sábado, 3 de dezembro de 2011

Você Tem Valor para Deus

Na Europa existe o IVA, que é o Imposto de Valor Acrescentado. Você vai comprar qualquer coisa no comércio, e o vendedor lhe diz: - “custa tanto, mais IVA”. Logo ficamos sabendo claramente quanto pagamos ao Estado por cada produto que compramos. No Brasil, tudo é feito na moita. No preço final da mercadoria está embutido um imposto, geralmente voraz. Veja o carro, por exemplo: quase 50% do seu preço final são de impostos. É IPI, IOF, ISS, e uns tantos Is. A nossa gasolina é vendida quase pelo dobro do seu custo porque o governo, no escurinho, tem uma insaciável vocação para tributar. É por isso que o carrão importado, que é comprado aqui por preço de ouro, é adquirido nos EUA por menos da metade do nosso valor. E o carrinho popular é tão caro que o povão mesmo raramente consegue comprá-lo. E o pior é que a nossa carga tributária aumenta a cada ano, e a cada governo.

Há pessoas que fazem como os nossos governos: procuram agregar valores à sua pessoa para se sentirem fortes e importantes. É o torcedor fanático de futebol, por exemplo, que precisa muito da vitória do seu clube para agregar valor a si mesmo. A vitória do seu clube torna-se a sua vitória, que lhe garante, afinal, valor pessoal.

É a pessoa que precisa falar dos amigos ricos e cultos que tem, e das pessoas finas com quem convive, para que todos saibam o quanto ela é importante. Na verdade, ela pensa que só assim será reconhecida como alguém especial. Parece que se não estiver envolvida com gente famosa a sua cotação como ser humano entra em queda. Não se iluda. Por detrás destas coisas está alguém inseguro e com baixíssima autoestima.

Gente com este tipo de carência, quando entra numa igreja procura cargos e posições. É capaz de brigar e de até fazer conchavos para ficar sob holofotes. São pessoas que ainda não entenderam o essencial da fé cristã. Parece que precisam estar à frente d’alguma coisa para terem valor. Ostentam alguma função, que pensam dar ar de espiritualidade, para que todos vejam sua importância. É claro que muitos irmãos têm cargos e funções na igreja apenas para servir a Deus e ao próximo.

Yancey, no livro “Igreja, por que se importar?” conta a história de um rapaz que comparecia aos cultos de oração pedindo por sua banda musical gospel. A cada semana, ao orar, ele dava detalhes do novo CD. Falava de um novo arranjo e de ensaios maravilhosos. Um dia, tocados pelo marketing das suas preces, os dirigentes do culto convidaram-no para tocar. Foi uma decepção só. Ele tocava tão mal e era tão desafinado que aquela banda só podia existir na sua cabeça. A banda lhe acrescentava valor.

Não importa que você não tenha amigos ricos ou importantes. Não faz diferença se você vive numa mansão ou numa favela. Não é necessário que você seja habilidoso ou não. Pouco faz se você foi educado em colégios caros ou tenha cursado o ensino público. Tampouco se é doutor ou analfabeto. Deus não se impressiona com os IVAS que você cola na sua vida, para mostrar que têm valor. Você é valioso para Deus, mesmo que esteja no fundo do poço ou num mar de lama. Mesmo que ninguém lhe dê valor. Deus não olha para o exterior, Ele olha para o coração. Aquele que escolheu visitar a casa de Zaqueu; que perdoou o ladrão da cruz; que chamou para apóstolo o perseguidor das igrejas; que valorizou o mendigo Bartimeu e que contou a história do Filho Pródigo também morreu em seu lugar.

Você é especial para Deus, mesmo que seja pobre, feio e sujo. Você é amado por Deus, mesmo que esteja longe dele. O Deus revelado em Jesus Cristo não é imposto na vida de ninguém. Ele só chega para dentro do nosso coração quando O convidamos a entrar. Mas quando Ele entra na nossa vida, sem dúvida, ela adquire valor acrescentado. Resumindo: você tem valor, mas saiba que nas mãos de Deus vale ainda mais.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A Arma da nossa Vitória

A Bíblia, às vezes, nos dá conselhos que parecem ser muito difíceis. Achamos que vão estragar a nossa vida. Um deles é: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.21).

Você já teve a sensação de que se fizer o bem vai se dar mal? É a pessoa que diz assim: “Ah, eu estou fazendo o bem e só estou levando na cabeça! Faço o bem e só perco! Pois agora eu vou tratar com a mesma moeda com que estão me tratando”. É alguém que lhe machucou, que lhe fez um grande mal, e você fica com vontade de pegar aquela pessoa e esganá-la. Ou seja, agir de acordo com o mal que lhe foi feito.

Pense, por exemplo, numa pessoa que lhe ofendeu, e a quem você precisa dispensar perdão. Temos a impressão de que quem perdoa fica no prejuízo. Mas eu tenho visto que o grande prejuízo mesmo é não perdoar. Aliás, um amigo me enviou um email com a seguinte frase: “guardar ressentimentos é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”.

Quando um crente em Cristo tenta vencer o mal com o mal, ele entra na esfera daquele que, de fato, sabe fazer o mal. É como se ele saísse do seu campo de batalha e fosse para o campo de batalha do inimigo. E é tudo o que Satanás quer: tirar-nos da área da proteção de Deus e trazer-nos para uma esfera de ação onde ele domina bem.

É por isso que a Bíblia diz que “a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tg 1.20). Agir com vingança nunca produziu justiça de Deus na história. Por isso, você precisa perceber que sempre que o mal se manifesta a vida perde valor, qualidade e intensidade.

Deus diz que resolver a questão do mal que sofremos não é da nossa competência. É da competência dEle, por isso nos orienta: “não vos vingueis a vós mesmos, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito: a mim pertence a vingança” (Rm 12.19). Por isso devemos vencer o mal com o bem. Quando você reage ao mal com o mal, você transforma Deus em Alguém secundário para sua vida. Você simplesmente dispensa Deus. E, consequentemente, deixa de ver o mover de Deus na sua própria história.

É verdade que, muitas vezes, ficamos com tanta raiva, que chegamos a dizer: “Eu não quero nem que Deus me ajude”. Mas, nessas horas impedimos que Deus seja Deus na nossa vida. Então, quando for tentado a pagar o mal com o mal, não o faça. Deixe Deus fazer. Porque o mal não vai lhe abençoar. E não podemos prescindir da luz de Deus para o nosso viver.

Eu tenho aprendido que mal e bem, luz e trevas agem por concessão. Então, não negocie com o mal, não tente domesticá-lo nem o leve para uma mesa de negociação. Ele é pra ser expulso da sua vida. Lance luz nas suas trevas, meu irmão. O nosso general Jesus Cristo, o comandante do Exército que você faz parte, diz que as nossas armas são as da luz. Ele nos ensina na Sua palavra: “Como filhos da luz, andai na luz” (Ef 5.8). Portanto, nada de andar em trevas, e nada de usar a política do mal. Nunca se canse de fazer o bem, pois essa é a arma da nossa vitória.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Hora de Partir

Após cinco anos de luta contra uma enfermidade, Deus chamou o Marquinhos Lack, 23 anos, para uma vida de bem-aventurança sem fim. Naqueles últimos momentos, o Pastor Cláudio, seu cunhado, vendo que seu quadro se agravava, com muito jeito, perguntou se, caso Deus o chamasse, ele tinha certeza de vida eterna com Jesus. Marquinhos respondeu: “É a única coisa que eu tenho”.

“E o tempo da minha partida está próximo” (2Tm 4.6b). Essas palavras foram ditas pelo apóstolo Paulo quando tinha nas mãos a sua sentença de morte. Agora só lhe restava esperar a hora de ser sacrificado. Mas, curiosamente, em vez de ficar desesperado, aflito ou revoltado, Paulo está cheio de esperança. Ele sairá de cena, mas sabe que partirá para se encontrar com Seu Senhor e Salvador. Ele usa a palavra “partida” para expressar a sua morte. Com isso ele nos mostra como encarava com esperança a morte iminente. É que esta palavra, no grego daqueles dias, evocava muitas imagens. Cada uma delas nos explica o que é deixar esta vida para um crente em Cristo.

Ela era usada para designar o momento quando a canga era retirada de um animal de carga. Naquela época, os carros de arado eram levados por dois animais. A canga era colocada no pescoço de cada um e eles eram impelidos a caminhar e a arar a terra. Era um trabalho penoso. Quando acabavam o trabalho e era tirado o jugo, os animais estavam estafados. Finalmente, podiam descansar. Assim, é como se Paulo dissesse: “longe de ser um momento penoso e de sofrimento, a minha saída de cena será como deixar cair a carga pesada que colocaram sobre mim. Finalmente, vou deixar todo este peso cair e chegar à casa paterna para descansar”.

Mas a expressão também era usada para o momento quando o prisioneiro era liberto da algemas. Chegara àquela hora tão aguardada quando o carcereiro, finalmente, dizia: “você está livre!”. Paulo conhecia muito bem o que era ouvir isso porque já estivera preso. E, quando escrevia estas palavras, encontrava-se na masmorra romana, aguardando a sua sentença. A morte do crente não é um salto no escuro, ou algo que lhe oprima, mas a tão sonhada libertação rumo ao reino eterno de Deus.

Não poucas vezes, a palavra usada por Paulo para designar sua morte, era empregada pelo comandante de uma tropa. Quando chegava a hora de levantar o acampamento, e o comandante dizia: “pelotão, marche!” A morte para o apóstolo era como ouvir o supremo comandante, Jesus Cristo, ordenando que ele, finalmente, marchasse para a glória do céu.

A palavra era, por vezes, aplicada para o momento quando um navio, que estava atracado no cais, ia levantar as âncoras, tirar as amarras do ancoradouro, içar as velas, e partir. A morte para Paulo, e para os que crêem em Cristo, é a bendita hora quando o crente vai embarcar no bom navio que está esperando ao largo, para desvendar o oceano da plena graça de Deus e partir rumo ao seu porto de glória.


O crente ouvirá de Deus: “bem está, servo bom e fiel, entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25.21). A vitória é a vida plena com Jesus. Ou como disse o poeta: “um portal se abrirá, Cristo me saudará; quando o dia eternal chegar. Quando o dia findar deste meu labutar, e os remidos na glória encontrar, de Jesus obterei bênçãos mil, eu bem sei. Quando o dia eternal raiar!”

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Boa Companhia no Casamento

Lá no quintal de casa havia um abacateiro muito frutífero. Mas alguns parasitas começaram a se enroscar nele e, aos poucos, os frutos começaram a rarear. No ano passado ele nem deu frutos. É que os parasitas começaram a sufocar tanto a árvore, e a lhe sugar tanta energia, que o pé de abacate quase morreu. Então, arrumei uma pessoa que subiu no pé e os arrancou de lá. A árvore ficou outra. Este ano, os abacates retornaram com toda a força.

Há pessoas que são parasitas no seu relacionamento conjugal. Elas sufocam o cônjuge. São tão dependentes do outro, que derrubam a energia e o prazer do relacionamento. Cônjuges que não têm vida própria precisam do outro para sobreviver. Gente assim vive um casamento desequilibrado, doentio e infeliz.

Muitas vezes o cônjuge acredita que o outro é posse dele, e que pode manipulá-lo. Então quer manter o parceiro debaixo de estrito controle. Vive telefonando para saber onde está, com quem está, o que faz e o que pretende fazer. Sufoca o outro pensando, e às vezes afirmando, que está protegendo a pessoa amada. Outras vezes a pessoa é emocionalmente frágil, com baixa auto-estima, que não acredita que alguém possa amá-la real e profundamente, então vive desconfiada do parceiro. Há também cônjuge que vive com sentimento constante de que algo ruim vai lhe acontecer. Está sempre projetando o pior. E quase sempre o pior virá de uma atitude desleal do outro. Em todas essas circunstâncias, a pessoa é tentada a se transformar em detetive, sempre suspeitando de tudo o que o outro faz, e de todos que estão a volta dele. Logo o seu casamento vai ficar parecido com uma delegacia policial, pois sempre haverá queixas e boletins ocorrências. Acontece que nenhum relacionamento saudável se sustenta sobre dúvidas. E quando a desconfiança é projetada no relacionamento, um acaba sufocando o outro e, consequentemente, tirando a alegria do convívio conjugal.

James Dobson diz que “quando um cônjuge se sente preso no relacionamento, ele fica sonhando com o dia da liberdade. A pessoa fica pensando no maravilhoso dia quando conseguirá se livrar, finalmente, daquele cônjuge sanguessuga”. Muito antes da decisão de deixar o parceiro ou prevaricar, algo básico começou a modificar-se no relacionamento conjugal. E quase sempre um dos cônjuges começa a se sentir enjaulado. Casamento saudável é aquele em que eu posso viver sem a minha esposa e ela sem mim, mas nós não queremos viver sem o outro. Afinal, encontramos prazer no nosso convívio.

