quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Visibilidade Espiritual


Martyn Lloyd Jones foi um dos maiores expositores bíblicos do século 20. Escrevendo sobre grandes pregadores do século 19, ele fez referência a Robert Murray McCheyne, da Escócia, assim: “...quando ele aparecia no púlpito, mesmo antes de ele dizer uma única palavra, o povo já começava a chorar silenciosamente. Por quê? Todos tinham a absoluta convicção de que ele subia ao púlpito vindo da presença de Deus e trazendo uma palavra da parte de Deus para eles.”

Quando Moisés subiu ao monte e ficou quarenta dias diante de Deus, o rosto dele começou a brilhar e, quando ele desceu, o povo viu o rosto de Moisés e notou a glória do Senhor refletida no rosto dele. Então, eles chegaram para Moisés, dizendo: “Está difícil conversar com você com todo esse brilho. Por favor, coloque um véu sobre seu rosto para que a gente possa encará-lo.” Mas quando Moisés descobriu que o brilho do seu rosto estava se esmaecendo e se acabando, ele resolveu continuar com o véu.
E sabe por que ele fez isso? Porque as pessoas diziam: “sabe por que Moisés usa véu? Por causa da santidade que ele tem.” E Moisés gostou daquilo. Ele pensava: “Sabe de uma coisa? Essa história está rendendo muitos dividendos para mim. Deixa eu continuar usando o meu veuzinho e as pessoas continuarão pensando que eu tenho um brilho maravilhoso!”

A Bíblia nos diz que por causa desse pavonismo de Moisés; dessa sua atitude petulante, o povo não foi capaz de entender a Palavra de Deus. Ou seja, aquele seu cinismo e hipocrisia prejudicou todo o povo de Deus.

Um dos maiores perigos para a vida do crente é quando a sua reputação espiritual está conectada aos homens, e não a Deus. Ficamos enfeitiçados quando queremos dar aos outros a impressão de espiritualidade, e desejamos que nos admirem vendo quão consagrados nós somos. Aí, somos tentados a acobertar os nossos próprios males. Então, ficamos com dificuldade para olhar para dentro do nosso coração e reconhecer a nossa maldade e os nossos pecados. Fica mais fácil olharmos para os erros dos outros.

É o crente que percebe os impulsos do seu coração, nota que alguma coisa está descontrolada dentro dele e, em vez de se voltar para Deus, dizendo: “Deus, tem misericórdia de mim, e trata o meu coração,” o que ele faz? Ele cria regras, cercas, proteções externas, na tentativa de se livrar da própria acusação. E, ao invés de olhar para o seu próprio coração, buscando uma resposta para o seu problema, resolve se tornar mais rígido com os outros nas mesmas faltas que ele comete.

Esta é a grande diferença entre o crente e o religioso. O crente é desafiado a aprofundar a sua relação com Deus, olhando para o seu interior e deixando que o Espírito Santo o convença do seu próprio pecado. É exatamente isso que o evangelho quer fazer de nós. Mesmo que os outros não vejam o nosso pecado, o crente fiel olha pra Deus, vê o seu coração, e clama para que Deus o faça uma pessoa melhor.

O religioso não está muito preocupado com o seu coração, mas com seus atos externos: ir à igreja, fazer orações, ofertar e participar de liturgia. Que os outros vejam quão bom e consagrado é, fazendo essas coisas. Ele quer receber dividendos dos seus atos religiosos.

Só que Jesus morreu para resolver esse dilema da nossa alma. Ele morreu para nos santificar. Para atuar nas intenções e motivações do nosso coração. Para trazer aos nossos olhos espirituais o foco da nossa própria maldade, e sermos denunciados, sem que haja defesa para nós. Quando isso acontece, podemos ser curados pelo poder de Deus.

Descobri que os homens santos que andam pertinho de Deus quase sempre não percebem quão perto estão de Deus, e como as suas vidas trazem impacto para os outros. Então, não se preocupe em exibir brilho espiritual, apenas ande na presença de Deus, e Ele fará da sua vida muito útil para Seu Reino e, consequentemente, para os outros.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Filhos São Flechas

O Salmo 127.4 compara os filhos às flechas nas mãos do guerreiro. Nós já não vivemos no tempo das flechas, mas não precisamos fazer muito esforçopara entendermos o que a Bíblia quer nos dizer.

Você atira a flecha e ela vai sempre à frente. Onde quer que você chegue, a flecha já chegou antes. Os filhos são assim. Eles rapidamente aprendem, se desenvolvem, e daqui a pouco estão fazendo melhor que nós.

Pegue uma tecnologia dos nossos dias, por exemplo. Seu filho de três, cinco, dez anos deve ter mais facilidade em aprendê-la que você. Não poucas vezes ele tem mais habilidade nisso do que você. Veja como as crianças dominam rapidamente o uso do celulbar. Eles vão à frente, pois são flechas, e estão seguindo o ritmo da sua geração.

A notícia ruim é que ele também vai à sua frente na apatia espiritual. Quando um filho vê a sua comodidade espiritual em casa, ele se adianta e as coisas de Deus também passam a não ter muita importância na vida dele. Como você, ele também não levará Deus muito a sério. Já reparou que filhos de crentes que faltam com frequência à igreja, e que chegam aos cultos costumeiramente atrasados, se tornam mais faltosos e desinteressados que seus pais? Eles são flechas.

Quando o filho vê que faltga a você, pai, temor a Deus, pois o seu estilo de vida não é coerente com o que você diz crer, ele fará mais ainda. Ele terá progressos mundanos maiores e mais ligeiros. É que a sua indolência espiritual também é aprendida como flecha. Seu filho vê o seu exemplo, aprende o seu estilo de vida e aperfeiçoa tudo rapidamente.

Alguns pais gostam muito de criticar a igreja. Vivem falando mal da sua liderança e dos cultos para seus filhos. Amanhã, seus filhos serão mais críticos; mas saiba que começarão essas críticas tendo você e sua vida espiritual como exemplo.

Recentemente, ouvi que um filho disse ao seu pai, um crente piedoso: "Pai, se eu for para o meu filho 10% que o senhor foi para mim, sei que serei um bom pai". A pergunta que não quer se calar é esta: Se seu filho for o crente que você é hoje, será que ele irá subsistir espiritualmente? Lembre-se: seus filhos são flechas e muito do sucesso espiritual deles está em suas mãos.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Deus Presente nas Coisas Comuns


Certa vez um amigo entrou para a Amway e foi me visitar. Desejoso de que eu aderisse à sua rede de vendedores tentou me aliciar com a seguinte pergunta: “Imagina que você ganhou muito dinheiro e pode comprar o que lhe der na cabeça. Diga-me então o que compraria?” Eu logo vi que ele esperava que lhe dissesse algo como comprar um carrão, adquirir uma mansão, viajar, etc. De propósito, respondi: “comprar um sapato novo”. Meio decepcionado, ele me disse: “Puxa, esperava que você me falasse de uma fazenda, com muitos quartos, piscina, etc.” Prossegui: “Mas, rapaz, eu preciso de um sapato. Acha que é pouco um sapato novo?” Ali morreu a minha adesão a Amway.

Fico pensando que alguns crentes que conheço se parecem muito com este meu amigo. Ficam buscando no evangelho o espetacular, o maravilhoso, os milagres, as visões e êxtases. Quase nunca reparam a ação de Deus nas coisas comuns e simples da fé cristã. É gente que, se no culto não sentir um arrepio ou se não perceber algo sensacional, tipo o capeta se espernear, volta frustrada para casa. Acha que foi ao templo, mas Deus não se manifestou. São parecidos com o profeta Elias que esperava Deus num vento impetuoso e num terremoto. Perplexo, finalmente descobriu que Deus também se manifestava numa brisa suave.

Crentes que só têm olhos para anjos, para o trono de Deus e para tremores celestiais não conseguem ver as ricas manifestações do Seu amor numa fiel exposição bíblica. Não notam o amor de Cristo expresso na vida d’alguns irmãos, verdadeiros anjos postos em nossas vidas para nos abençoar. Quem fica esperando o extraordinário não observa que Deus trabalha nas coisas ordinárias. Quem só fica esperando o eclipse do sol não repara que os dois mais lindos espetáculos diários da terra são o nascer e o pôr do sol. Quem fica aguardando o excepcional, perde a beleza simples das flores, das crianças brincando e de um céu estrelado.

Há crentes que só valorizam feitos grandes. Acham que a marca das bênçãos de Deus só pode ser avaliada pelo tamanho. Então, igreja abençoada é aquela que tem grandes ajuntamentos, grandes eventos e muita badalação. Esquecem-se de que a vida cristã que abalou o mundo teve início nas casas. Era a comunhão diária e simples dos crentes, envoltos em oração, no partir do pão, no estudo da doutrina dos apóstolos, tudo isso feito com alegria e singeleza de coração (At 2.46), que marcou profundamente aquela sociedade descrente.

A mão de Deus guiou os hebreus pelo deserto 40 anos. Muitas das coisas grandes feitas por Deus eram também bem simples. Ele não permitiu que seus sapatos e roupas se desgastassem, e lhes enviou comida todos os dias. Mas, mesmo assim, vendo o extraordinário, acharam-no ordinário. Gente que vivia reclamando da vida.

Há gente que só vê a mão de Deus no extraordinário. Há os que não veem Deus nem assim. Há aqueles, agradecidos, que conseguem ver a extraordinária mão de Deus nas coisas simples. Estes, com certeza, têm uma vida muito mais rica, alegre e abençoada. Aprenda, então, a enxergar Deus presente nas coisas comuns.


terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Deus que nos dá Segurança


Meu avô materno morreu aos 36 anos, de insuficiência cardíaca. Vovó, apanhada de surpresa, tomou uma decisão muito difícil: como não tinha condições de criar os quatro filhos pequenos, distribui-os entre famílias amigas.

A minha mãe, com oito anos, foi amparada pela família Coimbra. O Sr. Coimbra era dono do bar da estação de trem de Muqui, ES, e diácono da Igreja Batista. De repente, aquela criança se viu sozinha, longe dos irmãos, e sem pai nem mãe. O que seria dela? Quem tomaria conta da sua vida? Como seria o seu futuro? Naqueles dias encontrou na Bíblia um versículo que foi seu texto áureo por toda a vida: “Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá” (Sl 127.10). Aquela triste condição fez nascer duas coisas em mamãe: uma profunda dependência de Deus e um apego muito grande à igreja.

Deus era o Pai que ela tinha. Era o amparo que a acolhia. Era pra quem corria quando sentia medo. Deus era o amigo com quem abria seu coração, expunha seus sonhos e anseios. Deus era alguém que podia ir quando queria chorar. Os anos passaram, e Deus lhe deu uma família com cinco filhos. Cresci vendo essa marca na sua vida: Deus lhe era um Pai vivo, com quem mantinha um relacionamento íntimo e amoroso. Enquanto viveu, ela nos passou isso: o mundo se refugia em castelos, em dinheiro, e em portas de ferro. O crente se refugia no seu Pai Celestial. Deus é um lugar de confiança para estar. Tudo em redor pode está se desfazendo, mas a nossa confiança está no Senhor. E possível ter segurança, não porque os problemas são poucos, mas porque Deus está no meio de nós. Deus está conosco.

Em 1976, houve um dia atípico no Rio de Janeiro. De repente, uma grande tempestade se armou sobre a cidade. Eu estudava numa escola técnica no bairro do Riachuelo, e às 14 horas já estava tudo escuro, como se fosse noite. A forte ventania deixava todos apreensivos. Em Campo Grande, zona oeste o Rio, a situação não era diferente. Numa escola primária, as professoras encontravam dificuldade para manter a calma das crianças nas salas de aula. Muitas, apavoradas com o barulho dos relâmpagos e da chuva de granizo, começaram a chorar. Foi então que a direção resolveu levá-las para o auditório, onde as professoras teriam mais facilidade em controlá-las. Ali, no auditório, de repente, as crianças do orfanato batista começaram a cantar: “Já não estou sozinho, agora sou feliz, com Cristo em meu coração. Ele é meu grande amigo, não temo o perigo, com Cristo no meu coração”. Aquela música encheu o recinto de paz, e trouxe sossego e confiança àquelas crianças. Do lado de fora da escola havia tempestade, do lado de dentro havia medo e ansiedade, mas dentro do coração daqueles meninos órfãos havia um Deus forte e poderoso, capaz de dar segurança aos seus corações no dia do temor.

Podemos enfrentar as situações mais difíceis e temerosas quando o Deus revelado na pessoa de Jesus Cristo está dentro de nós. Se Ele está conosco, temos segurança.

sábado, 27 de outubro de 2012

‘Não Tocar no Ungido do Senhor’


Vai se generalizando entre nós, evangélicos, a ideia de que o pastor é “o ungido do Senhor”. Assim, quando algum pastor está sendo acusado de algum desvio ético, surge no nosso meio a expressão: ‘não tocar no ungido do Senhor.’ A frase reivindica ao pastor uma superioridade comparável a que tinha um sumo sacerdote do AT ou um rei em Israel. Geralmente dita para defender o líder cuja reputação está sendo atacada, o que se quer é que os críticos deixem de investir contra a figura impoluta do pastor. Como se o pastorado fosse uma espécie de casta cristã, constituída por pessoas detentoras de uma relação especial com Deus e, por isso, não podendo ser contestada. A ideia é que eles desfrutam de uma linha direta com Deus e, portanto, têm uma autoridade espiritual inatacável. Enfim, o uso da expressão defende que pastores estão acima dos outros crentes.

Para se ter uma base bíblica, tira-se da cartola um episódio ocorrido no tempo em que o rei Saul perseguia a Davi, procurando matá-lo. Um dia, apertado, o rei entrou numa caverna para `desafogar-se`, sem saber que Davi e seus homens estavam no fundo da gruta. Os valentes de Davi mal podiam acreditar no que viam. A vida de Saul agora estava nas mãos de Davi. O perseguidor nas mãos do perseguido. Surpreendentemente, Davi cortou a orla do vestido de Saul, mas não tirou-lhe a vida, convencido de que não devia ‘tocar no ungido do Senhor`.

Só que transportar a figura do rei de Israel para a figura do pastor, hoje, é desonestidade bíblica. Os pastores são homens-dons que Deus deu à Igreja, mas não são como os sacerdotes do AT. É que o NT ensina que todo o crente é um sacerdote. A igreja é “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido...”(1 Pe 2.9). E. todos nós somos ministros, pois todos somos servos. E todos somos leigos, porque todos somos povo (é este o sentido da palavra “leigo”, alguém do povo). Portanto, como batistas, não temos um clero e um laicato.

Hoje, sinto saudades do tempo em que os pastores não buscavam sua glória pessoal, mas apenas serviam ao reino e a suas instituições. Um tempo em que pastores, íntegros e piedosos, sóbrios e éticos, e, sobretudo, comprometidos com Cristo, não tinham como alvo formar um império religioso ou se apropriar do gazofilácio da igreja. Um tempo em que os pastores tinham rebanho, e não fãs-clubes. Um tempo em que queriam que o nome de Cristo fosse exaltado em suas vidas a qualquer custo, ao invés de alçarem seus nomes em gás néon.

É muito bom prestar atenção nas orientações de Paulo. Ele diz que “os bons pastores (os que lideram bem a igreja) são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino” (1Tm 5.17). Também ensina a não aceitar acusações contra eles, que não tenham como prova duas ou três testemunhas. Mas, o apóstolo também ensina que pastores que pecarem deverão ser repreendidos em público, para que os demais também temam a Deus (1Tm 5.19,20).

Graças a Deus por muitos pastores que, não se achando intocáveis, ainda assim trazem as marcas do Cristo vivo em suas vidas. Com essas considerações fica a minha homenagem àqueles que exibem vidas santas, honradas e dignas de serem imitadas.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O seu Caráter Faz seu Nome



Um tio da Jane se chamava Blandismar. Era um nome tão esquisito que toda a família o chamava de “Fio”. Um dia perguntamos à vovó Marta por que dera tal nome ao filho primogênito? Ela disse que, lá na rua onde morava, havia um garotinho muito educado e prestativo, cujo nome era Blandismar. Então, ela colocou aquele nome em homenagem àquele garoto, na esperança que seu filho também fosse tão prestável. Foi aí que descobri que, mesmo que receba um nome excêntrico, você pode neutralizá-lo se tiver uma vida bonita.


Li que “no Império Romano, os pagãos frequentemente invocavam o nome de um deus ou de uma deusa ao fazerem apostas em um jogo de azar. Uma divindade favorita do apostador era Afrodite, a palavra grega para Vênus, a deusa do amor. Ao rolar os dados, eles diziam ‘epafrodito’ – literalmente, ‘por Afrodite’”.


