A minha primeira experiência com a morte ocorreu quando faleceu o meu tio Jair, de 42 anos, vítima de um enfarte fulminante. Estava com 12 anos, e ainda me lembro de ouvir outro tio dizendo para o meu pai, no carro: “Tão novo! Apenas 42 anos!” Tomei um susto com aquela expressão, pois, com a minha idade, uma pessoa de 42 anos já era um ancião. Hoje, já com mais de meio século de vida, considero gente com 70 anos ainda jovem.
Lembro-me também que, na minha adolescência, deixei de ir a muitos funerais porque não sabia exatamente o que dizer aos familiares enlutados. Achava a expressão “meus pêsames”, dramática demais, sobretudo na boca de um adolescente. Como não estava seguro quanto ao que dizer, simplesmente não ia. Muito tempo depois, descobri que, nestas horas, a gente não precisa dizer nada. Basta dar um abraço e tentar ser útil. A nossa presença, mesmo calada, já é uma mensagem de solidariedade.
Mais tarde, já seminarista, comecei a participar dos cultos fúnebres. Veio o ministério pastoral e a realidade da morte passou a ser uma rotina na minha vida. Nestas horas, a gente vai constatando que muitas pessoas têm uma filosofia de vida muito boa para viver, mas péssima para morrer. Outros têm uma religião que lhes dá conforto na vida, mas não as prepara para a morte.
O que faz com que a morte seja difícil é a avaliação do que perdemos com ela. Há pessoas que sentem o amargor da morte porque, finalmente, descobrem que tudo o que tinham, tudo o que investiram na vida está sendo deixado para trás. Descobrem que lutaram e se agarraram a bens, dinheiro e prestígio e nada disso poderá ser levado para onde vão. Não têm paz na morte porque só investiram para esta vida. Não têm nada para receber no futuro. Sabem que entrarão ali, na eternidade, com as mãos abanando. Eis uma coisa fácil de se constatar: como o homem sem Deus morre mal! Por isso, já vi ricos morrendo em total desespero.
Por outro lado, há pessoas que morrem e nós vemos que, apesar de deixarem bens e pessoas queridas, o consolo não vem do que deixaram, mas daquilo que ganharão. Gente que investiu a sua vida em Deus e a sua maior riqueza está nos céus. Deixam seus familiares e amigos aqui, mas sabem que se encontrarão com o seu maior amigo, Jesus. Sabem que morrer é lucro, pois “aquilo que seus olhos ainda não viram nem seus ouvidos ouviram, são as coisas preparadas para eles por Aquele que os ama” (1Co 2.9. Gente que combateu o bom combate, acabou a carreira e guardou a fé. Por isso, têm certeza de que morrer com Cristo é doce e a coro da justiça os espera.
Lembro-me da morte do humorista Bussunda, aos 43 anos, quando cobria a Copa do Mundo na Alemanha. Ela pegou todos nós desprevenidos. Mas, logo notamos que os mais desprevenidos eram ele e seus companheiros. Percebemos que "Os Cassetas" estavam preparados para brincar e debochar, mas não estavam prontos para um encontro com Deus. O judeu ateu Bussunda investiu tudo aqui. Morrer foi um grande prejuízo, pois dali em diante não tinha nada para receber. Morrer sem Cristo é amargo.
E você, onde está investindo a Sua vida? Deus é o dono da sua vida. A qualquer hora Ele pode pedir a devolução do empréstimo. E então, o que lhe espera é doce ou amargo?
sábado, 30 de outubro de 2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Cristofobia
Cristofobia é o desprezo que muitos intelectuais e líderes de opinião sentem por tudo o que está relacionado com a mensagem do evangelho. Esta fobia pode ser claramente constatada pela maneira preconceituosa como a mídia trata todos aqueles que publicamente confessam ser evangélicos.
É claro que, hoje, há muita gente esquisita atribuindo suas esquisitices a Jesus. Há também espertalhões que já descobriram que o nome ‘Jesus’ dá lucro financeiro e político, se bem explorado. Não, não me refiro a esses. Eu mesmo sou o primeiro a criticá-los.
Jorginho, tetracampeão brasileiro, treinador do América, levou seu time à final da Taça Guanabara. Todo mundo sabe que Jorginho é crente, desde os tempos de jogador de futebol. Quem acompanhou a sua carreira como futebolista nada tem a dizer contra a sua conduta. Entretanto, certa vez O Globo publicou que ele proibiu palavrões nos treinos. A notícia, parcial, tentava sutilmente ridicularizá-lo, dando a entender que Jorginho queria transformar sua equipe numa igreja.
Uma conhecida igreja televisiva, que prega a teologia da prosperidade, promoveu um encontro gospel em Botafogo, no sábado, 11/2. O evento religioso atraiu 300 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. A grande preocupação com transtornos no bairro, sobretudo no trânsito, não se confirmou. A reunião, em que pese o número de pessoas, algumas vindas de outros Estados, transcorreu sem qualquer distúrbio. No outro dia, não podendo falar mal, os jornais nada noticiaram. Reuniões religiosas muito menores na cidade já tiveram ampla cobertura na mídia, inclusive com chamadas na primeira página.
Samuel Pinheiro, da Aliança Evangélica Portuguesa, conta que ao participar de uma conferência sobre ética cristã à luz da obra “Aparição”, do escritor português Vergílio Ferreira, citou as palavras de Jesus contidas nos evangelhos. A reação do auditório foi bastante agressiva. Acusaram-no de intolerância, ausência de pluralismo, etc. No final, aquilo chamou a atenção de um dos participantes, que dizia: “quando se citam filósofos, políticos, teólogos ou escritores a reação é bastante diferente da que ocorre quando se cita Jesus Cristo”. Ele concluiu que: “ Assim como na química, onde os indicadores identificam e distinguem as bases dos ácidos, a pessoa de Jesus e suas afirmações identificam e revelam a natureza do coração e da mente humana”.
Jesus explica isto assim: “a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz, e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras...” (Jo 3.19-21).
É verdade que há aqueles que não criticam nem hostilizam abertamente o evangelho. Todavia, basta uma citação bíblica incomodá-los, para moverem céus e terra tentando convencer que aquilo é uma opinião subjetiva e uma interpretação tendenciosa.
A cristofobia também chegou às editoras. Virou moda também a produção de livros de ficção, tipo “Código da Vinci”, reescrevendo a história de Jesus. Escritos e escritores rejeitados pelos primeiros cristãos, contestados pelos pais da igreja, desmascarados por historiadores sérios, têm suas heresias reeditadas, como se fossem verdades verdadeiras. O Mestre dos Mestres torna-se um mito ou um mero impostor. Só quem nada sabe sobre os evangelhos e sobre a história do cristianismo fica empolgado com tais publicações. É mais fácil agir assim do que encarar os desafios espirituais e éticos apresentados nos evangelhos.
O evangelho de Cristo incomoda porque “é vivo e eficaz, e discerne os pensamentos e propósitos do coração”. O falso evangelho dilui Jesus a um mero homem bom. Você não precisa temer nem torcer o verdadeiro evangelho. Nele, vemos que Cristo tem todo o direito de condená-lo, mas felizmente também pode compreendê-lo. Jesus compreende seus temores. Confie nele.
Pastor Renato Cordeiro de Souza.
É claro que, hoje, há muita gente esquisita atribuindo suas esquisitices a Jesus. Há também espertalhões que já descobriram que o nome ‘Jesus’ dá lucro financeiro e político, se bem explorado. Não, não me refiro a esses. Eu mesmo sou o primeiro a criticá-los.
Jorginho, tetracampeão brasileiro, treinador do América, levou seu time à final da Taça Guanabara. Todo mundo sabe que Jorginho é crente, desde os tempos de jogador de futebol. Quem acompanhou a sua carreira como futebolista nada tem a dizer contra a sua conduta. Entretanto, certa vez O Globo publicou que ele proibiu palavrões nos treinos. A notícia, parcial, tentava sutilmente ridicularizá-lo, dando a entender que Jorginho queria transformar sua equipe numa igreja.
Uma conhecida igreja televisiva, que prega a teologia da prosperidade, promoveu um encontro gospel em Botafogo, no sábado, 11/2. O evento religioso atraiu 300 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. A grande preocupação com transtornos no bairro, sobretudo no trânsito, não se confirmou. A reunião, em que pese o número de pessoas, algumas vindas de outros Estados, transcorreu sem qualquer distúrbio. No outro dia, não podendo falar mal, os jornais nada noticiaram. Reuniões religiosas muito menores na cidade já tiveram ampla cobertura na mídia, inclusive com chamadas na primeira página.
Samuel Pinheiro, da Aliança Evangélica Portuguesa, conta que ao participar de uma conferência sobre ética cristã à luz da obra “Aparição”, do escritor português Vergílio Ferreira, citou as palavras de Jesus contidas nos evangelhos. A reação do auditório foi bastante agressiva. Acusaram-no de intolerância, ausência de pluralismo, etc. No final, aquilo chamou a atenção de um dos participantes, que dizia: “quando se citam filósofos, políticos, teólogos ou escritores a reação é bastante diferente da que ocorre quando se cita Jesus Cristo”. Ele concluiu que: “ Assim como na química, onde os indicadores identificam e distinguem as bases dos ácidos, a pessoa de Jesus e suas afirmações identificam e revelam a natureza do coração e da mente humana”.
Jesus explica isto assim: “a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz, e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras...” (Jo 3.19-21).
É verdade que há aqueles que não criticam nem hostilizam abertamente o evangelho. Todavia, basta uma citação bíblica incomodá-los, para moverem céus e terra tentando convencer que aquilo é uma opinião subjetiva e uma interpretação tendenciosa.
A cristofobia também chegou às editoras. Virou moda também a produção de livros de ficção, tipo “Código da Vinci”, reescrevendo a história de Jesus. Escritos e escritores rejeitados pelos primeiros cristãos, contestados pelos pais da igreja, desmascarados por historiadores sérios, têm suas heresias reeditadas, como se fossem verdades verdadeiras. O Mestre dos Mestres torna-se um mito ou um mero impostor. Só quem nada sabe sobre os evangelhos e sobre a história do cristianismo fica empolgado com tais publicações. É mais fácil agir assim do que encarar os desafios espirituais e éticos apresentados nos evangelhos.
O evangelho de Cristo incomoda porque “é vivo e eficaz, e discerne os pensamentos e propósitos do coração”. O falso evangelho dilui Jesus a um mero homem bom. Você não precisa temer nem torcer o verdadeiro evangelho. Nele, vemos que Cristo tem todo o direito de condená-lo, mas felizmente também pode compreendê-lo. Jesus compreende seus temores. Confie nele.
Pastor Renato Cordeiro de Souza.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Chorando em Ouro Preto
Visitando meu filho, em Belo Horizonte, MG, aproveitei para voltar a Ouro Preto. Fui na véspera do feriado do dia 12.10. Aliás, eu e quase quinhentas mil pessoas tivemos a mesma idéia. Ouro Preto estava lotada.
Ver os velhos casarios, visitar museus e entrar em algumas capelas e igrejas, ir a restaurantes, comprar artesanatos em pedra-sabão, fotografar, e ter disposição para subir e descer ruas de paralelepípedos é a agenda de quem se dispõe a rever a velha Vila Rica. Comigo não foi diferente.