Vou voltar a uma velha história. A Bíblia diz que Deus viu que o homem estava só. Então fez uma avaliação: “não é bom que o homem esteja só, vou lhe fazer uma companheira idônea”. Alguém que lhe fosse equivalente, e que caminhasse bem ao seu lado. Alguém que lhe ajudasse e facilitasse a marcha da vida. Deus não idealizou a família apenas para procriação e sexo. O homem seria capaz de procriar melhor se não tivesse parceira. Afinal, ninguém precisa de casamento para ter filhos, nem mesmo para ter sexo.

Deus idealizou a família para o companheirismo, para que o casal tivesse projetos juntos, para que houvesse prazer a dois. Ninguém quer casamento para viver só. É pra romper esse individualismo e participar do outro, sem sufocá-lo. Quando aprendemos a convergir nossos projetos, vamos caminhar juntos, estar juntos, partilhar e construir a nossa história juntos, e isso vai encher a nossa vida de desafios, mas também de significado e de alegria.

E, se esse casal que se ama convida Deus para enriquecer essa caminhada, mesmo enfrentando lutas e adversidades, ele tem tudo para que essa marcha conjugal seja abençoada e feliz.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Coisas do Futebol

Como qualquer criança, houve um tempo em que o meu maior sonho era ser jogador de futebol. Sonhava com os aplausos e o reconhecimento nos gramados. Só não cheguei a treinar num clube profissional porque, naquela época, minha mãe dizia que “futebol não dava camisa a ninguém”. Na verdade, ela nunca chegou a dizer que “futebol era ovo do diabo”, como igrejas já disseram num passado mais remoto, mas mostrava que havia inúmeros inconvenientes em se jogar futebol aos domingos. Assim, embora criado próximo a um campinho de futebol, deixei de jogar até muitas finais de campeonatos de bairro porque eram disputados num domingo.

O tempo passou e Baltazar, João Leite, Silas e muitos outros craques demonstraram que minha mãe estava errada. Futebol dá camisa, sim. E mais: jogador crente, realmente comprometido com Cristo, bom de bola, tem oportunidades inigualáveis de testemunhar de Jesus para os colegas e para a torcida. Aliás, convivendo com muitos desses “atletas de Cristo”, via que oravam pedindo a proteção de Deus livrando-os das contusões e oportunidades para que, através dos meios de comunicação, dessem testemunho da sua fé em Jesus.

Tudo isso me veio à mente quando alguns anos atrás acompanhei o drama dos times baianos. Os dois grandes de lá, Bahia e Vitória caíram para a terceira divisão. O cenário baiano era de consternação. Logo me lembrei de Nenê Prancha que cunhou uma das frases mais conhecidas do futebol: “se macumba ganhasse jogo o futebol baiano acabaria empatado.” Nenê sabia que, nessas horas, para que seus times ganhem os jogos, muitos apelam para o sobrenatural, fazendo mandingas, rituais de magia negra, simpatias e outras superstições.

O pior de tudo é que as pessoas estão transferindo isso para a fé cristã. Estão “macumbando o cristianismo.” É que a fé cristã é vista hoje como uma maneira de se manipular Deus e os poderes espirituais para que nossa vontade seja feita. Nesta ótica, têm de mexer os pauzinhos para que um Deus indeciso lhes dê boas coisas. É assim que muitos ficam nas mãos de espertalhões, verdadeiros gurus, que garantem conhecer técnicas para manipulá-lo. É tolo quem acredita nisso.

O cristianismo não é uma maneira de se conseguir as coisas de Deus. Deus deve ser amado pelo que é, deve ser buscado pelo que é; nunca pelo que pode nos dar, ou pelo que julgamos que ele deve nos dar. O primeiro mandamento nos diz para amarmos a Deus com todo o nosso coração, alma e entendimento. Devemos amá-lo acima de tudo. As nossas orações são feitas, sim, para que Ele fortaleça o nosso ânimo e nos capacite a viver de acordo com a sua vontade.

Estavam certos aqueles nossos velhos “atletas de Cristo”. Na religião cristã nós não usamos Deus, mas somos usados por Ele. Na fé cristã deixamos que Ele nos molde; transforme e faça o que quiser das nossas vidas.

Não sei se os dois clubes baianos rebaixados usaram de mandingas. Mas lá em Angola, anos atrás, no jogo entre o Primeiro de Agosto e o Benfica de Luanda, os dois goleiros não entraram em campo com seus times. É que ambos tinham ido ao mesmo pai de santo que lhes garantira que ganharia o jogo aquele que entrasse por último no gramado. Resultado: o árbitro cansado de esperá-los, os expulsou antes mesmo que entrassem. A macumba só atrapalhou seus times.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Evangelho é Simples

A nossa geração é muito espiritualizada. Anos houve em que as pessoas tinham dificuldade em crer. A nossa geração, não, é crédula. Ela crê até demais. Se há uma coisa que tem sobrado hoje é fé. As pessoas estão seguindo o conselho dado por Gilberto Gil, e estão dizendo: “Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar.” Crê-se em tudo: astrologia, numerologia, duendes , gnomos, cristais, em entidades, etc.

Após contar a parábola da viúva persistente, em Lc 18, Jesus fez uma pergunta intrigante. Ele disse: “Quando o Filho do Homem voltar, achará, porventura, fé na terra?” Francamente, olhando o quadro de nossos dias, até parece que Jesus não entendia dessas coisas muito bem, não. Afinal, se há uma coisa que não está faltando hoje é fé.

Mas não era bem este tipo de fé que Jesus falava, não. Ele se referia à fé persistente e simples no evangelho de Cristo. E aí eu digo uma coisa com dor: quando ligo a TV, e ouço “pregadores evangélicos”, eu sinto uma tristeza enorme. Porque ninguém mais fala de pecado nem da cruz. E aí eu entendo essas palavras de Jesus. Ouço, sim, mensagem de auto-ajuda. Ouço mensagem em que o pregador, através de um amuleto - uma “rosa ungida”, um “óleo santo”, uma “toalhinha”, ou outra coisa qualquer, promete que você será abençoado por Deus.

Um irmão da nossa igreja, hoje fora do Brasil, foi locutor de uma rádio de uma igreja evangélica famosa. Ele era monitorado e, literalmente, proibido de recitar qualquer texto bíblico que falasse da cruz de Cristo.

Quando Jesus voltar, porventura, achará alguém crendo persistentemente na mensagem da cruz? Haverá alguém pregando que você precisa desistir das suas virtudes, e que só existe um único lugar que pode lhe trazer glória a você e ao seu coração diante de Deus: a cruz de Cristo?

Quem leu a biografia de Billy Grahan, o evangelista que mais levou gente a Cristo no século passado, leu que ele descobriu que todas as vezes que pregava sobre a cruz o impacto era muito maior. Então, em todas as suas cruzadas evangelísticas, numa das noites, ele falava sobre o sacrifício de Cristo. Mas, mesmo quando pregava para gente ilustre ele não mudava o seu conteúdo: “Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai, senão por Ele. “

As pessoas hoje desprezam o evangelho porque a sua mensagem é muito simples. E tentam resolver os conflitos de alma, e o mal-estar das suas vidas com coisas mais complexas. Acham que rituais pomposos, orações, toques e artifícios complicados vão solucionar suas crises espirituais. Eu tenho visto essas pessoas cada vez mais presas, iludidas e frustradas com essas soluções humanas.

O evangelho é simples demais. Ele prega que Jesus tomou a cruz no nosso lugar, que levou sobre si toda a nossa vergonha, toda a nossa iniquidade, e naquela cruz há poder para a nossa vida. Diz também que, quando eu creio nisso, Jesus vem morar dentro do nosso coração, e Deus começa a dirigir a nossa vida. Por isso, devemos nos abrir a Ele, para sermos restaurados, curados e tratados por Deus.

Aprenda uma vez por todas: o evangelho de Cristo é simples. A mensagem de Deus é simples. O Deus revelado na Bíblia é grande, mas é simples. E não há outra fórmula para se chegar a Ele.

Uma pergunta final: voltando hoje, Jesus encontrará você confiado na mensagem cruz?

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Datas pra Ninguém se Esquecer

Consultando um calendário para ver dias especiais no ano, deparei-me com algumas datas curiosas: Descobri que o “Dia do Sogro” (10/3) não pode ser comemorado com o da sogra, pois o dia dela é 28/4. Há um dia de homenagem ao vendedor de livros (14/3), talvez pela sua audácia em tentar vender um produto tão desprezado num país que não lê. Há o importante “Dia do Goleiro” (26/4). Fiquei pensando nessa justa homenagem, pois o que seria de nós, nação pentacampeã do mundo, se não nos lembrássemos dos guardiães do gol? Há o introvertido “Dia do Silêncio”, que ficou tão tímido e calado, a ponto de ninguém saber que é comemorado em 7/5. Em 10 de julho, temos o “Dia da Pizza”. Certamente, algum deputado ou senador quis fazer uma homenagem justa aos políticos brasileiros. É uma data tão comemorada no nosso país que se estende por todo o ano. Há ainda o “O Dia dos Solteiros” (15/8), o “Dia da Velocidade” (9/9), o “Dia das Saudações” (21/11), que não anda muito saudado, e o “Dia da Lembrança” (26/12), que, afinal, ninguém se lembra.

O “Dia da Justiça” (8/12) não deve ser confundido com o “Dia da Injustiça” (23/11). Há o prestigiado “Dia do Nordestino” (8/10). Curiosamente, não há o “Dia do Sulista” nem o “Dia do Nortista”. Que algum deputado, por favor, resolva essa discriminação criando logo essas importantes datas. O “Dia do Office-boy” é comemorado com o “Dia dos Jovens” e também com o “Dia do Hino Nacional”, em 13/4. Algum cérebro bem dotado deve ter concluído que todo office-boy acaba se tornando jovem e deve aprender a cantar o hino do seu país. Talvez por isso haja essa comemoração conjunta.

Descobri também dias religiosos elogiáveis, como: “O Dia da Liberdade de Culto”, comemorado em 7/1. Há o “Dia Mundial da Religião”, celebrado em 21/1. Oração é uma coisa tão importante na nossa terra que é comemorada em duas datas: o dia 2/3 é o “Dia da Oração”, e o vizinho, 3/3, é o “Dia Mundial da Oração”. Há a homenagem ao “Dia do Sacerdote” (27/4) que não deve ser confundida com o “Dia do Pároco” (8/8). E o esquecido, mas essencial “Dia Universal de Deus”, comemorado em 14/6, junto com o “Dia do Solista”.

Procurei o que seria comemorado no dia 31/10 e encontrei: “Dia das Bruxas, Halloween”. Fiquei simplesmente indignado. Importar para o Brasil uma festa pagã, que celebra deuses da antiga Gália e cultua ancestrais mortos, e ocultar a Reforma Protestante? Esquecer que, nessa data, em 1517, ocorreu uma das maiores revoluções espirituais de todos os tempos. Pois, finalmente, muitos povos e nações se libertaram da tirania da fé. Depois dessa data, as pessoas redescobriram a Revelação de Deus na Bíblia e aprenderam sobre o amor imerecido de Deus pela humanidade. A partir daí, muita gente começou a ter acesso à mensagem de que Deus nos aceita porque Jesus, o Santo de Deus, fez um sacrifício único, perfeito, irrepetível, todo suficiente, na cruz, por nós. E aprender que ninguém compra as bênçãos de Deus, pois Ele não é movido a dinheiro. Entender que ninguém precisa fazer sacrifícios para ser aceito por Deus. Basta ir a Ele através de Jesus, que abriu o caminho novo e vivo até o Trono da Sua Graça.

Antes daquele 31/10, muitas pessoas pensavam que só podiam chegar a Deus acionados por um sacerdote. Todos procuravam um para se relacionar com Deus. A partir dali, as pessoas redescobriram que, após a conclusão do ministério terreno de Jesus e a descida do Espírito Santo, Deus veio morar no crente em Cristo. Agora eles têm acesso a Deus. Ninguém mais é o predileto de Deus e o queridinho do Papai do Céu. Ninguém é melhor que ninguém, em Cristo. Deus não privilegia nem discrimina pessoas, pois o Espírito Santo é Deus conosco.

Muitos políticos criaram datas especiais para homenagear e realçar o valor de grupos e fatos históricos. Porém, a multiplicidade dessas datas acabou por banalizá-las. Aquilo que deveria ser destaque se tornou tema de gracejos. Se 31/10 fosse celebrado como o “Dia da Graça”, talvez a graça de Deus só fosse lembrada naquela data. Mas a graça e o amor de Deus devem ser lembrados e testemunhados todos os dias, pois Ele as renova a cada manhã, e elas não têm fim (Lm 3.22,23).

