terça-feira, 2 de outubro de 2012

"Voto de Cajado"

Alguns líderes evangélicos, hoje, tratam suas igrejas e comunidades religiosas como se fossem verdadeiros “currais eleitorais”. Ou seja, tornaram-se grandes cabos eleitorais de candidatos que, se eleitos, só eles trarão bênçãos para o seu município e igreja.

Antigamente, no Brasil, os coronéis mandavam capangas para os locais de votação, com objetivo de intimidar os eleitores e ganhar votos. Hoje, lamentavelmente, vemos pastores utilizando rádios, TVs e púlpitos, apontando caminhos, fazendo forte pressão e empurrando o seu rebanho para o colo de “iluminados” e “ungidos”, que, se eleitos, abençoarão ricamente suas vidas.

Vejo tantos líderes evangélicos envolvidos nisso, com o firme desejo de passar a ideia de que suas ovelhas são submissas e dóceis, e que vão caminhando em fila em obediência cega às suas orientações políticas. Assim, demonstram claramente que não vêm suas igrejas como rebanho, mas sim como uma manada de burros. Pois só crentes estúpidos, ou totalmente alheios aos meandros e às mazelas políticas, se deixam levar pelo “voto de cajado”. Pastor que usa o púlpito, ou sua influência, para tentar impor candidato político não respeita você nem a igreja de Cristo.

Quando se trata de exposição das Escrituras, se o pastor for estudioso da Bíblia, consagrado e submisso a Deus, pode ser que ele tenha autoridade espiritual para anunciar a vontade do Senhor ao Seu povo. E, mesmo assim, a igreja deve examinar a Bíblia para ver se, de fato, é isso mesmo (At 17.11). Mas quando o que o move é política, o seu pastor tem tanta autoridade quanto qualquer outro crente. Ele estará indicando um candidato em nome de quem? E a troco de quê?


Além disso, uma das doutrinas mais caras ao Novo Testamento é a do “sacerdócio universal de todos os crentes”(1Pe 2.9). Era no Antigo Testamento que o Senhor só contava a Sua vontade para certos líderes religiosos hebreus. A partir do sacrifício perfeito de Jesus, o véu do templo se rasgou, e com ele as barreiras que limitavam o acesso a Deus se foram. Hoje, por meio de Jesus Cristo, todos aqueles que já são lavados pelo Seu sangue, e tiveram seus pecados perdoados, têm livre acesso ao Trono da Graça. Assim, não seguimos a gurus, pois o crente simples chega a Deus como qualquer pastor (bispo ou apóstolo).

Mesmo que seu pastor indique, simpatize, aconselhe, aposte, abrace ou precise da competência de algum candidato, isso é problema dele, não seu. Vote segundo a sua consciência. Ore, pedindo a Deus sabedoria para votar. E, mesmo que você divirja politicamente dele, vote sem qualquer drama interior.

Portanto, ainda que tenha grande apreço por seu pastor, se ele se transformar em cabo eleitoral, não o obedeça cegamente. Lembre-se: o voto é um exercício de soberania. Ele não está à venda, e não pode ser produto de negociações manipuladoras. “Voto de cajado” é algo odioso e precisa ser denunciado. A igreja de Jesus Cristo não pode ser identificada com nenhum partido político. O púlpito não deve ser usado como plataforma política de candidato algum.

No dia 7 de outubro vote naquele que considerar o melhor para a sua cidade, e respeite quem divergir da sua opinião. Lembre-se: você não é burro. É ovelha de Cristo.



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