Na hora de entrar nas igrejas, como são muitas, e as entradas todas pagas, optei por ir a mais badalada. Enquanto fotografava, casualmente ouvi a conversa de um rapaz que fizera um périplo por elas, e apontava a Igreja de Nossa Senhora do Pilar como a mais bonita da cidade. Como não queria me decepcionar, voltei-me para ele - que saía da Igreja de São Francisco de Assis, a mais famosa, por ser um magnífico exemplar do barroco com traços do Aleijadinho - e perguntei pela que mais gostou. O rapaz me confirmou: a mais bonita era a do Pilar. No seu acervo havia mais de quatrocentos anjos esculpidos e na sua ornamentação foram empregados quatrocentos quilos de ouro e outro tanto de prata. Sem dúvida, era a mais rica do lugar. Além disso, embaixo há um museu de arte sacra. A namorada, ao seu lado, acrescentou: “fiquei tão emocionada que chorei”. Então, me decidi. Também quero chorar no Pilar.
Descemos até a Igreja do Pilar. Pagamos e fomos ver “a bênção”. Entrei e, em vez de ficar encantado, comecei a ficar deprimido. Aquelas faces de anjos, com todos aqueles rococós, ouros, e relíquias barrocas me traziam uma tremenda agonia. Era ambiente pesado, fechado e triste. Havia riqueza, suntuosidade, mas não havia vida. Aquilo tudo me sufocava. E o que fascinava e deleitava as pessoas, simplesmente não me abatia. Havia religião, mas nada que me levasse a Deus. Para mim, a vida estava lá fora, no ar e nas montanhas. Definitivamente,as coisas que os homens tentam fazer pra Deus, por mais esplêndidas que sejam, não se comparam com aquilo que Deus faz por nós.
Desci até o museu e o meu mal-estar aumentou., pois ali li que, na época áurea, o governo português proibiu a instalação de ordens religiosas na cidade, para que o ouro não fosse parar nas mãos da Igreja Católica. Então surgiram as associações e confrarias. E aí começaram as disputas. Como as pessoas diziam que “de nada adianta todo o ouro do mundo se não for possível ostentá-lo”, a fé se transformou numa demonstração de status, riquezas e poder. Os devotos participavam de rituais religiosos, não pensando em Deus, mas voltados para si.
Jesus gostava de mar, de monte, de praia e de gente. Então me lembrei de John Stott, dizendo: “O Deus que muitos de nós cremos é religioso demais”. E também me lembrei que passeando com meus filhos, quando eles eram pequenos, dizíamos: “Agora só vale cantar hinos ou cânticos que tenham a palavra ‘monte’, ‘luz’, etc.” E saíamos cantando e louvando a Deus juntos. Assim, a nossa adoração era do lado de fora, na rua, no carro, no monte, na praia, com a família unida, fazendo um passeio feliz.
Ouro Preto alicerçou em mim esta convicção: Precisamos de menos religião, e de mais comunhão com Deus.
Ver os velhos casarios, visitar museus e entrar em algumas capelas e igrejas, ir a restaurantes, comprar artesanatos em pedra-sabão, fotografar, e ter disposição para subir e descer ruas de paralelepípedos é a agenda de quem se dispõe a rever a velha Vila Rica. Comigo não foi diferente.
Na hora de entrar nas igrejas, como são muitas, e as entradas todas pagas, optei por ir a mais badalada. Enquanto fotografava, casualmente ouvi a conversa de um rapaz que fizera um périplo por elas, e apontava a Igreja de Nossa Senhora do Pilar como a mais bonita da cidade. Como não queria me decepcionar, voltei-me para ele - que saía da Igreja de São Francisco de Assis, a mais famosa, por ser um magnífico exemplar do barroco com traços do Aleijadinho - e perguntei pela que mais gostou. O rapaz me confirmou: a mais bonita era a do Pilar. No seu acervo havia mais de quatrocentos anjos esculpidos e na sua ornamentação foram empregados quatrocentos quilos de ouro e outro tanto de prata. Sem dúvida, era a mais rica do lugar. Além disso, embaixo há um museu de arte sacra. A namorada, ao seu lado, acrescentou: “fiquei tão emocionada que chorei”. Então, me decidi. Também quero chorar no Pilar.
Descemos até a Igreja do Pilar. Pagamos e fomos ver “a bênção”. Entrei e, em vez de ficar encantado, comecei a ficar deprimido. Aquelas faces de anjos, com todos aqueles rococós, ouros, e relíquias barrocas me traziam uma tremenda agonia. Era ambiente pesado, fechado e triste. Havia riqueza, suntuosidade, mas não havia vida. Aquilo tudo me sufocava. E o que fascinava e deleitava as pessoas, simplesmente não me abatia. Havia religião, mas nada que me levasse a Deus. Para mim, a vida estava lá fora, no ar e nas montanhas. Definitivamente,as coisas que os homens tentam fazer pra Deus, por mais esplêndidas que sejam, não se comparam com aquilo que Deus faz por nós.
Desci até o museu e o meu mal-estar aumentou., pois ali li que, na época áurea, o governo português proibiu a instalação de ordens religiosas na cidade, para que o ouro não fosse parar nas mãos da Igreja Católica. Então surgiram as associações e confrarias. E aí começaram as disputas. Como as pessoas diziam que “de nada adianta todo o ouro do mundo se não for possível ostentá-lo”, a fé se transformou numa demonstração de status, riquezas e poder. Os devotos participavam de rituais religiosos, não pensando em Deus, mas voltados para si.
Jesus gostava de mar, de monte, de praia e de gente. Então me lembrei de John Stott, dizendo: “O Deus que muitos de nós cremos é religioso demais”. E também me lembrei que passeando com meus filhos, quando eles eram pequenos, dizíamos: “Agora só vale cantar hinos ou cânticos que tenham a palavra ‘monte’, ‘luz’, etc.” E saíamos cantando e louvando a Deus juntos. Assim, a nossa adoração era do lado de fora, na rua, no carro, no monte, na praia, com a família unida, fazendo um passeio feliz.
Ouro Preto alicerçou em mim esta convicção: Precisamos de menos religião, e de mais comunhão com Deus.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Confissões de um Frágil Pastor
Sinto uma pontinha de inveja dos pregadores que só experimentam vitórias no seu ministério. Admiro os pastores que nunca têm problemas, que vivem de sucesso em sucesso, e que nunca ficam em dúvida, nunca titubeiam, mas sempre têm um versículo bíblico que põe fim a qualquer discussão e dão respostas certas para tudo. Admiro, sobretudo, aqueles que parecem ter um telefone vermelho com o Céu e que, diante das mais difíceis questões, sempre têm uma solução fácil, segura e confiante. Pois confesso que, muitas vezes, ao ouvir os problemas dos irmãos, sinto-me pequenino e, chorando, oro com eles pedindo discernimento e sabedoria do Alto para aquela crise.
Admiro os pastores que sempre têm novos remédios para as ovelhas feridas. Respeito aqueles que descobrem novas dicas e postulados para o mal do seu rebanho. Enquanto coloco estas causas diante de Deus, não poucas vezes fico a pensar em como seria bom se eu também tivesse soluções mágicas para problemas sérios. Eu seria bem mais útil, mais produtivo e, certamente, muitas famílias seriam mais abençoadas pelo meu ministério.
Fico impressionado com estes pregadores que, no rádio e na tv, não se cansam de curar gente. Praticamente, não há problema de saúde que não resolvam. Em todos os cultos, a qualquer hora, eles estão livrando o seu rebanho de problemas nos rins, no fígado, no útero ou na próstata. Diuturnamente livram as pessoas de câncer, de artrites e de diabetes, enquanto eu fico me batendo em oração por irmãos que lutam com seus males físicos. Para mim, já estaria bom ter uma voz de comando junto ao Céu que debelasse uma febre. Ficaria muito agradecido a Deus se fosse usado por Ele para curar um simples resfriado. Na verdade, a facilidade com que estes pastores curam me deixam perplexo, pois, confesso, muitas vezes nem ao menos sei muito bem como orar diante de tamanha aflição. Outras vezes fico embaraçado com algumas perguntas, querendo encontrar palavras, na Palavra, que tragam conforto e incentivem o crente sofredor a perseverar confiante na bondade de Deus.
Fico assombrado com arrojados pregadores que, de tão ungidos, recebem diariamente uma revelação nova e surpreendente do Senhor. Tenho em alta conta os que sempre descobrem uma nova fórmula para o sucesso ministerial. Gente que, em que pese dois mil anos de cristianismo, ainda descobre novidades, práticas ministeriais revolucionárias, capazes de fazer a igreja crescer e amadurecer em Cristo em cinco minutos ou em um final de semana. Confesso que, nestes anos todos de ministério pastoral, ainda não encontrei uma fórmula mágica e bíblica que faça um crente se tornar maduro, sensato e útil, sem a dependência perseverante na oração, no estudo da Bíblia e na devoção pessoal ao Senhor. E eu, com sérias limitações, continuo semanalmente tendo de cavar fundo para entender e tentar traduzir as Escrituras de uma maneira prática e relevante à minha paciente e bondosa congregação.
Confesso também que, apesar destas minhas limitações, em nada me sinto diminuído ou menos abençoado pelo Senhor. Ao contrário, apesar das minhas dificuldades, vejo o Senhor cuidando de mim e do meu ministério. Creio que Deus usa gente inteligente e ousada como usou o apóstolo Paulo, mas também usa gente fraca e limitada como eu. E, longe de me achar um derrotado ou alguém que foi desamparado por Deus, sou grato a Deus por Ele me ter chamado para trabalhar com o seu povo. Percebo que, através das minhas fraquezas, Deus tem tido mais oportunidade de manifestar a Sua grandeza. E, assim, tenho conhecido melhor este Deus paciente, compassivo e amoroso. Admiro aqueles que só vencem, mas cada vez mais me fascino com o Deus revelado em Cristo, que permite que homens fracos e pecadores como eu também se sintam vencedores.
Admiro os pastores que sempre têm novos remédios para as ovelhas feridas. Respeito aqueles que descobrem novas dicas e postulados para o mal do seu rebanho. Enquanto coloco estas causas diante de Deus, não poucas vezes fico a pensar em como seria bom se eu também tivesse soluções mágicas para problemas sérios. Eu seria bem mais útil, mais produtivo e, certamente, muitas famílias seriam mais abençoadas pelo meu ministério.
Fico impressionado com estes pregadores que, no rádio e na tv, não se cansam de curar gente. Praticamente, não há problema de saúde que não resolvam. Em todos os cultos, a qualquer hora, eles estão livrando o seu rebanho de problemas nos rins, no fígado, no útero ou na próstata. Diuturnamente livram as pessoas de câncer, de artrites e de diabetes, enquanto eu fico me batendo em oração por irmãos que lutam com seus males físicos. Para mim, já estaria bom ter uma voz de comando junto ao Céu que debelasse uma febre. Ficaria muito agradecido a Deus se fosse usado por Ele para curar um simples resfriado. Na verdade, a facilidade com que estes pastores curam me deixam perplexo, pois, confesso, muitas vezes nem ao menos sei muito bem como orar diante de tamanha aflição. Outras vezes fico embaraçado com algumas perguntas, querendo encontrar palavras, na Palavra, que tragam conforto e incentivem o crente sofredor a perseverar confiante na bondade de Deus.
