Há três anos atrás, passei quinze dias agradabilíssimos, de férias, em Piúma, no litoral sul capixaba. Com pouco mais de 18 mil habitantes, a cidade tem a sua população triplicada no verão. Mineiros, uai, de todas as cores e lugares invadem a cidade. Piuma não é o Mar de Minas, mas é a praia mais próxima da mineirada.
À noite, na orla, entre roupas, sorvetes e comidas, muita gente passeia pelas várias feirinhas. Também montaram um palco para shows numa das praças. Ali, às sextas-feiras, era apresentado um show gospel, num projeto denominado “Jesus, o sol da minha praia”, patrocinado pela prefeitura municipal local, com o apoio da Primeira Igreja Batista de Piúma. Na verdade, uma excelente oportunidade para se fazer um pré-evangelismo, já que “a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Cristo” (Rm 10.17).
Eu não entendo nada de show gospel. Mas, na minha ignorância, pensava que o seu objetivo era apresentar Jesus através da música. Então, a melhor estratégia é botar no palco uma boa banda ou um bom cantador e mandá-lo cantar. Não foi assim. Arrumaram um locutor que não parava de falar. O cara falava pelos cotovelos. A receita era assim: trezentos decibéis de som pra deixar todo mundo surdo; cinco colheradas de sopa de chavões evangélicos que já não dizem nada a ninguém; vinte porções de aleluias; e abobrinha o quanto baste pra irritar os incrédulos. Pronto. Pra piorar as coisas, arrumaram um roqueiro gospel que pulava e rodava pra todos os lados, gritando coisas desconexas, entremeadas com a palavra Jesus. Tétrico. O show devia se chamar “Tempestade na praia”.
Em Portugal, algumas vezes fui chamado para acompanhar um coro formado por uns quarenta homens angolanos, o Coro Bênção. Saíamos pelas praças, e os mandava cantar. O canto bonito deles logo atraía os portugueses, que eram duros para a mensagem do evangelho, mas gostavam de boa música. Quando havia um bom número de gente, eu pegava o microfone e só dizia isso: “São angolanos, vieram fugindo da guerra civil do seu país. Deixaram filhos, mulheres, famílias. Trabalham aqui na construção civil. Têm uma vida difícil. Tinham tudo para serem homens tristes. Mas, não. Aos sábados gostam de sair para cantar. Cantam porque conhecem uma coisa que vocês não conhecem: a graça de Cristo. Quem conhece o evangelho de Jesus Cristo tem forças suficientes para cantar, até em meio a dor”.
Voltemos a Piúma: enquanto isso, no barzinho próximo ao apartamento onde estava havia música ao vivo. O cantador de lá só cantava. Nada de discurso, anúncio, comunicação, ou blablablá. E o barzinho enchia de gente. Quando via, percebia que todo mundo estava cantando junto com ele. Também lá na praia, no sábado à tarde, um grupo de pagode chegou, e começou a cantar. Só cantar. Aquela área da praia lotou. Cumpriam-se, literalmente, aquelas palavras de Jesus: “as pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz” (Lc 16.12).
Nós, evangélicos de hoje, como gostamos de falar. Quantas palavras ociosas teremos de dar contas a Deus no dia do juízo! (Mt 12.36) Vê-se isso nos nossos cultos. Nenhum grupinho vai à frente do templo cantar sem antes fazer um sermãozinho. Geralmente enaltecendo o óbvio, e gastando a nossa paciência. Estamos despregando o evangelho com o nosso blablablá!
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Enfrente o Dia de Hoje com Confiança
Precisamos definir o tipo de pessoas que queremos ser: pessoas do nascer do sol ou do pôr do sol.
É muito comum cruzar com colegas, ex-alunos do Seminário do Sul, que gostam de relembrar os velhos anos passados na Colina de Itacuruçá, na Tijuca, RJ. Geralmente, recordo um ou outro fato daquele tempo, mas não sou saudosista, não. É que, pela infinita graça de Deus, já tive na vida muitos outros momentos tão bons ou melhores do que aqueles que vivi no seminário, no final da década de 70.
Uma vez, o Ayrton Senna saiu muito mal no grid de largada do GP da Hungria de Fórmula 1. Os comentaristas diziam que quem queria vencer naquele circuito tinha que sair na frente, pois havia ali muito poucos pontos de ultrapassagem. Pois bem, contrariando tudo e todos, nosso Senna saiu lá de trás e veio ultrapassando os adversários um por um. Numa corrida magistral, venceu. Um jornalista lhe perguntou: “Esta foi a melhor corrida da sua vida ?” Senna respondeu: “A melhor corrida da minha vida ainda vou fazer amanhã.” Senna era uma pessoa do nascer do sol. Estava tendo vitórias hoje, mas aguardava dias melhores para o amanhã. Penso que todo o crente deveria ser uma pessoa assim. A Bíblia nos garante que, em Cristo, o melhor está por vir.
Em Portugal, conheci na igreja uma irmã que era um poço de queixas. E tudo porque havia sido obrigada a deixar determinado país africano, onde vivera muito bem por mais de treze anos. Em todas as suas conversas, ela se reportava à sua vida em África. Ela simplesmente se negava a enfrentar a vida hoje porque vivia sonhando com o passado. Era uma pessoa do pôr-do-sol. No dizer de Odorico Paraguaçu: “vivia pratrazmente”.
As bênçãos do passado devem ser agradecidas e lembradas, mas, na vida, o nosso passado deve ter a mesma importância que um espelho retrovisor tem para um automóvel. Quem dirige carro sabe que, para conduzir com segurança, é preciso estar bem atento ao que se passa na frente, mas não deve se descuidar do que acontece atrás. Quando vejo motoristas que não usam o espelho retrovisor, costumo sair de perto deles. É que o espelhinho evita darmos fechadas a torto e a direito no trânsito. Assim, os erros do passado devem nos ajudar a não cometermos os mesmos erros hoje. Olhamos também para o passado para recordarmos o que Deus já fez por nós. Com alegria, podemos relembrar momentos difíceis em que clamamos pela misericórdia de Deus, e Ele veio em nosso socorro. Aí, regressamos para o presente, e enfrentamos a crise de hoje. É que o Deus que esteve conosco e nos deu vitórias no passado é o mesmo Deus presente conosco agora.
Devemos olhar para o passado para aprender com ele. Não é bom ficarmos lá, saudosistas. O passado nos desafia a enfrentarmos os problemas de hoje. E os enfrentamos com confiança porque sabemos que para a carga de hoje temos um ajudante. O nosso Deus é o Senhor que “diariamente leva a nossa carga” (Sl 68.19). Posso enfrentar os desafios do dia de hoje porque encontro conforto na certeza de que o Senhor cuidará sempre de mim. E não preciso temer o dia de amanhã, pois o Senhor também estará lá comigo.
É muito comum cruzar com colegas, ex-alunos do Seminário do Sul, que gostam de relembrar os velhos anos passados na Colina de Itacuruçá, na Tijuca, RJ. Geralmente, recordo um ou outro fato daquele tempo, mas não sou saudosista, não. É que, pela infinita graça de Deus, já tive na vida muitos outros momentos tão bons ou melhores do que aqueles que vivi no seminário, no final da década de 70.
Uma vez, o Ayrton Senna saiu muito mal no grid de largada do GP da Hungria de Fórmula 1. Os comentaristas diziam que quem queria vencer naquele circuito tinha que sair na frente, pois havia ali muito poucos pontos de ultrapassagem. Pois bem, contrariando tudo e todos, nosso Senna saiu lá de trás e veio ultrapassando os adversários um por um. Numa corrida magistral, venceu. Um jornalista lhe perguntou: “Esta foi a melhor corrida da sua vida ?” Senna respondeu: “A melhor corrida da minha vida ainda vou fazer amanhã.” Senna era uma pessoa do nascer do sol. Estava tendo vitórias hoje, mas aguardava dias melhores para o amanhã. Penso que todo o crente deveria ser uma pessoa assim. A Bíblia nos garante que, em Cristo, o melhor está por vir.
Em Portugal, conheci na igreja uma irmã que era um poço de queixas. E tudo porque havia sido obrigada a deixar determinado país africano, onde vivera muito bem por mais de treze anos. Em todas as suas conversas, ela se reportava à sua vida em África. Ela simplesmente se negava a enfrentar a vida hoje porque vivia sonhando com o passado. Era uma pessoa do pôr-do-sol. No dizer de Odorico Paraguaçu: “vivia pratrazmente”.
As bênçãos do passado devem ser agradecidas e lembradas, mas, na vida, o nosso passado deve ter a mesma importância que um espelho retrovisor tem para um automóvel. Quem dirige carro sabe que, para conduzir com segurança, é preciso estar bem atento ao que se passa na frente, mas não deve se descuidar do que acontece atrás. Quando vejo motoristas que não usam o espelho retrovisor, costumo sair de perto deles. É que o espelhinho evita darmos fechadas a torto e a direito no trânsito. Assim, os erros do passado devem nos ajudar a não cometermos os mesmos erros hoje. Olhamos também para o passado para recordarmos o que Deus já fez por nós. Com alegria, podemos relembrar momentos difíceis em que clamamos pela misericórdia de Deus, e Ele veio em nosso socorro. Aí, regressamos para o presente, e enfrentamos a crise de hoje. É que o Deus que esteve conosco e nos deu vitórias no passado é o mesmo Deus presente conosco agora.
Devemos olhar para o passado para aprender com ele. Não é bom ficarmos lá, saudosistas. O passado nos desafia a enfrentarmos os problemas de hoje. E os enfrentamos com confiança porque sabemos que para a carga de hoje temos um ajudante. O nosso Deus é o Senhor que “diariamente leva a nossa carga” (Sl 68.19). Posso enfrentar os desafios do dia de hoje porque encontro conforto na certeza de que o Senhor cuidará sempre de mim. E não preciso temer o dia de amanhã, pois o Senhor também estará lá comigo.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Não Tenha Medo de Envelhecer
Beethoven viveu grande parte da sua vida com medo da surdez. Ele pensava que a audição era essencial para compor música de qualidade. Quando descobriu que seu problema crescia, ficou muito ansioso e frenético. Então, consultou médicos e tentou todos os remédios possíveis, até que ficou completamente surdo.