Na verdade, o nome Epafrodito significa “amado por Afrodite”. Possivelmente, quem recebia tal nome, era filho de pais devotos de Afrodite, deusa também da beleza e da sexualidade, na mitologia grega. O nome seria dado na intenção de que a pessoa fosse dedicada a Afrodite, ou protegido por ela. Enfim, ao homenageá-la, queriam que houvesse uma ligação forte com a deusa.


Acontece que, na Bíblia, aparece um Epafrodito que não é consagrado a Afrodite, mas é alguém convertido a Jesus, e tem ligação forte com ele. Provavelmente ouviu o evangelho e se rendeu a Jesus. Quando a Igreja de Filipos necessitou de uma pessoa de confiança para levar uma oferta ao apóstolo Paulo, logo pensaram nele. E Epafrodito não só foi leal à sua missão, como se tornou um grande companheiro do apóstolo, servindo-o com fidelidade. Sobre esse amigo, Paulo escreveu: “...Epafrodito... meu irmão, cooperador e companheiro de lutas” (Fp 2.25).


Epafrodito foi um bravo soldado da fé e o portador da inspirada carta de Paulo aos Filipenses. Ele se comovia com as necessidades dos seus irmãos na fé e tinha uma ética a toda prova. Cheio de vontade de servir ao seu Deus, Epafrodito já não vivia por Afrodite, mas tinha a reputação de quem vivia pela fé em Jesus. Seu nome continuava pagão, mas agora demonstrava um enorme apego e amor a Cristo.


Anos atrás funcionários do Detran do Rio foram presos pela Polícia Federal. Eles arrumaram um esquema fraudulento de emissão de carteiras de habilitação, que beneficiou sete mil motoristas. O desfalque aos cofres públicos é calculado em 30 milhões nesses últimos três anos. Um dos líderes do bando chama-se Oséias. Ele era o atendente da diretoria de licitação do Detran.


Oséias significa “salvação” e é equivalente aos nomes de Josué e Jesus. Não é um nome raro, mas quase sempre quem o recebe é filho ou neto de crente. Geralmente o nome é dado não só para homenagear o profeta bíblico, mas inspirado no seu caráter. O Oséias do Detran não honrou o seu nome. Sendo empregado de confiança, no meio de empregados corruptos, não foi a “salvação” ética do grupo.


Não basta ter nome bonito. Também não importa se seu nome é exótico. Na verdade, as qualidades observadas em nossa vida são mais importantes do que o nosso nome. O que você gostaria que as pessoas associassem ao seu? Viva de tal modo que ainda que se chame Blandismar ou Epafrodito, a sua vida se torne útil a Deus e fonte de inspiração para todos.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Seja Luz!


Em uma tarde de trabalho de março, a vida de Francisco mudou. Ele, que mora no Céu Azul (GO) e ganhava R$ 370 mensais, encontrou uma maleta com mais de US$ 10 mil, equivalentes, à época, a R$ 30 mil, esquecida em um banheiro. Francisco não hesitou. Usou o sistema de som do saguão para anunciar o achado. Momentos depois, o dono do dinheiro, um turista suíço, apareceu.

Um motorista de ônibus de 32 anos encontrou mais de R$ 11 mil dentro do veículo que trabalha e devolveu o dinheiro ao dono. “Ele chorou e me abraçou”, disse o motorista Emerson Lopes Farias ao relatar a reação da pessoa ao receber o dinheiro de volta. O caso aconteceu na cidade de Sinop, distante 503 km de Cuiabá.

Rejaniel Santos e a esposa, Sandra Regina Domingues, dormiam sob um viaduto, na capital paulista, quando foram acordados pelo barulho de um alarme. Foram ver o que havia acontecido e, no caminho, encontraram uma sacola com cerca de R$ 20 mil. A quantia, que havia sido furtada por bandidos que invadiram o restaurante japonês Hokkai Sushi, a poucos metros do local, seria suficiente para mudar a vida dos dois, mas eles entregaram todo o dinheiro à polícia e, em menos de 24 horas.

Designado relator do processo do mensalão, o Ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa analisou provas, evidências e depoimentos, examinou os argumentos das partes envolvidas, enxergou as coisas com as coisas são, contou o caso como o caso foi, mostrou as vísceras do esquema criminoso e, amparado na lei, não só deixou claro que corrupção dá cadeia, mas condenou toda a quadrilha.

O que há de comum entre todas essas histórias? Da noite pro dia, essas pessoas se tornaram nossos heróis. Pelo fato de terem cumprido o seu dever de cidadãos são agora vistas como super-homens. Infelizmente, aquilo que deveria ser rotineiro e mera obrigação está se tornando uma raridade no nosso Brasil.

Vivemos numa cultura tão degradante, onde a norma é o roubo, o conchavo, a mentira, o descaso e a esperteza. O filho do ex-ministro dos transportes, de 25 anos, abriu uma empresa na área do pai e se tornou uma das pessoas mais ricas da Amazônia. Faturou em um ano R$ 1,25 milhão, segundo a revista “Isto É”. Recentemente, soubemos que os nossos senadores ganham 15 salários por ano, mas só declaram ao fisco 13 salários.

A situação está tão ruim, que nem os evangélicos escapam. Todos vimos um deputado, que também é pastor, fazendo uma reunião de oração com seus comparsas, agradecendo a Deus o dinheiro recebido, fruto da corrupção. Dá ainda para lembrar que uma das nossas maiores redes de TV foi comprada por um bispo neopentecostal, num esquema obscuro, cujos compradores foram todos “laranjas” da sua igreja. É o “milagre da corrupção” no país.

