida digna do amor de Deus. E o mínimo que pode fazer é obedecer a Deus de todo o coração, e tentar viver como Jesus viveu (1Jo 2.6,3.2,3). Então, quem recebe essa maravilhosa graça, finalmente percebe que recebeu asas. Asas para alcançar os céus.
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