Após um período de luta e de desespero, Beethoven conseguiu encontrar força para continuar a compor, apesar da terrível perda. E, para espanto de todos, foi após ficar totalmente surdo que ele compôs algumas das suas obras mais admiráveis. A Nona Sinfonia, por exemplo, ele nem chegou a ouvi-la. Ele só a imaginou. Surpreendentemente, com a surdez, Beethoven descobriu uma coisa fantástica: com todas as distrações exteriores abafadas, e apagadas até, as melodias fluíam dentro dele tão depressa quanto a sua pena as podia acompanhar. Assim, a sua surdez converteu-se num instrumento aperfeiçoador da sua obra.
Na nossa sociedade, hoje, só há lugar para os jovens, os bonitos e os ricos. Talvez, por isso, haja tanta gente tentando parecer ter menos idade do que tem. Produtos de beleza que anunciam verdadeiros milagres são consumidos avidamente. Há um esforço hercúleo para que a pessoa disfarce a sua idade. Muitos avós se vestem com as mesmas roupas dos seus netos jovens. É o vovô garotão. Outro dia, um amigo me dizia: “A minha mãe parou de contar a idade. Há cinco anos que ela diz ter 67 anos”. Os idosos, os feios, os obesos e os pobres são deixados de lado, como se tivessem doenças contagiosas.
Então, não é de admirar que muitas pessoas encarem a velhice do mesmo modo como Beethoven encarava a sua surdez: com apreensão, antevendo um tempo de lutas, dificuldades e até de desespero. Mas, como Beethoven, muitas pessoas têm tido na Terceira Idade um dos melhores períodos da sua vida. Surpreendentemente, têm visto que podem ser muito mais úteis a Deus e ao próximo do que pensavam. Podem viver experiências novas, enriquecedoras e plenas de significado.
Tive um professor que era PHD, formado por uma grande universidade dos EUA. A expectativa inicial era que ele desse uma excelente aula. Mas, apesar dos títulos, notávamos que lhe faltava conteúdo. Mais que isso: vimos que ele ainda não havia encontrado um sentido para a vida. Coisa triste é uma pessoa chegar a uma idade quando já devia estar madura e sentir que ainda lhe falta alguma coisa.
Mas, ao contrário, como é bom vermos pessoas de cabelos brancos, e absolutamente interessantes. Pessoas que podem olhar pra trás e recordar com alegria vários momentos de uma vida produtiva e honrada. Gente que valoriza as vitórias de hoje, porque lutou com brio e fidelidade pelos seus ideais de ontem. Gente sensível, cujas experiências dos anos as conduziu a uma vida moderada e sábia.
Li isto nas páginas do “Nosso Andar Diário”: “Deus planejou para que a força e a beleza da juventude fossem físicas, mas a beleza e a força da velhice fossem espirituais. Pouco a pouco vamos perdendo a força e a beleza temporal para que nos concentremos na força e beleza das coisas espirituais e eternas.”
Algumas das pessoas mais admiráveis estão escrevendo as melhores páginas das suas vidas na velhice. Benditas rugas que vêm acompanhadas de prudência, sensibilidade, carinho e generosidade. Bendito idoso que envelhece sem ressentimentos ou amargura. Gente que, apesar da idade, continua a crescer e aprender por toda a vida.
Não tenha medo de envelhecer, pois o mesmo Deus que esteve com você no passado, é o Deus que tem surpreendentes bênçãos para hoje. Então, aproveite esta época da vida para conhecê-lo melhor. A sua presença pode fazer com que o outono da vida seja belo e feliz. Afinal, a Bíblia diz que “os justos na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes” (Sl 92.14).
Após um período de luta e de desespero, Beethoven conseguiu encontrar força para continuar a compor, apesar da terrível perda. E, para espanto de todos, foi após ficar totalmente surdo que ele compôs algumas das suas obras mais admiráveis. A Nona Sinfonia, por exemplo, ele nem chegou a ouvi-la. Ele só a imaginou. Surpreendentemente, com a surdez, Beethoven descobriu uma coisa fantástica: com todas as distrações exteriores abafadas, e apagadas até, as melodias fluíam dentro dele tão depressa quanto a sua pena as podia acompanhar. Assim, a sua surdez converteu-se num instrumento aperfeiçoador da sua obra.
Na nossa sociedade, hoje, só há lugar para os jovens, os bonitos e os ricos. Talvez, por isso, haja tanta gente tentando parecer ter menos idade do que tem. Produtos de beleza que anunciam verdadeiros milagres são consumidos avidamente. Há um esforço hercúleo para que a pessoa disfarce a sua idade. Muitos avós se vestem com as mesmas roupas dos seus netos jovens. É o vovô garotão. Outro dia, um amigo me dizia: “A minha mãe parou de contar a idade. Há cinco anos que ela diz ter 67 anos”. Os idosos, os feios, os obesos e os pobres são deixados de lado, como se tivessem doenças contagiosas.
Então, não é de admirar que muitas pessoas encarem a velhice do mesmo modo como Beethoven encarava a sua surdez: com apreensão, antevendo um tempo de lutas, dificuldades e até de desespero. Mas, como Beethoven, muitas pessoas têm tido na Terceira Idade um dos melhores períodos da sua vida. Surpreendentemente, têm visto que podem ser muito mais úteis a Deus e ao próximo do que pensavam. Podem viver experiências novas, enriquecedoras e plenas de significado.
Tive um professor que era PHD, formado por uma grande universidade dos EUA. A expectativa inicial era que ele desse uma excelente aula. Mas, apesar dos títulos, notávamos que lhe faltava conteúdo. Mais que isso: vimos que ele ainda não havia encontrado um sentido para a vida. Coisa triste é uma pessoa chegar a uma idade quando já devia estar madura e sentir que ainda lhe falta alguma coisa.
Mas, ao contrário, como é bom vermos pessoas de cabelos brancos, e absolutamente interessantes. Pessoas que podem olhar pra trás e recordar com alegria vários momentos de uma vida produtiva e honrada. Gente que valoriza as vitórias de hoje, porque lutou com brio e fidelidade pelos seus ideais de ontem. Gente sensível, cujas experiências dos anos as conduziu a uma vida moderada e sábia.
Li isto nas páginas do “Nosso Andar Diário”: “Deus planejou para que a força e a beleza da juventude fossem físicas, mas a beleza e a força da velhice fossem espirituais. Pouco a pouco vamos perdendo a força e a beleza temporal para que nos concentremos na força e beleza das coisas espirituais e eternas.”
Algumas das pessoas mais admiráveis estão escrevendo as melhores páginas das suas vidas na velhice. Benditas rugas que vêm acompanhadas de prudência, sensibilidade, carinho e generosidade. Bendito idoso que envelhece sem ressentimentos ou amargura. Gente que, apesar da idade, continua a crescer e aprender por toda a vida.
Não tenha medo de envelhecer, pois o mesmo Deus que esteve com você no passado, é o Deus que tem surpreendentes bênçãos para hoje. Então, aproveite esta época da vida para conhecê-lo melhor. A sua presença pode fazer com que o outono da vida seja belo e feliz. Afinal, a Bíblia diz que “os justos na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes” (Sl 92.14).
terça-feira, 23 de novembro de 2010
No Último Minuto...
Era a sua última partida de futebol. Se ganhasse, elevaria outra vez o nome da França aos píncaros da glória. Além disso, era também sua despedida como jogador. Tinha tudo para deixar os gramados com o mundo aos seus pés. Mas aos 5m do segundo tempo da prorrogação da final da Copa do Mundo, na Alemanha, aceitou a provocação do italiano Matarazzi e, para a surpresa de todos, agrediu-o com uma violenta cabeçada. Foi expulso. Assim, sob uma saraivada de vaias, Zidane, o capitão da seleção francesa, saiu de campo. Logo depois a partida foi para os pênaltis, briosamente vencidos pelos italianos. Nos últimos minutos de uma carreira brilhante, a um passo da glória, Zidane pôs tudo a perder.
Um pouco antes daquela partida final, a Alemanha e Itália já haviam feito um dos melhores jogos da Copa do Mundo. O tempo regulamentar não fora assim tão emocionante, mas quando as equipes entraram na prorrogação, começaram um jogo de vida ou morte. A Alemanha querendo levar o jogo para os pênaltis e a Itália tentando resolver a parada antes. Faltando apenas um minuto para o término, um chute parabólico de Grosso, com a precisão milimétrica de uma seta envenenada, seguido de um murmúrio de ansiedade do estádio e o salto, desesperado e impotente, do goleiro Lehmann, fez o estádio de Munique emudecer. Já nos descontos, aos 121 minutos, Del Piero fez 2 a 0, dando um tiro de misericórdia numa Alemanha aguerrida, garantindo assim a Itália na final da Copa.
Também no último minuto do derradeiro jogo do campeonato espanhol de 1993/94, Djukic teve nos pés a decisão. Era só marcar o pênalti e o seu clube galego, o La Corunha, levaria a glória de um título solitário. Djukiv falhou, e o Barcelona foi campeão. No último minuto, no último remate, tudo perdido.
O Pastor Falcão Sobrinho contou a história de um rapaz gravemente doente, internado num hospital do Rio. Naquele dia, diante do médico, ele perguntou: “Doutor, existe céu?” O médico desconfortável com a pergunta, continuou fazendo suas anotações. O rapaz insistiu: “Doutor, o senhor sabe como a gente chega ao céu?” O médico saiu e foi até a enfermaria. Perguntou à enfermeira de plantão se ela cria em Deus. Diante da resposta afirmativa, pediu que ela fosse até o leito 14, ajudar o rapaz. A enfermeira tremeu. O que diria àquele rapaz? Demorou tanto que, quando lá chegou, o rapaz já tinha partido sem resposta.
Em 1995, fui falar de Cristo ao seu Luiz Mendes. Vítima de câncer, ele estava bastante debilitado, e nem sempre conseguia permanecer lúcido. Deus pôs no meu coração lhe contar uma história da minha infância, e aplicá-la à vida dele. Feito isto, perguntei ao seu Luiz se queria entregar a sua vida a Jesus. Ele me respondeu: “É a coisa que mais desejo fazer neste momento”. Oramos juntos, ocasião quando ele convidou Jesus para ser seu Senhor e Salvador. Após a oração, ele abriu um longo sorriso, e me disse: “Gostaria de ter tido esta conversa com o senhor em outras circunstâncias”. Dias depois, o Senhor chamou-O à sua eterna presença. Mas a vitória da vida eterna em Cristo já lhe estava assegurada. Nos últimos momentos da sua vida.