Mas Jesus disse assim: “Se, portanto, a luz que há em ti forem trevas, quão grandes trevas serão” (Mt 6.23b). Portanto, nesse Brasil mergulhado em trevas, precisamos ser luz. Mas não basta falar de Jesus, é preciso viver como Jesus. Se você já é “filho da luz”, então, meu irmão, seja luz!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Não Chegue ao Final da Vida Amargo


O filme “Num Lago Dourado” conta a história de um professor ranzinza e de mal com a vida, prestes a completar 80 anos. A filha e o genro fazem de tudo para agradá-lo, mas é inútil. No dia do aniversário, o genro pergunta a ele: “Como o senhor se sente fazendo 80 anos?” Ele diz: “Duas vezes pior do que fazendo 40”.

Na Bíblia, o patriarca Jacó chegou diante de Faraó, que lhe perguntou: “Quantos são os dias da sua vida?” A resposta de Jacó também foi amarga. Aos 130 anos, ele disse que os seus anos eram poucos e maus. Como podemos chegar ao final dos nossos anos, e olhar pra eles com alegria, dizendo: “Os meus dias foram bons, muito bons”?

Se quiser chegar ao final dos seus dias alegre e agradecido a Deus atente para as suas escolhas morais. Nós somos responsáveis pelas nossas escolhas. As opções de Jacó foram permeadas de enganos, trapaças e mentiras. Ele roubou a bênção do irmão, enganou o pai, mesmo sendo seu genitor já velho e cego. Como consequência das suas escolhas, teve de sair corrido de casa para não morrer.

Eu conheço pessoas que também transformaram a sua vida num inferno por causa de escolhas morais equivocadas. Eu tenho aprendido que melhores atitudes sempre nos levam a maiores altitudes. Jacó usou o método satânico das trapaças, da desonestidade e do descaso com a vida dos outros. Ganhou dinheiro, reputação, mas se tornou infeliz. Há muita gente que acha que, por onde passa, nunca mais vai ter de retornar por aquele caminho. Mas eu tenho notado que a vida dá voltas, e um dia a gente volta. Nessas horas, se agimos mal encontraremos as portas fechadas e as pontes arrasadas.

Se quiser chegar ao final dos seus dias alegre e realizado invista num relacionamento amoroso, de confiança e respeito no lar. Jacó era um homem de relacionamentos interpessoais complicados. Onde chegava criava problemas. Por onde passava levantava um ringue. Cresceu num lar onde havia predileções claras dentro de casa; palco de lutas e de desconfianças. Uma verdadeira escola da dissimulação e da maldade.

Se quiser ter dias felizes aprenda a desenvolver respeito pelos outros dentro de casa. Lar deve ser lugar de acolhimento, lugar de descanso da alma. Já levamos bordoadas, de todos os lados, lá fora. Vivemos num mundo competitivo, onde temos de enfrentar concorrências de toda sorte. Se o nosso lar se torna um lugar de transtornos, disputas e desequilíbrios, fique certo: você vai chegar ao final da sua vida profundamente infeliz. Lar deve ser lugar onde haja ternura, verdade e espaço para autenticidade. Deve ser local onde a gente possa correr, e se sentir abrigado e amado, quando as coisas estiverem escuras.

Se quiser ter dias felizes não adie a sua decisão com Deus. Jacó cedo começou a fugir de Deus. Ele ouvia falar de como a mão de Deus abençoou a sua família, sustentou o avô e recompensou seu pai, mas fez de conta que aquilo não tinha nada a ver com ele. Desprezou todos os sinais da misericórdia de Deus em sua história. Até que suas encrencas o encurralaram, deixando-o sem saída. Ou clamava por Deus, ou morria.

Há muita gente fugindo do Senhor. Há filhos de crentes que tentam construir sua história sem aprofundar o seu relacionamento com Deus. Fazem de conta que Deus não é importante pra eles. E chegam ao final da vida, dizendo: “a minha vida é uma grande tristeza”. Por quê? Porque faltou Deus.

Não há nada melhor na vida do que quando Deus nos pega pela mão e começa a nos dirigir, firmando os nossos passos. Se está adiando, protelando a decisão de andar com Deus, você corre o risco de chegar ao final da sua vida profundamente inseguro e infeliz. Lembre-se: Deus pode e quer reescrever uma nova história em sua vida. Ele quer lhe dar um novo propósito, e nova razão para viver. Então, antes que seja tarde, não saia daí sem pedir que a boa mão de Deus guie a sua vida.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

"Voto de Cajado"

Alguns líderes evangélicos, hoje, tratam suas igrejas e comunidades religiosas como se fossem verdadeiros “currais eleitorais”. Ou seja, tornaram-se grandes cabos eleitorais de candidatos que, se eleitos, só eles trarão bênçãos para o seu município e igreja.

Antigamente, no Brasil, os coronéis mandavam capangas para os locais de votação, com objetivo de intimidar os eleitores e ganhar votos. Hoje, lamentavelmente, vemos pastores utilizando rádios, TVs e púlpitos, apontando caminhos, fazendo forte pressão e empurrando o seu rebanho para o colo de “iluminados” e “ungidos”, que, se eleitos, abençoarão ricamente suas vidas.

Vejo tantos líderes evangélicos envolvidos nisso, com o firme desejo de passar a ideia de que suas ovelhas são submissas e dóceis, e que vão caminhando em fila em obediência cega às suas orientações políticas. Assim, demonstram claramente que não vêm suas igrejas como rebanho, mas sim como uma manada de burros. Pois só crentes estúpidos, ou totalmente alheios aos meandros e às mazelas políticas, se deixam levar pelo “voto de cajado”. Pastor que usa o púlpito, ou sua influência, para tentar impor candidato político não respeita você nem a igreja de Cristo.