Fico assombrado com arrojados pregadores que, de tão ungidos, recebem diariamente uma revelação nova e surpreendente do Senhor. Tenho em alta conta os que sempre descobrem uma nova fórmula para o sucesso ministerial. Gente que, em que pese dois mil anos de cristianismo, ainda descobre novidades, práticas ministeriais revolucionárias, capazes de fazer a igreja crescer e amadurecer em Cristo em cinco minutos ou em um final de semana. Confesso que, nestes anos todos de ministério pastoral, ainda não encontrei uma fórmula mágica e bíblica que faça um crente se tornar maduro, sensato e útil, sem a dependência perseverante na oração, no estudo da Bíblia e na devoção pessoal ao Senhor. E eu, com sérias limitações, continuo semanalmente tendo de cavar fundo para entender e tentar traduzir as Escrituras de uma maneira prática e relevante à minha paciente e bondosa congregação.
Confesso também que, apesar destas minhas limitações, em nada me sinto diminuído ou menos abençoado pelo Senhor. Ao contrário, apesar das minhas dificuldades, vejo o Senhor cuidando de mim e do meu ministério. Creio que Deus usa gente inteligente e ousada como usou o apóstolo Paulo, mas também usa gente fraca e limitada como eu. E, longe de me achar um derrotado ou alguém que foi desamparado por Deus, sou grato a Deus por Ele me ter chamado para trabalhar com o seu povo. Percebo que, através das minhas fraquezas, Deus tem tido mais oportunidade de manifestar a Sua grandeza. E, assim, tenho conhecido melhor este Deus paciente, compassivo e amoroso. Admiro aqueles que só vencem, mas cada vez mais me fascino com o Deus revelado em Cristo, que permite que homens fracos e pecadores como eu também se sintam vencedores.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Cristãos Insuportavelmente Espirituais
Tenho muito medo de gente tão espiritual que não consegue entrelaçar a sua vida com os outros. São pessoas tão boas que ninguém presta, ninguém está no seu nível e ninguém consegue entendê-las. Geralmente criam encrencas na igreja.
Tenho aversão a crentes espirituais que colocam seus diversos títulos na frente. Ele é PhD, doutor, mestre, é isso e aquilo. É mais conhecido pelos seus títulos do que por sua vida. Não é que não dê valor a títulos acadêmicos. Eles têm sua importância. Mas, na vida cristã, tenho visto que as pessoas mais cultas, profundas, úteis e santas são geralmente muito simples. Algumas das mais espirituais com quem convivi têm todos esses títulos, mas não fazem deles um escudo protetor para as suas vidas. Não usam seus títulos como um pára-choque, um obstáculo para que os outros não venham conhecê-los como eles realmente são. A minha experiência diz que quando uma pessoa precisa disso para se impor ao grupo é que ela é muito insegura e, com certeza, não é tão competente quanto seus títulos lhe parecem dizer. Na verdade, já conheci muitos crentes que não tiveram oportunidade de sentar em bancos escolares, mas vivem vidas muito bonitas, atraentes e cheias de comunhão com Deus.
Tenho muito receio de espiritualidade de gabinete, de púlpito e de reuniões de igreja. Desconfio de espiritualidade com hora e lugares marcados. O sujeito começa a ficar santo assim que entra nas dependências de templos evangélicos. Esse, geralmente cria muita encrenca longe da igreja.
Tenho muita dúvida de espiritualidade constituída de frases feitas e chavões evangélicos. Assim, o “pastor espiritual” tem de iniciar o culto com: “Que a graça e a paz do Senhor sejam com todos!” Se não disser isso, ou alguma coisa parecida, muitos crentes acham que ele vive sem unção. A propósito, eu tive uma vizinha crente, que todos os dias me saudava com “a paz do Senhor”. Eu, na minha ignorância, lhe devolvia um “bom-dia, boa-tarde ou boa-noite”, conforme a hora. Mas notei que a minha saudação não expressava espiritualidade aos seus olhos. Um dia aprendi que, segundo a prática pentecostal, a resposta ‘espiritual’ para uma “paz do Senhor” é “a paz!” Fui muito tentado a lhe devolver “a paz!”, para parecer mais santo aos seus olhos, mas decidi continuar com o velho, bem-educado, e profano bom-dia.
Não me sinto à vontade com gente tão espiritual que só sabe conversar sobre Deus, igreja, céu e pecado. Desconfio de crente muito sério, que nunca ri, que nunca confessa pecado e que tudo dele é sempre certinho. Não me afino com espiritualidade que fica ditando regrinhas, tipo: pode isso, não pode aquilo. Quando o assunto da pessoa é só religião, e ela não tem tempo para brincar, sorrir, passear, se divertir, e ser gente; acho que está faltando alguma coisa.
Uma vez ouvi um pastor dando as características de um crente maduro e espiritual. Ele disse que um crente assim pode ser facilmente conhecido porque as pessoas gostam de chegar perto dele. Daquele encontro saem mais animadas, sentindo que valeu a pena ficar perto e conversar com ele. Recebeu dele um novo ânimo e uma nova perspectiva de vida. O seu coração fica remoçado, reforçado, refrigerado, com nova disposição para enfrentar a vida e agradar a Deus. No fim, ele resumiu: o crente maduro e espiritual é muito parecido com Jesus.
Tenho aversão a crentes espirituais que colocam seus diversos títulos na frente. Ele é PhD, doutor, mestre, é isso e aquilo. É mais conhecido pelos seus títulos do que por sua vida. Não é que não dê valor a títulos acadêmicos. Eles têm sua importância. Mas, na vida cristã, tenho visto que as pessoas mais cultas, profundas, úteis e santas são geralmente muito simples. Algumas das mais espirituais com quem convivi têm todos esses títulos, mas não fazem deles um escudo protetor para as suas vidas. Não usam seus títulos como um pára-choque, um obstáculo para que os outros não venham conhecê-los como eles realmente são. A minha experiência diz que quando uma pessoa precisa disso para se impor ao grupo é que ela é muito insegura e, com certeza, não é tão competente quanto seus títulos lhe parecem dizer. Na verdade, já conheci muitos crentes que não tiveram oportunidade de sentar em bancos escolares, mas vivem vidas muito bonitas, atraentes e cheias de comunhão com Deus.
Tenho muito receio de espiritualidade de gabinete, de púlpito e de reuniões de igreja. Desconfio de espiritualidade com hora e lugares marcados. O sujeito começa a ficar santo assim que entra nas dependências de templos evangélicos. Esse, geralmente cria muita encrenca longe da igreja.
Tenho muita dúvida de espiritualidade constituída de frases feitas e chavões evangélicos. Assim, o “pastor espiritual” tem de iniciar o culto com: “Que a graça e a paz do Senhor sejam com todos!” Se não disser isso, ou alguma coisa parecida, muitos crentes acham que ele vive sem unção. A propósito, eu tive uma vizinha crente, que todos os dias me saudava com “a paz do Senhor”. Eu, na minha ignorância, lhe devolvia um “bom-dia, boa-tarde ou boa-noite”, conforme a hora. Mas notei que a minha saudação não expressava espiritualidade aos seus olhos. Um dia aprendi que, segundo a prática pentecostal, a resposta ‘espiritual’ para uma “paz do Senhor” é “a paz!” Fui muito tentado a lhe devolver “a paz!”, para parecer mais santo aos seus olhos, mas decidi continuar com o velho, bem-educado, e profano bom-dia.
Não me sinto à vontade com gente tão espiritual que só sabe conversar sobre Deus, igreja, céu e pecado. Desconfio de crente muito sério, que nunca ri, que nunca confessa pecado e que tudo dele é sempre certinho. Não me afino com espiritualidade que fica ditando regrinhas, tipo: pode isso, não pode aquilo. Quando o assunto da pessoa é só religião, e ela não tem tempo para brincar, sorrir, passear, se divertir, e ser gente; acho que está faltando alguma coisa.
Uma vez ouvi um pastor dando as características de um crente maduro e espiritual. Ele disse que um crente assim pode ser facilmente conhecido porque as pessoas gostam de chegar perto dele. Daquele encontro saem mais animadas, sentindo que valeu a pena ficar perto e conversar com ele. Recebeu dele um novo ânimo e uma nova perspectiva de vida. O seu coração fica remoçado, reforçado, refrigerado, com nova disposição para enfrentar a vida e agradar a Deus. No fim, ele resumiu: o crente maduro e espiritual é muito parecido com Jesus.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Precisa-se de Incentivadores
Membros de uma pequena igreja na capital paulista resolveram organizar um coro. Havia muita boa vontade, mas pouca habilidade. Depois de três meses de ensaio, chegou o domingo da grande estréia. Veio então a apresentação coral, “a hora da bênção”. Aqueles irmãos cantaram, dando o seu melhor. Terminada a apresentação, o pastor da igreja disse o seguinte: “para cantar assim é melhor não ter coro.” Ou seja, o coro entrou no coro do pastor. Depois daquela opinião tão desfavorável, aqueles irmãos desistiram de cantar. Naquele domingo nascia e também morria o coro daquela igreja.
Precisamos de encorajadores na obra do Senhor. Existem muitas pessoas para criticar e depreciar os outros. É muito mais fácil destruir do que construir. É mais fácil ver o que está errado do que fazer o certo. Há muitas pessoas hoje se especializando em falar mal de tudo e de todos. Suas palavras, em vez de curar, adoecem. Seu vocabulário é amargo, ressentido, expulsa o estímulo e corrói o ânimo. Gente que parece de mal com a vida, pois ninguém presta e nada tem valor.
Na família de Deus, precisamos de gente mais disposta a ajudar do que a reclamar. Já temos gente que chegue para diminuir. Precisamos de gente que queira somar. Não nos faltam indivíduos dispostos a procurar discórdias entre pessoas. Carecemos de pessoas que queiram reconciliá-las.
Não se pede para você bajular. Nem se prega que você diga que uma coisa está boa quando não está. Não é isso. Mas você pode olhar para o potencial e escolher palavras que ajudem, que acudam, que animem. Afinal, quando o Novo Testamento diz: “suportai-vos uns aos outros”, ele está dizendo para darmos suporte, auxílio e apoio mútuos.
A igreja carece de crentes como Barnabé. Gente paciente, que ofereça novas oportunidades aos outros. Sobretudo, aos que já fracassaram uma vez. A igreja precisa de incentivadores. Pessoas que descubram no outro um potencial oculto, ainda não amadurecido que, se trabalhado, redundará em grande glória ao nome do nosso Deus. Torne-se uma pessoa assim!
Se for criticar, faça como Jesus. Ele primeiro procurava as coisas dignas de elogio e de apreço, e só depois apontava os defeitos. Antes de dizer à Igreja de Éfeso que sentia falta do seu primeiro amor, enalteceu o seu espírito trabalhador, a sua perseverança e seu sofrimento.