Enfim, você pode se esquecer do “Dia Mundial do Consumidor” (15/3), do “Dia do Desarmamento Infantil” (15/4) e até do “Dia da Constituição” (17/5), mas não se esqueça nunca de agradecer a Deus pela Sua Graça e de, pela fé em Jesus Cristo, a cada dia, se apossar dela.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Seu Caráter Faz seu Nome

Um tio da Jane se chamava Blandismar. Era um nome tão esquisito que toda a família o chamava de “Fio”. Um dia perguntamos à vovó Marta por que dera tal nome ao filho primogênito? Ela disse que, lá na rua onde morava, havia um garotinho muito educado e prestativo, cujo nome era Blandismar. Então, ela colocou o nome em homenagem àquele garoto, na esperança que seu filho também fosse tão prestável. Foi aí que descobri que, mesmo que receba um nome excêntrico, você pode neutralizá-lo se tiver uma vida bonita.

Li que “no Império Romano, os pagãos frequentemente invocavam o nome de um deus ou de uma deusa ao fazerem apostas em um jogo de azar. Uma divindade favorita do apostador era Afrodite, a palavra grega para Vênus, a deusa do amor. Ao rolar os dados, eles diziam ‘epafrodito’ – literalmente, ‘por Afrodite’”.

Na verdade, o nome Epafrodito significa “amado por Afrodite”. Possivelmente, quem recebia tal nome, era filho de pais devotos da deusa, também ícone da beleza e da sexualidade, na mitologia grega. O nome seria dado na intenção de que a pessoa fosse dedicada a Afrodite, ou protegido por ela. Enfim, ao homenageá-la, queriam que houvesse uma ligação forte com a deusa.

Acontece que, na Bíblia, aparece um Epafrodito que não é consagrado a Afrodite, mas é alguém convertido a Jesus, e tem ligação forte com ele. Provavelmente ouviu o evangelho e se rendeu a Jesus. Quando a Igreja de Filipos necessitou de uma pessoa de confiança para levar uma oferta ao apóstolo Paulo, logo pensaram nele. E Epafrodito não só foi leal à sua missão, como se tornou um grande companheiro do apóstolo, servindo-o com fidelidade. Sobre esse amigo, Paulo escreveu: “...Epafrodito... meu irmão, cooperador e companheiro de lutas” (Fp 2.25).

Epafrodito foi um bravo soldado da fé e o portador da inspirada carta de Paulo aos Filipenses. Ele se comovia com as necessidades dos seus irmãos na fé e tinha uma ética a toda prova. Cheio de vontade de servir ao seu Deus, Epafrodito já não vivia por Afrodite, mas tinha a reputação de quem vivia pela fé em Jesus. Seu nome continuava pagão, mas agora demonstrava um enorme apego e amor a Cristo.

Agora leio que funcionários do Detran do Rio foram presos pela Polícia Federal, na sexta-feira, 21/10. Eles arrumaram um esquema fraudulento de emissão de carteiras de habilitação, que beneficiou sete mil motoristas. O desfalque aos cofres públicos é calculado em 30 milhões nesses últimos três anos. Um dos líderes do bando chama-se Oséias. Ele era o atendente da diretoria de licitação do Detran.

Oséias significa “salvação” e é equivalente aos nomes de Josué e Jesus. Não é um nome raro, mas quase sempre quem o recebe é filho ou neto de crente. Geralmente o nome é dado não só para homenagear o profeta bíblico, mas inspirado no seu caráter. O Oséias do Detran não honrou o significado do seu nome. Sendo empregado de confiança, no meio de empregados corruptos, não foi a “salvação” ética do grupo.

Não basta ter nome bonito. Também não importa se seu nome é exótico. Na verdade, as qualidades observadas em nossa vida são mais importantes do que o nosso nome. O que você gostaria que as pessoas associassem ao seu? Viva de tal modo que ainda que tenha um nome extravagante, a sua vida se torne útil a Deus e fonte de inspiração para todos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O Que é a Vida ?

Depois de uma vinda inteira de trabalho, finalmente aquele avô, agora, tem tempo para os netos. Vai levá-los ao playground, para brincar com eles; e uma bala perdida o encontra, e ele cai por terra, mortalmente ferido.

São dois senhores saindo para levar a produção de hortigranjeiros para o Ceasa, no Rio. Chegam a Av. Brasil e notam que um dos pneus do caminhão furou. Vão trocá-lo e, enquanto trocam, passa um carro em alta velocidade, os atropela, e os mata.

É um casamento bonito. Tudo organizado com antecedência, e tudo correndo bem. A cerimônia religiosa é belíssima. Os noivos estão alegres; a família, feliz; e os convidados, encantados. Quando já estão todos indo embora, o tio da noiva sofre um enfarte fulminante, morrendo ali mesmo.

Falta apenas uma hora para acabar o serviço, conta o vigia que trabalha na Prefeitura. De repente, aparecem quatro homens, que batem a porta. Vai atendê-los, sai uma briga, e ele recebe dois tiros. Morre ali no cumprimento do trabalho.

Contei em flash quatro casos reais. Dois, ocorridos no Rio, e os outros dois, em Teresópolis. Diante disso, fica a pergunta: o que é a vida?

A primeira resposta é: a vida é imprevisível. No dia da partida para o Egito, Moisés não podia imaginar que ele mesmo não entraria na terra prometida. Bartimeu, o cego, ao sair para mais um dia para esmolar, não podia imaginar que, naquele dia, teria um encontro com Jesus, que restituiria a sua visão, e mudaria por completo a sua história.

A segunda resposta é: a vida nem sempre é justa. Nem sempre filhos enterram os pais. Nem sempre ímpios morrem antes dos justos, e os mais velhos antes dos mais novos. Também não morrem doentes antes dos sãos, nem os que nada têm para realizar na frente dos que estão no auge das realizações.

A terceira resposta é: a vida é fugaz. A Bíblia a compara a um sopro. Ela também é um vapor. É um conto ligeiro. Moisés diz: “Acabam-se os nossos anos como um suspiro... nossa vida ...passa rapidamente, e nós voamos” (Sl 90.9,10).

Resumo da ópera: a vida é fugaz, injusta e surpreendente. É loucura vivê-la sem se preparar para a morte. É insensatez vivê-la sem planejar o dia do nosso encontro com Deus. O problema se agrava quando vivemos como se tudo o que existisse fosse a vida aqui. Jesus contou uma história e nela chamou de louco ao homem que, enriquecido, achou que tudo o que devia fazer era regalar a sua alma com comidas, bebidas, e festas. É que, naquela noite, Deus pediria a sua alma e ele não estava preparado.

Não viva como se nunca fosse morrer. Aos olhos de Deus somos como um vapor. Nunca deixe Deus de fora dos seus planos. Você precisa de Deus já. Pra hoje, pra essa vida. A boa notícia é que Jesus disse: “Quem vem a mim, vem ao Pai”. A única maneira de estar preparado para o dia da morte é estar preparado agora.

Costumo ter esta conversa em funerais. E muitas vezes a minha palavra ali é dita tarde demais. Hoje é o dia de você ouvir a voz de Deus. O que é a sua vida? Um vapor! Portanto, venha a Cristo agora. Abra o seu coração para Deus já!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Não Tema o Diabo. Tema Você.

Vivemos num mundo místico, onde pessoas adoram gnomos, duendes, anjos, e o esoterismo ganha força. Um rapaz dizia que a rotina semanal da sua sogra era ir ao candomblé, frequentar a sessão espírita e também participar de um estudo bíblico numa igreja evangélica. As pessoas têm um vazio no coração e estão à procura de uma espiritualidade plural, onde o que importa são boas sensações.

No campo evangélico a situação não é muito diferente. Há um forte apelo à magia. As pessoas querem se relacionar com Deus como se envolviam com as entidades espíritas. Elas dão ofertas pensando que, assim, Deus ficará preso em suas mãos. Há uma tentativa de controlar os poderes divinos. E até mesmo igrejas outrora históricas, que tinham a Palavra como base da sua fé, estão largando as Escrituras, e voltando-se para essa ‘feitiçaria evangélica’. Uma igreja, no Rio, colocou a seguinte placa na entrada do seu templo: “Hoje, sexta-feira da libertação. Faremos libertação com arruda e sal grosso.” Isso é macumba. Não é à toa que vemos 'crentes' aterrorizados por anjos, demônios, feitiçarias e magias espirituais.

A sociedade vive também amedrontada. Um pastor respondia pela sua igreja num Fórum, e o advogado que defendia a parte oponente o procurou, antes da audiência, e lhe disse: “Pastor, por favor, eu estou defendendo o meu cliente aqui, mas não ora contra mim lá na sua igreja, não!” O pastor lhe disse: “ Fique tranquilo: lá a gente não ora contra, não. Só a favor.”

C. S. Lewis disse que cometemos dois equívocos. O primeiro é supervalorizar o Diabo, satanizando tudo. Há gente atribuindo ao Diabo comportamentos que são seus. Um casal procurou um pastor, pedindo que ele orasse expulsando o ‘Demônio da Desavença e do Desentendimento’, que não saía da sua casa. O pastor, conhecedor das Escrituras, disse que não havia tal demônio. E que eles começassem a se responsabilizar por suas brigas e baixarias. O segundo equívoco é ignorá-lo, pois assim podemos nos tornar presas fáceis dos seus ardis.

A Bíblia, no entanto, nos garante que, para aqueles que já entregaram a vida a Jesus, não há mais nenhuma condenação (Rm 8.1). Jesus veio destruir as obras do Diabo (1Jo 3.8). E não precisamos ter medo de tocar nisto, manusear aquilo, ou tirar qualquer objeto de casa (Cl 2.20-22). A questão principal não é se o Diabo vai pegar você. É se você está ou não sob a proteção do sangue de Jesus Cristo. A Bíblia nos garante que “o Senhor é fiel, e ele confirmará e o guardará do Maligno” (2Ts 3.3). A nossa segurança está no caráter de Deus, a quem servimos. Ela também assegura que se resistirmos ao Diabo, ele fugirá de nós (Ef 4.30). E nós o combatemos em o Nome de Jesus.

A má notícia é que, conquanto o Diabo não possa destruir a igreja, você pode. Em Números 23, Balaque, rei dos Moabitas, contrata um macumbeiro da pesada, Balaão, para amaldiçoar o povo de Deus. Balaão era muito respeitado pelos poderes sobrenaturais que tinha. Ele aceitou a tarefa, mas Deus foi logo lhe dizendo: “Nem pensar! Este povo é meu.” Como estava em jogo muito dinheiro, e Balaão era muito ganancioso, ele ainda assim tentou amaldiçoar aquele povo. Mas Deus lhe disse: “Contra Jacó não vale encantamento nem maldição” (Nm 23.23). Então, ele foi e respondeu a Balaque: “nós temos forças espirituais, mas esse povo tem do lado dele o Deus criador dos céus e da terra.”

Aí Balaão deu um conselho a Balaque. Não dá para fazer danos ao povo através de magia negra, mas se você contratar umas prostitutas e colocá-las bem licenciosas, vestidas tipo periguetes, lá no meio daquele povo, o estrago vai ser muito grande. Balaque gostou do conselho, e as enviou. Aí os rapazes de Israel começaram a se envolver com aquelas garotinhas, e as mocinhas de Israel começaram a ‘namorar’ os marombados rapazes moabitas. A depravação foi tal que Deus destruiu 24 mil israelitas.

Só o que causa dano à igreja é o pecado dela. A única coisa que Satanás pode fazer contra o crente é colocar diante de nós tentações, para que alimentemos o coração com o pior que há em nós. Então, quando cedemos ao pecado, nos enfraquecemos espiritualmente, e nos esfriamos diante de Deus. E os nossos pecados limitam a atuação de Deus a nosso favor. E aquilo que Satanás não pode fazer em nós, o pecado faz.

Então, não tenha medo do toque do Diabo, pois “maior é o que está em nós, do que o que está no mundo”(1Jo 4.4b). O Senhor livra o crente de toda obra maligna (Ef 4.18). Mas não abra brecha ao pecado. Ele irá afastá-lo de Deus, da Sua graça, do Seu poder e dos seus irmãos na fé.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Com Cristo é Muito Melhor

Iniciei meu ministério pastoral em Guaíba, RS. Havia lá uma comunidade pobre, que descobriu que a Igreja Batista não cobrava nenhuma taxa para fazer o funeral. Então, comecei a ser convidado para dirigir cerimônias fúnebres.