Quando se trata de exposição das Escrituras, se o pastor for estudioso da Bíblia, consagrado e submisso a Deus, pode ser que ele tenha autoridade espiritual para anunciar a vontade do Senhor ao Seu povo. E, mesmo assim, a igreja deve examinar a Bíblia para ver se, de fato, é isso mesmo (At 17.11). Mas quando o que o move é política, o seu pastor tem tanta autoridade quanto qualquer outro crente. Ele estará indicando um candidato em nome de quem? E a troco de quê?


Além disso, uma das doutrinas mais caras ao Novo Testamento é a do “sacerdócio universal de todos os crentes”(1Pe 2.9). Era no Antigo Testamento que o Senhor só contava a Sua vontade para certos líderes religiosos hebreus. A partir do sacrifício perfeito de Jesus, o véu do templo se rasgou, e com ele as barreiras que limitavam o acesso a Deus se foram. Hoje, por meio de Jesus Cristo, todos aqueles que já são lavados pelo Seu sangue, e tiveram seus pecados perdoados, têm livre acesso ao Trono da Graça. Assim, não seguimos a gurus, pois o crente simples chega a Deus como qualquer pastor (bispo ou apóstolo).

Mesmo que seu pastor indique, simpatize, aconselhe, aposte, abrace ou precise da competência de algum candidato, isso é problema dele, não seu. Vote segundo a sua consciência. Ore, pedindo a Deus sabedoria para votar. E, mesmo que você divirja politicamente dele, vote sem qualquer drama interior.

Portanto, ainda que tenha grande apreço por seu pastor, se ele se transformar em cabo eleitoral, não o obedeça cegamente. Lembre-se: o voto é um exercício de soberania. Ele não está à venda, e não pode ser produto de negociações manipuladoras. “Voto de cajado” é algo odioso e precisa ser denunciado. A igreja de Jesus Cristo não pode ser identificada com nenhum partido político. O púlpito não deve ser usado como plataforma política de candidato algum.

No dia 7 de outubro vote naquele que considerar o melhor para a sua cidade, e respeite quem divergir da sua opinião. Lembre-se: você não é burro. É ovelha de Cristo.



terça-feira, 11 de setembro de 2012

Histórias de um Deus Fiel


A irmã Jael Klem nos contou que, quando menina, costumava acompanhar seu pai, pastor, nas lides pastorais aos domingos. Ele era pastor de duas pequenas igrejas. Então, pela manhã ia a uma e, à tarde, dava assistência à outra.

Naquele domingo, na volta do culto matutino, seu pai avisou à mãe que não tinha um único centavo no bolso, mas que precisaria ir à outra igreja, à tarde. Pediu, então, que a esposa passasse o seu terno. O pai não percebeu que Jael estava ouvindo aquele diálogo. Aprontada a roupa, Jael e o pai saíram para pegar o ônibus em direção à igreja. O pai colocou-a sentada num banco, e ficou em pé, bem na frente do auto, com a Bíblia agarrada ao peito. O ônibus rodou, encheu, esvaziou, e o pai ali, impávido, enquanto o coração de Jael ficava cada vez mais apertado, com a proximidade da hora de descer, pois sabia que seu pai não tinha como pagar a passagem.

De repente, entra no ônibus uma pessoa bem conhecida. Era um irmão querido que, ao ver o pastor, disse: “Pastor, estou à sua procura essa semana toda. Que bom encontrá-lo aqui. Fiz um excelente negócio, e separei uma oferta para a igreja, e outra para a família do querido pastor”. Tirou dois grandes envelopes gorduchos, e deu-os ao pai ali mesmo. Então o pai chamou-a, e com aquele dinheiro pagou a passagem. Desceram, e ele até lhe comprou um sorvete.

A história da construção do nosso Novo Templo (PIB de Teresópolis,RJ) é bem parecida com esse episódio. Tomamos o ônibus da construção também sem dinheiro para a sua passagem. Perguntamos ao nosso projetista, irmão Walfredo Thomé, quanto nos sairia o Novo Templo. Sabiamente, ele nos disse: “a minha experiência é que não ficamos pensando em quanto nos sairá, porque assim nós nem começamos. Vamos fazendo cálculos por etapas, e nos desafiando para conseguir os recursos para aquela empreitada. Vencida aquela, projetamos o próximo desafio, e assim prosseguimos. Quando chegarmos ao final, e olharmos para trás, ficaremos surpresos em saber o quanto gastamos.”

Assim, quando começamos a construir o Novo Templo, tínhamos em caixa pouco mais de R$ 200 mil, dinheiro insuficiente sequer para a fundação da obra. À medida que íamos passando por necessidades, Deus levantava crentes que nos auxiliavam com seus recursos de amor. Fomos vencendo etapa sobre etapa. Viajávamos com os nossos corações agarrados às promessas bíblicas, e com fé de que Deus iria suprir cada necessidade, pois a obra era dEle.

Um amigo pastor, cuja igreja também está construindo um novo templo, ao saber que nós inauguraremos o nosso em breve, me disse: “Também a sua igreja é rica. Há muita gente lá com grana no bolso”. Disse a ele, o que tenho dito a todos: “A nossa igreja é rica, sim, da graça de Deus”. Esse Novo Templo tem sido levantado com o dinheiro fiel de crentes simples que, de tostão em tostão, têm visto Deus multiplicar o que oferece a Ele.

Agora, quando nossa igreja completa 76 anos, e já vão mais de 10 anos nessa viagem chamada construção, estamos vendo claramente as marcas da fidelidade do nosso bom Deus. Daqui a pouco, meu querido irmão, vou lhe chamar para tomarmos o nosso sorvete. Vou escolher o sabor “Deus seja louvado!”