A vida já está bastante difícil. A sociedade só valoriza os excelentes. Lá fora, só tem voz quem se sobressai na multidão. Na igreja é diferente. Tem de ser diferente. Aqui todos têm vez e voz. Todos devem ser tratados com amor. Todos devem ser alvos da graça. Portanto, olhe à sua volta. Na próxima vez que for tentado a criticar, veja o que pode fazer para animar e encorajar.
Encorajadores. Eu preciso de um. E você ?
Precisamos de encorajadores na obra do Senhor. Existem muitas pessoas para criticar e depreciar os outros. É muito mais fácil destruir do que construir. É mais fácil ver o que está errado do que fazer o certo. Há muitas pessoas hoje se especializando em falar mal de tudo e de todos. Suas palavras, em vez de curar, adoecem. Seu vocabulário é amargo, ressentido, expulsa o estímulo e corrói o ânimo. Gente que parece de mal com a vida, pois ninguém presta e nada tem valor.
Na família de Deus, precisamos de gente mais disposta a ajudar do que a reclamar. Já temos gente que chegue para diminuir. Precisamos de gente que queira somar. Não nos faltam indivíduos dispostos a procurar discórdias entre pessoas. Carecemos de pessoas que queiram reconciliá-las.
Não se pede para você bajular. Nem se prega que você diga que uma coisa está boa quando não está. Não é isso. Mas você pode olhar para o potencial e escolher palavras que ajudem, que acudam, que animem. Afinal, quando o Novo Testamento diz: “suportai-vos uns aos outros”, ele está dizendo para darmos suporte, auxílio e apoio mútuos.
A igreja carece de crentes como Barnabé. Gente paciente, que ofereça novas oportunidades aos outros. Sobretudo, aos que já fracassaram uma vez. A igreja precisa de incentivadores. Pessoas que descubram no outro um potencial oculto, ainda não amadurecido que, se trabalhado, redundará em grande glória ao nome do nosso Deus. Torne-se uma pessoa assim!
Se for criticar, faça como Jesus. Ele primeiro procurava as coisas dignas de elogio e de apreço, e só depois apontava os defeitos. Antes de dizer à Igreja de Éfeso que sentia falta do seu primeiro amor, enalteceu o seu espírito trabalhador, a sua perseverança e seu sofrimento.
A vida já está bastante difícil. A sociedade só valoriza os excelentes. Lá fora, só tem voz quem se sobressai na multidão. Na igreja é diferente. Tem de ser diferente. Aqui todos têm vez e voz. Todos devem ser tratados com amor. Todos devem ser alvos da graça. Portanto, olhe à sua volta. Na próxima vez que for tentado a criticar, veja o que pode fazer para animar e encorajar.
Encorajadores. Eu preciso de um. E você ?
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Criados no Evangelho, mas Longe do Evangelho
Convidado pelo casal Nancy e Paulo de Tarso, anos atrás fiz uma série de estudos bíblicos semanais numa clínica de recuperação para dependentes químicos. Às quartas-feiras, à tarde, pelo menos umas dez pessoas estudavam a Bíblia conosco. Participar daqueles estudos marcou a minha vida. Rapazes novos, homens casados, casais e até gerente de banco estavam ali tentando romper um vínculo com um maldito vício. O que mais me impressionou foi o número de jovens filhos de crentes. Era fácil constatar que vinham de lares evangélicos e foram criados em igrejas, pois ao mandar abrir a Bíblia nos profetas menores, eles achavam os livros com uma facilidade impressionante. Muitos deles, na infância, foram dedicados a Deus por seus pais, freqüentaram a Escola Dominical, mas em algum momento das suas vidas eles se deixaram envolver pela atração das drogas, que os arruinaram.
Lembro-me bem de um dia quando recebemos um novo interno. Devia ter entre 19 a 21 anos. Educado, atento, ágil no manejar da Bíblia, parecia um anjo. Depois, fiquei sabendo que já havia dado cabo de uma das casas da sua mãe no valor de R$ 300 mil e andava naqueles dias depauperando os bens do pai.
Não sei o que atrai você quando chega a uma cidade? Eu sou atraído por igrejas evangélicas. Vou entrando na cidade e rapidamente localizo uma igreja Batista, uma Assembléia de Deus, uma Metodista.... e assim por diante. Um drogado quando chega a uma nova cidade é atraído pelos pontos de venda da droga. Antes que alguém lhe diga, ele percebe claramente onde obter alimento para o seu vício. Mudar o dependente de ares, levando-o para outra cidade, é puro desperdício. O problema não está na cidade, está nele.
Li que no Centro de Detenção Provisória 4, em Hortolândia, São Paulo, dos 200 jovens presos, 35 eram filhos de evangélicos. A história das suas vidas é simples: criados no evangelho, um dia acharam que seus pais eram caretas, as pessoas da igreja, otárias e eles, espertos. Então, abandonaram os princípios bíblicos que norteavam suas vidas e foram atrás de mais aventuras e fascínios. Passados alguns anos, os otários têm uma vida digna, profissões honradas, famílias constituídas, estão integrados nas igrejas e são úteis à sociedade. E os espertos, geralmente envolvidos com más companhias, detidos, descobrem tarde demais que “embarcaram numa canoa furada”.
Rubem Alves, no seu livro “E aí?”, diz que informações científicas sobre o perigo das drogas são inúteis. Elas não alteram comportamento. Se assim fosse nenhum médico fumaria. Adolescentes e jovens estão “carecas de saber” sobre o perigo das drogas, das bebidas, das más companhias, do sexo livre e do excesso de velocidade com carros e motos. O problema deles é outro. Eles acham que eles estão imunes a encrencas. São espertos e elas nunca baterão na sua porta.
Quando era menino, nas noites de verão, muitas vezes surgiam centenas de mariposas que ficavam em volta das luzes dos postes. Geralmente incomodavam. Então, colocávamos uma bacia d’água embaixo e elas, atraídas pelo reflexo da luz na água, mergulhavam para a morte. Morriam por causa de uma atração brilhante. Assim é o mundo. Ele nos parece atraente; tudo parece ter tanto brilho, as pessoas mostram-se tão radiantes, mas quando mergulhamos na sua direção, vamos ao encontro da morte.
Se você foi criado no evangelho, não troque os valores do evangelho pelos brilhos do mundo. Não basta ser criado no evangelho é preciso ter o evangelho no coração. O escritor de Provérbios já nos lembrava: “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam”. “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (4.19,18).
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Crentes com Armadura Emprestada
Davi foi visitar seus irmãos, que estavam engajados no exército de Saul, levando de casa para eles um farnel. Diante deles estava o debochado gigante Golias. Apavorado, o exército de Israel avaliava uma pequena estratégia para que a sua derrota não fosse, ao menos, humilhante.
De repente, Davi se oferece para lutar contra o gigante. Por princípio, deixar Davi se embater contra aquele brutamonte já seria loucura. Mas, no caso de derrota, seria uma mal menor, já que não era nenhuma vantagem um sujeito daquela envergadura ganhar de um pastorzinho fracote. Entretanto, para dar um ar de dignidade, o Rei Saul oferece a Davi a sua armadura emprestada. Davi veste-a, mas mal consegue dar um único passo. Se Davi tivesse ido enfrentar Golias com a armadura de Saul teria sido um desastre. Com a armadura emprestada sempre é. Davi precisava de algo autêntico, dele.
Iniciei meu ministério pastoral tentando usar a armadura do meu pastor. Queria ser igualzinho a ele. Tentava imitá-lo na liderança da minha igreja, no sul do Brasil, mas logo percebi que nem eu era o Pastor Josias nem a Igreja de Guaíba, na grande Porto Alegre, era a de Acari, no Rio. Logo, não conseguíamos ser iguais. E, conseqüentemente, a igreja não desenvolvia como a que fui criado. Comecei a descobrir que as minhas cinco pedrinhas seriam mais úteis para mim (e para a obra ali) do que a armadura sólida feita para o uso de outro guerreiro.
No Novo Testamento, os filhos do sumo sacerdote Ceva foram enfrentar pessoas possessas de espírito maligno. Eles, com armadura emprestada, diziam: “Em nome de Jesus, a quem Paulo prega, eu lhes ordeno que saiam!” Mas o espírito maligno lhes respondeu: “Jesus, eu conheço, Paulo, eu sei quem é; mas vocês, quem são?” Aí, veio o desastre: o endemoninhado saltou sobre eles, os dominou, espancou-os e eles fugiram de casa nus e feridos.
Há muita igreja tomando armadura emprestada para enfrentar os gigantes da vida. Há uma busca por modelos que se mostraram vitoriosos em outras batalhas cristãs. Têm surgido armaduras bastante fortes, importadas, que aparentemente fazem igrejas vencer o gigante da estagnação. O seu autor ensina até que tipo de música cantar para que a igreja avance. Encantados com o propósito da nova armadura, há muita gente desprezando suas atiradeiras.
Davi nos ensina que armadura nova pode ser muito boa para Saul, mas , melhor que confiar em armadura, é depender inteiramente da graça de Deus, que usa coisas loucas e fracas para confundir as fortes e sólidas.
Para Deus, pessoas são mais importantes do que métodos. Ele dá vitória a quem, com sinceridade e autenticidade, confia mais nele do que em suas virtudes ou recursos. Deus usa e abençoa as coisas mais simples que você fizer pra ele, desde que confiando inteiramente que o poder é dEle. Pegue as suas cinco pedrinhas, e experimente!
De repente, Davi se oferece para lutar contra o gigante. Por princípio, deixar Davi se embater contra aquele brutamonte já seria loucura. Mas, no caso de derrota, seria uma mal menor, já que não era nenhuma vantagem um sujeito daquela envergadura ganhar de um pastorzinho fracote. Entretanto, para dar um ar de dignidade, o Rei Saul oferece a Davi a sua armadura emprestada. Davi veste-a, mas mal consegue dar um único passo. Se Davi tivesse ido enfrentar Golias com a armadura de Saul teria sido um desastre. Com a armadura emprestada sempre é. Davi precisava de algo autêntico, dele.
Iniciei meu ministério pastoral tentando usar a armadura do meu pastor. Queria ser igualzinho a ele. Tentava imitá-lo na liderança da minha igreja, no sul do Brasil, mas logo percebi que nem eu era o Pastor Josias nem a Igreja de Guaíba, na grande Porto Alegre, era a de Acari, no Rio. Logo, não conseguíamos ser iguais. E, conseqüentemente, a igreja não desenvolvia como a que fui criado. Comecei a descobrir que as minhas cinco pedrinhas seriam mais úteis para mim (e para a obra ali) do que a armadura sólida feita para o uso de outro guerreiro.
No Novo Testamento, os filhos do sumo sacerdote Ceva foram enfrentar pessoas possessas de espírito maligno. Eles, com armadura emprestada, diziam: “Em nome de Jesus, a quem Paulo prega, eu lhes ordeno que saiam!” Mas o espírito maligno lhes respondeu: “Jesus, eu conheço, Paulo, eu sei quem é; mas vocês, quem são?” Aí, veio o desastre: o endemoninhado saltou sobre eles, os dominou, espancou-os e eles fugiram de casa nus e feridos.
