quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"Desadorando"

“DESADORANDO”

Numa aula para crianças sobre adoração, um pastor começou perguntando sobre o antônimo de certas palavras:
- “Qual é o antônimo de alegre?”“Triste”, responderam em uníssono.
- “E de feio?”“Bonito!”
E assim ele prosseguiu até chegar à adoração.
- “Qual é o antônimo de adorar?”

Uma menina, de 10 anos, levantou a mão, e disse com convicção:
- “Reclamar!”

Para aquela sábia menina, adoração é um modo de viver. Então, desculpem o neologismo, mas quem vive murmurando, desadora. Quem só sabe ver o lado negativo das coisas, desadora. Quem é incapaz de reconhecer a boa mão de Deus na sua vida, desadora. Quem não dá graças a Deus em tudo, desadora. E todas as vezes que estamos reclamando de qualquer coisa, estamos fazendo o contrário de adorar. Então, temos muitos crentes que vêm aos cultos públicos para adorar a Deus, mas O desadoram na vida. Parece que o apóstolo Paulo falou nisto, quando deixou este princípio: “Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31).

Não se trata de jogar “o jogo do contente”, ensinado no livro Pollyanna, de Eleanor H. Potter. Pollyanna é a história de uma menina de onze anos, filha de um missionário pobre, que após ficar órfã, vai morar em outra cidade com uma tia rica, rígida e severa, à qual não conhecia previamente. Ela ensina às pessoas na nova comunidade “o jogo do contente”, que havia aprendido com seu pai no dia em que esperava ganhar uma boneca e recebeu um par de muletinhas. Seu pai lhe explicou que não existia nada que não pudesse ter dentro qualquer coisa capaz de nos fazer contentes, e ela então ficou contente por não precisar das muletinhas. Decididamente, não é isso. Adoração não é uma fuga da adversidade, mas um novo modo de viver em que colocamos o Senhor no centro e vivemos em função dele.

Desadoramos a Deus também quando fazemos uma distinção entre o secular e o sagrado. Ir à igreja é sagrado. Ir à escola é secular. Ler a Bíblia é sagrado, mas ler o jornal é secular. Assim, na área do sagrado temos um tipo de comportamento, nos vestimos de uma maneira e falamos o “evangeliquês”, que é o dialeto espiritual dos crentes. Mas, em outros lugares, mudamos a nossa forma de ser e de agir. Na Bíblia, esta desadoração também é chamada de hipocrisia.

Outra forma sutil de desadoração é quando buscamos a glória e o reconhecimento por aquilo que fazemos, e procuramos ficar debaixo dos holofotes da aprovação humana, mais do que da aprovação divina. O louvor e o reconhecimento das pessoas tornam-se a motivação principal das nossas ações. Você se coloca numa posição de superioridade, querendo se tornar o centro e, consequentemente, todos, inclusive Deus, são deixados de lado. Assim, muitas das disputas e competições entre igrejas evangélicas, pastores e denominações são manifestações claras deste tipo de desadoração. Por trás dos inúmeros anúncios de curas, milagres, conversões e poder está o pecado da soberba. Lá estão pastores e líderes cobiçando o louvor da comunidade e o reconhecimento da sua superioridade (espiritualidade). Sem perceber, fazem de tudo para atrair sobre si o foco do louvor. Isso também é chamado de espiritualidade ostentatória.

Na adoração Deus é engrandecido. Na desadoração Deus é esquecido. Na adoração nós diminuímos. Na desadoração nós crescemos. Na adoração buscamos a Glória de Deus. Na desadoração buscamos nossos direitos. Na adoração Deus é tudo. Na desadoração Ele é quase nada.

Resta-me lhe fazer uma última pergunta: A sua vida adora ou desadora?

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