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Olhe Para o Lado Certo




Sou gêmeo univitelino. Meu querido mano, Ricardo, está mais gordo do que eu. Eu ficava descansado com a minha situação. Eu não estava bem, mas ele estava pior. Um dia passei mal e fui hospitalizado. E aí, na dor, me conscientizei de que deveria olhar para mim, e não para o meu irmão. Deveria cuidar de mim, dos meus males, e, por amor, alertar os outros para que não cometessem o mesmo erro que cometi.

Percebi que isso também acontece na vida espiritual. Na verdade, existe um caminho muito perigoso, que costuma fascinar muitos crentes. É quando ele fica focado nos erros e pecados dos outros, e se esquece de si mesmo. E há pessoas que são rigorosíssimas com os outros em áreas em que elas são muito boas, mas se esquecem de áreas das suas vidas em que elas precisam, urgentemente, de tratamento.

Era exatamente contra isso que Jesus se batia nas Escrituras. Ele chegou a falar de gente que é capaz de fazer uma viagem longa para conseguir um aliado para as suas críticas, mas que é incapaz de levantar um dedo mindinho para resolver os pecados do seu coração. Ele enxerga tudo nos outros, só não vê a dureza do seu coração. É por isso que a Bíblia diz que “a letra mata, mas o espírito vivifica”. Aos peritos na arte de julgar os outros não lhes sobra tempo para cuidar da sua vida.

Nós precisamos parar e pedir a Deus que sejamos mais compassivos com o pecado dos outros, e menos complacentes com os nossos pecados. Mas o que fazemos? Usamos os erros dos outros como álibi para o nosso próprio mal. Afinal, quando criticamos os pecados dos outros, e nos abstemos de cuidar do nosso próprio mal, damos uma fascinante impressão de que somos melhores, e mais espirituais. E isso faz muito bem ao nosso ego, porque aos olhos dos homens parece que estamos bem. Só que a reputação da gente não pode estar conectada aos homens, mas a Deus.

O legalismo sempre trata com dureza os outros, mesmo que estejam cometendo pecados que eu também cometo. Quando a mulher adúltera foi trazida a Jesus, para que ele a condenasse, ele surpreendeu a todos, dizendo: “quem estiver sem pecado que atire a primeira pedra”. Não sobrou ninguém para atacá-la. E que bom se isso acontecesse com a gente.

Você percebe bem os impulsos do seu coração? E em vez de se voltar pra Deus, dizendo: “Tem misericórdia de mim, Senhor, e trata o meu coração!”, tem criado farsas para se livrar das acusações da sua consciência? Ou, quando muito, diz: “Está bem, eu faço, mas não faço sozinho”.

A lei não transforma coração. Ela só se ocupa das áreas externas da minha religiosidade. É Jesus e a Sua graça que focalizam o coração. A podridão interior do seu coração, ainda que não vista pelos outros, deveria ser o foco da sua alma constantemente. É exatamente isso que a Bíblia fala que aconteceria quando o Espírito Santo entrasse no seu coração. Ele o convenceria do seu pecado, não do pecado dos outros.

Há pessoas que adoram jogar pedras nos outros. Jesus morreu não só para me salvar, mas também para me santificar. E purificar as intenções e motivos do meu coração. Ele morreu para que o foco dos meus olhos espirituais seja a cruz e o meu coração. E é ali na cruz que entro em contato com a minha maldade, e sou denunciado, e me torno sem defesa diante de Deus. Mas é ali também onde posso ser curado do veneno que só vê a maldade do outro. Então, pare de olhar para os outros. Olhe pra Jesus, autor e consumador da fé, e também para o estado do seu coração. Trate de você. Deus sabe como tratar os pecados dos outros.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

As Três Conversões Cristãs




Existem três tipos de conversões na história das nossas vidas. Fala-se muito pouco nelas, mas são essenciais para uma vida cristã abundante.

A primeira conversão é a dos deuses falsos para o único Deus verdadeiro. Há muitas pessoas, hoje, no mundo, que servem, seguem e adoram a deuses falsos. Aqui no Brasil, em particular, temos uma religiosidade sincrética e estranhíssima. Lá no nordeste encontramos uma devoção muito forte ao Padre Cícero. Então, você pergunta às pessoas: “A quem estão seguindo e adorando?” E elas respondem: “Ao padim padre Cícero”. E ali estão pessoas que se denominam cristãs, reunidas numa igreja também chamada cristã, mas que seguem ao Padre Cícero, e não a Jesus Cristo.

Há no mundo uma vastidão de deuses, poderes e entidades. Quando o apóstolo Paulo chegou ao areópago, na Grécia, encontrou altares a tudo quanto é deus. Calcula-se que, naquela época, havia mais de 30 mil deuses em Atenas. Hoje não é muito diferente. Há religiões em que o deus é o próprio “Eu”. Você já reparou como é complicada a conversão de uma pessoa que adora a um deus falso para o único Deus verdadeiro?

Numa conversão assim, você abdica de tudo quanto cria antes. Você se despoja de todas as orações, confissões, rituais, e volta-se para o Deus revelado na pessoa de Jesus. A pessoa muda o foco da sua adoração. Ela não quer mais adorar Ogum, não quer mais adorar ao Padre Cícero ou a alguma outra entidade. Algumas pessoas estão tão ligadas aos rituais antigos que lhes custa muito essa mudança. Sem contar aquelas que receiam ser alvo de alguma maldade dessas entidades, pelo fato de terem vivido anos sob sua influência. Por tudo isso é que a conversão de um deus falso para seguir ao único Deus verdadeiro tem de ser radical. A pessoa abdica e rejeita a tudo o que fazia, e se entrega por inteiro ao Senhor dos senhores.