No jogo da vida é muito importante chegar ao último minuto com a vitória garantida. Há muita gente a protelar uma decisão por Cristo. Gente que vive como se tivesse toda a eternidade para decidir. Muita gente, neste último minuto, descobre que a vida aqui está acabando e uma sensação desagradável de derrota invade seu coração. No último minuto, a pessoa percebe que seu estilo de vida não combina bem com a morte.
O cronômetro da graça de Deus ainda está contando tempo para a Salvação em Cristo. Mas é preciso correr, pois nesta partida não haverá prorrogação. O Grande Juiz garante que “quem crê nele (Jesus) não é condenado, mas quem não crê já está condenado...” (Jo 3.18). Ou seja, quem não se arrepende do seu pecado e não confia em Jesus Cristo já está derrotado. A gente não sabe quando o Grande Juiz fará soar o apito final. Então, cuidado, pois o último minuto pode ser o próximo.
Um pouco antes daquela partida final, a Alemanha e Itália já haviam feito um dos melhores jogos da Copa do Mundo. O tempo regulamentar não fora assim tão emocionante, mas quando as equipes entraram na prorrogação, começaram um jogo de vida ou morte. A Alemanha querendo levar o jogo para os pênaltis e a Itália tentando resolver a parada antes. Faltando apenas um minuto para o término, um chute parabólico de Grosso, com a precisão milimétrica de uma seta envenenada, seguido de um murmúrio de ansiedade do estádio e o salto, desesperado e impotente, do goleiro Lehmann, fez o estádio de Munique emudecer. Já nos descontos, aos 121 minutos, Del Piero fez 2 a 0, dando um tiro de misericórdia numa Alemanha aguerrida, garantindo assim a Itália na final da Copa.
Também no último minuto do derradeiro jogo do campeonato espanhol de 1993/94, Djukic teve nos pés a decisão. Era só marcar o pênalti e o seu clube galego, o La Corunha, levaria a glória de um título solitário. Djukiv falhou, e o Barcelona foi campeão. No último minuto, no último remate, tudo perdido.
O Pastor Falcão Sobrinho contou a história de um rapaz gravemente doente, internado num hospital do Rio. Naquele dia, diante do médico, ele perguntou: “Doutor, existe céu?” O médico desconfortável com a pergunta, continuou fazendo suas anotações. O rapaz insistiu: “Doutor, o senhor sabe como a gente chega ao céu?” O médico saiu e foi até a enfermaria. Perguntou à enfermeira de plantão se ela cria em Deus. Diante da resposta afirmativa, pediu que ela fosse até o leito 14, ajudar o rapaz. A enfermeira tremeu. O que diria àquele rapaz? Demorou tanto que, quando lá chegou, o rapaz já tinha partido sem resposta.
Em 1995, fui falar de Cristo ao seu Luiz Mendes. Vítima de câncer, ele estava bastante debilitado, e nem sempre conseguia permanecer lúcido. Deus pôs no meu coração lhe contar uma história da minha infância, e aplicá-la à vida dele. Feito isto, perguntei ao seu Luiz se queria entregar a sua vida a Jesus. Ele me respondeu: “É a coisa que mais desejo fazer neste momento”. Oramos juntos, ocasião quando ele convidou Jesus para ser seu Senhor e Salvador. Após a oração, ele abriu um longo sorriso, e me disse: “Gostaria de ter tido esta conversa com o senhor em outras circunstâncias”. Dias depois, o Senhor chamou-O à sua eterna presença. Mas a vitória da vida eterna em Cristo já lhe estava assegurada. Nos últimos momentos da sua vida.
No jogo da vida é muito importante chegar ao último minuto com a vitória garantida. Há muita gente a protelar uma decisão por Cristo. Gente que vive como se tivesse toda a eternidade para decidir. Muita gente, neste último minuto, descobre que a vida aqui está acabando e uma sensação desagradável de derrota invade seu coração. No último minuto, a pessoa percebe que seu estilo de vida não combina bem com a morte.
O cronômetro da graça de Deus ainda está contando tempo para a Salvação em Cristo. Mas é preciso correr, pois nesta partida não haverá prorrogação. O Grande Juiz garante que “quem crê nele (Jesus) não é condenado, mas quem não crê já está condenado...” (Jo 3.18). Ou seja, quem não se arrepende do seu pecado e não confia em Jesus Cristo já está derrotado. A gente não sabe quando o Grande Juiz fará soar o apito final. Então, cuidado, pois o último minuto pode ser o próximo.
domingo, 21 de novembro de 2010
Quando Deus não Quer o que Queremos
Alguns homens de fé, e profundamente espirituais, fizeram pedidos a Deus, e receberam como resposta um “não”.
Davi foi um sujeito formidável. Ele foi chamado de “o homem segundo o coração de Deus” (At 13.22) , na Bíblia,. Não foi perfeito. Errou, e como errou! Mas todas as vezes que tinha consciência do seu erro, arrependido, voltava-se para Deus, pedindo perdão. Davi também mostrava o seu arrependimento, mudando realmente o seu modo de vida. Deixou inúmeros Salmos que até hoje nos abençoam e nos ensinam como andar em comunhão com Deus.
O abençoado Davi queria expressar a sua profunda gratidão a Deus, cumprindo um grande sonho: construir o novo templo. Ele, rei, tinha um palácio mais luxuoso do que a “Casa de Deus”, o velho tabernáculo trazido do deserto. Queria, então, construir algo grande, que dignificasse o nome do Seu Deus. Pediu ao Senhor para construí-lo, mas Deus disse que “não”. Ele era homem de sangue, que havia feito muitas guerras. Um descendente seu, homem pacífico, ergueria o tal templo(1Cr 17).
Paulo foi o “Indiana Jones” do evangelho. Foi o primeiro missionário de Missões Mundiais. Através dele, o evangelho alcançou o mundo de então. Ele disse duas coisas que pouquíssimos cristãos, hoje, teriam condições de dizer: “Já estou crucificado com Cristo, e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20), e “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1). Este campeão do evangelho pediu a Deus que lhe tirasse um “espinho na carne”, um problema físico que lhe trazia intenso sofrimento (2Co 12.7,8). Sobre esse “espinho”, Paulo, homem de oração, intercedeu três vezes, pedindo que lhe fosse removido. Deus lhe disse “não”, acrescentando: “a minha graça te basta, o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”(1Co 12.9).
Jesus, Deus encarnado, também fez uma oração intensa ao Pai. Na véspera de tomar a Cruz pelos nossos pecados, no Getsêmani, Ele pediu a remoção da sua dor: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39). O Pai disse “não”, não era possível.
Isto significa que Deus não atende a todos os nossos pedidos. Muitas vezes, Ele permite problemas, enfermidades e provações para nos abençoar. Ele disse a Paulo que não queria que ele ficasse orgulhoso pelas vitórias alcançadas (2Co 12.7). Não atendeu a Davi porque queria que o nome dele ficasse atrelado não a um templo, mas a um descendente do rei, Jesus, nascido da sua linhagem (Mt 1.1). Deus tinha em mente algo muito maior. E não atendeu ao Filho porque só com sua morte o mundo poderia ser salvo e reconciliado com Ele.
Deus não nos livra de todos os nossos sofrimentos, porque, muitas vezes, neles, Ele tem propósitos santos, maiores, para o nosso bem. Como nos diz Romanos 8.28: “E sabemos que Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam, segundo a vontade de Deus”.
Da próxima vez que orar, pedindo alguma coisa a Deus, e receber como resposta um “não”, saiba que Deus tem um propósito melhor e maior para você. Então, continue a esperar e a confiar nEle.
Davi foi um sujeito formidável. Ele foi chamado de “o homem segundo o coração de Deus” (At 13.22) , na Bíblia,. Não foi perfeito. Errou, e como errou! Mas todas as vezes que tinha consciência do seu erro, arrependido, voltava-se para Deus, pedindo perdão. Davi também mostrava o seu arrependimento, mudando realmente o seu modo de vida. Deixou inúmeros Salmos que até hoje nos abençoam e nos ensinam como andar em comunhão com Deus.
O abençoado Davi queria expressar a sua profunda gratidão a Deus, cumprindo um grande sonho: construir o novo templo. Ele, rei, tinha um palácio mais luxuoso do que a “Casa de Deus”, o velho tabernáculo trazido do deserto. Queria, então, construir algo grande, que dignificasse o nome do Seu Deus. Pediu ao Senhor para construí-lo, mas Deus disse que “não”. Ele era homem de sangue, que havia feito muitas guerras. Um descendente seu, homem pacífico, ergueria o tal templo(1Cr 17).
Paulo foi o “Indiana Jones” do evangelho. Foi o primeiro missionário de Missões Mundiais. Através dele, o evangelho alcançou o mundo de então. Ele disse duas coisas que pouquíssimos cristãos, hoje, teriam condições de dizer: “Já estou crucificado com Cristo, e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20), e “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1). Este campeão do evangelho pediu a Deus que lhe tirasse um “espinho na carne”, um problema físico que lhe trazia intenso sofrimento (2Co 12.7,8). Sobre esse “espinho”, Paulo, homem de oração, intercedeu três vezes, pedindo que lhe fosse removido. Deus lhe disse “não”, acrescentando: “a minha graça te basta, o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”(1Co 12.9).
Jesus, Deus encarnado, também fez uma oração intensa ao Pai. Na véspera de tomar a Cruz pelos nossos pecados, no Getsêmani, Ele pediu a remoção da sua dor: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39). O Pai disse “não”, não era possível.
Isto significa que Deus não atende a todos os nossos pedidos. Muitas vezes, Ele permite problemas, enfermidades e provações para nos abençoar. Ele disse a Paulo que não queria que ele ficasse orgulhoso pelas vitórias alcançadas (2Co 12.7). Não atendeu a Davi porque queria que o nome dele ficasse atrelado não a um templo, mas a um descendente do rei, Jesus, nascido da sua linhagem (Mt 1.1). Deus tinha em mente algo muito maior. E não atendeu ao Filho porque só com sua morte o mundo poderia ser salvo e reconciliado com Ele.
Deus não nos livra de todos os nossos sofrimentos, porque, muitas vezes, neles, Ele tem propósitos santos, maiores, para o nosso bem. Como nos diz Romanos 8.28: “E sabemos que Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam, segundo a vontade de Deus”.
