sábado, 9 de outubro de 2010

Ando com Saudades....

Ando com saudades do tempo em que pastores eram vistos como homens santos, sérios, e equilibrados. Não eram animadores de auditório. Não gritavam frases desconexas, num evangeliquês misturado com pedidos de ofertas. Não viam o diabo em tudo. Tempo quando não eram vendedores de coisa alguma, nem mesmo das mensagens que pregavam. Não se enriqueciam com o dinheiro dos outros. Também não tinham fórmulas para o crente conquistar dinheiro ou trazer de volta o amor perdido. Tudo o que faziam era andar com Deus, pregar fielmente as Escrituras, e mostrar com a vida o resultado disso.

Ando com saudades daqueles dias quando os crentes iam à igreja apenas para ouvir a voz de Deus e adorá-lo. Levavam as suas Bíblias, já bem gastas pelo hábil e vasto manuseio no lar no meio da semana. Crentes que vinham com a lição da Escola Dominical estudada, o texto áureo (hoje, pouca gente sabe o que é isso) na ponta da língua, e com uma vontade férrea de aprender, entender e se deixar moldar pela orientação da Palavra.

Ando com saudades daquele silêncio reverente que acompanhava os crentes na Casa de Deus. No meio da agitação e do burburinho da cidade, eles entravam mansamente no templo, e, discretamente, faziam suas preces, suspendendo por um momento as suas vidas agitadas. Tempo em que o silêncio não era visto como um período inútil, constrangedor ou desnecessário nos cultos, mas uma pausa importante para quem estava verdadeiramente interessado em ter um encontro real com Deus.

Ando com saudades do tempo quando os crentes, nos cultos, cantavam hinos e cânticos de louvor a Deus expressando as grandes doutrinas da nossa fé. Quando não cantavam apenas pela melodia fácil e gostosa, todavia de conteúdo pobre. Sinto falta de músicas cristãs com forte conteúdo bíblico, com letras de rimas ricas, que sejam tocadas não por estarem nas paradas das rádios evangélicas, mas por sua relevância com o tema do culto.

Ando com saudades do tempo em que espiritualidade não era medida por êxtases, barulho, ou verborragia. Tempo em que a glória de Deus era notada quando um pecador se arrependia, ou quando um irmão perdoava o outro que o ofendeu. Tempo em que vitória espiritual não era, necessariamente, a pessoa conseguir dinheiro ou cura para suas enfermidades. Época quando o crente mantinha-se fiel à Palavra, mesmo diante de dificuldades físicas ou materiais, sabendo que o Senhor era com ele e lhe supliria.

Ando com saudades daqueles cultos simples, em que aparentemente nada de extraordinário acontecia, mas que todos saiam com a perfeita sensação de que Deus passeou suavemente entre o seu povo. Quando o povo de Deus não vivia apenas em busca do espetacular, do maravilhoso e do sobrenatural. Mas compreendia que as coisas simples do cotidiano também são obras do amor de Deus. Quando os crentes eram capazes de ver o amor de Cristo refletido na vida dos seus irmãos, muitas vezes verdadeiros anjos que Deus coloca ao seu lado para lhe abençoar.

Ando com saudades de crentes de fé simples que, mais que receber bênçãos, querem ser úteis ao Reino, por amor a Cristo. Sinto falta do tempo em que amar a Deus, honrar a palavra dada, ter uma conduta sem mácula, obedecer a Bíblia, e testemunhar de Cristo a todo o mundo, era o padrão, de modo a evidenciar que aquele, sim, era um seguidor de Jesus.

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