A cena é familiar. De repente, um filho sai chorando compulsivamente em direção à mãe ou ao pai, reclamando do irmão que lhe bateu. Nessas horas, os pais vão até o outro filho perguntar por que ele bateu no irmão. Aí ouvem o outro lado da história. A resposta pode ser: “olha a mordida que ele me deu!”, “Veja o que ele fez com o meu brinquedo”, ou “Ele me bateu primeiro.” Só assim ficamos sabendo o outro lado da questão. Quase sempre o problema é mais complexo, envolve algum tipo de encrespação anterior. Com alguns anos de prática, os pais sabem que precisam ouvir tudo e ambos os lados, se desejam resolver a questão imparcialmente.
Assim também acontece na igreja. Gosto do que Jesus diz em Mateus 18.15: “se teu irmão pecar contra ti, repreende-o entre ti e ele só...”. Jesus não diminui ninguém. Ele sabe que é perfeitamente possível eu me sentir humilhado, prejudicado ou ferido no convívio da igreja. Às vezes irmãos falam palavras que machucam. Outras vezes fazem coisas que nos magoam. Enfim, como Jesus disse, é possível um irmão pecar contra você. Algumas vezes fazem isso inconscientemente, e outras vezes, não. A fé cristã não nos livra de decepções, pontos de vistas contrários e desentendimentos (At 15.36-41).
Nessas horas, o melhor a fazer é obedecer a Jesus: “...Entre ti e ele só...”. Jesus diz que nada substitui uma conversa cara-a-cara. Você vai lá e diz pra ele: “aquilo que você disse me magoou” ou: “Você fez isso e não gostei”. A conversa a quatro olhos deve terminar numa sinfonia de perdão. Ou seja, um deve reconhecer sua falta, ou ambos devem se desculpar pelos erros (Mt.15.18,Lc 17.3,4). Caso a conversa não termine em harmonia, o irmão ofendido deve procurar uma ou duas testemunhas, crentes maduros e pacificadores, para intervirem com amor, procurando uma conciliação (Mt 18.16). Se ainda assim a pendenga permanecer, o assunto deve ser levado à igreja (Mt 18.17).
Mateus 18.15-18 talvez seja o mandamento de Jesus mais desobedecido pela igreja, hoje. Frequentemente, o crente ofendido, em vez de procurar o ofensor, procura um, dois ou quinze irmãos para lhes contar a história do seu modo, como a criança que vem chorando reclamar com a mãe. Não poucas vezes, esses que ouvem a sua versão não se preocupam em ouvir a outra parte, e tomam a dor do ofendido. Agora, já são 16 crentes espalhando parte da história, como se ela fosse toda a verdade dos fatos. É assim que se instala a murmuração, a maledicência e a desunião na igreja.
Por isso, cuidado com a precipitação. Antes de espalhar uma história, certifique-se de que ouviu tudo e todos. E, antes que dê coceira nos lábios, tenha cuidado para não fazer juízo precipitado. O teste que irá mostrar a motivação com que você passa a má notícia é a oração. Se antes de trombeteá-la você ficou triste e orou pelo problema, pedindo a Deus que haja pacificação, a motivação é boa. Se apenas repassou a informação, talvez sua motivação não seja a melhor. Portanto, antes de passar uma má notícia ouça todos e tudo, inclusive o seu coração.
Excelente texto! 100% bíblico.
ResponderExcluirOuvindo tudo e todos, podemos evitar que pequenos desentendimentos possam tomar proporções cada vez maiores, que podem até fugir do nosso controle. Amei o texto :)
ResponderExcluir