Da próxima vez que orar, pedindo alguma coisa a Deus, e receber como resposta um “não”, saiba que Deus tem um propósito melhor e maior para você. Então, continue a esperar e a confiar nEle.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Quando Enfrentamos Nevoeiros na Vida
Quem vive em Teresópolis sabe o que é conviver com um nevoeiro. Às vezes o dia está belíssimo, com raios de sol trazendo alegria à vida e, de repente, o ruço sobe a serra. Aí, o dia se transforma em quase noite; a claridade dá lugar à obscuridade; as certezas se transformam em dúvidas e o calor vai cedendo ao frio.
Uma vez, num domingo pela manhã, viajando de Lisboa até Santarém, um denso nevoeiro me pegou em plena autoestrada que liga Lisboa à cidade do Porto. Durante quinze minutos, literalmente, dirigi o carro sem ver dois palmos à minha frente. Guiava-me pelos sinais da pista. Aqueles minutos me pareceram durar uma eternidade. Sabia que não devia parar nem correr muito, mas qual seria a velocidade correta ? Como estava a 40 Km/h, e não sabia qual seria a velocidade dos carros da frente e de trás, quase entrei em pânico. Se andasse rápido demais bateria no carro da frente. Se andasse muito devagar seria atropelado pelo detrás. Naquela hora, tudo o que pude fazer foi guiar o carro com muito cuidado e esperar pacientemente a evaporação da cerração. Foi um alívio quando, finalmente, pude enxergar a estrada e todo o seu panorama.
Na vida também enfrentamos nevoeiros. Alguns mais ralos e outros bastante densos. Quando os nossos problemas são pequenos costumamos confiar no nosso tino, e tocamos a vida pra frente. Mas, quando os problemas ficam muito pesados, a alegria se converte em choro; a lucidez em confusão; as certezas se transformam em dúvidas e a confiança dá lugar ao medo. Parece que estamos andando em círculos, não vemos progresso, perdemos o controle da situação e nos sentimos imobilizados. Geralmente, não sabemos para onde ir.
O nevoeiro em nossa vida traz-nos um segundo problema: ficamos sem referenciais. Os nossos valores morais e até mesmo os espirituais passam a ser questionados. Como não estamos vendo as coisas claramente, passamos a dar ouvidos a pessoas que defendem toda a sorte de coisas. Ficamos com rumo incerto, ao sabor dos palpites de pessoas, nem sempre bem intencionadas.
Então, o que fazer numa hora dessas? Somos tentados a tomar as decisões drásticas e, tipo: - “vou lá e arrebento a cara dele!” Tenho notado que, nessas horas, tomar decisões repentinas só piora a situação.
Mas, há coisas a que devemos nos agarrar. Nunca se esqueça das linhas traçadas por Deus na Sua Palavra. Quando você não enxergar dois palmos da estrada direito, então, agarre-se à sinalização de Deus. Saiba que as marcas dos Céus sempre nos dão segurança. Andando de olho nelas, você pode ter certeza de que não vai sair da estrada da vida abundante. Então, apegue-se às promessas de Deus. Elas são verdadeiros feixes de luz que alumiam a escuridão do caminho. O salmista disse: “lâmpada para os meus pés são a tua palavra e luz para o meu caminho”. Em situações de pânico, tenho visto muitos crentes trocando o brilho e a segurança da Palavra de Deus por ilusões. Quando enfim conseguem enxergar alguma coisa, percebem que estão mais perdidos e sem rumo. E o pior: estão também longe dos caminhos do Senhor.
Outra coisa boa também é confiar na graça de Deus. Fazemos isso em oração, com fé. Dizemos para Deus: “olha, eu não sei o que fazer, mas vou esperar que tu mesmo me ajudes nesta hora, como já me ajudaste em tantos momentos difíceis, no passado!” Tenho visto que quando não temos esperança de chegar a lugar nenhum, então a graça de Deus chega em nosso socorro. E ela vem para gente carente, débil, mas crente. De súbito, a cerração vai ficando tênue e começamos a ter um vislumbre da paisagem e da solução do problema.
Uma vez, num domingo pela manhã, viajando de Lisboa até Santarém, um denso nevoeiro me pegou em plena autoestrada que liga Lisboa à cidade do Porto. Durante quinze minutos, literalmente, dirigi o carro sem ver dois palmos à minha frente. Guiava-me pelos sinais da pista. Aqueles minutos me pareceram durar uma eternidade. Sabia que não devia parar nem correr muito, mas qual seria a velocidade correta ? Como estava a 40 Km/h, e não sabia qual seria a velocidade dos carros da frente e de trás, quase entrei em pânico. Se andasse rápido demais bateria no carro da frente. Se andasse muito devagar seria atropelado pelo detrás. Naquela hora, tudo o que pude fazer foi guiar o carro com muito cuidado e esperar pacientemente a evaporação da cerração. Foi um alívio quando, finalmente, pude enxergar a estrada e todo o seu panorama.
Na vida também enfrentamos nevoeiros. Alguns mais ralos e outros bastante densos. Quando os nossos problemas são pequenos costumamos confiar no nosso tino, e tocamos a vida pra frente. Mas, quando os problemas ficam muito pesados, a alegria se converte em choro; a lucidez em confusão; as certezas se transformam em dúvidas e a confiança dá lugar ao medo. Parece que estamos andando em círculos, não vemos progresso, perdemos o controle da situação e nos sentimos imobilizados. Geralmente, não sabemos para onde ir.
O nevoeiro em nossa vida traz-nos um segundo problema: ficamos sem referenciais. Os nossos valores morais e até mesmo os espirituais passam a ser questionados. Como não estamos vendo as coisas claramente, passamos a dar ouvidos a pessoas que defendem toda a sorte de coisas. Ficamos com rumo incerto, ao sabor dos palpites de pessoas, nem sempre bem intencionadas.
Então, o que fazer numa hora dessas? Somos tentados a tomar as decisões drásticas e, tipo: - “vou lá e arrebento a cara dele!” Tenho notado que, nessas horas, tomar decisões repentinas só piora a situação.
Mas, há coisas a que devemos nos agarrar. Nunca se esqueça das linhas traçadas por Deus na Sua Palavra. Quando você não enxergar dois palmos da estrada direito, então, agarre-se à sinalização de Deus. Saiba que as marcas dos Céus sempre nos dão segurança. Andando de olho nelas, você pode ter certeza de que não vai sair da estrada da vida abundante. Então, apegue-se às promessas de Deus. Elas são verdadeiros feixes de luz que alumiam a escuridão do caminho. O salmista disse: “lâmpada para os meus pés são a tua palavra e luz para o meu caminho”. Em situações de pânico, tenho visto muitos crentes trocando o brilho e a segurança da Palavra de Deus por ilusões. Quando enfim conseguem enxergar alguma coisa, percebem que estão mais perdidos e sem rumo. E o pior: estão também longe dos caminhos do Senhor.
Outra coisa boa também é confiar na graça de Deus. Fazemos isso em oração, com fé. Dizemos para Deus: “olha, eu não sei o que fazer, mas vou esperar que tu mesmo me ajudes nesta hora, como já me ajudaste em tantos momentos difíceis, no passado!” Tenho visto que quando não temos esperança de chegar a lugar nenhum, então a graça de Deus chega em nosso socorro. E ela vem para gente carente, débil, mas crente. De súbito, a cerração vai ficando tênue e começamos a ter um vislumbre da paisagem e da solução do problema.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
“Uns São; Outros, Não.”
Quando era garoto, morava em Irajá, no subúrbio do Rio, quase em frente a um campinho de futebol. Era um terreno barrento, onde colocávamos tocos, que serviam de balizas. Havia um colega nosso que era deficiente físico, mas gostava de agarrar. Então, porque ninguém queria ser goleiro, saudávamos com muita alegria a presença do José Augusto, nosso goleiro deficiente. Ele ficava com duas muletas, e quando jogávamos a bola em sua direção, ele rapidamente se desfazia delas, e agarrava a bola. Quando jogávamos a bola pelo alto, ele se valia das muletas para rechaçá-la. Por termos o José Augusto no gol, era proibido dar bicão. Ou seja, ninguém podia chutar forte para o gol. Fazíamos algo bonito, mas com a motivação errada.
Na hora da divisão dos times, deixávamos os ruins de bola por último. Eu costumava perguntar: “faz questão de lado?” E se me dissessem que não, eu dizia, brincando: “Então, fica aí do lado de fora.” Mas dentre os “pernas de pau” e “cabeças de bagre” da pelada, os piores eram aqueles que, além de não terem intimidade com a pelota, ficavam chupando sangue da equipe. Ou seja, não corriam nada nem se esforçavam pelo bem do time. Quase sempre ficavam parados, esperando a bola chegar aos seus pés. Chupa-sangue só tinha vez na pelada quando era o dono da bola.
Agora, passo por um templo evangélico e leio a placa: “Unção. Venha pegar a sua unção para ser abençoado.” Vendo a palavra unção, logo me lembrei do reverendo Antônio Elias que, ao ser perguntado sobre o que era unção, respondeu: “Não sei. Só sei que uns são; outros, não.” O Raphael Fernandes costuma dizer que a palavra é um erro de concordância.
Cristo é a versão grega de Messias, cujo significado é “aquele que é ungido”. O ungido, ou seja, aquele que tem unção, é a pessoa que tem uma missão especial. Jesus Cristo teve mesmo uma missão peculiar: Ele “veio buscar e salvar aquele que estava perdido” (Lc 19.10). Veio ser o Salvador do mundo.
Na Bíblia, a pessoa que tem unção serve, trabalha, gasta-se por Deus e pelo Seu Reino. O rei, o profeta, e o sacerdote, no Antigo Testamento, eram ungidos porque tinham uma tarefa clara a cumprir. Foi assim também com Jesus. Ele “não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28).
Hoje, invertemos as coisas. Os crentes são conclamados a “pegar a sua unção para serem abençoados”. Que unçãozinha egoísta, essa! É a unção dos que só querem ser servidos; daqueles que apenas desejam receber bênçãos de Deus. Eis uma grande aberração: hoje unção tornou-se algo interesseiro. São os chupa-sangues do Reino de Deus, verdadeiros parasitas da fé cristã.
No mesmo dia em que passei por aquele templo e li a placa da unção, cheguei ao gabinete pastoral da PIBT e encontrei uma irmã que veio me pedir para trabalhar. Ela quer servir mais a Deus, quer ser mais útil à igreja. Na sua profissão, Deus já tem lhe dado várias oportunidades de socorrer e abençoar famílias, mas ela quer mais. Ela quer nova missão.