Lembro-me de vários momentos difíceis. Num deles, fui convidado por um diácono para falar de Cristo à sua vizinha, uma octogenária, que estava hospitalizada. Cheguei lá no Hospital Municipal e expliquei àquela senhora, de uma maneira simples e clara, o plano da salvação. Ela me respondeu assim: “Pastor, quando eu sair daqui eu vou à sua igreja”. E cumpriu a promessa, porque naquela noite morreu, e seus familiares pediram que o corpo ficasse numa sala ao lado do nosso templo. Foi ali que vi uma das piores cenas de desespero. As quatro filhas, todas de meia idade, literalmente arrancavam os cabelos, e gritavam: “Nunca mais veremos nossa mãezinha!” A cena era deprimente e chocante.

Em outra ocasião fui solicitado a visitar uma senhora, cujo filho alcoólatra, de 35 anos, acabara de falecer. Os familiares queriam que eu assistisse a mãe durante o funeral. Enquanto esperávamos a chegada do corpo, passeei com ela por um jardim, e ela me dizia: “Pastor, eu estou desesperada assim porque eu sei que esse meu filho foi exatamente para o mesmo lugar onde o meu marido está. Ele foi para o inferno.” E contou que, tendo seis filhos, sendo três homens e três mulheres, criou as filhas na igreja. Mas o pai, que não era crente, disse que ensinaria os filhos a serem homens. E, desde pequenos, dava-lhes bebidas alcoólicas. Os três se tornaram alcoólatras. Enquanto isso, as três moças se tornaram boas crentes em Cristo e servas fiéis do Senhor. Aquele filho fora o “rei momo” do carnaval de Guaíba, naquele ano. Três meses antes de sua morte, o médico lhe disse: “ou para de beber ou morre”. Agora estava eu ali no seu funeral, tentando consolar aquela triste mãe.

Mas, já tive outras histórias. Faleceu a esposa de um crente muito fiel, casado há mais de 50 anos. Ao visitá-lo, ele me dizia: “Pastor, eu não sei o que estou fazendo aqui, porque tudo aquilo de mais precioso que eu tenho em minha vida está no céu. Porque lá estão a minha amada esposa e o meu querido Jesus.” Pouco depois, com absoluta serenidade, de quem parte para se encontrar com Jesus, ele faleceu.

A irmã Eurides Silva, querida esposa do meu professor da EBD, diácono Cândido Silva, passou muito tempo doente, e acamada, com dores atrozes na coluna. Seu marido e fiel companheiro a assistia. No início deste ano, já bastante debilitada, na presença do esposo, olhou para o lado, e disse: “Lá vem Jesus. Ele é lindo, lindo! Lá vem meu Jesus! É lindo!” E faleceu.

Por isso, inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo Paulo nos diz: “Meus irmãos não quero que sejais ignorantes acerca dos que já partiram, para que não sejais como os que não têm qualquer esperança. Pois se cremos que Jesus ressuscitou, cremos que os que dormem nele ressurgirão”. (1Ts 4.13,14).

O crente não ignora a morte. Não é um alienado no assunto. Ele fica triste com a separação, mas não com a tristeza de quem não tem esperança. Não sente tristeza de arrancar cabelos nem um desgosto inconsolável. Ele crê que assim como Jesus morreu e ressuscitou, ele também morrerá e ressuscitará e estará para sempre com o Senhor. Aliás, esse texto bíblico termina assim: “e assim, estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (1Ts 4.17).

É muito bom viver aqui com Cristo, mas morrer com Cristo é incomparavelmente melhor!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Adoração Produz Desejo de Servir

Na minha juventude usava um cabelo grande, arrepiado e, por que não dizer, horrível. Mas era a moda. Todo mundo usava cabelo grande. Namorava a Jane e, aos sábados, o pai dela perguntava: “O cabeludo vem aí, hoje?” Um dia, precisei tirar fotos para a carteira de identidade. Não sei como é hoje, mas naqueles dias o mínimo que se tirava eram seis fotos. Elas sobraram e, muito tempo depois, foram achadas pela minha filha Susana, e imantadas na geladeira lá de casa, com os seguintes dizeres: “procura-se: vivo ou morto?” Acho que afastava as moscas. Susana, na sinceridade da sua infância, olhou pra aquele pavoroso cabeludo, e perguntou: “Mãe, como é que você conseguiu gostar do pai, sendo ele tão feio?” Acho que a Jane lhe disse que “o amor é cego, surdo e mudo”. A minha resposta, hoje, é: “foi a graça de Deus”.

Você pode até rir do que está aí em cima, mas quem diria que um dia você, ou a sua filha, gastaria uma boa quantia de dinheiro para comprar uma calça comprida rasgada, num lugar sofisticado? Daqui a vinte anos quem estiver vivo rirá disso. E, talvez envergonhado, se lembrará que, quanto mais rasgadas, as calças ficavam mais caras. Mas hoje é moda, e muitas pessoas são reféns dela.

No meio evangélico também há modas. Veio a moda dos dons espirituais. Não se ia a um encontro evangélico sem que não se falasse do tema. Podia ser aqui, no Brasil, na Europa, ou na Conchinchina, que todo crente queria saber alguma coisa sobre dons espirituais. Até que veio o tempo da batalha espiritual. Se não estou enganado, a onda surgiu com o advento do livro “Neste Mundo Tenebroso”, de Franck Peretti. Igrejas faziam simpósios e não havia congressos de pastores, de jovens, de mães, de músicos, e até de rol-de-bebês em que o assunto não fosse abordado. Como sempre, surgiram centenas de livros sobre o tema, e até alguns poucos bons. Batalha espiritual fez também o ibope do diabo subir nas igrejas, a ponto de ele quase se tornar central na fé cristã. Tudo era o diabo. Não se ia a um culto sem que ele não fosse lembrado. Cunhou-se também a frase, não bíblica: “está amarrado em nome de Jesus”. Não havia reunião evangélica em que ele não fosse amarrado. Amarravam-no tanto, que ficava a pergunta: quem será que o soltava de novo? Outra vez, livros em catadupas foram consumidos pelos crentes. A febre passou para o tema adoração. Tudo era adoração. Embora hoje já não seja assunto central, adoração ainda é discutida.

Quem vai à Bíblia, encontra Isaías tendo uma experiência fascinante de adoração. Mas ele não ficou apenas contemplando ao Senhor. Ele se confrontou com a santidade de Deus; sentiu o seu pecado; confessou suas faltas; foi perdoado, e se ofereceu para o serviço. Agraciado por Deus, ouviu a sua voz, e se apresentou para a obra: “Eis-me aqui, envia-me a mim”, disse. É que adoração produz desejo de servir. O adorador cristão não é um místico. Hoje há uma massa de pessoas nos cultos, empanzinada em adoração, que não trabalha, só canta, canta, canta; pula,pula,pula; chora, chora, chora; celebra,celebra, celebra, e não faz mais nada! Adoradores ociosos. Só vêm aos cultos para adorar ou se fortalecer. Mas, a verdadeira adoração produz consagração. A pessoa diz: “eu quero fazer alguma coisa, eu quero me envolver com a obra”. Além de Isaías, foi essa a experiência de Pedro. Após declarar seu amor a Jesus, ele ouviu o Mestre lhe dizer: “apascenta as minhas ovelhas”. Assim, se você realmente adora a Deus, isso produzirá um incontido desejo de trabalhar em prol do seu reino. Ah!, só mais uma coisinha: adoração verdadeira nunca sai de moda. O resto é conversa mole pra boi dormir.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A bafando o Espírito

Na minha infância alguém que estivesse “abafando” era uma pessoa que estava se saindo muito bem. Mas, na fé cristã, quem está “abafando” está muito mal diante de Deus. Russel Shedd diz que a melhor tradução para a expressão bíblica “Não apagueis o Espírito” (1Ts 5.19) é “Não abafeis o Espírito”. Como é possível abafar o Espírito?

O primeiro relato bíblico que nos mostra como isso é possível está na história de Caim. Ele fez um sacrifício a Deus, mas aquilo não vinha do seu coração. Então, Deus veio conversar com ele. Eu acho impressionante o cuidado de Deus em vir lhe mostrar os equívocos da sua alma, e tratá-la. E isso me encanta porque é exatamente assim que Deus faz com a gente. E aí Deus disse a ele: “deixa eu orientá-lo, meu querido.” E Deus lhe disse que se ele fizesse o que era certo seria aceito. Mas se alimentasse no seu coração o desejo de pecar, o pecado do seu coração iria contra ele.

Sabe o que aconteceu? Assim que Caim terminou de ouvir a voz de Deus, ele se encontrou com Abel, e lhe disse: “vamos ao campo, mano?” E ali no campo ele assassinou brutalmente o seu próprio irmão. Ele ouviu o Senhor falando, mas abafou a voz de Deus no seu coração.

Deus também enviou Jonas para pregar em Nínive, mas ele não queria ser profeta lá. Depois de muita resistência, Deus o obrigou a ir. Ele foi e pregou de má vontade, e o povo todo se arrependeu. E Jonas ficou profundamente irritado com a conversão daquele povo. Deus veio conversar com o amuado Jonas, e lhe perguntou duas vezes: “É razoável essa tua ira?” E o pirracento profeta disse-lhe que sim. Muitas vezes há crentes que ficam cheios de razão até com os seus próprios pecados. E assim eles resistem e abafam as palavras do Espírito Santo.

Estevão foi levado diante do Sinédrio, e testemunhou de Cristo diante das autoridades judaicas, que eram os mais altos representantes da religiosidade judaica e, portanto, deveriam ser os guardiães da verdade em Israel. Ao longo do seu discurso, Estevão, cheio do Espírito Santo, disse que ‘eles sempre resistiram ao Espírito Santo de Deus’ (At 7.51). Então, rangendo os dentes de ódio, os religiosos o mataram. Como já dizia Billy Grahan: “nós podemos nos tornar religiosos o suficiente para nunca mais ouvirmos a voz de Deus no nosso coração”.

E o perigo maior é quando vivemos ouvindo o Espírito sem dar atenção a Ele. Então, de repente, nós podemos cair na situação de embrutecimento de alma. É isso mesmo. Há bons religiosos que podem se tornar profundamente embrutecidos à voz de Deus. Em Mc 3, temos um exemplo assustador disso: Jesus foi para a sinagoga num sábado, e viu um rapaz com uma das mãos ressequidas. Os religiosos estavam lá observando se Jesus faria ou não milagre naquele dia, para acusá-lo. Então, Jesus chamou aquele homem para o centro, e perguntou bem alto: ‘é lícito curar um homem no sábado, fazer o bem?’ Todos silenciaram. Aí Jesus o curou. A reação dos religiosos foi sair da sinagoga para conspirar a morte de Jesus.

Às vezes Deus fica tentando nos dizer coisas, e nós endurecemos o nosso coração, abafando a voz do Seu Espírito em nós. E se nos tornarmos religiosos embrutecidos, nós não O ouviremos mais. E muitas vezes nem damos conta do risco que isso trás para a nossa alma. Por isso, a Bíblia nos adverte: “Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração”.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A Volta do Filho Querido ao Lar

Querendo se preparar para o ingresso numa academia militar, meu filho foi para o Rio de Janeiro morar com a avó. Lá estavam os melhores cursos preparatórios para aqueles exames. De vez em quando eu telefonava para a minha mãe dizendo que ia descer a serra, e almoçaria com ela. Fazia isso algumas vezes.

Um dia meu filho me disse: “Pai, precisa ver a avó quando você diz que vem. Ela sai, vai ao supermercado e compra tudo o que você gosta. A comida lá já é muito boa, mas quando você vai lá é melhor ainda.”

A vida deu voltas, meu filho fez carreira militar, casou e foi para fora do Estado. Mas, de vez em quando ele telefona dizendo que vem passar uns dias aqui em casa. A mesma coisa que acontecia lá na casa da mamãe, agora acontece aqui conosco. Jane se prepara para receber o filho querido. Arruma seu quarto no capricho, compra e faz tudo o que ele e a nora gostam. E os trata com muito carinho. A filha, com certa dose de ironia, gosta de dizer: “já sei que o filhinho queridinho vai chegar!”

Quando estava nos últimos dias do seu ministério, na semana da sua morte, Jesus reuniu seus discípulos para as últimas orientações. Disse que Pedro O negaria; que um deles O trairia; todos fugiriam e Ele seria preso, condenado, morto e ressurgiria. Aquelas notícias deixaram seus discípulos atônitos. Eles se perguntavam: “o que será de nós, agora?”

Jesus então lhes disse: “Não se perturbe o coração de vocês.... na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (Jo 14.1-3 NVI). Era a promessa de que o nosso Deus é um pai amoroso, que sente prazer em arrumar o quarto e fazer o melhor para a chegada dos seus filhos ao Seu eterno lar. Lá receberão o bem-vindo do Pai Celestial, e terão as bênçãos e a alegria da Sua eterna companhia.

Por isso, o apóstolo Paulo escrevendo aos cristãos disse: “Irmãos, queremos que vocês saibam a verdade a respeito dos que já morreram, para que não fiquem tristes como ficam aqueles que não têm esperança. Nós cremos que Jesus morreu e ressuscitou; e assim cremos também que, depois que Jesus vier, Deus o levará de volta e, junto com ele, levará os que morreram crendo nele” (1Ts 4.13,14 – BLH). É verdade. Há vida feliz após essa vida, para os que confiam em Jesus. Morrer não é um salto no escuro. É ir para a Casa do Pai, e estar na companhia dEle para sempre. Ou como também disse Paulo: “porque, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fp 1.21). Assim, ele está em dúvida, pois se ficar, poderá ganhar mais pessoas para Jesus, mas se partisse ele sabia que “estaria com Cristo, o que é muito melhor.(Fp 1.23b)”

Para Deus, a morte do crente em Cristo é como a volta do querido filho ao lar!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Prossiga!

Fui pastor de uma querida família que vivia se lamentando por ter sido forçada a deixar a Rodésia, na África Austral, onde vivera muito bem. Em 1980, após uma longa guerra civil, a Rodésia se transformou em Zimbábue. Agora, passados tantos anos, a família não conseguia se desligar daquele tempo. Vivia olhando para trás.

Não é errado relembrar o passado, desde que não se fique enterrado nele. Saudosismo é a atitude de pessoas que dizem: “Não, antigamente é que era bom!” ou “As coisas de antigamente eram melhores!” Eu me lembro de muitas coisas boas do meu passado, mas não fico chorando pitangas, não. Quem vive chorando o passado encontra dificuldade para perceber Deus no momento, e principalmente para agradecer as coisas boas que Deus está fazendo hoje.

Foi o saudosismo que fez o povo de Israel se agarrar ao deserto, e ficar sempre sonhando com a possibilidade de um retrocesso. Eles chegavam para Moisés, e diziam: “Ah, que saudades das cebolas e dos pepinos do Egito!” Em outras palavras: lá que era bom! Só que esqueciam que lá, no Egito, eles não tinham liberdade nem identidade. E ainda tinham um trabalho muito pesado. Enquanto isso, no caminhar deles pelo deserto, Deus fazia cair todos os dias o Maná, que era um grande milagre. Com seus corações voltados para o passado ficaram impedidos de reconhecer aquelas bênçãos. Não conseguiam entender que nenhuma outra nação no mundo tinha tido o privilégio de ser sustentada num deserto, por 40 anos, e receber uma alimentação balanceada, nutritiva e garantida, que descia do céu todos os dias.

Outro problema de se viver voltado para o passado é o ressentimento, que é aquela atitude de ficar amargurado com as experiências que teve, e não conseguir virar a página. A pessoa não consegue caminhar um pouco mais porque se lembra de alguma coisa ruim que lhe aconteceu, e a feriu. Ela fica presa às amarras do passado.

Eu fico vendo tantos crentes que pararam na vida cristã porque, no passado, tiveram uma experiência negativa com a igreja tal. Alguns foram maltratados e feridos por um líder eclesiástico, e agora não podem mais se envolver com nenhuma igreja, com nenhuma comunidade cristã, porque a sua história se circunscreve aquele ponto lá do passado. E a pessoa não consegue ver que aquele incidente foi superdimensionado na sua vida. E, por causa disso, não consegue se libertar, e receber ou dar perdão. Gente que se tornou presa pelo ressentimento.

Quantas pessoas poderiam estar em plena comunhão com suas igrejas, desenvolvendo seus dons e ministérios, mas estão aí cheias de ressentimentos, cheias de inhacas velhas, paradas no tempo, virando verdadeiras “estátuas de sal”? Gente que desistiu de viver pelo que lhe fizeram ou porque naquela época era bom, hoje, não.

Quando estava para destruir Sodoma e Gomorra, Deus mandou seus mensageiros salvar a família de Ló. Mas eles deram a seguinte instrução: “Não olhem para trás!” Era uma forma de Deus dizer: “vocês precisam romper com tudo de ruim que há aqui nesta cidade e precisam agora caminhar! Mas não quero que vocês se tornem inoperantes na história. Não quero que vocês se imobilizem na vida. Quero que vocês consigam ver o novo, e as novas oportunidades que Eu estou dando.”

O apóstolo Paulo entendeu isso, ao dizer: “deixando as coisas que para trás ficam, prossigo para o alvo para o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus.” Ou seja, eu tenho de considerar que muitas perdas são ganhos, e que nem toda a perda é perda, e que nem todo ganho é ganho. E muitas vezes Deus tem de nos desmobilizar e desestruturar para nos redirecionar. E quando nossa vida está nas mãos de Deus podemos pensar: “portas que se fecham são iguais às que se abrem, se abertas ou fechadas por Deus.”

Onde estão seus focos, sonhos e desejos? Aonde você quer chegar? Não fique empacado no passado, naquilo que foi; no que fez, ou no que fizeram pra você. Deixe Deus mover o seu coração, e ajudá-lo a vislumbrar, com fé e esperança, o futuro de bênçãos que Ele ainda tem para a sua vida. Livre a sua alma. Prossiga para o alvo.

sábado, 10 de setembro de 2011

Antigo, Verdadeiro e Bom

Uma líder do Departamento Infantil de uma igreja procurou o novo pastor para lhe propor mudança na literatura que era usada para a classe bíblica das crianças. É que, segundo ela, a literatura da APEC (Aliança Pró-Evangelização de Crianças) falava muito de sangue e em morte. Ela temia que isso traumatizasse as crianças.

O sangue ocupa um lugar muito importante na teologia cristã. Não sei como ensinar a Bíblia às pessoas sem falar em sangue e em morte. Já no livro de Gênesis temos Deus matando um animal para vestir o primeiro casal que, com a entrada do pecado no mundo, se descobriu nu. Sem contar que, no Antigo Testamento, todo o povo de Israel trazia para um único lugar, o templo, animais para serem sacrificados. É por isso que havia escala ininterrupta de sacerdotes, para que o clero atendesse a necessidade de toda a população. Há até relatos bíblicos de dias especiais em que eram mortos milhares de animais, e todos os levitas e sacerdotes eram convocados para trabalhar. O templo era um verdadeiro matadouro.

Temos ainda os livros de Levíticos e de Hebreus cujo tema principal são os sacrifícios. E essa ideia de sangue vai percorrendo toda a Bíblia. Até que, finalmente, a Carta aos Hebreus sintetiza isso, dizendo: “E, sem derramamento de sangue, não há remissão. (Hb 9.22)” Então, não há como você ler ou ensinar as Escrituras Sagradas sem considerar o papel do sangue.

Já na minha infância os desenhos animados eram violentos. Tínhamos o Pica-pau, que era um passarinho perverso. A ideia original do seu autor, Walter Lantz, era criar um personagem irritante, que batia e fazia maldades por nada, com prazer em infelicitar os outros. Havia também o Papa-Léguas, que era conhecido em Portugal como o Bip-bip. Nessa série, um coiote vivia tentando atazanar a vida do Papa-Léguas pelas estradas. Era violência gratuita.

Bom, depois a geração infantil começou a curtir outro tipo de desenho, agora à cores. E gozava a anterior, cantando: “Não existe nada mais antigo do que caubói que dá três tiros de uma vez. A avó da gente deve ter saudade do Zing Pow, do cinto de inutilidades...”. E aí vieram desenhos animados mais violentos ainda. Um deles era o “Speed Race”, onde um jovem piloto participava de corridas guiando o Match 5, e sofria “golpes sujos” dos seus adversários.

Bom, depois veio a geração “He-Man”, desenho que virou febre para as crianças. Era violentíssimo também, com um agravante: tinha conotações místicas. Havia mortes e mais mortes gratuitas e ninguém pensava que aquilo iria traumatizar as crianças. He-Man vivia no planeta Etérnia, um mundo aparentemente medieval, mas repleto de tecnologias avançadas e de seres mágicos. O planeta era comandado pelo justo rei Randor, mas o inimigo Skeletor tentava dominar o castelo de Grayskull. Nessa época, muitos pais compraram a espada de He-Man para os seus filhos, e ninguém protestou. Essa geração também viu As Tartarugas Ninjas, Dragon Ball Z, Power Ranger e Liga da Justiça. Todos extremamente violentos.

Hoje, por não ter crianças em casa, já não acompanho de perto o que os nossos desenhos ensinam para a garotada, na TV. Mas a impressão que tenho é que a proposta são desenhos com violência gratuita, e a tentativa sub-reptícia de passar uma filosofia esotérica e mística. Sem contar os muitos games de murros, socos, tiros, sangue e mortes. E ninguém reclama.

Não tenho saudades do “Zing Pow”, nem do “cinto de inutilidades”, mas, desde cedo aprendi sobre o amor de Deus revelado no sacrifício de Jesus Cristo e não fiquei minimamente traumatizado. Aliás, gerações mais gerações aprenderam isso e foram beneficiadas com filhos equilibrados, pacíficos, desejosos de viver uma vida solidária com o próximo e bonita pra Deus. Talvez por isso, sinta saudades do tempo em que os pais se preocupavam em ensinar as histórias bíblicas para os seus filhos. E falando do “sangue de Jesus” também contavam a respeito do grande amor de Deus por eles.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Como Identificar um Verdadeiro Cristão

Olhando à nossa volta, fica cada vez mais difícil definir o que é ser cristão. Há, na Várzea, uma loja que vende “roupas cristãs”. Você encontra lá saias até o tornozelo (hoje também na moda) e blusas com mangas compridas. Em nome de Jesus alguns não tomam remédios. Em nome de Jesus uns guardam o sábado. Em nome de Jesus alguns tocam o shofar e celebram a Festa dos Tabernáculos. Em nome de Jesus outros caçam “clientes” para oferecer milagres, sem que se diga aos consumidores o alto preço que eles vão pagar pela “bênção”. Hoje, há gente que acultura Jesus com a sua concepção do mundo e começa a autodenominá-la de "cristã".

Ninguém nasce cristão. A pessoa se torna cristã. Nem quem nasce filho de cristão é cristão. Frequentar uma igreja cristã também não faz ninguém se tornar cristão, assim como entrar numa garagem não faz de ninguém um automóvel.

Biblicamente, cristão é aquele que desistiu do caminho onde andava e deu meia volta. O cristão é alguém que de uma guinada radical na vida. Teve o discernimento: “estou errado”. Descobriu que estava caminhando por um caminho bom, mas errado. A vida dele não era, necessariamente, escabrosa, devassa, depravada. Ele se arrependeu do rumo por onde ia, e começou a dirigir seus passos em outra direção. Ele compreendeu que precisava mudar de vida. Ninguém pode ser cristão vivendo de maneira errada.

Agostinho era um homem de vida devassa. Um dia, já convertido a Cristo, caminhava por uma rua quando avistou, ao longe, sua ex-amante. Mudou de lado. Ela também atravessou a rua. Ele voltou para onde estava. A mulher, do outro lado da rua, gritou: “Agostinho, eu estou aqui!”. Ele respondeu: “Mas eu não estou”. Ele se arrependeu, mudou de vida, trocou de caminho e começou uma nova jornada.

Mas não basta se arrepender. É preciso crer. Mas não é ter fé em qualquer coisa. Não é crer em igreja, numa religião ou na bondade humana. É crer numa pessoa. O evangelho é crer em Jesus Cristo. O cristão é a pessoa cuja fé se apropria da graça e da misericórdia de Deus revelada em Jesus Cristo, que morreu por nossos pecados na cruz do Calvário. A fé que tem valor é a da graça de Deus manifestada em Cristo.

As pessoas dizem que Jesus Cristo morreu porque pregava o amor. Ninguém morre por pregar o amor. Você já viu alguém pregar ódio? Só alguns seguidores de Alá, que andam bombardeando prédios, aviões e pessoas. Jesus morreu porque pregou a si mesmo: “eu sou o caminho...”, “eu e o Pai somos um”, “venha a mim se estiver cansado....”, “eu sou a porta...”, “se alguém tem sede venha a mim e beba”. O tema da pregação de Jesus foi Ele mesmo. Foi morto sob a acusação: “tu dizes que és Deus”, foi isso que O levou a morte. Cristão é o que crê somente em Cristo. Não é admissão intelectual, mas adesão. Mexe com seus sentimentos, e leva a segui-lo. Mexe com a sua vida, e a pessoa se junta a Ele confiantemente. Quem crê nele vive com Ele, anda com Ele e vive para Ele, faz dele seu alvo.

Há mais: o cristão aceita ser um aprendiz de Jesus. Jesus não chamou ninguém para que se sentisse bem, ou para que tivesse uma profunda emoção. Não disse que os que lhe seguissem não teriam mais problemas financeiros ou seriam usinas de saúde. Ser cristão não é externar emoções nem recitar um credo. Seguir a Cristo é tornar-se um com Cristo. Quem segue Jesus acaba mostrando o caráter de Cristo. Não é só festa, não. Não é só celebração. Não é ir a um templo para participar de um louvorzão. É mostrar o caráter de Cristo, aprender dele e reproduzir suas atitudes e deixar Deus fazê-lo mais parecido com Ele. Deus vai colocar na sua vida as marcas pessoais da presença de Jesus em você. Isso é ser um verdadeiro cristão.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Como Saber se o Prodígio é Divino ou Não.



Alguns anos atrás, o Globo Repórter apresentou um homem de Santa Catarina, SC, que, ao se aproximar de uma pessoa, identificava os males que lhe afligiam. Ele dizia: “a senhora sente isso, e isso...”. Boquiabertas, as pessoas constatavam que seus prognósticos eram absolutamente corretos. Levado a um professor da Universidade de Brasília, antes de tudo, detectou os problemas físicos do mestre. O senhor explicou que, quando uma pessoa se aproximava dele, ele passava a sentir as dores da pessoa no seu corpo. Estava desejoso de se desvencilhar daquele fenômeno. Isso vem de Deus ou não?

Certa vez fui procurado por uma senhora que me disse que, desde cedo, tinha o dom de discernir o que acontecia na vida das pessoas. Ela, mesmo sem querer, e sem que ninguém lhe contasse, lia suas mentes e percebia claramente os seus problemas, angústias e males físicos. Disse-me que ao passar diante de prédios desvencilhava os inúmeros problemas do condomínio. Por tudo isso, não gostava de ir a restaurantes, festas ou reuniões com muitas pessoas. Fez psicologia, abriu consultório e, embora não dissesse nada a suas clientes, conseguia perceber o que ia dentro do coração delas. Afirmou-me ainda que, após se converter a Jesus Cristo, o fenômeno tornou-se mais claro ainda. Dizia que não se sentia feliz com aquilo, pois carregava consigo o peso do mundo. Isso vem de Deus ou não?

Em Atos 16, Paulo e Silas passeavam por Filipos e se depararam com uma pitonisa, que testemunhava a todos: “São servos do Deus altíssimo estes homens que vos anunciam um caminho de salvação!” Embora Jesus não seja “um caminho”, mas “o caminho da salvação”, a mulher falava a verdade, mesmo sob a inspiração de um demônio. Ao discernir a fonte daquelas previsões, Paulo disse: “Eu te ordeno em nome do Senhor Jesus Cristo que saias dela”. Diz o texto: “E na mesma hora saiu”. É que Satanás pode se transformar em anjo de luz (2Co 11.14).

Por outro lado, em Atos 21, lemos que Ágabo tomou uma cinta de Paulo, ligando seus pés e mãos, e disse: “Os judeus ligarão em Jerusalém o homem a quem pertence esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios”. Quem conhece Bíblia, sabe que foi exatamente isso que aconteceu. Em Jerusalém, Paulo foi acusado de ter introduzido gregos no templo, foi espancado e preso por gentios.

De vez em quando ouvimos de fenômenos extraordinários que causam discussão no meio evangélico. Aquilo vem de Deus ou não? Será isso uma prova de espiritualidade, de capacitação que é dada do céu? Não podemos dizer que são todos demoníacos nem que vêm todos de Deus. Temos de ter cautela, e bom-senso.

É muito comum encontrarmos pessoas que, se dizendo profetas de Deus, fazem previsões bombásticas. Algumas até dão certo. Deuteronômio 18.20-22 diz que a palavra que é dita em nome de Deus sempre se cumpre. Mas, como já vimos, não basta esse critério. Há ainda quem faça previsões previsíveis, tipo: “o irmão viajará, e terá uma surpresa....” Esses me fazem lembrar do Pr. Israel Belo de Azevedo quando era foca (jornalista iniciante), e fazia a coluna de horóscopo do seu jornal. Ele escrevia generalidades óbvias, e se divertia com suas previsões.

Então, diante desses fenômenos, quais são os critérios para se afirmar que uma coisa veio de Deus? É verificar as respostas a estas perguntas: Este dom me faz amar mais a Deus e ao seu Filho Jesus Cristo? Ele é desenvolvido para dar glória a Deus ou a mim? Este prodígio me faz querer submeter a minha vida mais à Bíblia e ao Espírito de Deus? Tem me levado a confiar mais em Deus e nas suas promessas? Tem me ajudado a obedecer ao Senhor Jesus? Isso tem feito com que minha vida seja usada para o avanço do evangelho, ou para que eu consiga notoriedade e lucros financeiros? Quem for sábio encontrará outras perguntas. Mas o princípio geral é este: experiências que são de Deus nos levam a amá-lo mais; a obedecer mais a Bíblia, a ficar mais dóceis ao Espírito Santo, e viver mais dispostos a servi-lo, e a engrandecer o nome de Jesus. Em suma: os dons de Deus apontam para a glória de Deus, e não do homem.



quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cuide-se, Vá ao Médico!



Uma irmã da igreja começou a sentir uma dor incômoda nas costas enquanto participava do culto dominical, mas não a levou muito a sério. Na quarta-feira, pela manhã, a dor retornou mais aguda. Como ela estava sozinha com o neto, como fazer? Lembrou-se de telefonar para a vizinha, que rapidamente chegou à sua casa. Logo telefonaram para a filha, que prontamente saiu do serviço e foi atender a mãe. Finalmente, ela foi internada no HCT, com sintomas de pré-infarto. Graças à prontidão da vizinha e da filha, ela chegou a tempo de ser medicada.

De um tempo pra cá, os recursos da medicina têm avançado. Um oftalmologista me disse que, hoje, usa colírios para muitos males que antigamente só eram resolvidos com cirurgia. Isso é fantástico. Há também uma incidência tremenda de gente com câncer. Talvez o aumento de diagnósticos de câncer seja a conjugação do aperfeiçoamento de técnicas investigativas da medicina com a comida plástica e a vida estressada dos nossos dias. Mas, atualmente, se diagnosticados no início, muitos tratamentos cancerígenos têm uma alta taxa de cura.

Já contei que sofri um AVC hemorrágico, no tronco central do cérebro, quando pregava na PIBT, há onze anos. Fui levado às pressas à extinta Casa de Saúde, e já não andava quando lá cheguei. Como o laudo pra quem tem isso é morte ou coma profundo, e eu estava absolutamente lúcido, a princípio fui tratado como se tivesse tido AVC isquêmico. Se não morresse do mal poderia ter morrido pela medicação que me foi dada. Quando o neurologista, famoso na cidade, me viu, disse à Jane: “Aquele lá de cima gosta muito do seu marido.” Jane disse que sim, e informou-o de que eu era pastor. Aí o médico ficou receoso, e afirmou: “Mas ele terá que ser tratado.” Jane prontamente o atendeu: “Nós sabemos, e estamos orando para que Deus use inclusive o senhor.” Ai o médico disse: “Ah, bom!” Por sermos crentes, ele pensava que dispensaríamos o tratamento médico. Após nove dias, recebi alta hospitalar, e ainda não andava. Dois meses e meio depois estava curado, sem nenhuma sequela. Meses depois, vendo minhas ressonância e tomografia, um neurocirurgião disse: “o senhor é a única pessoa que, tendo isso, está viva para contar a história. Celebre a vida.” Deus usou a Sua graça conjugada com a ciência médica.

Há crentes que não vão a médico achando que estão fazendo um grande negócio. Alguns têm até um santo orgulho disso. Gente que diz: “Em nome de Jesus estou curado!” ou “Em nome de Jesus essa doença está repreendida.” Creio também em milagres. Mas o fato de crer na ação sobrenatural de Deus não me isenta de fazer a minha parte. Quando Deus criou o homem, ele disse: “crescei, multiplicai e frutificai”. Ao homem foi dada a inteligência para que frutificasse ideias, invenções e conhecimentos que melhorassem a vida na terra. E quando Jesus ressuscitou a Lázaro, Ele não dispensou o trabalho humano. Pois disse: “tirai a pedra”. Aquilo que o homem podia fazer, Ele não fez. O apóstolo Paulo curou homens no livro de Atos, em nome de Jesus, mas parou na Galácia para se tratar de uma enfermidade (Gl 4.13,14), e aconselhou a Timóteo que tomasse vinho por causa do seu problema gástrico (1Tm 5.23). Ciência e fé não estão necessariamente dissociadas. Aliás, o evangelho de Lucas foi escrito por um médico.

Assim como sofremos acidentes no trânsito, nosso corpo também está sujeito a acidentes internos. É um hormônio que deixa de ser secretado. É o corpo que cria resistência à insulina. É uma artéria que é obstruída ou os rins que deixam de filtrar adequadamente o sangue. Enfim, ficamos doentes por fatores genéticos, por fatores ambientais, por descuido com o corpo e por acidentes. Há também distúrbios mentais, e o crente não está isento disso. Igualmente, deve procurar um profissional dessa área médica para se tratar. E tem que tomar remédio, se prescrito. Não é falta de fé em Jesus Cristo fazer isso, é bom senso.

Com a graça de Deus, e com a ajuda desses profissionais, muitos crentes têm sido abençoados. Por isso, obturamos cáries, usamos dentaduras e fazemos implantes dentários. Também usamos próteses, stents, óculos, parafusos ortopédicos, implantes, placas, palmilhas, marcapasso cardíaco, tiramos raio-x, tomamos remédios e tudo É Deus usando a medicina. Então, meu irmão, não espere o seu quadro se agravar para procurar um médico. A fé e a inteligência nos foram dadas por Deus. Vá se submetendo aos conhecimentos médicos, e confiando que “toda boa dádiva, e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das Luzes...” (Tg 1.17). Você corre o risco de descobrir que aquele médico e remédio foram também a boa dádiva de Deus para o seu caso.


sábado, 20 de agosto de 2011

Não Confunda a Boda com o Casamento



O Pastor Olavo Feijó nos dizia que quando alguém chegava para ele perguntando se fazia casamento misto, ele respondia: “Só faço casamento misto, entre homem e mulher.” Agora, muitas pessoas me perguntam se faço casamento, e eu respondo: “Não faço casamento. Só faço cerimônias de casamento. Quem faz casamento são os cônjuges.”

Comecei meu ministério pastoral muito novo, sem convicções se deveria fazer cerimônias entre crentes e não crentes. Então, na dúvida, optei por fazê-las. No meu modo de pensar, eu dizia: “se eu não fizer nem por isso eles deixarão de se casar. Então, fazendo, terei oportunidade de me aproximar da pessoa não crente e iniciar amizade com ela.” Depois de nove cerimônias, entrei em crise. Analisei todas aquelas nove famílias e descobri que em nenhuma delas o cônjuge crente estava mais firme na fé. Vi também que seus filhos não estavam sendo encaminhados à igreja e a influência sobre a parte incrédula era mínima. Convoquei os diáconos, os jovens e os adolescentes, em reuniões distintas, e pedi que fizessem uma análise daqueles casamentos. Eram todos parentes deles. E a turma chegou à mesma conclusão minha. Então, declarei a igreja: “de hoje em diante, eu não faço mais casamento entre crente e não crentes”. A igreja respeitou a minha decisão.

Logo depois, percebi que esta decisão provocou uma mudança na vida dos nossos jovens. Eles, agora, não estavam tão abertos a um relacionamento com incrédulos. Vi que muitos deles começaram a se interessar em namorar jovens crentes. Aquilo foi bom para todos.

Gostaria muito que cada casal se empenhasse pelo casamento como se preocupa com a boda. Muitas vezes fico vendo os noivos tão assoberbados com a cerimônia, que digo a mim mesmo: se eles levarem tão a sério a vida conjugal quanto são criteriosos com a boda, vai dar certo. Acontece que muita gente pensa que o casamento foi feito na data x. E não sabe que casamento é feito todos os dias. Lá no passado ficará a lembrança da boda, mas só quando nos esforçamos todos os dias para agradar e suprir as necessidades do outro é que o casamento se torna uma grande festa.

Quando o povo de Israel passou a seco o Mar Vermelho, eles pararam na outra margem para celebrar. Logo depois foi feita uma boda com Deus, com uma grande festa, com muita música e danças. Todos estavam alegres e maravilhados. Aí o Senhor mandou que o povo começasse a marchar. Eles andaram três dias e não encontraram água. Então, começaram a esquecer a grande vitória anterior e se queixar. Finalmente, já exaustos, encontraram água, mas era amarga. Aí veio um chororô, acompanhado de muita murmuração contra Deus.

Tenho visto casamentos assim. Casais que começam a vida conjugal com uma grande boda. Há muita música e alegria. Então, finalmente, começam a caminhada conjugal e aí vêem que só estavam preparados para a festa. Não se equiparam para as dificuldades da vida a dois. O casal está diante de águas amargas, e um começa a reclamar do outro, não sabendo o que fazer.

E lembrar que a minha boda foi muito simples. Tínhamos um bolo e refrigerantes. Se ela espelhasse o meu casamento, então, ele estaria fadado ao fracasso. Mas, na minha caminhada conjugal, já me casei várias vezes, e sempre com a mesma esposa. É a adaptação, a vontade de acertar, a necessidade de mudar e alegrar o coração do outro, que faz o casamento dar certo e ser um evento para a vida inteira. Estou fazendo o meu casamento e de vez em quando sou chamado para fazer algumas bodas.

Trabalhe para que o seu casamento hoje seja muito melhor do que aquele de anos atrás. E que o de amanhã seja melhor do que o de hoje. O segredo é simples: torne-se um melhor marido ou esposa a cada dia, então o seu casamento será bom sempre.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

" O Camburão"



Camburão era o nome dado ao carro de polícia que fazia rondas pela cidade. Pessoas suspeitas, geralmente negros, bêbados ou pobres, eram abordadas pela Polícia Civil. Os policiais saiam da viatura e exigiam a identificação da pessoa. Caso fosse constatada alguma irregularidade, a pessoa era detida, e levada para a delegacia, na traseira do veículo.

“Camburão” era também o apelido que meus colegas davam ao meu pai. Não poucas vezes, antes mesmo dele avistar a mim ou aos meus irmãos, éramos avisados pelos colegas: “Renato, ‘o camburão’ está lá no bloco D”. Ou: “Ricardo, vi seu pai no bloco A”. Ou ainda, “Jeiel, seu pai andou procurando vocês”.

É que, apesar de sair muito cedo para o trabalho e chegar depois das 20h em casa, meu pai tinha o costume de sair e procurar cada filho. Queria saber onde estávamos, com quem e o quê fazíamos. Quando nos via, ele nos abraçava, beijava, e expressava alegria e amor por nós. Não poucas vezes, ele também nos cheirava, para perceber resquícios de fumo. Ele bem sabia que a juventude daquele lugar vivia em busca de novidades e aventuras. Sabia que adolescentes são suscetíveis ao grupo. No dizer de Rubem Alves, são verdadeiras maritacas, que gostam de fazer tudo em bando. Papai sabia que era muito difícil não se deixar dobrar pela influência dos outros. Então, mesmo cansado, todos os dias saía à nossa procura. A expressão ainda não havia sido cunhada, mas papai, “o camburão”, fazia com que pagássemos o maior mico diante dos colegas. Sentíamos uma vergonha enorme por causa dele. Dos seis blocos de apartamento daquele condomínio, ele era o único pai que, diariamente, andava a procura dos filhos.

“O Camburão” também tinha regras claras. Só podíamos ficar na rua até às 22h. Muitas vezes questionávamos aquela ordem, dizendo: “nós somos os únicos que temos de chegar a casa às 22h. Todos os nossos amigos ficam na rua até muito mais tarde”. Papai, “o Camburão”, não se comovia. Os outros não eram filhos dele. Os dele, ele cuidava.

Vi quando muitos daqueles colegas começaram a se envolver com drogas, por pura curiosidade e brincadeira. Infelizmente, assisti de perto o processo de degradação de outros. Testemunhei o desespero por dinheiro. Vi filhos de gente boa vendendo roupas de grifes por ninharia, depois arrombando carros, para conseguir dinheiro para as drogas. Nunca vi seus pais lá na rua fazendo rondas. Logicamente, não viram nada disso. Entendi, então, quando o governo lançou uma campanha antidrogas com o seguinte slogan: “seja pai do seu filho, antes que um traficante o adote”. Enquanto isso, “o Camburão”, meu pai, continuava a sua rotina de rondas. Benditas rondas.

Aquelas rondas chamavam-se amor, pois quem ama cuida. Aqueles limites, que tanto me envergonhavam, chamavam-se zelo. E aqueles constrangimentos diante dos colegas tornaram-se saudosas recordações de um grande amigo. Hoje, agradecemos a Deus pelo “Camburão” que marcou e abençoou as nossas vidas.

A você, pai, cuja vida tem sido um exemplo de retidão, amor, zelo e dedicação aos filhos, contando esta história rende-lhe homenagem um filho saudoso, que foi amorosamente detido pelos braços de um “Pai-Camburão”.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Marcha dos Desqualificados

Uma comissão de sucessão pastoral de uma Igreja Presbiteriana, nos EUA, trabalhou na procura de uma pessoa qualificada para ser o seu pastor. Então, querendo mostrar que nas Escrituras Sagradas Deus sempre usou gente desqualificada para liderar Seu povo, trouxe um “relatório confidencial”. Nele, ela dizia estar encontrando muita dificuldade em achar uma pessoa competente. Eis as análises dos candidatos com quem estava trabalhando:

“1) Pastor Adão – É um bom homem, mas tem problemas com a esposa. Uma das informações que tivemos diz que ele e sua esposa gostam de ficar andando nuns entre as árvores da floresta. Não serve pra nós. 2) Pastor Noé – Foi pastor durante 120 anos. Não há sinais de que alguém tenha se convertido durante o seu ministério. Ele tem tendências de estabelecer projetos irrealistas e é megalomaníaco. Não serve para nós. 3) Pastor Abraão – Temos informações veladas de que tem problemas sérios com a sua esposa, embora os fatos pareçam mostrar que ele mesmo nunca dormiu com a mulher de outro homem. Mas ele ofereceu a sua esposa para dormir com outro homem. Então, não vai prestar. 4) Pastor José – É um grande pensador, mas, no seu histórico, crê em interpretações de sonhos e já esteve preso. Portanto, não vai servir pra nós também. 5) Pastor Moisés – Homem manso, mas pobre em comunicação. Algumas vezes ele é até gago. Age intempestivamente em outras. Alguns afirmam que teve de sair correndo de um lugar sob suspeita de assassinato. Não serve pra nós.
6) Pastor Davi – É o líder mais proeminente que descobrimos, mas teve filhos problemáticos. E também teve um caso com a mulher do seu vizinho. Não presta pra nós. 7) Pastor Salomão – Grande pregador, mas é mulherengo. Não serve. 8) Pastor Elias – Tem tendência a depressão, e desaba quando está sob forte pressão. 9) Pastor Oséias – Um rapaz amoroso, mas não devia estar no ministério com uma esposa que ocupa aquela profissão (prostituta). Então, não dará certo. 10) Pastora Débora – Definitivamente não pode ser. É mulher. Precisa dizer mais alguma coisa? 11) Pastor Jeremias – Emocionalmente instável. Alarmista, negativista, sempre se lamuriando. Fomos informados de que, certa vez, fez longa viagem para enterrar suas ceroulas no banco de um rio de outro país. 12) Pastor Isaías – Afirma ver anjos ao redor da igreja. Além do mais, tem problemas com a sua linguagem. 13) Pastor Jonas – Definitivamente este não dá. Recusou o chamado de Deus para o ministério. Ele foi engolido por um peixe, que o cuspiu perto do lugar onde precisava pregar. Desistimos. 14) Pastor Amós – É muito rural e muito rude nas suas declarações. Se receber um treinamento no Seminário, pode se tornar um líder promissor. É uma pessoa preconceituosa contra gente rica. Talvez seja mais apropriada uma congregação de pessoas pobres. 15) Pastor João – Diz que é batista. Aí, complicou, né? Gosta de dormir ao ar-livre e usa uma indumentária estranha. Sempre usa uma linguagem agressiva contra outros líderes denominacionais. 16) Pastor Pedro – Uma pessoa simples demais. Além de ter um temperamento forte, algumas vezes chegando até a amaldiçoar. É agressivo. 17) Pastor Paulo – É um líder executivo clássico, embora não seja um grande orador. Contudo, não tem muito tato no trato com as pessoas. E costuma pregar a noite inteira, em longos e intermináveis sermões. 18) Pastor Timóteo – É muito menino. Novo demais. Não vai dar certo. 19) Pastor Jesus – Muitas vezes é um líder popular, mas quando a sua igreja cresceu muito, resolveu deixá-la com os líderes subalternos. Raramente permanece num mesmo lugar por muito tempo. E, obviamente, é solteiro. Então, não dará certo. 20) Pastor Iscariotes – Suas referências são sólidas. Ele é conservador. É também atento às coisas que acontecem ao seu redor. Tem boas relações com pessoas de outras denominações. Sabe administrar o dinheiro. Nós o convocamos para pregar em nossa igreja no próximo domingo, e estamos esperançosos quanto ao seu nome.”

Esta é a marcha dos desqualificados das Escrituras Sagradas. Deus não procura pessoas perfeitas, mas pessoas disponíveis para a Sua obra. Deus não chama pessoas cheias de si, mas pessoas que Ele pode agir no meio delas. Com todas as suas limitações, todos esses homens foram grandes nas mãos de Deus. Nenhum deles era perfeito. Gosto do que Paulo diz à Igreja de Corinto: “Não que nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa como se partisse de nós, pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança” (2Co 3.5,6). Traga o que você tem e apresente-se a Deus. Ele é especialista em usar gente desqualificada e imperfeita. Traga o que você tem, e deixe nas mãos d’Ele!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

"O Importante é que Emoções eu Vivi!"

Anos atrás, a PIBT preparou um musical que envolvia a participação de coros, orquestras, cantores, coreografias e um grupo teatral. A preparação foi trabalhosa. Muitos crentes se envolveram nos ensaios musicais, outros na parte elétrica e na peça teatral. Alguns ajudaram no som, na montagem do palco e no audiovisual. Alugamos um teatro na cidade, e por dois dias apresentamos a mensagem do amor de Deus, exaltando a bênção de termos Deus conosco. Ao final, várias pessoas fizeram decisão por Cristo. Poucos dias depois fui visitar um dos decididos, que me recebeu muito bem na sua casa. Ele me disse que, tocado pela emoção, resolveu ir à frente pedindo as bênçãos daquele Deus na sua vida. Passou. Agora, ele estava envolvido numa campanha política prestes a começar na cidade, mas depois se dedicaria ao Senhor. Sumiu. Aquilo foi apenas uma emoção.

O culto já havia começado quando o rapaz de meia idade, com uma tala que cobria um machucado no pé, entrou e sentou-se num dos nossos primeiros bancos. Ao longo do culto, ele ora desfazia a tala e tornava a enfaixar o pé. Parecia um pouco alheio, até que chegou o momento da mensagem, quando ele prestou muita atenção. Ao apelo do pastor, surpreendentemente, ele veio à frente, abriu as mãos, e num grito lancinante disse: “eu entrego a Cristo tudo o que tenho e sou!” A congregação reagiu num misto de medo e fascínio. Talvez Deus tivesse realmente tocado aquele homem, ou era um louco. O tempo passou, ele voltou outras vezes ao nosso templo, mas nunca se comprometeu com Deus nem com nada. Foi apenas uma emoção.

Num culto de Missões, o missionário começou a dar testemunho daquilo que Deus estava fazendo no seu ministério. Sentado no meio do templo, o rapaz profundamente tocado, pensou: “vou dar uma grande oferta para Missões”. O missionário contou das suas dificuldades e como, mesmo assim, Deus estava atraindo muitas pessoas a fé. O rapaz eletrizado com aquilo, pensou: “quem sabe vendo a minha motocicleta e dou um pouco mais para Missões”. O missionário então citou as limitações e necessidades, e o garotão pensou: “vou doar todo o meu salário para Missões”. O missionário prosseguiu, agora lendo um texto bíblico, de onde embasava a sua fala. O moço pensou: “quem sabe largo meu emprego, e dedico toda minha vida para Missões.” Mas o missionário não falava pouco, e a pregação se estendeu. Então, o rapaz começou a se desligar da mensagem, pensando: “não, vou dar apenas aquela oferta inicial de Missões. Se Deus fez Missões até agora sem mim, eu não sou tão importante assim.” O pregador não parava de falar, e o rapaz, já preocupado com o relógio e impaciente com a pregação, disse: “não, não preciso dar oferta nenhuma. Vou orar para que Deus ensine esse missionário a falar pouco”. O culto acabou, e o rapaz foi embora. O seu envolvimento com Missões não passara de breves e intensos momentos de emoção.

O alvo de muitas pessoas no culto atualmente é experimentar a letra da música mais cantada por Roberto Carlos nestes últimos 25 anos: “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.” Eu até poderia começar esse artigo sobre o comportamento do evangélico nos templos, hoje, com o mesmo clichê do cantor: “são tantas emoções!”