Há muita igreja tomando armadura emprestada para enfrentar os gigantes da vida. Há uma busca por modelos que se mostraram vitoriosos em outras batalhas cristãs. Têm surgido armaduras bastante fortes, importadas, que aparentemente fazem igrejas vencer o gigante da estagnação. O seu autor ensina até que tipo de música cantar para que a igreja avance. Encantados com o propósito da nova armadura, há muita gente desprezando suas atiradeiras.
Davi nos ensina que armadura nova pode ser muito boa para Saul, mas , melhor que confiar em armadura, é depender inteiramente da graça de Deus, que usa coisas loucas e fracas para confundir as fortes e sólidas.
Para Deus, pessoas são mais importantes do que métodos. Ele dá vitória a quem, com sinceridade e autenticidade, confia mais nele do que em suas virtudes ou recursos. Deus usa e abençoa as coisas mais simples que você fizer pra ele, desde que confiando inteiramente que o poder é dEle. Pegue as suas cinco pedrinhas, e experimente!
domingo, 10 de outubro de 2010
O Evangelho das Bailarinas
Chico Buarque e Edu Lobo compuseram “Ciranda de Bailarina”, em 1983, para o musical “Grande Circo Místico”. A letra mostra o fascínio que as bailarinas, disciplinadas, com suas roupas mimosas, corpos esguios e pés milimetricamente esticados provocam no auditório. As cortinas se abrem e, ao primeiro acorde, magicamente elas se transformam em seres perfeitos, intocáveis, divinos. Muitos, na plateia, ficam tão encantados que não veem seus pés deformados, como realmente são. Ei-la:
“Procurando bem todo mundo tem pereba,
marca de bexiga ou vacina.
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba,
só a bailarina que não tem.
E não tem coceira, verruga nem frieira,
nem falta de maneira ela não tem.
Futucando bem todo mundo tem piolho,
ou tem cheiro de creolina.
Todo mundo tem um irmão meio zarolho,
só a bailarina que não tem.
Nem unha encardida, nem dente com comida,
nem casca de ferida ela não tem.......”
Muitas igrejas evangélicas apresentam a fé cristã como uma bailarina. A pessoa se converte à sua igreja, e não tem mais pereba, piriri, lombriga, ameba, nem coceira ou frieira. A bailarina cristã também não tem “sala sem mobília, goteira na vasilha, problema na família”. É o céu na terra. Tudo perfeito. Tudo certinho. Nenhuma incomodação, nada de dor e de reveses a que os simples mortais são acometidos.
A fé cristã pregada por essa gente apresenta um cristianismo sem dor, sem trauma, sem adversidades. Não admite sequer uma espinhela caída, nem uma dor nas cadeiras, ou uma mera escarlatina. Não há qualquer concessão para um reumatismo, uns incômodos gases, caspas no cabelo e espinhas nos rostos. Não. É um tal de crente saradão, sem crises e sem problemas que dá até para desconfiar. As bailarinas de Deus, tais como as do Chico, “não têm medo de subir, gente; medo de cair, gente; medo de vertigem”. Este tipo de fé, assim apregoada, devia ser enquadrada como propaganda enganosa.
Tão diferente dos heróis bíblicos, que foram torturados, passaram por escárnios e açoites, algemas e prisões, foram apedrejados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada, andaram peregrinos, necessitados, afligidos, maltratados, errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas e pelos antros da terra. A Bíblia diz que, apesar dessas amarguras, o mundo não era digno deles (Hb 11.35-38).
Paulo pregou aos gálatas quando foi tratar de um problema de uma enfermidade (Gl 4.13). Deixou seu amigo Trófimo doente em Mileto (2Tm 4.20). Aconselhou seu filho na fé, Timóteo, a tratar a sua úlcera estomacal (1Tm 5.23). Jesus foi chamado a acudir seu amigo Lázaro, a quem amava, que estava muito doente, e acabou morrendo (Jo 11.3).
Davi mentiu, adulterou, urdiu a morte de um homem, guerreou e, mesmo assim, se tornou “o homem segundo o coração de Deus”. Abraão enfrentou fome, mentiu, errou, negou a própria mulher para livrar a sua cara, e foi chamado de “o amigo de Deus” e “pai da fé” . Os discípulos eram orgulhosos, incrédulos, e na primeira tempestade temeram. Muitos deles eram cabeças duras, e não confiaram em Jesus. Mesmo assim se tornaram apóstolos (enviados). Pedro, após a ressurreição, foi censurado por Paulo, por causa da sua incoerência (Gl 2.11). Ou seja, eram crentes, mas falhos, como todos mortais. Não perderam a sua humanidade. Mas, nas suas fraquezas, experimentaram a graça misericordiosa de Deus.
As duas últimas frases de “Ciranda da Bailarina” devolvem a verdade: “Procurando bem..., todo mundo tem.” Decididamente, a fé cristã não faz de ninguém um super-homem. Procurando bem, todos os santos têm pés de barro. O que o evangelho faz é transformar frágeis pecadores em pessoas capazes de enfrentar todas as circunstâncias, as boas e ruins, porque têm em suas vidas um Deus poderoso e solidário que os fortalece (Fp 4.13)’. O resto é conto de bailarina.
“Procurando bem todo mundo tem pereba,
marca de bexiga ou vacina.
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba,
só a bailarina que não tem.
E não tem coceira, verruga nem frieira,
nem falta de maneira ela não tem.
Futucando bem todo mundo tem piolho,
ou tem cheiro de creolina.
Todo mundo tem um irmão meio zarolho,
só a bailarina que não tem.
Nem unha encardida, nem dente com comida,
nem casca de ferida ela não tem.......”
Muitas igrejas evangélicas apresentam a fé cristã como uma bailarina. A pessoa se converte à sua igreja, e não tem mais pereba, piriri, lombriga, ameba, nem coceira ou frieira. A bailarina cristã também não tem “sala sem mobília, goteira na vasilha, problema na família”. É o céu na terra. Tudo perfeito. Tudo certinho. Nenhuma incomodação, nada de dor e de reveses a que os simples mortais são acometidos.
A fé cristã pregada por essa gente apresenta um cristianismo sem dor, sem trauma, sem adversidades. Não admite sequer uma espinhela caída, nem uma dor nas cadeiras, ou uma mera escarlatina. Não há qualquer concessão para um reumatismo, uns incômodos gases, caspas no cabelo e espinhas nos rostos. Não. É um tal de crente saradão, sem crises e sem problemas que dá até para desconfiar. As bailarinas de Deus, tais como as do Chico, “não têm medo de subir, gente; medo de cair, gente; medo de vertigem”. Este tipo de fé, assim apregoada, devia ser enquadrada como propaganda enganosa.
Tão diferente dos heróis bíblicos, que foram torturados, passaram por escárnios e açoites, algemas e prisões, foram apedrejados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada, andaram peregrinos, necessitados, afligidos, maltratados, errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas e pelos antros da terra. A Bíblia diz que, apesar dessas amarguras, o mundo não era digno deles (Hb 11.35-38).
Paulo pregou aos gálatas quando foi tratar de um problema de uma enfermidade (Gl 4.13). Deixou seu amigo Trófimo doente em Mileto (2Tm 4.20). Aconselhou seu filho na fé, Timóteo, a tratar a sua úlcera estomacal (1Tm 5.23). Jesus foi chamado a acudir seu amigo Lázaro, a quem amava, que estava muito doente, e acabou morrendo (Jo 11.3).
Davi mentiu, adulterou, urdiu a morte de um homem, guerreou e, mesmo assim, se tornou “o homem segundo o coração de Deus”. Abraão enfrentou fome, mentiu, errou, negou a própria mulher para livrar a sua cara, e foi chamado de “o amigo de Deus” e “pai da fé” . Os discípulos eram orgulhosos, incrédulos, e na primeira tempestade temeram. Muitos deles eram cabeças duras, e não confiaram em Jesus. Mesmo assim se tornaram apóstolos (enviados). Pedro, após a ressurreição, foi censurado por Paulo, por causa da sua incoerência (Gl 2.11). Ou seja, eram crentes, mas falhos, como todos mortais. Não perderam a sua humanidade. Mas, nas suas fraquezas, experimentaram a graça misericordiosa de Deus.
As duas últimas frases de “Ciranda da Bailarina” devolvem a verdade: “Procurando bem..., todo mundo tem.” Decididamente, a fé cristã não faz de ninguém um super-homem. Procurando bem, todos os santos têm pés de barro. O que o evangelho faz é transformar frágeis pecadores em pessoas capazes de enfrentar todas as circunstâncias, as boas e ruins, porque têm em suas vidas um Deus poderoso e solidário que os fortalece (Fp 4.13)’. O resto é conto de bailarina.
sábado, 9 de outubro de 2010
Ando com Saudades....
Ando com saudades do tempo em que pastores eram vistos como homens santos, sérios, e equilibrados. Não eram animadores de auditório. Não gritavam frases desconexas, num evangeliquês misturado com pedidos de ofertas. Não viam o diabo em tudo. Tempo quando não eram vendedores de coisa alguma, nem mesmo das mensagens que pregavam. Não se enriqueciam com o dinheiro dos outros. Também não tinham fórmulas para o crente conquistar dinheiro ou trazer de volta o amor perdido. Tudo o que faziam era andar com Deus, pregar fielmente as Escrituras, e mostrar com a vida o resultado disso.
Ando com saudades daqueles dias quando os crentes iam à igreja apenas para ouvir a voz de Deus e adorá-lo. Levavam as suas Bíblias, já bem gastas pelo hábil e vasto manuseio no lar no meio da semana. Crentes que vinham com a lição da Escola Dominical estudada, o texto áureo (hoje, pouca gente sabe o que é isso) na ponta da língua, e com uma vontade férrea de aprender, entender e se deixar moldar pela orientação da Palavra.
Ando com saudades daquele silêncio reverente que acompanhava os crentes na Casa de Deus. No meio da agitação e do burburinho da cidade, eles entravam mansamente no templo, e, discretamente, faziam suas preces, suspendendo por um momento as suas vidas agitadas. Tempo em que o silêncio não era visto como um período inútil, constrangedor ou desnecessário nos cultos, mas uma pausa importante para quem estava verdadeiramente interessado em ter um encontro real com Deus.
Ando com saudades do tempo quando os crentes, nos cultos, cantavam hinos e cânticos de louvor a Deus expressando as grandes doutrinas da nossa fé. Quando não cantavam apenas pela melodia fácil e gostosa, todavia de conteúdo pobre. Sinto falta de músicas cristãs com forte conteúdo bíblico, com letras de rimas ricas, que sejam tocadas não por estarem nas paradas das rádios evangélicas, mas por sua relevância com o tema do culto.
Ando com saudades do tempo em que espiritualidade não era medida por êxtases, barulho, ou verborragia. Tempo em que a glória de Deus era notada quando um pecador se arrependia, ou quando um irmão perdoava o outro que o ofendeu. Tempo em que vitória espiritual não era, necessariamente, a pessoa conseguir dinheiro ou cura para suas enfermidades. Época quando o crente mantinha-se fiel à Palavra, mesmo diante de dificuldades físicas ou materiais, sabendo que o Senhor era com ele e lhe supliria.
Ando com saudades daqueles cultos simples, em que aparentemente nada de extraordinário acontecia, mas que todos saiam com a perfeita sensação de que Deus passeou suavemente entre o seu povo. Quando o povo de Deus não vivia apenas em busca do espetacular, do maravilhoso e do sobrenatural. Mas compreendia que as coisas simples do cotidiano também são obras do amor de Deus. Quando os crentes eram capazes de ver o amor de Cristo refletido na vida dos seus irmãos, muitas vezes verdadeiros anjos que Deus coloca ao seu lado para lhe abençoar.
Ando com saudades de crentes de fé simples que, mais que receber bênçãos, querem ser úteis ao Reino, por amor a Cristo. Sinto falta do tempo em que amar a Deus, honrar a palavra dada, ter uma conduta sem mácula, obedecer a Bíblia, e testemunhar de Cristo a todo o mundo, era o padrão, de modo a evidenciar que aquele, sim, era um seguidor de Jesus.
Ando com saudades daqueles dias quando os crentes iam à igreja apenas para ouvir a voz de Deus e adorá-lo. Levavam as suas Bíblias, já bem gastas pelo hábil e vasto manuseio no lar no meio da semana. Crentes que vinham com a lição da Escola Dominical estudada, o texto áureo (hoje, pouca gente sabe o que é isso) na ponta da língua, e com uma vontade férrea de aprender, entender e se deixar moldar pela orientação da Palavra.
Ando com saudades daquele silêncio reverente que acompanhava os crentes na Casa de Deus. No meio da agitação e do burburinho da cidade, eles entravam mansamente no templo, e, discretamente, faziam suas preces, suspendendo por um momento as suas vidas agitadas. Tempo em que o silêncio não era visto como um período inútil, constrangedor ou desnecessário nos cultos, mas uma pausa importante para quem estava verdadeiramente interessado em ter um encontro real com Deus.
Ando com saudades do tempo quando os crentes, nos cultos, cantavam hinos e cânticos de louvor a Deus expressando as grandes doutrinas da nossa fé. Quando não cantavam apenas pela melodia fácil e gostosa, todavia de conteúdo pobre. Sinto falta de músicas cristãs com forte conteúdo bíblico, com letras de rimas ricas, que sejam tocadas não por estarem nas paradas das rádios evangélicas, mas por sua relevância com o tema do culto.
Ando com saudades do tempo em que espiritualidade não era medida por êxtases, barulho, ou verborragia. Tempo em que a glória de Deus era notada quando um pecador se arrependia, ou quando um irmão perdoava o outro que o ofendeu. Tempo em que vitória espiritual não era, necessariamente, a pessoa conseguir dinheiro ou cura para suas enfermidades. Época quando o crente mantinha-se fiel à Palavra, mesmo diante de dificuldades físicas ou materiais, sabendo que o Senhor era com ele e lhe supliria.
Ando com saudades daqueles cultos simples, em que aparentemente nada de extraordinário acontecia, mas que todos saiam com a perfeita sensação de que Deus passeou suavemente entre o seu povo. Quando o povo de Deus não vivia apenas em busca do espetacular, do maravilhoso e do sobrenatural. Mas compreendia que as coisas simples do cotidiano também são obras do amor de Deus. Quando os crentes eram capazes de ver o amor de Cristo refletido na vida dos seus irmãos, muitas vezes verdadeiros anjos que Deus coloca ao seu lado para lhe abençoar.
Ando com saudades de crentes de fé simples que, mais que receber bênçãos, querem ser úteis ao Reino, por amor a Cristo. Sinto falta do tempo em que amar a Deus, honrar a palavra dada, ter uma conduta sem mácula, obedecer a Bíblia, e testemunhar de Cristo a todo o mundo, era o padrão, de modo a evidenciar que aquele, sim, era um seguidor de Jesus.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Descanse em Jesus
Na minha infância, em frente à minha casa, havia um terreno murado onde um jaqueira frondosa gostava de dar muitos frutos. A portuguesa, dona do terreno, não permitia que ninguém entrasse lá para pegar jacas, mas também não as comia nem as dava a ninguém. Nós, crianças, revoltadas com a avareza da portuguesa, tratávamos de fazer a socialização daqueles frutos.
Meu outro vizinho de infância, Seu Apolinário, comprou um Fusca zero, verde limão. Aquele Fusca era o mais bem tratado da rua e, com certeza, tinha mais da sua atenção do que o seu próprio filho. Quase todos os dias ele o lavava. No final de semana o ritual era mais completo. O carro era polido, aspirado, contemplado e, diria, adorado. Seu Apolinário comprava ceras especiais e passava horas entretido com o Fusca. É verdade que quase nunca saía com ele. Um dia foi fazer uma viagem a Aparecida do Norte, SP, e nem chegou lá. No meio do caminho sofreu um acidente e acabou com o carro. Lembro-me até hoje da quilometragem do Fusca quando do acidente: 357 Km.
Moro a oito anos no Vale do Paraíso, em Teresópolis, e tenho um vizinho que, neste tempo, só apareceu por lá duas vezes. Mesmo assim, até a pouco tempo, uma firma especializada em manutenção ia duas vezes por semana tratar da piscina da sua casa. Ela estava sempre limpinha, com águas cristalinas, mas sem uso. Nunca vi ninguém tomando banho ali. Nunca é uma força de expressão. Pois, um dia, algumas crianças de rua descobriram a piscina. Como estava muito calor, entraram e passaram horas se deliciando naquelas águas. Quando vi aquela meninada no banho fiquei contente, pois finalmente alguém fazia proveito daquilo.
As três histórias acima foram contadas por causa das palavras do apóstolo Paulo a Timóteo: “Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado” (1Tm 6.12). Chega a soar estranho que Timóteo, um líder cristão maduro, recebesse do seu pai na fé tal conselho. Certamente, ele já era crente no Senhor Jesus há muitos anos, e tinha recebido a vida eterna, mas Paulo sabia que é possível possuir algo sem desfrutar dele plenamente.
Assim como a portuguesa tinha a jaqueira; o Seu Apolinário, o Fusca e o vizinho do Vale, a piscina, mas não desfrutavam destas coisas, há muitos crentes que confessam Jesus como Salvador, mas não vivem a vida abundante que Ele oferece. É o crente que foi chamado para descansar a sua alma em Jesus, mas vive de ansiedade em ansiedade, sempre apavorado, preocupado e sem paz no coração. É o cristão que, a despeito de declarar que Jesus tem “todo o poder no céu e na terra”, vive medrado pelo poder de satanás. Então, teme tocar em coisas; vive cheio de regrinhas de pode e não pode; cheio de “supertições evangélicas”, satanizando a vida. É a pessoa que se diz “mais que vencedora em Jesus”, mas não consegue vitória sobre as tentações. Ao contrário, sua vida vai de crise em crise, de tombo em tombo, sempre reclamando, sempre culpando os outros, sempre sendo atraído pelo mundo, e sempre dando trabalho à igreja. É também o crente que tem o Espírito Santo em sua vida, mas não desfruta do fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.
Se você já é de Jesus, desfrute de todas as bênçãos que Deus já colocou na sua vida por causa da Obra de Jesus Cristo na cruz do Calvário. Ou como diz aquela letra do cântico:
“É meu, somente meu, todo o trabalho;
E o seu trabalho é descansar em mim.”
Meu outro vizinho de infância, Seu Apolinário, comprou um Fusca zero, verde limão. Aquele Fusca era o mais bem tratado da rua e, com certeza, tinha mais da sua atenção do que o seu próprio filho. Quase todos os dias ele o lavava. No final de semana o ritual era mais completo. O carro era polido, aspirado, contemplado e, diria, adorado. Seu Apolinário comprava ceras especiais e passava horas entretido com o Fusca. É verdade que quase nunca saía com ele. Um dia foi fazer uma viagem a Aparecida do Norte, SP, e nem chegou lá. No meio do caminho sofreu um acidente e acabou com o carro. Lembro-me até hoje da quilometragem do Fusca quando do acidente: 357 Km.
Moro a oito anos no Vale do Paraíso, em Teresópolis, e tenho um vizinho que, neste tempo, só apareceu por lá duas vezes. Mesmo assim, até a pouco tempo, uma firma especializada em manutenção ia duas vezes por semana tratar da piscina da sua casa. Ela estava sempre limpinha, com águas cristalinas, mas sem uso. Nunca vi ninguém tomando banho ali. Nunca é uma força de expressão. Pois, um dia, algumas crianças de rua descobriram a piscina. Como estava muito calor, entraram e passaram horas se deliciando naquelas águas. Quando vi aquela meninada no banho fiquei contente, pois finalmente alguém fazia proveito daquilo.
As três histórias acima foram contadas por causa das palavras do apóstolo Paulo a Timóteo: “Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado” (1Tm 6.12). Chega a soar estranho que Timóteo, um líder cristão maduro, recebesse do seu pai na fé tal conselho. Certamente, ele já era crente no Senhor Jesus há muitos anos, e tinha recebido a vida eterna, mas Paulo sabia que é possível possuir algo sem desfrutar dele plenamente.
Assim como a portuguesa tinha a jaqueira; o Seu Apolinário, o Fusca e o vizinho do Vale, a piscina, mas não desfrutavam destas coisas, há muitos crentes que confessam Jesus como Salvador, mas não vivem a vida abundante que Ele oferece. É o crente que foi chamado para descansar a sua alma em Jesus, mas vive de ansiedade em ansiedade, sempre apavorado, preocupado e sem paz no coração. É o cristão que, a despeito de declarar que Jesus tem “todo o poder no céu e na terra”, vive medrado pelo poder de satanás. Então, teme tocar em coisas; vive cheio de regrinhas de pode e não pode; cheio de “supertições evangélicas”, satanizando a vida. É a pessoa que se diz “mais que vencedora em Jesus”, mas não consegue vitória sobre as tentações. Ao contrário, sua vida vai de crise em crise, de tombo em tombo, sempre reclamando, sempre culpando os outros, sempre sendo atraído pelo mundo, e sempre dando trabalho à igreja. É também o crente que tem o Espírito Santo em sua vida, mas não desfruta do fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.
Se você já é de Jesus, desfrute de todas as bênçãos que Deus já colocou na sua vida por causa da Obra de Jesus Cristo na cruz do Calvário. Ou como diz aquela letra do cântico:
“É meu, somente meu, todo o trabalho;
E o seu trabalho é descansar em mim.”
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Imagens Mixurucas da Cidade e do Evangelho
Por uma razão que não sei bem explicar, não tenho acesso às emissoras de TV da nossa cidade. Também lá em casa não pega o sinal das emissoras da região serrana. As coisas acontecem na cidade e só fico sabendo por comentários. Tenho parabólica e Sky, mas faço parte de uma legião de espectadores que é contemplada com uma programação diferente. Por exemplo, enquanto as emissoras passam jornais locais ou do Estado, a minha TV aberta dá um noticiário genérico do Brasil. Quase sempre é algo água com açúcar, que já andei vendo nos grandes telejornais das emissoras. No fatídico “Horário Eleitoral”, acho que para me poupar de dor de barriga, eles me exibiram os candidatos de São Paulo. Tive à minha disposição a oportunidade de ver o Tiririca, o Maluf e outros. Mas como não sou masoquista, desliguei minha TV.
Como alternativa, tenho a chance de ver as propagandas das afiliadas da Rede Globo. Creio que foi pedido a todas elas que fizessem locações de lugares bonitos das suas regiões, para que pessoas como eu tenham um vislumbre das belas cidades brasileiras. A Globo Minas é a que tem o melhor material. Ela nos passa imagens tão bonitas e diversificadas de Minas Gerais que dá vontade de conhecer todo o Estado. A afiliada Sul Fluminense, que representa a Globo em Volta Redonda e cercanias, consegue fazer um verdadeiro milagre. Ela faz com que a cidade de Resende fique bonita. Quem conhece Resende sabe que isso é uma grande façanha. Mal comparando, devem ter trazido a técnica da novela global que transformava a Índia num país limpo, quase asséptico. Bom, a verdade é que, por força dessas cortesias, a TV me fez ter vontade de conhecer muitos lugares bonitos no Brasil.
Na região serrana do Rio somos representados pela Inter TV. Acho que os caras de lá não gostam de Teresópolis. Pois, com tanta gente no Brasil para ser atraída à nossa cidade, eles conseguem passar um Dedo de Deus feio. Eu nunca vi um Dedo de Deus tão esquálido quanto o que é mostrado lá. Colocam uma imagem bem distante, com a nossa Reta ao fundo e um visual muito esquisito. Quando falam do nosso Parque Nacional, em vez de mostrarem a piscina natural, a cachoeira lá de cima, e as montanhas, eles exibem umas trilhas malconservadas, cheias de mato em volta, coisa que se eu fosse de fora não iria querer nunca conhecer. Vai ver essa turma da Inter TV que filmou Teresópolis é de Friburgo ou de Petrópolis. Eles conseguiram fazer de uma cidade bonita como a nossa uma cidadezinha ridícula e desprezível. Se a intenção era depreciar a cidade, conseguiram. Se eu fosse vereador ou prefeito municipal faria uma pressão junto à emissora para que mudasse a matéria. Como não sou, reclamo aqui e fico profundamente aborrecido com a Teresópolis mixuruca que a Inter TV exibe pelo Brasil afora.
Também alguns programas evangélicos de TV exibem um Jesus tão desprovido de beleza e graça, muito distante da realidade bíblica. Ele é o Deus gracioso e generoso, que se compadece do fraco e busca o perdido, mas constantemente é apresentado lá como Alguém mesquinho, egoísta e movido a dinheiro. Ele é o Senhor e Deus de “todo o poder no céu e na terra”, mas, na mídia, alguns pregadores e igrejas dão a impressão de que têm os direitos autorais sobre Ele. Jesus é apresentado na Bíblia como o Verbo de Deus, mas homens com uma verborragia cínica O transformam em um mero mágico celestial. Jesus é “Pai da Eternidade e Príncipe da Paz”, mas nossas igrejas pregam um evangelho sem Cruz e O apontam como um Deus unicamente preocupado em ajudar nossas mazelas físicas e materiais. Gente que prega um arremedo de Jesus e uma paródia do evangelho. Na verdade, é um outro evangelho, um evangelho mixuruca. E nós que conhecemos pessoalmente o Jesus bíblico não ficamos aborrecidos nem reclamamos.
Mas, pensando bem, quantas vezes eu, com a minha pregação, também já apresentei um Jesus insosso, fraco e descorado? E o que falar das vezes em que a minha vida fez com que Jesus parecesse uma pessoa mixuruca? E Ele nem reclamou!
Como alternativa, tenho a chance de ver as propagandas das afiliadas da Rede Globo. Creio que foi pedido a todas elas que fizessem locações de lugares bonitos das suas regiões, para que pessoas como eu tenham um vislumbre das belas cidades brasileiras. A Globo Minas é a que tem o melhor material. Ela nos passa imagens tão bonitas e diversificadas de Minas Gerais que dá vontade de conhecer todo o Estado. A afiliada Sul Fluminense, que representa a Globo em Volta Redonda e cercanias, consegue fazer um verdadeiro milagre. Ela faz com que a cidade de Resende fique bonita. Quem conhece Resende sabe que isso é uma grande façanha. Mal comparando, devem ter trazido a técnica da novela global que transformava a Índia num país limpo, quase asséptico. Bom, a verdade é que, por força dessas cortesias, a TV me fez ter vontade de conhecer muitos lugares bonitos no Brasil.
Na região serrana do Rio somos representados pela Inter TV. Acho que os caras de lá não gostam de Teresópolis. Pois, com tanta gente no Brasil para ser atraída à nossa cidade, eles conseguem passar um Dedo de Deus feio. Eu nunca vi um Dedo de Deus tão esquálido quanto o que é mostrado lá. Colocam uma imagem bem distante, com a nossa Reta ao fundo e um visual muito esquisito. Quando falam do nosso Parque Nacional, em vez de mostrarem a piscina natural, a cachoeira lá de cima, e as montanhas, eles exibem umas trilhas malconservadas, cheias de mato em volta, coisa que se eu fosse de fora não iria querer nunca conhecer. Vai ver essa turma da Inter TV que filmou Teresópolis é de Friburgo ou de Petrópolis. Eles conseguiram fazer de uma cidade bonita como a nossa uma cidadezinha ridícula e desprezível. Se a intenção era depreciar a cidade, conseguiram. Se eu fosse vereador ou prefeito municipal faria uma pressão junto à emissora para que mudasse a matéria. Como não sou, reclamo aqui e fico profundamente aborrecido com a Teresópolis mixuruca que a Inter TV exibe pelo Brasil afora.
Também alguns programas evangélicos de TV exibem um Jesus tão desprovido de beleza e graça, muito distante da realidade bíblica. Ele é o Deus gracioso e generoso, que se compadece do fraco e busca o perdido, mas constantemente é apresentado lá como Alguém mesquinho, egoísta e movido a dinheiro. Ele é o Senhor e Deus de “todo o poder no céu e na terra”, mas, na mídia, alguns pregadores e igrejas dão a impressão de que têm os direitos autorais sobre Ele. Jesus é apresentado na Bíblia como o Verbo de Deus, mas homens com uma verborragia cínica O transformam em um mero mágico celestial. Jesus é “Pai da Eternidade e Príncipe da Paz”, mas nossas igrejas pregam um evangelho sem Cruz e O apontam como um Deus unicamente preocupado em ajudar nossas mazelas físicas e materiais. Gente que prega um arremedo de Jesus e uma paródia do evangelho. Na verdade, é um outro evangelho, um evangelho mixuruca. E nós que conhecemos pessoalmente o Jesus bíblico não ficamos aborrecidos nem reclamamos.
Mas, pensando bem, quantas vezes eu, com a minha pregação, também já apresentei um Jesus insosso, fraco e descorado? E o que falar das vezes em que a minha vida fez com que Jesus parecesse uma pessoa mixuruca? E Ele nem reclamou!
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Qual Será o seu Epitáfio?
Gosto daquela velha história de um funeral em que o pastor elogiava tanto o defunto que, a determinada altura, a viúva chamou o filho mais velho, e pediu que fosse até a urna para ver se era mesmo o pai dele que estava lá.
Agora, pela internet, o irmão Aelmo Queirós me enviou epitáfios de algumas lápides funerárias chilenas. Um dizia assim: “Aqui descansa a minha querida esposa Brujilda Jalamonte (1973-1997). ‘Senhor, receba-a com a mesma alegria com que eu a te envio’”. Outra lápide apresenta: “Tomas Chichilla, 1967-1989. ‘Agora estás com o Senhor. Senhor, cuidado com a carteira’”. Uma terceira diz: “Gustava Gumersinda Guzman (1934-1989). Recordação de todos os teus filhos (menos Ricardo que não deu em nada)”. E, por fim esta: “Aqui descansa Pancrazio Juvenales (1968-1993). Bom esposo. Bom pai. Mal eletricista. Caseiro”.
Vivi alguns anos em Portugal, suficientes para perceber a diferença da nossa cultura para a deles. Quando não gosta de uma coisa, o brasileiro raramente é direto e franco. Para dizer o que não lhe agrada dá voltas, faz alguns elogios, estica a conversa e, quando já está de saída, timidamente diz: “ah, eu queria dizer também...”. Já o português, com honrosas exceções, é curto e grosso. Ele diz logo, e com todas as letras, aquilo que o incomoda. Geralmente vem chumbo grosso.
Um brasileiro não poria num epitáfio que o sujeito roubava carteiras, que era péssimo eletricista ou que não deu em nada. Mesmo que não tivesse virtudes, nossa turma gosta de um panegírico. É o político corrupto, ladrão sem vergonha, que, no funeral, transforma-se numa grande alma, espírito ativo e de coração reto. Como a morte tem a capacidade de transformar estrupícios em pessoas honradas. É um verdadeiro milagre brasileiro.
Fico pensando em qual seria o epitáfio colocado em algumas lápides, caso usássemos da franqueza chilena ou portuguesa: “Aqui jaz Maria. Finalmente a sua grande lingua se calou”. Teríamos também: “Lá se foi Alfredo, um homem que atazanou toda a sua família”. Sem falar naquela: “Aqui estão os restos mortais de Honório, o homem que não deixou saudades”. Não faltaria o epitáfio: “Aqui descansa Etelvina. Enfim, parou de murmurar.” E, numa mais sintética, leríamos: “Aqui estão os restos do sem caráter do Risbólio”. Se a nossa sinceridade se estendesse ao campo espiritual, poderíamos escrever na lápide de alguns: “Aqui está Norberto, que se lembrou de Deus tarde demais”.
Em contrapartida, há gente cuja vida foi tão rica, tão especial e tão virtuosa, que nos faltam palavras para descrever, na ocasião da morte, tudo o que ela significou para nós. Nessas horas, temos de lutar contra o lugar-comum para, com justiça, citar os feitos do falecido. Como a Bíblia diz que as obras acompanham o morto, precisaríamos de uma carreta para transportar as marcas da sua excelência moral, comportamental e espiritual. Mesmo assim, ouso imaginar frases que poderíamos pôr em túmulos de pessoas assim: “Turíbio, o homem que confiava nas promessas de Deus”. Outro epitáfio: “Homenagem dos filhos a Nara, a mãe que nos ensinou a amar a Deus”. Ainda: “Matilde foi uma mulher cheia de ternura e fé”. Ou, simplesmente: “Osório. Perdoado”.
Os Titãs têm uma música, chamada Epitáfio, que diz mais ou menos assim: “devia ter amado mais..., perdoado mais..., brincado mais..., ousado mais”. Mesmo que sua vida não tenha sido útil até aqui, comece hoje a mudar a história da sua vida e do seu epitáfio. Entregue-se nas mãos de Deus, e deixe que Ele a transforme. Que todos tenhamos muitas coisas boas a dizer de você, e que, enfim, o Pai Eterno, no final, diga: “Servo bom e fiel; entra no gozo do teu Senhor!”
