quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Visibilidade Espiritual
Martyn Lloyd Jones foi um dos maiores expositores bíblicos do século 20. Escrevendo sobre grandes pregadores do século 19, ele fez referência a Robert Murray McCheyne, da Escócia, assim: “...quando ele aparecia no púlpito, mesmo antes de ele dizer uma única palavra, o povo já começava a chorar silenciosamente. Por quê? Todos tinham a absoluta convicção de que ele subia ao púlpito vindo da presença de Deus e trazendo uma palavra da parte de Deus para eles.”
Quando Moisés subiu ao monte e ficou quarenta dias diante de Deus, o rosto dele começou a brilhar e, quando ele desceu, o povo viu o rosto de Moisés e notou a glória do Senhor refletida no rosto dele. Então, eles chegaram para Moisés, dizendo: “Está difícil conversar com você com todo esse brilho. Por favor, coloque um véu sobre seu rosto para que a gente possa encará-lo.” Mas quando Moisés descobriu que o brilho do seu rosto estava se esmaecendo e se acabando, ele resolveu continuar com o véu.
E sabe por que ele fez isso? Porque as pessoas diziam: “sabe por que Moisés usa véu? Por causa da santidade que ele tem.” E Moisés gostou daquilo. Ele pensava: “Sabe de uma coisa? Essa história está rendendo muitos dividendos para mim. Deixa eu continuar usando o meu veuzinho e as pessoas continuarão pensando que eu tenho um brilho maravilhoso!”
A Bíblia nos diz que por causa desse pavonismo de Moisés; dessa sua atitude petulante, o povo não foi capaz de entender a Palavra de Deus. Ou seja, aquele seu cinismo e hipocrisia prejudicou todo o povo de Deus.
Um dos maiores perigos para a vida do crente é quando a sua reputação espiritual está conectada aos homens, e não a Deus. Ficamos enfeitiçados quando queremos dar aos outros a impressão de espiritualidade, e desejamos que nos admirem vendo quão consagrados nós somos. Aí, somos tentados a acobertar os nossos próprios males. Então, ficamos com dificuldade para olhar para dentro do nosso coração e reconhecer a nossa maldade e os nossos pecados. Fica mais fácil olharmos para os erros dos outros.
É o crente que percebe os impulsos do seu coração, nota que alguma coisa está descontrolada dentro dele e, em vez de se voltar para Deus, dizendo: “Deus, tem misericórdia de mim, e trata o meu coração,” o que ele faz? Ele cria regras, cercas, proteções externas, na tentativa de se livrar da própria acusação. E, ao invés de olhar para o seu próprio coração, buscando uma resposta para o seu problema, resolve se tornar mais rígido com os outros nas mesmas faltas que ele comete.
Esta é a grande diferença entre o crente e o religioso. O crente é desafiado a aprofundar a sua relação com Deus, olhando para o seu interior e deixando que o Espírito Santo o convença do seu próprio pecado. É exatamente isso que o evangelho quer fazer de nós. Mesmo que os outros não vejam o nosso pecado, o crente fiel olha pra Deus, vê o seu coração, e clama para que Deus o faça uma pessoa melhor.
O religioso não está muito preocupado com o seu coração, mas com seus atos externos: ir à igreja, fazer orações, ofertar e participar de liturgia. Que os outros vejam quão bom e consagrado é, fazendo essas coisas. Ele quer receber dividendos dos seus atos religiosos.
Só que Jesus morreu para resolver esse dilema da nossa alma. Ele morreu para nos santificar. Para atuar nas intenções e motivações do nosso coração. Para trazer aos nossos olhos espirituais o foco da nossa própria maldade, e sermos denunciados, sem que haja defesa para nós. Quando isso acontece, podemos ser curados pelo poder de Deus.
Descobri que os homens santos que andam pertinho de Deus quase sempre não percebem quão perto estão de Deus, e como as suas vidas trazem impacto para os outros. Então, não se preocupe em exibir brilho espiritual, apenas ande na presença de Deus, e Ele fará da sua vida muito útil para Seu Reino e, consequentemente, para os outros.
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