Você é crente no Senhor Jesus Cristo? Foi alcançado pela Sua imensa Graça? O que você quer agora? Servir ou ser servido? Abençoar ou ser abençoado? Precisamos de crentes cheios de unção. Ou seja, mais que nunca, necessitamos de crentes bíblicos, úteis, desejosos de servir aos outros e a Deus, buscando frutos para o Seu Reino. Você quer mesmo receber unção?
Pastor Renato Cordeiro de Souza
P.S. – Na primeira versão deste artigo, publicado no editorial da PIBT, troquei o nome do goleiro, a quem chamei de Carlos. Esse era o grande amigo e fiel escudeiro do José Augusto, o nome verdadeiro do deficiente físico.
Na hora da divisão dos times, deixávamos os ruins de bola por último. Eu costumava perguntar: “faz questão de lado?” E se me dissessem que não, eu dizia, brincando: “Então, fica aí do lado de fora.” Mas dentre os “pernas de pau” e “cabeças de bagre” da pelada, os piores eram aqueles que, além de não terem intimidade com a pelota, ficavam chupando sangue da equipe. Ou seja, não corriam nada nem se esforçavam pelo bem do time. Quase sempre ficavam parados, esperando a bola chegar aos seus pés. Chupa-sangue só tinha vez na pelada quando era o dono da bola.
Agora, passo por um templo evangélico e leio a placa: “Unção. Venha pegar a sua unção para ser abençoado.” Vendo a palavra unção, logo me lembrei do reverendo Antônio Elias que, ao ser perguntado sobre o que era unção, respondeu: “Não sei. Só sei que uns são; outros, não.” O Raphael Fernandes costuma dizer que a palavra é um erro de concordância.
Cristo é a versão grega de Messias, cujo significado é “aquele que é ungido”. O ungido, ou seja, aquele que tem unção, é a pessoa que tem uma missão especial. Jesus Cristo teve mesmo uma missão peculiar: Ele “veio buscar e salvar aquele que estava perdido” (Lc 19.10). Veio ser o Salvador do mundo.
Na Bíblia, a pessoa que tem unção serve, trabalha, gasta-se por Deus e pelo Seu Reino. O rei, o profeta, e o sacerdote, no Antigo Testamento, eram ungidos porque tinham uma tarefa clara a cumprir. Foi assim também com Jesus. Ele “não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28).
Hoje, invertemos as coisas. Os crentes são conclamados a “pegar a sua unção para serem abençoados”. Que unçãozinha egoísta, essa! É a unção dos que só querem ser servidos; daqueles que apenas desejam receber bênçãos de Deus. Eis uma grande aberração: hoje unção tornou-se algo interesseiro. São os chupa-sangues do Reino de Deus, verdadeiros parasitas da fé cristã.
No mesmo dia em que passei por aquele templo e li a placa da unção, cheguei ao gabinete pastoral da PIBT e encontrei uma irmã que veio me pedir para trabalhar. Ela quer servir mais a Deus, quer ser mais útil à igreja. Na sua profissão, Deus já tem lhe dado várias oportunidades de socorrer e abençoar famílias, mas ela quer mais. Ela quer nova missão.
Você é crente no Senhor Jesus Cristo? Foi alcançado pela Sua imensa Graça? O que você quer agora? Servir ou ser servido? Abençoar ou ser abençoado? Precisamos de crentes cheios de unção. Ou seja, mais que nunca, necessitamos de crentes bíblicos, úteis, desejosos de servir aos outros e a Deus, buscando frutos para o Seu Reino. Você quer mesmo receber unção?
Pastor Renato Cordeiro de Souza
P.S. – Na primeira versão deste artigo, publicado no editorial da PIBT, troquei o nome do goleiro, a quem chamei de Carlos. Esse era o grande amigo e fiel escudeiro do José Augusto, o nome verdadeiro do deficiente físico.
domingo, 14 de novembro de 2010
Em Nome de Jesus, Chore!
Quem acompanhou o vídeo do culto de despedida do saudoso Pr. Manoel Xavier dos Santos Filho, acometido de câncer, deve se lembrar do momento em que ele disse que uma crente chegou perto dele, e afirmou: “Esta doença não lhe pertence”. A resposta do Pr. Xavier foi: “Se não é minha, me diga de quem é, pra eu devolver, porque não quero ficar com nada que seja dos outros”.
Vivemos dias em que crentes negam doenças e dores, como se isso fosse demonstração de fraqueza de fé. Então, está doendo muito, mas o sujeito diz: “Em nome de Jesus não está doendo”. Só que o estoicismo não é doutrina cristã. O estoicismo, escola filosófica fundada por Zenon, pregava a abstração da dor. O seu ideal era atingir a apatia, e a indiferença em relação a todas as emoções. Os estóicos ensinavam: “desprezai a pobreza: ninguém vive tão pobre quanto nasceu. Desprezai a dor: ou ela terá um fim ou vos dará um. Desprezai a morte: a qual vos finda ou vos transfere. Desprezai o destino: não dei a ele nenhuma lança com que ferisse o espírito”.
Jesus não foi estóico. Apesar de ser perfeito em sua humanidade, ele não viveu sem emoções. Jesus chorou publicamente duas vezes. Uma quando contemplou a incredulidade de Jerusalém. Ele disse: “Quantas vezes eu quis.... mas tu não quiseste!” (Lc 23.39). Chorou diante da morte do seu amigo Lázaro. O texto diz que ele “ficou muito perturbado” (Jo 11.33). O verbo usado, enebrimesato, indica indignação. Jesus chorou não por estar com uma tristeza incontrolável, mas com uma fúria irreprimível. É que a morte não fazia parte do propósito original de Deus, e por isso é chamada de "o último inimigo a ser destruído”. Ela trazia à memória a ação do seu arquiinimigo e de toda a raça humana. Jesus chorou também lágrimas de simpatia pelas irmãs enlutadas. Então, ele sentiu indignação e compaixão. Bufou de raiva e chorou.
Os evangelhos também dizem que Jesus sentiu pavor. Em Mc 14.33 é dito que, no Getsêmani, ele “começou a ter pavor e angustiar-se”. Note, quem ficou apavorado não foi Judas, o traidor. Foi Jesus. Há uma versão que diz que ele sentiu “grande tristeza e aflição” (BLH). A palavra grega denota pavor interior, como se a sua personalidade se desintegrasse. Afinal, ele estava carregando uma culpa que não tinha. Ele veio ao mundo e experimentou tudo isso. Então, passar por aflições, sentir-se angustiado, desesperado não é sinal de falta de fé. Isso pode acontecer com qualquer pessoa, e até mesmo com a melhor delas. Lembre-se: nenhum de nós é mais espiritual do que Jesus.
O apóstolo Paulo, no final dos seus dias, reconheceu que precisava de ajuda. Ele pediu a Timóteo que fosse ao seu encontro rapidamente, pois estava se sentindo sozinho na prisão (2Tm 4.9). Afirmou que foi abandonado por alguns, traído por outros e que sentia frio. E que na hora em que precisou dos amigos nenhum veio para estar ao seu lado, só o Senhor (2Tm 4.16,17). Gosto da sinceridade do apóstolo. Ele não disse: “Em nome de Jesus não estou com frio!”, ou “Tenho Jesus, e não preciso de mais ninguém!” Paulo era um homem de fé, mas precisava do calor dos amigos e de um cobertor.
Davi já dizia que Deus deseja a verdade no íntimo (Sl 51.6). Deus nos fez seres emotivos. Todos os cristãos, pelo menos de vez em quando, temos sentimentos tanto de profunda tristeza como de profundo gozo. Então, meu irmão, quando estiver triste, não tenha medo de chorar. Quando estiver difícil, não tenha vergonha de pedir ajuda. Quando estiver doendo, diga que dói. Muitas vezes no seu clamor, na sua dor e tristeza Deus providenciará outros irmãos em Cristo que serão ombro, socorro e consolo do Senhor para você.
Vivemos dias em que crentes negam doenças e dores, como se isso fosse demonstração de fraqueza de fé. Então, está doendo muito, mas o sujeito diz: “Em nome de Jesus não está doendo”. Só que o estoicismo não é doutrina cristã. O estoicismo, escola filosófica fundada por Zenon, pregava a abstração da dor. O seu ideal era atingir a apatia, e a indiferença em relação a todas as emoções. Os estóicos ensinavam: “desprezai a pobreza: ninguém vive tão pobre quanto nasceu. Desprezai a dor: ou ela terá um fim ou vos dará um. Desprezai a morte: a qual vos finda ou vos transfere. Desprezai o destino: não dei a ele nenhuma lança com que ferisse o espírito”.
Jesus não foi estóico. Apesar de ser perfeito em sua humanidade, ele não viveu sem emoções. Jesus chorou publicamente duas vezes. Uma quando contemplou a incredulidade de Jerusalém. Ele disse: “Quantas vezes eu quis.... mas tu não quiseste!” (Lc 23.39). Chorou diante da morte do seu amigo Lázaro. O texto diz que ele “ficou muito perturbado” (Jo 11.33). O verbo usado, enebrimesato, indica indignação. Jesus chorou não por estar com uma tristeza incontrolável, mas com uma fúria irreprimível. É que a morte não fazia parte do propósito original de Deus, e por isso é chamada de "o último inimigo a ser destruído”. Ela trazia à memória a ação do seu arquiinimigo e de toda a raça humana. Jesus chorou também lágrimas de simpatia pelas irmãs enlutadas. Então, ele sentiu indignação e compaixão. Bufou de raiva e chorou.
Os evangelhos também dizem que Jesus sentiu pavor. Em Mc 14.33 é dito que, no Getsêmani, ele “começou a ter pavor e angustiar-se”. Note, quem ficou apavorado não foi Judas, o traidor. Foi Jesus. Há uma versão que diz que ele sentiu “grande tristeza e aflição” (BLH). A palavra grega denota pavor interior, como se a sua personalidade se desintegrasse. Afinal, ele estava carregando uma culpa que não tinha. Ele veio ao mundo e experimentou tudo isso. Então, passar por aflições, sentir-se angustiado, desesperado não é sinal de falta de fé. Isso pode acontecer com qualquer pessoa, e até mesmo com a melhor delas. Lembre-se: nenhum de nós é mais espiritual do que Jesus.
