Tenho muito medo de gente tão espiritual que não consegue entrelaçar a sua vida com os outros. São pessoas tão boas que ninguém presta, ninguém está no seu nível e ninguém consegue entendê-las. Geralmente criam encrencas na igreja.
Tenho aversão a crentes espirituais que colocam seus diversos títulos na frente. Ele é PhD, doutor, mestre, é isso e aquilo. É mais conhecido pelos seus títulos do que por sua vida. Não é que não dê valor a títulos acadêmicos. Eles têm sua importância. Mas, na vida cristã, tenho visto que as pessoas mais cultas, profundas, úteis e santas são geralmente muito simples. Algumas das mais espirituais com quem convivi têm todos esses títulos, mas não fazem deles um escudo protetor para as suas vidas. Não usam seus títulos como um pára-choque, um obstáculo para que os outros não venham conhecê-los como eles realmente são. A minha experiência diz que quando uma pessoa precisa disso para se impor ao grupo é que ela é muito insegura e, com certeza, não é tão competente quanto seus títulos lhe parecem dizer. Na verdade, já conheci muitos crentes que não tiveram oportunidade de sentar em bancos escolares, mas vivem vidas muito bonitas, atraentes e cheias de comunhão com Deus.
Tenho muito receio de espiritualidade de gabinete, de púlpito e de reuniões de igreja. Desconfio de espiritualidade com hora e lugares marcados. O sujeito começa a ficar santo assim que entra nas dependências de templos evangélicos. Esse, geralmente cria muita encrenca longe da igreja.
Tenho muita dúvida de espiritualidade constituída de frases feitas e chavões evangélicos. Assim, o “pastor espiritual” tem de iniciar o culto com: “Que a graça e a paz do Senhor sejam com todos!” Se não disser isso, ou alguma coisa parecida, muitos crentes acham que ele vive sem unção. A propósito, eu tive uma vizinha crente, que todos os dias me saudava com “a paz do Senhor”. Eu, na minha ignorância, lhe devolvia um “bom-dia, boa-tarde ou boa-noite”, conforme a hora. Mas notei que a minha saudação não expressava espiritualidade aos seus olhos. Um dia aprendi que, segundo a prática pentecostal, a resposta ‘espiritual’ para uma “paz do Senhor” é “a paz!” Fui muito tentado a lhe devolver “a paz!”, para parecer mais santo aos seus olhos, mas decidi continuar com o velho, bem-educado, e profano bom-dia.
Não me sinto à vontade com gente tão espiritual que só sabe conversar sobre Deus, igreja, céu e pecado. Desconfio de crente muito sério, que nunca ri, que nunca confessa pecado e que tudo dele é sempre certinho. Não me afino com espiritualidade que fica ditando regrinhas, tipo: pode isso, não pode aquilo. Quando o assunto da pessoa é só religião, e ela não tem tempo para brincar, sorrir, passear, se divertir, e ser gente; acho que está faltando alguma coisa.
Uma vez ouvi um pastor dando as características de um crente maduro e espiritual. Ele disse que um crente assim pode ser facilmente conhecido porque as pessoas gostam de chegar perto dele. Daquele encontro saem mais animadas, sentindo que valeu a pena ficar perto e conversar com ele. Recebeu dele um novo ânimo e uma nova perspectiva de vida. O seu coração fica remoçado, reforçado, refrigerado, com nova disposição para enfrentar a vida e agradar a Deus. No fim, ele resumiu: o crente maduro e espiritual é muito parecido com Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário