quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Deus Presente nas Coisas Comuns


Certa vez um amigo entrou para a Amway e foi me visitar. Desejoso de que eu aderisse à sua rede de vendedores tentou me aliciar com a seguinte pergunta: “Imagina que você ganhou muito dinheiro e pode comprar o que lhe der na cabeça. Diga-me então o que compraria?” Eu logo vi que ele esperava que lhe dissesse algo como comprar um carrão, adquirir uma mansão, viajar, etc. De propósito, respondi: “comprar um sapato novo”. Meio decepcionado, ele me disse: “Puxa, esperava que você me falasse de uma fazenda, com muitos quartos, piscina, etc.” Prossegui: “Mas, rapaz, eu preciso de um sapato. Acha que é pouco um sapato novo?” Ali morreu a minha adesão a Amway.

Fico pensando que alguns crentes que conheço se parecem muito com este meu amigo. Ficam buscando no evangelho o espetacular, o maravilhoso, os milagres, as visões e êxtases. Quase nunca reparam a ação de Deus nas coisas comuns e simples da fé cristã. É gente que, se no culto não sentir um arrepio ou se não perceber algo sensacional, tipo o capeta se espernear, volta frustrada para casa. Acha que foi ao templo, mas Deus não se manifestou. São parecidos com o profeta Elias que esperava Deus num vento impetuoso e num terremoto. Perplexo, finalmente descobriu que Deus também se manifestava numa brisa suave.

Crentes que só têm olhos para anjos, para o trono de Deus e para tremores celestiais não conseguem ver as ricas manifestações do Seu amor numa fiel exposição bíblica. Não notam o amor de Cristo expresso na vida d’alguns irmãos, verdadeiros anjos postos em nossas vidas para nos abençoar. Quem fica esperando o extraordinário não observa que Deus trabalha nas coisas ordinárias. Quem só fica esperando o eclipse do sol não repara que os dois mais lindos espetáculos diários da terra são o nascer e o pôr do sol. Quem fica aguardando o excepcional, perde a beleza simples das flores, das crianças brincando e de um céu estrelado.

Há crentes que só valorizam feitos grandes. Acham que a marca das bênçãos de Deus só pode ser avaliada pelo tamanho. Então, igreja abençoada é aquela que tem grandes ajuntamentos, grandes eventos e muita badalação. Esquecem-se de que a vida cristã que abalou o mundo teve início nas casas. Era a comunhão diária e simples dos crentes, envoltos em oração, no partir do pão, no estudo da doutrina dos apóstolos, tudo isso feito com alegria e singeleza de coração (At 2.46), que marcou profundamente aquela sociedade descrente.

A mão de Deus guiou os hebreus pelo deserto 40 anos. Muitas das coisas grandes feitas por Deus eram também bem simples. Ele não permitiu que seus sapatos e roupas se desgastassem, e lhes enviou comida todos os dias. Mas, mesmo assim, vendo o extraordinário, acharam-no ordinário. Gente que vivia reclamando da vida.

Há gente que só vê a mão de Deus no extraordinário. Há os que não veem Deus nem assim. Há aqueles, agradecidos, que conseguem ver a extraordinária mão de Deus nas coisas simples. Estes, com certeza, têm uma vida muito mais rica, alegre e abençoada. Aprenda, então, a enxergar Deus presente nas coisas comuns.


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