sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Descanse em Jesus

Na minha infância, em frente à minha casa, havia um terreno murado onde um jaqueira frondosa gostava de dar muitos frutos. A portuguesa, dona do terreno, não permitia que ninguém entrasse lá para pegar jacas, mas também não as comia nem as dava a ninguém. Nós, crianças, revoltadas com a avareza da portuguesa, tratávamos de fazer a socialização daqueles frutos.

Meu outro vizinho de infância, Seu Apolinário, comprou um Fusca zero, verde limão. Aquele Fusca era o mais bem tratado da rua e, com certeza, tinha mais da sua atenção do que o seu próprio filho. Quase todos os dias ele o lavava. No final de semana o ritual era mais completo. O carro era polido, aspirado, contemplado e, diria, adorado. Seu Apolinário comprava ceras especiais e passava horas entretido com o Fusca. É verdade que quase nunca saía com ele. Um dia foi fazer uma viagem a Aparecida do Norte, SP, e nem chegou lá. No meio do caminho sofreu um acidente e acabou com o carro. Lembro-me até hoje da quilometragem do Fusca quando do acidente: 357 Km.

Moro a oito anos no Vale do Paraíso, em Teresópolis, e tenho um vizinho que, neste tempo, só apareceu por lá duas vezes. Mesmo assim, até a pouco tempo, uma firma especializada em manutenção ia duas vezes por semana tratar da piscina da sua casa. Ela estava sempre limpinha, com águas cristalinas, mas sem uso. Nunca vi ninguém tomando banho ali. Nunca é uma força de expressão. Pois, um dia, algumas crianças de rua descobriram a piscina. Como estava muito calor, entraram e passaram horas se deliciando naquelas águas. Quando vi aquela meninada no banho fiquei contente, pois finalmente alguém fazia proveito daquilo.

As três histórias acima foram contadas por causa das palavras do apóstolo Paulo a Timóteo: “Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado” (1Tm 6.12). Chega a soar estranho que Timóteo, um líder cristão maduro, recebesse do seu pai na fé tal conselho. Certamente, ele já era crente no Senhor Jesus há muitos anos, e tinha recebido a vida eterna, mas Paulo sabia que é possível possuir algo sem desfrutar dele plenamente.

Assim como a portuguesa tinha a jaqueira; o Seu Apolinário, o Fusca e o vizinho do Vale, a piscina, mas não desfrutavam destas coisas, há muitos crentes que confessam Jesus como Salvador, mas não vivem a vida abundante que Ele oferece. É o crente que foi chamado para descansar a sua alma em Jesus, mas vive de ansiedade em ansiedade, sempre apavorado, preocupado e sem paz no coração. É o cristão que, a despeito de declarar que Jesus tem “todo o poder no céu e na terra”, vive medrado pelo poder de satanás. Então, teme tocar em coisas; vive cheio de regrinhas de pode e não pode; cheio de “supertições evangélicas”, satanizando a vida. É a pessoa que se diz “mais que vencedora em Jesus”, mas não consegue vitória sobre as tentações. Ao contrário, sua vida vai de crise em crise, de tombo em tombo, sempre reclamando, sempre culpando os outros, sempre sendo atraído pelo mundo, e sempre dando trabalho à igreja. É também o crente que tem o Espírito Santo em sua vida, mas não desfruta do fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.

Se você já é de Jesus, desfrute de todas as bênçãos que Deus já colocou na sua vida por causa da Obra de Jesus Cristo na cruz do Calvário. Ou como diz aquela letra do cântico:

“É meu, somente meu, todo o trabalho;
E o seu trabalho é descansar em mim.”

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