A emoção faz parte do culto. Algumas vezes fico profundamente emocionado enquanto estou pregando. Aí, a voz fica um pouco embargada, e eu me esforço para prosseguir, sem que isso afete o meu raciocínio e, consequentemente, a pregação. Outras vezes ouvimos músicas, pregadores, e somos quebrantados pelo Espírito Santo. Mas não se vive a fé cristã apenas de emoção. Há muitos crentes que classificam se um culto foi bom ou ruim pela emoção que sentem. Mas você pode ir a um teatro, e lá também vai sorrir e/ou chorar. Pode ir ao estádio e vibrar ou se desesperar com o seu time de futebol. Só que isso também vai passar. A fé cristã é muito mais que emoção. É fidelidade. É levar a sério os desafios de Deus para a sua vida. É o empenhar da palavra dada a Deus. É assumir um compromisso de fé e lealdade a Jesus. Aliás, eu defino melhor a fé cristã assim: “Para Deus, mais importante que as emoções é o compromisso que assumi e cumpri.”

sexta-feira, 15 de julho de 2011

“Plunct, Plact, Zum!”

“Acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo vos acolheu, para a glória de Deus.”
Rm 15.7

Raul Seixas fez uma música chamada “O Carimbador Maluco”, para o musical infantil “Plunct, Plact, Zum”, exibido na rede Globo, em 1993. Nele, um grupo de crianças proibidas de fazer as coisas que amavam, planejam se mudar para outro planeta. Elas arrumam uma nave espacial maluca, mas, no caminho, as crianças se deparam com um burocrata, que exige os documentos da nave. A música cantada por aquele funcionário público, dizia: “plunct, plact, zum! Não vai a lugar nenhum!”

No Novo Testamento, o apóstolo Paulo trata das divergências que ocorriam entre os cristãos da Igreja de Roma. Alguns deles começaram a julgar os outros por causa de comida (Rm 14.1-4). Eles achavam que determinadas comidas não podiam ser digeridas pelos cristãos. Os irmãos julgados, por sua vez, começaram a desprezar seus críticos. Havia também divergências por questões de dias (Rm 14.5). Uns achavam que alguns dias eram mais importantes que outros para a fé cristã. Outros achavam que não.

Hoje, cristãos continuam tendo divergências sobre muitos assuntos, e isso é facilmente constatado pela multiplicação de igrejas, denominações e seitas evangélicas. Algumas dessas divergências são absolutamente inócuas. São plunct, plact, zum. Não vão a lugar nenhum. Por isso, aos crentes em Roma, o apóstolo Paulo disse que cada um devia pensar do jeito que quisesse (Rm 14.5,6). E que essas coisas não eram essenciais para a fé cristã, pois o Reino de Deus não é comida nem bebida (Rm 14.17), e, no final, cada um dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14.12).

O apóstolo também ensinou que devemos seguir as coisas que ajudam na edificação mútua e que não devemos ser pedra de tropeço na vida de nenhum irmão (Rm 14.19,20). E que podemos abdicar de coisas que aprovamos para que outro irmão não tropece na fé (Rm 15.1,2). Nisso tudo, há três versículos importantíssimos: “Pois se teu irmão se entristece por causa da tua comida, não estás andando segundo o amor fraternal” (Rm 14.15). “A fé que tens, guarda-a contigo mesmo diante de Deus. Feliz é aquele que não se condena naquilo que aprova. Mas o que tem dúvidas é condenado se comer, pois o que ele faz não provem da fé; e tudo que não provem de fé é pecado. (Rm 14.22,23)” Ou seja, um bom princípio a ser observado sempre é: “nas pequenas coisas, diversidade; nas questões capitais, unidade; em todas as coisas, caridade”.

E, concluindo esse assunto, o apóstolo Paulo disse: “Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu, para glória de Deus. (Rm 15.7)”. A palavra acolher, no grego, pode também ser traduzida por aceitar. Esse acolhimento e aceitação são fundamentais quando consideramos a importância dos relacionamentos para os discípulos de Jesus. Sabe por quê? Porque você vai ter sempre crentes que pensam diferente de você, sobretudo em assuntos secundários. E esses aspectos são plunct, plact, zum. Ou seja, você vai discutir, discutir, discutir, e não vai chegar a nada.

Então, em vez de você ficar valorizando as diferenças que possui, valorize a identidade que você tem com seu irmão em Cristo. Olhe para o lado, e acolha o seu irmão, não para criticá-lo ou para julgá-lo, mas para amá-lo e cuidar dele. Essa é a exortação da Palavra de Deus para nós. É como se dissesse: “ao crente é proibido fazer tempestade em copo d’água”. Não seria muito bom se todos seguissem esse conselho bíblico?

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Para que Serve uma Bíblia?

Para que serve uma Bíblia que nunca é aberta? Para nada. Uma Bíblia fechada, não lida, equivale a uma pessoa que virou as costas para Deus.

Para que serve uma Bíblia aberta que não é lida? Também não serve pra nada. É verdade que algumas pessoas costumam colocá-la como adorno, na sala, sob um pedestal, onde a deixam aberta, geralmente no Salmo 91. Mas Deus não levantou mais de 40 homens de nacionalidades diferentes, culturas desiguais, geograficamente separados, em mais de 1.500 anos, e os inspirou revelando-lhes a Sua vontade, para que a casa de ninguém ficasse apenas adornada com um livro.

Aliás, uma Bíblia aberta e não lida me faz lembrar o meu cunhado, médico anestesista que, diariamente, ao chegar a um hospital católico, dirigido por irmãs, encontrava, no átrio principal, uma imensa Bíblia aberta num Salmo. Ao lado, estavam várias imagens dos “santos padroeiros” daquela Ordem. Ele, então, fazia questão de deixá-la aberta em Êxodo 20, nos Dez Mandamentos. Queria que os curiosos deparassem com o vs 4: “Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra ou nas águas debaixo da terra.” Quem coloca a Bíblia como um mero adorno, numa casa, está equiparando-a a um quadro, a um vaso de porcelana, ou coisa assim. Ela é mais uma quinquilharia. É um traste qualquer. E o pior, ela quase sempre está lá para ser desobedecida.

Para que serve uma porção da Bíblia aberta e não lida? Para enganar os tolos. A propósito: numa das minhas vindas ao Brasil, quando era missionário em Portugal, fui a um shopping. Um tanto ingênuo, fiquei surpreso e alegre por encontrar tantas lojas com o Salmo 91 estampado próximo à caixa registradora. Com o número de evangélicos, no Brasil, crescendo a cada dia, achei que todos ali eram crentes. Aí, resolvi perguntar numa loja se a dona era evangélica. A mulher me olhou assim meio torto. Achou que eu era um debilóide. Descobri, então, que o Salmo 91 era posto ali apenas para dar sorte. Era uma espécie de pata de coelho, que se desse sorte não teria matado o coelho, já que ele tem quatro. O Salmo, inspirado por Deus, foi reduzido a uma mera figa, uma ferradura, e, para os seus expositores, aquilo daria segurança econômica e prosperidade aos seus negócios. Santa ignorância! Um trecho da Bíblia aberto, mas não lido, equivale a uma tola superstição, que, afinal, não protege ninguém e só engana a pessoa. Ah, já ia esquecendo: aquele shopping faliu.

Para que serve uma Bíblia aberta e lida? Serve para que a pessoa tenha um encontro com Deus e se edifique na fé. Serve para que você ouça a voz de Deus. Serve para que você seja orientado acerca da vontade de Deus para a Sua vida. Serve para que o Espírito Santo convença-o dos seus pecados e trabalhe para mudar conceitos e transformar sua vida. Serve para que você caminhe seguro com Deus.

Mas, alguns anos atrás, uma Bíblia aberta serviu para muito mais. Após passar o dia telefonando para a mãe, e não obtendo resposta, a Rosângela resolveu ir à casa materna, à tarde, com a filha. Ao chegar ao edifício, observou que as janelas do apartamento dela estavam abertas. Tocou, tocou e ninguém atendeu. Como tinha a chave do andar, abriu a porta. E encontrou a mãe, Erenilda, já falecida, mas com a Bíblia aberta ao colo. Morreu enquanto lia a Bíblia. O choque de tudo aquilo foi atenuado pela Bíblia aberta. A fisionomia serena da mãe, com aquela Bíblia aberta, trouxe consolo ao coração da filha. Até parecia que enquanto buscava a Deus, na Sua Palavra, o Senhor decidiu levá-la, definitivamente, para perto dEle. A senhora que trabalhava lá na casa da D. Erenilda confirmou: pela manhã ela sempre ia para aquele cantinho ler a sua Bíblia.

E aí, entendemos melhor para que serve uma Bíblia aberta e lida: para nos dar consolo no dia da dor, para nos guiar seguramente aqui, e levar-nos, serenos, para o céu.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Filhos de Crentes

Angola viveu 27 anos em guerra civil. Os dois grandes adversários eram a FAPLA e a Unita, ambas dirigidas por filhos de pastores. Agostinho Neto e Jonas Savimbi foram criados em lares crentes. Ali, ouviram seus pais falando do poder da cruz, do amor de Deus e do perdão que há em Jesus. Mas, com seus corações endurecidos e voltados para ambições materiais, optaram por um estilo de vida belicoso, que destruiu o país e culminou com a morte de mais de 3 milhões de angolanos.

Anos atrás, numa cidade do interior, houve um concurso idiota para ver quem bebia o maior número de copos de cerveja. Ele foi ganho por dois filhos de pastor, que se tornaram alcoólatras. O pai, homem honrado e piedoso, ensinou seus filhos nos caminhos de Deus, mas eles nunca se interessaram muito pela mensagem do evangelho. Eu mesmo fui pastor numa igreja cujo filho do ex-pastor nos dava muito trabalho. Embora tenha vivido à sombra de uma família íntegra e temente a Deus, não cultivou em seu coração nada daquilo que seus pais procuraram transmitir em vida. Agora, adulto e irresponsável, vivia em escândalos, envergonhando a memória dos pais, e dando dor de cabeça a tantas pessoas que o amavam e foram abençoadas pelo ministério do seu querido pai. Deus levou para Si aquele pai, antes que sofresse e se entristecesse com aquele filho.

Recordo a vida da Ângela Maria, criada na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro. Ali teve sua voz treinada, cantando nos coros da igreja. Em casa, tinha nos pais exemplo de temor e compromisso com Deus. Mas, fascinada com a possibilidade de sucesso na rádio, fugia do templo na hora dos cultos para cantar no programa de calouros da Rádio Mayrink Veiga, a Globo daqueles dias. Chegou ao auge e até hoje sua voz é lembrada como uma das grandes da história do rádio brasileiro. Ao que parece, a fama e o sucesso não lhe fizeram bem, pois já tentou o suicídio várias vezes.

Lembro-me ainda da história de José Tostes. Criado no evangelho, tal como Timóteo, dele podia ser dito que “conhecia as Sagradas Letras, que podem fazer a pessoa sábia para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus”. Entretanto, a possibilidade de brilhar como cantor também o empurrou para fora da igreja e por caminhos longes de Deus. Tornou-se o Rei do Bolero. Eu era criança, quando ele fazia sucesso nas rádios com uma música, que dizia assim: “Amar eu já amei, sonhar eu já sonhei, só a você eu hei de amar e a mais ninguém!” Sua mãe, crente dedicada, orava pela volta do filho. Muitas vezes apelou para que ele se quebrantasse diante de Deus, mas nada. Embriagado e iludido pelo sucesso, Deus não tinha lugar na sua vida. Até que sua mãe morreu. Lá no cemitério, antes do sepultamento, foi lhe dado um papel com o último pedido materno: que cantasse o hino 515 do Cantor Cristão, que diz assim: “Oh, vai me encontrar na glória, na Jerusalém do céu /Lá na habitação notória que Jesus nos prometeu! /Lá encontrarás amigos que serão em Cristo irmãos / Cantaremos belos hinos, vai de todo coração.” Só que o estribilho do hino é uma resposta ao convite, e diz: "Sim te encontrarei na glória! Na brilhante glória além! / Sim te encontrarei na glória da feliz Jerusalém!" Ao cantar o hino, percebeu que, sem Cristo, não entraria na Glória Celestial e nunca mais veria sua mãe. E ali, no cemitério, finalmente abriu seu coração para Jesus.

Escrevo essas linhas para lembrar que não basta ser filho de crente. Deus não tem netos. Não basta conhecer os livros da Bíblia, familiarizar-se com as histórias do evangelho ou cantar hinos e cânticos espirituais. É preciso ter uma experiência transformadora com Jesus. Os pais podem deixar o exemplo, ensinar os preceitos e orar por conversão, mas a fé e a salvação não vêm por transferência. Infelizmente, no Dia do Juízo, muito filho de crente experimentará as mais terríveis trevas. Jesus há de lhe dizer: “Conheço seus pais, mas você, não.” E “aparte-se de mim, maldito, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos”.

O que você, filho de crente, está esperando para se comprometer com Deus? O exemplo de vida deixado pelos seus pais testemunhará contra você. Por isso, em vez de filho de crente, torne-se hoje filho de Deus. Quebrante-se agora diante do Senhor Jesus.