O apóstolo Paulo, no final dos seus dias, reconheceu que precisava de ajuda. Ele pediu a Timóteo que fosse ao seu encontro rapidamente, pois estava se sentindo sozinho na prisão (2Tm 4.9). Afirmou que foi abandonado por alguns, traído por outros e que sentia frio. E que na hora em que precisou dos amigos nenhum veio para estar ao seu lado, só o Senhor (2Tm 4.16,17). Gosto da sinceridade do apóstolo. Ele não disse: “Em nome de Jesus não estou com frio!”, ou “Tenho Jesus, e não preciso de mais ninguém!” Paulo era um homem de fé, mas precisava do calor dos amigos e de um cobertor.
Davi já dizia que Deus deseja a verdade no íntimo (Sl 51.6). Deus nos fez seres emotivos. Todos os cristãos, pelo menos de vez em quando, temos sentimentos tanto de profunda tristeza como de profundo gozo. Então, meu irmão, quando estiver triste, não tenha medo de chorar. Quando estiver difícil, não tenha vergonha de pedir ajuda. Quando estiver doendo, diga que dói. Muitas vezes no seu clamor, na sua dor e tristeza Deus providenciará outros irmãos em Cristo que serão ombro, socorro e consolo do Senhor para você.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
"Desadorando"
“DESADORANDO”
Numa aula para crianças sobre adoração, um pastor começou perguntando sobre o antônimo de certas palavras:
- “Qual é o antônimo de alegre?” – “Triste”, responderam em uníssono.
- “E de feio?” – “Bonito!”
E assim ele prosseguiu até chegar à adoração.
- “Qual é o antônimo de adorar?”
Uma menina, de 10 anos, levantou a mão, e disse com convicção:
- “Reclamar!”
Para aquela sábia menina, adoração é um modo de viver. Então, desculpem o neologismo, mas quem vive murmurando, desadora. Quem só sabe ver o lado negativo das coisas, desadora. Quem é incapaz de reconhecer a boa mão de Deus na sua vida, desadora. Quem não dá graças a Deus em tudo, desadora. E todas as vezes que estamos reclamando de qualquer coisa, estamos fazendo o contrário de adorar. Então, temos muitos crentes que vêm aos cultos públicos para adorar a Deus, mas O desadoram na vida. Parece que o apóstolo Paulo falou nisto, quando deixou este princípio: “Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31).
Não se trata de jogar “o jogo do contente”, ensinado no livro Pollyanna, de Eleanor H. Potter. Pollyanna é a história de uma menina de onze anos, filha de um missionário pobre, que após ficar órfã, vai morar em outra cidade com uma tia rica, rígida e severa, à qual não conhecia previamente. Ela ensina às pessoas na nova comunidade “o jogo do contente”, que havia aprendido com seu pai no dia em que esperava ganhar uma boneca e recebeu um par de muletinhas. Seu pai lhe explicou que não existia nada que não pudesse ter dentro qualquer coisa capaz de nos fazer contentes, e ela então ficou contente por não precisar das muletinhas. Decididamente, não é isso. Adoração não é uma fuga da adversidade, mas um novo modo de viver em que colocamos o Senhor no centro e vivemos em função dele.
Desadoramos a Deus também quando fazemos uma distinção entre o secular e o sagrado. Ir à igreja é sagrado. Ir à escola é secular. Ler a Bíblia é sagrado, mas ler o jornal é secular. Assim, na área do sagrado temos um tipo de comportamento, nos vestimos de uma maneira e falamos o “evangeliquês”, que é o dialeto espiritual dos crentes. Mas, em outros lugares, mudamos a nossa forma de ser e de agir. Na Bíblia, esta desadoração também é chamada de hipocrisia.
Outra forma sutil de desadoração é quando buscamos a glória e o reconhecimento por aquilo que fazemos, e procuramos ficar debaixo dos holofotes da aprovação humana, mais do que da aprovação divina. O louvor e o reconhecimento das pessoas tornam-se a motivação principal das nossas ações. Você se coloca numa posição de superioridade, querendo se tornar o centro e, consequentemente, todos, inclusive Deus, são deixados de lado. Assim, muitas das disputas e competições entre igrejas evangélicas, pastores e denominações são manifestações claras deste tipo de desadoração. Por trás dos inúmeros anúncios de curas, milagres, conversões e poder está o pecado da soberba. Lá estão pastores e líderes cobiçando o louvor da comunidade e o reconhecimento da sua superioridade (espiritualidade). Sem perceber, fazem de tudo para atrair sobre si o foco do louvor. Isso também é chamado de espiritualidade ostentatória.
Na adoração Deus é engrandecido. Na desadoração Deus é esquecido. Na adoração nós diminuímos. Na desadoração nós crescemos. Na adoração buscamos a Glória de Deus. Na desadoração buscamos nossos direitos. Na adoração Deus é tudo. Na desadoração Ele é quase nada.
Resta-me lhe fazer uma última pergunta: A sua vida adora ou desadora?
Numa aula para crianças sobre adoração, um pastor começou perguntando sobre o antônimo de certas palavras:
- “Qual é o antônimo de alegre?” – “Triste”, responderam em uníssono.
- “E de feio?” – “Bonito!”
E assim ele prosseguiu até chegar à adoração.
- “Qual é o antônimo de adorar?”
Uma menina, de 10 anos, levantou a mão, e disse com convicção:
- “Reclamar!”
Para aquela sábia menina, adoração é um modo de viver. Então, desculpem o neologismo, mas quem vive murmurando, desadora. Quem só sabe ver o lado negativo das coisas, desadora. Quem é incapaz de reconhecer a boa mão de Deus na sua vida, desadora. Quem não dá graças a Deus em tudo, desadora. E todas as vezes que estamos reclamando de qualquer coisa, estamos fazendo o contrário de adorar. Então, temos muitos crentes que vêm aos cultos públicos para adorar a Deus, mas O desadoram na vida. Parece que o apóstolo Paulo falou nisto, quando deixou este princípio: “Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31).
Não se trata de jogar “o jogo do contente”, ensinado no livro Pollyanna, de Eleanor H. Potter. Pollyanna é a história de uma menina de onze anos, filha de um missionário pobre, que após ficar órfã, vai morar em outra cidade com uma tia rica, rígida e severa, à qual não conhecia previamente. Ela ensina às pessoas na nova comunidade “o jogo do contente”, que havia aprendido com seu pai no dia em que esperava ganhar uma boneca e recebeu um par de muletinhas. Seu pai lhe explicou que não existia nada que não pudesse ter dentro qualquer coisa capaz de nos fazer contentes, e ela então ficou contente por não precisar das muletinhas. Decididamente, não é isso. Adoração não é uma fuga da adversidade, mas um novo modo de viver em que colocamos o Senhor no centro e vivemos em função dele.
Desadoramos a Deus também quando fazemos uma distinção entre o secular e o sagrado. Ir à igreja é sagrado. Ir à escola é secular. Ler a Bíblia é sagrado, mas ler o jornal é secular. Assim, na área do sagrado temos um tipo de comportamento, nos vestimos de uma maneira e falamos o “evangeliquês”, que é o dialeto espiritual dos crentes. Mas, em outros lugares, mudamos a nossa forma de ser e de agir. Na Bíblia, esta desadoração também é chamada de hipocrisia.
Outra forma sutil de desadoração é quando buscamos a glória e o reconhecimento por aquilo que fazemos, e procuramos ficar debaixo dos holofotes da aprovação humana, mais do que da aprovação divina. O louvor e o reconhecimento das pessoas tornam-se a motivação principal das nossas ações. Você se coloca numa posição de superioridade, querendo se tornar o centro e, consequentemente, todos, inclusive Deus, são deixados de lado. Assim, muitas das disputas e competições entre igrejas evangélicas, pastores e denominações são manifestações claras deste tipo de desadoração. Por trás dos inúmeros anúncios de curas, milagres, conversões e poder está o pecado da soberba. Lá estão pastores e líderes cobiçando o louvor da comunidade e o reconhecimento da sua superioridade (espiritualidade). Sem perceber, fazem de tudo para atrair sobre si o foco do louvor. Isso também é chamado de espiritualidade ostentatória.
Na adoração Deus é engrandecido. Na desadoração Deus é esquecido. Na adoração nós diminuímos. Na desadoração nós crescemos. Na adoração buscamos a Glória de Deus. Na desadoração buscamos nossos direitos. Na adoração Deus é tudo. Na desadoração Ele é quase nada.
Resta-me lhe fazer uma última pergunta: A sua vida adora ou desadora?
domingo, 7 de novembro de 2010
A Arte de Meter Medo nos Crentes
Morava em Lisboa quando apareceu na cidade um pastor amigo, que fora meu conselheiro na época de Embaixador do Rei. Ele estava de passagem para uma visita a Israel. A alegria de revê-lo ficou maior com a oportunidade dele falar ao nosso grupo de estudo bíblico.
Ele preferiu dar o seu testemunho. A sua mãe era Mãe de Santo, e funcionava na sua casa um centro espírita. Como se dizia anos atrás, ele era um jovem da pá virada. Vivia envolvido em brigas e confusões. Era alto, forte e aventureiro. Um dos tios da minha esposa era um dos seus parceiros preferidos.
Um dia alguém lhe falou do evangelho, e ele se converteu. Aquilo foi uma reviravolta no bairro. Muitos não acreditavam na sua transformação. Mas ela veio, realmente. E chegou de tal forma que já nenhuma entidade baixava no centro espírita que funcionava no seu lar. A presença dele na casa impedia a chegada de qualquer “guia”. Um dia ele percebeu que seu pai o olhava com ódio. Foi saber a razão. Ele estava prejudicando as atividades espirituais da mãe.
Pouco tempo depois, ele se sentiu chamado para o ministério pastoral. Foi para o seminário, se formou, casou e tornou-se pastor. O tempo passou, e já era pastor há anos, fora do Rio, quando deixou de viver uma vida íntima com Deus. Um dia, disse ele, estava no templo quando uma mulher entrou no gabinete pastoral para lhe fazer ameaças, em nome de uma entidade. Então, ele se lembrou da época de novo crente, quando vivia uma vida bonita e sincera com Deus, e como só a sua presença impedia a ação do inimigo no seu lar. Agora, pastor, vivendo uma vida dúplice, era ameaçado no gabinete pastoral. Ajoelhou-se, confessou seus pecados, e pediu a Deus nova oportunidade para viver uma vida fiel a Ele.
