terça-feira, 16 de outubro de 2012

Seja Luz!


Em uma tarde de trabalho de março, a vida de Francisco mudou. Ele, que mora no Céu Azul (GO) e ganhava R$ 370 mensais, encontrou uma maleta com mais de US$ 10 mil, equivalentes, à época, a R$ 30 mil, esquecida em um banheiro. Francisco não hesitou. Usou o sistema de som do saguão para anunciar o achado. Momentos depois, o dono do dinheiro, um turista suíço, apareceu.

Um motorista de ônibus de 32 anos encontrou mais de R$ 11 mil dentro do veículo que trabalha e devolveu o dinheiro ao dono. “Ele chorou e me abraçou”, disse o motorista Emerson Lopes Farias ao relatar a reação da pessoa ao receber o dinheiro de volta. O caso aconteceu na cidade de Sinop, distante 503 km de Cuiabá.

Rejaniel Santos e a esposa, Sandra Regina Domingues, dormiam sob um viaduto, na capital paulista, quando foram acordados pelo barulho de um alarme. Foram ver o que havia acontecido e, no caminho, encontraram uma sacola com cerca de R$ 20 mil. A quantia, que havia sido furtada por bandidos que invadiram o restaurante japonês Hokkai Sushi, a poucos metros do local, seria suficiente para mudar a vida dos dois, mas eles entregaram todo o dinheiro à polícia e, em menos de 24 horas.

Designado relator do processo do mensalão, o Ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa analisou provas, evidências e depoimentos, examinou os argumentos das partes envolvidas, enxergou as coisas com as coisas são, contou o caso como o caso foi, mostrou as vísceras do esquema criminoso e, amparado na lei, não só deixou claro que corrupção dá cadeia, mas condenou toda a quadrilha.

O que há de comum entre todas essas histórias? Da noite pro dia, essas pessoas se tornaram nossos heróis. Pelo fato de terem cumprido o seu dever de cidadãos são agora vistas como super-homens. Infelizmente, aquilo que deveria ser rotineiro e mera obrigação está se tornando uma raridade no nosso Brasil.

Vivemos numa cultura tão degradante, onde a norma é o roubo, o conchavo, a mentira, o descaso e a esperteza. O filho do ex-ministro dos transportes, de 25 anos, abriu uma empresa na área do pai e se tornou uma das pessoas mais ricas da Amazônia. Faturou em um ano R$ 1,25 milhão, segundo a revista “Isto É”. Recentemente, soubemos que os nossos senadores ganham 15 salários por ano, mas só declaram ao fisco 13 salários.

A situação está tão ruim, que nem os evangélicos escapam. Todos vimos um deputado, que também é pastor, fazendo uma reunião de oração com seus comparsas, agradecendo a Deus o dinheiro recebido, fruto da corrupção. Dá ainda para lembrar que uma das nossas maiores redes de TV foi comprada por um bispo neopentecostal, num esquema obscuro, cujos compradores foram todos “laranjas” da sua igreja. É o “milagre da corrupção” no país.

Mas Jesus disse assim: “Se, portanto, a luz que há em ti forem trevas, quão grandes trevas serão” (Mt 6.23b). Portanto, nesse Brasil mergulhado em trevas, precisamos ser luz. Mas não basta falar de Jesus, é preciso viver como Jesus. Se você já é “filho da luz”, então, meu irmão, seja luz!

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