Agora, pela internet, o irmão Aelmo Queirós me enviou epitáfios de algumas lápides funerárias chilenas. Um dizia assim: “Aqui descansa a minha querida esposa Brujilda Jalamonte (1973-1997). ‘Senhor, receba-a com a mesma alegria com que eu a te envio’”. Outra lápide apresenta: “Tomas Chichilla, 1967-1989. ‘Agora estás com o Senhor. Senhor, cuidado com a carteira’”. Uma terceira diz: “Gustava Gumersinda Guzman (1934-1989). Recordação de todos os teus filhos (menos Ricardo que não deu em nada)”. E, por fim esta: “Aqui descansa Pancrazio Juvenales (1968-1993). Bom esposo. Bom pai. Mal eletricista. Caseiro”.
Vivi alguns anos em Portugal, suficientes para perceber a diferença da nossa cultura para a deles. Quando não gosta de uma coisa, o brasileiro raramente é direto e franco. Para dizer o que não lhe agrada dá voltas, faz alguns elogios, estica a conversa e, quando já está de saída, timidamente diz: “ah, eu queria dizer também...”. Já o português, com honrosas exceções, é curto e grosso. Ele diz logo, e com todas as letras, aquilo que o incomoda. Geralmente vem chumbo grosso.
Um brasileiro não poria num epitáfio que o sujeito roubava carteiras, que era péssimo eletricista ou que não deu em nada. Mesmo que não tivesse virtudes, nossa turma gosta de um panegírico. É o político corrupto, ladrão sem vergonha, que, no funeral, transforma-se numa grande alma, espírito ativo e de coração reto. Como a morte tem a capacidade de transformar estrupícios em pessoas honradas. É um verdadeiro milagre brasileiro.
Fico pensando em qual seria o epitáfio colocado em algumas lápides, caso usássemos da franqueza chilena ou portuguesa: “Aqui jaz Maria. Finalmente a sua grande lingua se calou”. Teríamos também: “Lá se foi Alfredo, um homem que atazanou toda a sua família”. Sem falar naquela: “Aqui estão os restos mortais de Honório, o homem que não deixou saudades”. Não faltaria o epitáfio: “Aqui descansa Etelvina. Enfim, parou de murmurar.” E, numa mais sintética, leríamos: “Aqui estão os restos do sem caráter do Risbólio”. Se a nossa sinceridade se estendesse ao campo espiritual, poderíamos escrever na lápide de alguns: “Aqui está Norberto, que se lembrou de Deus tarde demais”.
Em contrapartida, há gente cuja vida foi tão rica, tão especial e tão virtuosa, que nos faltam palavras para descrever, na ocasião da morte, tudo o que ela significou para nós. Nessas horas, temos de lutar contra o lugar-comum para, com justiça, citar os feitos do falecido. Como a Bíblia diz que as obras acompanham o morto, precisaríamos de uma carreta para transportar as marcas da sua excelência moral, comportamental e espiritual. Mesmo assim, ouso imaginar frases que poderíamos pôr em túmulos de pessoas assim: “Turíbio, o homem que confiava nas promessas de Deus”. Outro epitáfio: “Homenagem dos filhos a Nara, a mãe que nos ensinou a amar a Deus”. Ainda: “Matilde foi uma mulher cheia de ternura e fé”. Ou, simplesmente: “Osório. Perdoado”.
Os Titãs têm uma música, chamada Epitáfio, que diz mais ou menos assim: “devia ter amado mais..., perdoado mais..., brincado mais..., ousado mais”. Mesmo que sua vida não tenha sido útil até aqui, comece hoje a mudar a história da sua vida e do seu epitáfio. Entregue-se nas mãos de Deus, e deixe que Ele a transforme. Que todos tenhamos muitas coisas boas a dizer de você, e que, enfim, o Pai Eterno, no final, diga: “Servo bom e fiel; entra no gozo do teu Senhor!”
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Mais pra Chapolim do que pra Super-Homem
Você já parou para pensar porque gosta de ler o livro de Salmos? Muitos não crentes já me disseram que, na Bíblia, se identificam muito com os salmos. Até mesmo o crente, quando não tem muito tempo para ler as Escrituras, busca um salmo.
Tenho pra mim que gostamos dos salmos por causa dos salmistas. Eles são de carne e osso. Eles têm nervos como a gente. Cantam vitórias, sim, mas as vitórias são em meio a lutas, dificuldades, quedas e não poucos fracassos. Eles também abrem o coração, dizendo pra Deus coisas que nós, ainda hoje, ficamos sem jeito de dizer. Veja o que diz Asafe: “Quanto a mim,...pouco faltou para que os meus passos escorregassem. Pois eu tinha inveja dos soberbos ao ver a prosperidade dos ímpios.” Pense qual foi a última vez que você ouviu um pastor ou um líder religioso confessando algo parecido? Afinal, se ele disser isso, o que vão pensar dele? E o que dizer daqueles salmistas que, quase perdendo a paciência, dizem a Deus: “Até quando, ó Deus, o adversário afrontará?” Ou ainda: “Ouve, ó Deus, a minha voz na minha queixa...”.
Gosto quando eles falam do seu estado de ânimo. São tão diferentes desses crentes de hoje, que nunca ficam tristes e abalados. Não, os salmistas são fracos como eu e você, e muitas vezes duvidam, choram e se abatem. Veja: “desde a extremidade da terra clamo a ti, estando abatido o meu coração” , ou “ por que está abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim?” ou ainda: “Estou curvado, estou muito abatido, ando lamentando o dia todo”.
Gosto deles porque não se parecem em nada com esses cristãos da nossa heróica geração evangélica, que nunca ficam doentes, nunca têm indisposição, nunca sentem dúvidas e jamais sentem medo. Eles, não. Confessam que estão mais pra Chapolim, o anti-herói do Chaves. Por isso, dizem: “tira-me das minhas angústias”, “a minha força secou-se como um caco”, “mas eu sou verme, não homem, opróbrio dos homens”, “o meu humor se tornou como sequidão de estio”, “sou como um vaso quebrado”, “os que me vêem na rua fogem de mim”.
Os salmistas também pecam. Aprendem com os seus pecados, e transformam seus fracassos em experiências marcantes com Deus. Como eles são humanos! Não têm vergonha de confessar suas faltas. Até o rei Davi, que foi protagonista do maior escândalo na sociedade dos seus dias, confessou sua falta. Além de roubar a mulher do seu general, que lutava por ele na guerra, ainda tramou para que fosse morto nas mãos dos inimigos. Diante de tamanha vergonha, qualquer pessoa faria de tudo para que essa página fosse arrancada da sua biografia. Davi fez diferente. Escreveu dois salmos confessando seus pecados e dores, mostrando como clamou por perdão e como Deus se compadeceu dele. Veja: “Enquanto guardei silêncio, consumiram-se os meus ossos pelo meu bramido durante todo o dia... confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não a encobri. Disse eu confessarei ao Senhor as minhas transgressões, e tu perdoaste a culpa do meu pecado”. “Apaga as minhas transgressões... lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim”. Deu a volta por cima não escondendo o fato, mas confessando seu erro e clamando por misericórdia.
Os heróis da Bíblia têm pés de barro. Abraão mentiu e deixou sua mulher em má situação duas vezes. Moisés matou um homem. Davi adulterou e matou. Pedro negou a Jesus. Paulo fez terrorismo contra os cristãos e consentiu na morte de Estevão. A única virtude deles foi reconhecerem e confessarem seus erros, arrependerem-se deles e obterem o perdão de Deus, pela Sua Graça. Você está mais para Chapolim Colorado do que para Super-Man? Há grande esperança para você, pois Deus é misericordioso e, assim como usou esses homens, também quer usá-lo para a Sua glória.
Pr. Renato Cordeiro de Souza.
Tenho pra mim que gostamos dos salmos por causa dos salmistas. Eles são de carne e osso. Eles têm nervos como a gente. Cantam vitórias, sim, mas as vitórias são em meio a lutas, dificuldades, quedas e não poucos fracassos. Eles também abrem o coração, dizendo pra Deus coisas que nós, ainda hoje, ficamos sem jeito de dizer. Veja o que diz Asafe: “Quanto a mim,...pouco faltou para que os meus passos escorregassem. Pois eu tinha inveja dos soberbos ao ver a prosperidade dos ímpios.” Pense qual foi a última vez que você ouviu um pastor ou um líder religioso confessando algo parecido? Afinal, se ele disser isso, o que vão pensar dele? E o que dizer daqueles salmistas que, quase perdendo a paciência, dizem a Deus: “Até quando, ó Deus, o adversário afrontará?” Ou ainda: “Ouve, ó Deus, a minha voz na minha queixa...”.
Gosto quando eles falam do seu estado de ânimo. São tão diferentes desses crentes de hoje, que nunca ficam tristes e abalados. Não, os salmistas são fracos como eu e você, e muitas vezes duvidam, choram e se abatem. Veja: “desde a extremidade da terra clamo a ti, estando abatido o meu coração” , ou “ por que está abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim?” ou ainda: “Estou curvado, estou muito abatido, ando lamentando o dia todo”.
Gosto deles porque não se parecem em nada com esses cristãos da nossa heróica geração evangélica, que nunca ficam doentes, nunca têm indisposição, nunca sentem dúvidas e jamais sentem medo. Eles, não. Confessam que estão mais pra Chapolim, o anti-herói do Chaves. Por isso, dizem: “tira-me das minhas angústias”, “a minha força secou-se como um caco”, “mas eu sou verme, não homem, opróbrio dos homens”, “o meu humor se tornou como sequidão de estio”, “sou como um vaso quebrado”, “os que me vêem na rua fogem de mim”.
Os salmistas também pecam. Aprendem com os seus pecados, e transformam seus fracassos em experiências marcantes com Deus. Como eles são humanos! Não têm vergonha de confessar suas faltas. Até o rei Davi, que foi protagonista do maior escândalo na sociedade dos seus dias, confessou sua falta. Além de roubar a mulher do seu general, que lutava por ele na guerra, ainda tramou para que fosse morto nas mãos dos inimigos. Diante de tamanha vergonha, qualquer pessoa faria de tudo para que essa página fosse arrancada da sua biografia. Davi fez diferente. Escreveu dois salmos confessando seus pecados e dores, mostrando como clamou por perdão e como Deus se compadeceu dele. Veja: “Enquanto guardei silêncio, consumiram-se os meus ossos pelo meu bramido durante todo o dia... confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não a encobri. Disse eu confessarei ao Senhor as minhas transgressões, e tu perdoaste a culpa do meu pecado”. “Apaga as minhas transgressões... lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim”. Deu a volta por cima não escondendo o fato, mas confessando seu erro e clamando por misericórdia.
Os heróis da Bíblia têm pés de barro. Abraão mentiu e deixou sua mulher em má situação duas vezes. Moisés matou um homem. Davi adulterou e matou. Pedro negou a Jesus. Paulo fez terrorismo contra os cristãos e consentiu na morte de Estevão. A única virtude deles foi reconhecerem e confessarem seus erros, arrependerem-se deles e obterem o perdão de Deus, pela Sua Graça. Você está mais para Chapolim Colorado do que para Super-Man? Há grande esperança para você, pois Deus é misericordioso e, assim como usou esses homens, também quer usá-lo para a Sua glória.
Pr. Renato Cordeiro de Souza.
Assinar:
Postagens (Atom)