Revigorado, dava testemunho da ação de Deus na sua vida e ministério, mas começou a colocar medo nos crentes, falando de quadros e objetos nas casas, que se prestavam à ação do Maligno nos seus lares.
Muitos evangélicos pregam, hoje, que há uma guerra entre “divindades pagãs” e Deus. Chamam isso de “batalha espiritual”. Sinceramente, creem eles que estas "divindades" existem, mas elas não passam de mera criação da mente humana, como foram Afrodite (deusa do amor, do sexo e da beleza corporal), Posseidon (deus supremo do mar, dos rios,fontes, terremotos e cavalos), Apolo (deus da divina distância, identificado com o sol e a lua), Castor e Pólux (deuses gêmeos, padroeiros dos navegantes, que protegiam os marinheiros da agitação do mar e dos ventos), deuses fictícios da mitologia Greco-romana. Por exemplo, Yemanjá, Exu, Pomba-Gira, cridos, respeitados e temidos hoje, também não existem. Só há um Deus, e não há divindades com as quais Ele tenha de lutar (1Co 8.4). Há apenas Satanás, que não é Deus, é apenas um ser caído, e está com sua derrota decretada, por causa da morte de Cristo na cruz e da Sua ressurreição. É claro que Satanás está ativo, e ainda ruge como leão (1Pe 5.8), mas está com seus dias contados.
Muito cuidado com o dualismo e com o politeísmo evangélico, em que surge um Deus do bem, e deuses do mal, em batalhas constantes. E mais cuidado ainda com homens e mulheres que são os escolhidos para fazer o povo de Deus triunfar sobre essas “divindades malignas”. A Bíblia ensina que Jesus já venceu todo tipo de potestade e as exibiu publicamente, como despojo (Cl 2.14,15). Portanto, fuja destes ensinos, por mais espirituais que eles possam parecer (Cl 2.6-10).
Quando esteve em Teresópolis, o Pastor Larry Walker trouxe uma mensagem extraordinária para os nossos jovens. Ele provou que tudo o que Deus Pai fez por Jesus Cristo é o que Ele faz por nós, hoje. Mostrou também que o poder que ressuscitou Jesus é o mesmo que age nas nossas vidas. Ele é “muito acima de todo o principado, autoridade, poder, domínio, e de todo nome que possa ser pronunciado, não só nesta era, mas também na vindoura (Ef 1.19-21).” Afinal, “maior é o que está em nós do que o que está no mundo” (1Jo 4.4). Portanto, se você já é de Jesus, nada de temer objetos, quadros, coisas, espíritos ou entidades.
Ele preferiu dar o seu testemunho. A sua mãe era Mãe de Santo, e funcionava na sua casa um centro espírita. Como se dizia anos atrás, ele era um jovem da pá virada. Vivia envolvido em brigas e confusões. Era alto, forte e aventureiro. Um dos tios da minha esposa era um dos seus parceiros preferidos.
Um dia alguém lhe falou do evangelho, e ele se converteu. Aquilo foi uma reviravolta no bairro. Muitos não acreditavam na sua transformação. Mas ela veio, realmente. E chegou de tal forma que já nenhuma entidade baixava no centro espírita que funcionava no seu lar. A presença dele na casa impedia a chegada de qualquer “guia”. Um dia ele percebeu que seu pai o olhava com ódio. Foi saber a razão. Ele estava prejudicando as atividades espirituais da mãe.
Pouco tempo depois, ele se sentiu chamado para o ministério pastoral. Foi para o seminário, se formou, casou e tornou-se pastor. O tempo passou, e já era pastor há anos, fora do Rio, quando deixou de viver uma vida íntima com Deus. Um dia, disse ele, estava no templo quando uma mulher entrou no gabinete pastoral para lhe fazer ameaças, em nome de uma entidade. Então, ele se lembrou da época de novo crente, quando vivia uma vida bonita e sincera com Deus, e como só a sua presença impedia a ação do inimigo no seu lar. Agora, pastor, vivendo uma vida dúplice, era ameaçado no gabinete pastoral. Ajoelhou-se, confessou seus pecados, e pediu a Deus nova oportunidade para viver uma vida fiel a Ele.
Revigorado, dava testemunho da ação de Deus na sua vida e ministério, mas começou a colocar medo nos crentes, falando de quadros e objetos nas casas, que se prestavam à ação do Maligno nos seus lares.
Muitos evangélicos pregam, hoje, que há uma guerra entre “divindades pagãs” e Deus. Chamam isso de “batalha espiritual”. Sinceramente, creem eles que estas "divindades" existem, mas elas não passam de mera criação da mente humana, como foram Afrodite (deusa do amor, do sexo e da beleza corporal), Posseidon (deus supremo do mar, dos rios,fontes, terremotos e cavalos), Apolo (deus da divina distância, identificado com o sol e a lua), Castor e Pólux (deuses gêmeos, padroeiros dos navegantes, que protegiam os marinheiros da agitação do mar e dos ventos), deuses fictícios da mitologia Greco-romana. Por exemplo, Yemanjá, Exu, Pomba-Gira, cridos, respeitados e temidos hoje, também não existem. Só há um Deus, e não há divindades com as quais Ele tenha de lutar (1Co 8.4). Há apenas Satanás, que não é Deus, é apenas um ser caído, e está com sua derrota decretada, por causa da morte de Cristo na cruz e da Sua ressurreição. É claro que Satanás está ativo, e ainda ruge como leão (1Pe 5.8), mas está com seus dias contados.
Muito cuidado com o dualismo e com o politeísmo evangélico, em que surge um Deus do bem, e deuses do mal, em batalhas constantes. E mais cuidado ainda com homens e mulheres que são os escolhidos para fazer o povo de Deus triunfar sobre essas “divindades malignas”. A Bíblia ensina que Jesus já venceu todo tipo de potestade e as exibiu publicamente, como despojo (Cl 2.14,15). Portanto, fuja destes ensinos, por mais espirituais que eles possam parecer (Cl 2.6-10).
Quando esteve em Teresópolis, o Pastor Larry Walker trouxe uma mensagem extraordinária para os nossos jovens. Ele provou que tudo o que Deus Pai fez por Jesus Cristo é o que Ele faz por nós, hoje. Mostrou também que o poder que ressuscitou Jesus é o mesmo que age nas nossas vidas. Ele é “muito acima de todo o principado, autoridade, poder, domínio, e de todo nome que possa ser pronunciado, não só nesta era, mas também na vindoura (Ef 1.19-21).” Afinal, “maior é o que está em nós do que o que está no mundo” (1Jo 4.4). Portanto, se você já é de Jesus, nada de temer objetos, quadros, coisas, espíritos ou entidades.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
"Eles Passarão... Eu Passarinho!"
No soneto “Este Quarto...”, Mário Quintana diz:
“A morte deveria ser assim:
Um céu que pouco a pouco anoitece
E a gente nem soubesse que era o fim...”
Alguns anos atrás fui ao funeral de Cláudia Coimbra, uma amiga de infância. Crescemos juntos, frequentando a mesma igreja e as classes da Escola Dominical. Na juventude, sempre alegre e atuante no reino de Deus, Cláudia precisou fazer um transplante de rim. Saiu daquela crise mais alegre ainda. Sentindo-se chamada para a Obra do Senhor, Cláudia fez o IBER (Instituto Batista de Educação Religiosa) e tornou-se ministra de educação religiosa. Mesmo diante de limitações físicas, Cláudia tinha um pique contagiante e uma alegria transbordante. Até que a doença não lhe permitiu continuar trabalhando.
Na véspera da sua partida, o Pastor Novaes foi visitá-la na UTI do hospital. O pai lhe fez a seguinte pergunta: “Por que Deus permite que uma pessoa tão consagrada tenha de passar por uma situação assim?”
Eclesiastes já nos lembra que a morte nem sempre é justa: “Um justo morreu apesar da sua justiça e um ímpio que teve vida longa apesar da sua impiedade”(7.15). Jesus confirmou isto afirmando que as dezoito pessoas que morreram com a queda da Torre de Siloé não eram mais pecadoras do que o resto do povo (Lc 13.2-5). A morte vem para todos, independentemente de quaisquer méritos. Não morrem sempre os mais velhos e depois os mais novos. Não morrem sempre os doentes à frente dos que estão saudáveis. Não morrem os que não têm nada para realizar, mas morrem aqueles que, muitas vezes, estão no auge das realizações.
O crente tem algumas garantias no sofrimento. Paulo diz assim: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porem não destruídos” (2Co 4.8,9). Afirma também que “os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Rm 8.18).
Mas o crente em Cristo tem também algumas garantias na morte. A Bíblia diz que a tribulação nem a morte podem nos separar do amor de Deus (Rm 8.35 a 39). Ela nos garante ainda que “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Co 2.9). Por isso, Deus nos conclama a não sermos ignorantes nem desesperados: “Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e com ele, aqueles que nele dormiram” (1Ts 4.13,14). Então, “Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14.8).
Enfim, para o crente em Cristo, sofrimento e morte também podem ser traduzidos nas palavras de Mário Quintana, em “Poeminha do Contra”:
“Todos esses que aí estão
atravancando o meu caminho,
Eles passarão... eu passarinho!”
“A morte deveria ser assim:
Um céu que pouco a pouco anoitece
E a gente nem soubesse que era o fim...”
Alguns anos atrás fui ao funeral de Cláudia Coimbra, uma amiga de infância. Crescemos juntos, frequentando a mesma igreja e as classes da Escola Dominical. Na juventude, sempre alegre e atuante no reino de Deus, Cláudia precisou fazer um transplante de rim. Saiu daquela crise mais alegre ainda. Sentindo-se chamada para a Obra do Senhor, Cláudia fez o IBER (Instituto Batista de Educação Religiosa) e tornou-se ministra de educação religiosa. Mesmo diante de limitações físicas, Cláudia tinha um pique contagiante e uma alegria transbordante. Até que a doença não lhe permitiu continuar trabalhando.
Na véspera da sua partida, o Pastor Novaes foi visitá-la na UTI do hospital. O pai lhe fez a seguinte pergunta: “Por que Deus permite que uma pessoa tão consagrada tenha de passar por uma situação assim?”
Eclesiastes já nos lembra que a morte nem sempre é justa: “Um justo morreu apesar da sua justiça e um ímpio que teve vida longa apesar da sua impiedade”(7.15). Jesus confirmou isto afirmando que as dezoito pessoas que morreram com a queda da Torre de Siloé não eram mais pecadoras do que o resto do povo (Lc 13.2-5). A morte vem para todos, independentemente de quaisquer méritos. Não morrem sempre os mais velhos e depois os mais novos. Não morrem sempre os doentes à frente dos que estão saudáveis. Não morrem os que não têm nada para realizar, mas morrem aqueles que, muitas vezes, estão no auge das realizações.
O crente tem algumas garantias no sofrimento. Paulo diz assim: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porem não destruídos” (2Co 4.8,9). Afirma também que “os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Rm 8.18).
Mas o crente em Cristo tem também algumas garantias na morte. A Bíblia diz que a tribulação nem a morte podem nos separar do amor de Deus (Rm 8.35 a 39). Ela nos garante ainda que “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Co 2.9). Por isso, Deus nos conclama a não sermos ignorantes nem desesperados: “Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e com ele, aqueles que nele dormiram” (1Ts 4.13,14). Então, “Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14.8).
Enfim, para o crente em Cristo, sofrimento e morte também podem ser traduzidos nas palavras de Mário Quintana, em “Poeminha do Contra”:
“Todos esses que aí estão
atravancando o meu caminho,
Eles passarão... eu passarinho!”
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Ele se Compadece das Nossas Fraquezas
Joni Earickson era uma jovem atleta, cheia de vida. Certo dia, ao mergulhar em um lago, ela bateu em uma pedra. Como resultado desse choque, ficou tetraplégica. Quando entendeu a extensão da sua dependência, desesperada, pediu a morte. Pediu a uma amiga que lhe desse alguns comprimidos para se suicidar. Diante da negativa, desesperou-se mais ainda com o pensamento: “Não posso nem mesmo me matar”. Com o espírito abalado por ódio e amargura, sua vida estava fadada a ser tragicamente triste. Um dia, a sua melhor amiga, ao lado da sua cama, tentando consolá-la, lhe disse: “Joni, Jesus sabe o que você está sentindo. Você não é a única pessoa paralítica. Ele também esteve paralisado”. Joni olhou-a enfezada, e perguntou: “O que você quer dizer com isto?” A amiga prosseguiu: “É verdade. Lá na cruz, Jesus deve ter tido muita vontade de remexer-se um pouco, mudar de posição para aliviar o peso do corpo, mas não podia mover-se. Ele sabe o que você está sentindo.” Joni disse que já tinha percebido o bem que o amor dos seus amigos e familiares lhe fazia, mas pela primeira vez Deus lhe pareceu incrivelmente próximo dela. Hoje, Joni pinta quadros com a boca, e seu testemunho cristão já correu o mundo através de filme e livros.
Recentemente, meu irmão gêmeo me disse que conheceu um Ministro de Música muito competente, músico fino, mas que maltratava os coristas e músicos que não aprendiam facilmente, mostrando falta de paciência com suas fraquezas. Um dia sofreu um AVC, e ficou com várias partes do seu corpo comprometidas. Através de um processo longo de fisioterapia, enfim voltou a reger. Só que, após a enfermidade, continuou competente, sério e exigente, mas passou a tratar a todos com cortesia e paciência. Como experimentou a fraqueza de querer fazer algumas coisas e não conseguir, humanizou-se.
O Escritor aos Hebreus diz: “temos um sumo sacerdote que pode se compadecer das nossas fraquezas” (Hb 4.15). A palavra grega usada para fraqueza é astheneia, que pode ser traduzida por ausência de força ou deformidade. No Novo Testamento, esta palavra nunca é usada como sinônimo de força física. Ela se refere mais a uma fraqueza moral, mental ou emocional. Então, a Bíblia nos diz que o nosso Grande Sumo sacerdote e único mediador, o Senhor Jesus Cristo, porque foi tentado e provado em todas as coisas como nós, mas sem pecado, se compadece das “nossas fraquezas”.
Se Jesus só entendesse as nossas fraquezas já seria bom. Mas Ele conhece a sensação que temos em nossas fraquezas – os traumas emocionais, os conflitos interiores e a dor que tudo isso nos acarreta. Ele compreende as nossas frustrações, aflições, depressões, mágoas, os sentimentos de abandono e solidão, isolamento e rejeição. Ele sabe exatamente como nos sentimos quando experimentamos toda essa gama de emoções que acompanham nossas fraquezas e enfermidades. A Bíblia garante que, tendo passado pelas mesmas coisas, Ele sabe entrar nos nossos problemas e senti-lo conosco.
No Getsêmani, Jesus sentiu “a sua alma profundamente triste até a morte”(Mt 26.37,38). Ou seja, Ele passou por sofrimentos e sensações de agonia tão fortes que até desejou a morte. Então, Ele entende quando você está deprimido e não quer viver mais. Mas Jesus também enfrentou falsos testemunhos, calúnias e humilhação. Na cruz, cuspiram-lhe no rosto, deram-lhe murros e o esbofetearam (Lc 22.63, Mt 26.67). Poucas coisas são tão humilhantes, degradantes e destroem o nosso sentimento de dignidade. Então, Ele entende o tipo de sensação que se passa dentro de nós quando nos sentimos agredidos e humilhados. Mas também, lá na cruz, fizeram pouco caso dele. Foi alvo de chacotas (bullying), de gozação. Sentiu-se desajeitado, horroroso, justamente por causa da crueldade dos seus algozes. Isaías descreveu o que Ele passou, dizendo: “...nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado, o mais rejeitado entre os homens, ... e dele não fizemos caso” (Is 53.2,3). E, talvez, a pior dor que sofreu foi quando se sentiu abandonado pelo próprio Pai. Os céus se tornaram horrivelmente surdos para Ele. Gritou por socorro, mas não recebeu resposta (Mt 27.46). Então, Jesus compreende o nosso grito de desamparo, quando o nosso nível emocional está mais baixo, devido à rejeição, abandono ou depressão.
Não importa qual seja a nossa fraqueza, Deus não se envergonha de nós. A Bíblia nos garante que “Ele se compadece das nossas fraquezas” (Hb 4.15). Mas diz mais. Deus nos convida a chegarmos a Ele com nossa dor, culpa ou vergonha. Ele diz: “Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno”. Sim, há esperança e socorro para cada um de nós. O Deus de toda a graça, nosso Sumo Sacerdote Jesus Cristo, pede tão somente que nos aproximemos dEle com confiança. Aquele que se compadece da nossa fraqueza quer nos socorrer, quer agir com graça e amor em nossas vidas, na hora certa. Então, aproxime-se dEle já.
Recentemente, meu irmão gêmeo me disse que conheceu um Ministro de Música muito competente, músico fino, mas que maltratava os coristas e músicos que não aprendiam facilmente, mostrando falta de paciência com suas fraquezas. Um dia sofreu um AVC, e ficou com várias partes do seu corpo comprometidas. Através de um processo longo de fisioterapia, enfim voltou a reger. Só que, após a enfermidade, continuou competente, sério e exigente, mas passou a tratar a todos com cortesia e paciência. Como experimentou a fraqueza de querer fazer algumas coisas e não conseguir, humanizou-se.
O Escritor aos Hebreus diz: “temos um sumo sacerdote que pode se compadecer das nossas fraquezas” (Hb 4.15). A palavra grega usada para fraqueza é astheneia, que pode ser traduzida por ausência de força ou deformidade. No Novo Testamento, esta palavra nunca é usada como sinônimo de força física. Ela se refere mais a uma fraqueza moral, mental ou emocional. Então, a Bíblia nos diz que o nosso Grande Sumo sacerdote e único mediador, o Senhor Jesus Cristo, porque foi tentado e provado em todas as coisas como nós, mas sem pecado, se compadece das “nossas fraquezas”.
Se Jesus só entendesse as nossas fraquezas já seria bom. Mas Ele conhece a sensação que temos em nossas fraquezas – os traumas emocionais, os conflitos interiores e a dor que tudo isso nos acarreta. Ele compreende as nossas frustrações, aflições, depressões, mágoas, os sentimentos de abandono e solidão, isolamento e rejeição. Ele sabe exatamente como nos sentimos quando experimentamos toda essa gama de emoções que acompanham nossas fraquezas e enfermidades. A Bíblia garante que, tendo passado pelas mesmas coisas, Ele sabe entrar nos nossos problemas e senti-lo conosco.
No Getsêmani, Jesus sentiu “a sua alma profundamente triste até a morte”(Mt 26.37,38). Ou seja, Ele passou por sofrimentos e sensações de agonia tão fortes que até desejou a morte. Então, Ele entende quando você está deprimido e não quer viver mais. Mas Jesus também enfrentou falsos testemunhos, calúnias e humilhação. Na cruz, cuspiram-lhe no rosto, deram-lhe murros e o esbofetearam (Lc 22.63, Mt 26.67). Poucas coisas são tão humilhantes, degradantes e destroem o nosso sentimento de dignidade. Então, Ele entende o tipo de sensação que se passa dentro de nós quando nos sentimos agredidos e humilhados. Mas também, lá na cruz, fizeram pouco caso dele. Foi alvo de chacotas (bullying), de gozação. Sentiu-se desajeitado, horroroso, justamente por causa da crueldade dos seus algozes. Isaías descreveu o que Ele passou, dizendo: “...nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado, o mais rejeitado entre os homens, ... e dele não fizemos caso” (Is 53.2,3). E, talvez, a pior dor que sofreu foi quando se sentiu abandonado pelo próprio Pai. Os céus se tornaram horrivelmente surdos para Ele. Gritou por socorro, mas não recebeu resposta (Mt 27.46). Então, Jesus compreende o nosso grito de desamparo, quando o nosso nível emocional está mais baixo, devido à rejeição, abandono ou depressão.
Não importa qual seja a nossa fraqueza, Deus não se envergonha de nós. A Bíblia nos garante que “Ele se compadece das nossas fraquezas” (Hb 4.15). Mas diz mais. Deus nos convida a chegarmos a Ele com nossa dor, culpa ou vergonha. Ele diz: “Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno”. Sim, há esperança e socorro para cada um de nós. O Deus de toda a graça, nosso Sumo Sacerdote Jesus Cristo, pede tão somente que nos aproximemos dEle com confiança. Aquele que se compadece da nossa fraqueza quer nos socorrer, quer agir com graça e amor em nossas vidas, na hora certa. Então, aproxime-se dEle já.
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