A segunda conversão é também muito dramática: a do nosso “Eu” ao domínio completo do Senhor Jesus. É luta pra toda a vida. Nessa conversão é preciso que haja uma rendição dos nossos sonhos, dos nossos desejos e planos, e submissão de tudo isso a Jesus. A pessoa para de lutar pela sua própria reputação e a transfere para Jesus. É coisa dificílima porque o nosso “Eu” é um deus em nós. E todos gostamos de estar no controle da nossa vida, de governar a nossa história e mandar no nosso destino. Mas Jesus nos convida a um roteiro inverso. O convite é para que paremos de lutar com nossas armas, e nos rendamos a Ele, deixando que Ele seja Senhor absoluto da nossa história. Nessa mudança, deixamos que Cristo cresça em nós a cada minuto, a cada hora e a cada dia.

A terceira conversão é a do nosso bolso. Alguém disse que o nosso bolso é o último a se converter e o primeiro a esfriar. O Dr. João Filson Soren dizia, brincando, que as pessoas deviam ser batizadas com suas carteiras também. Mas não existe nenhuma fé no mundo em que você não tenha que participar com seus recursos. Algumas religiões são até exageradas nos requerimentos que fazem. A Bíblia nos mostra religiões pagãs que exigiam sacrifícios da família. Não que compremos as bênçãos de Deus com os nossos bens, mas Jesus já disse que “onde estiver o nosso tesouro aí também estará o nosso coração”. Ou seja, investimos, colocamos dinheiro, naquilo que amamos. E se amamos a Deus, a contribuição voluntária para o progresso da Sua Obra será algo natural. Deus nos dá com abundância e com fartura, e nós sentimos prazer em sermos fiéis a Ele também.

A minha experiência diz que todas essas conversões são obras marcantes do Espírito de Deus em nós. E o resultado de tudo isso é plena comunhão com Deus, e com o Seu povo. Então, essas três conversões já aconteceram na sua vida?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Choro Atrasado

Davi foi chamado de “homem segundo o coração de Deus”, na Bíblia. Ele foi um cara excepcional, mas fracassou como pai. É dele uma das cenas mais tristes em toda a Bíblia. Seu filho Absalão se voltou contra ele, e decidiu usurpar o trono do próprio pai. No meio daquela guerra, o exército de Davi, finalmente, matou Absalão. Quando a notícia chegou aos seus ouvidos, Davi ficou amargurado, com um sentimento profundo de vazio na alma, e chorou pelo filho. Um choro tardio.

Tenho visto pais chorando os seus erros e omissões. Já vi muitos pais cheios de remorsos porque se apequenaram no lar. Eles fizeram muitas coisas pela casa, mas não trabalharam no coração dos seus filhos. E hoje choram a falta de diálogo, de confrontação e de disciplina.

Como Davi, choramos atrasados quando perdemos a autoridade moral e espiritual dentro do lar. Amnon, filho mais velho de Davi, se apaixonou pela bonita Tamar, sua mana. E arquitetou um plano para possuí-la. Estuprou a irmã e a botou para fora do palácio, como se joga um lixo na rua. Aquilo era um crime assombroso, mas Davi se omitiu. Ele não o corrigiu nem o confrontou. É que esse estupro aconteceu logo após a sua queda. Davi havia se envolvido com uma mulher casada, e ainda mandado matar seu marido. E ele agora tinha dificuldade em lidar com o problema de casa, porque não tinha autoridade moral para falar com seu filho.

Isto acontece, hoje, em casas onde o pai desonesto quer ser moralista com o filho adolescente que se envolve em transgressões; onde o pai fumante quer da bronca no filho que fuma e onde o pai que bebe tem de encarar os primeiros arroubos do filho com álcool. Infelizmente, vejo pais mendigando autoridade sobre os filhos, quando os filhos precisam desse comando paterno no lar.

Como Davi não fez nada com Amnon, Absalão matou-o traiçoeiramente, e foi viver exilado por três anos. Depois disso voltou para Jerusalém. Mas Davi disse: “Pode vir, mas não quero nem ver a sua cara”. E assim Absalão ficou muitos anos sem se aproximar do pai. Quando o procurou, Davi não lhe deu atenção. Tudo o que fez foi lhe passar um perdão judicial. Se naquela hora Davi parasse, olhasse para o coração do filho, e chorasse com ele, o filho não teria arquitetado um motim contra ele.

Como Davi, também choramos atrasados quando deixamos de mostrar afeto pelos nossos filhos. Vivemos numa sociedade que diz que não podemos disciplinar nossos filhos, mas ninguém está reclamando quando não mostramos afetos por eles. Estão faltando lágrimas em nossos corações. Pais precisam chorar com os filhos, e os filhos, com os pais. Pode ser que você não consiga dizer nada, mas chegue junto, chore diante do seu filho agora, para não chorar tarde demais.

Cuide para que seu filho saiba que você não é uma coisa gelada e estéril, mas que é uma pessoa com afetos, com amor, e muito acolhimento no coração. Querido pai, não chore atrasado.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

" O Camburão"

Camburão era o nome dado ao carro de polícia que fazia rondas pela cidade. Pessoas suspeitas, geralmente negros, bêbados ou pobres, eram abordadas pela Polícia Civil. Os policiais saiam da viatura e exigiam a identificação da pessoa. Caso fosse constatada alguma irregularidade, a pessoa era detida, e levada para a delegacia, na traseira do veículo.

“Camburão” era também o apelido que meus colegas davam ao meu pai. Não poucas vezes, antes mesmo de ele avistar a mim ou aos meus irmãos, éramos avisados pelos colegas: “Renato, ‘o camburão’ está lá no bloco D”. Ou: “Ricardo, vi seu pai no bloco A”. Ou ainda, “Jeiel, seu pai andou procurando vocês”.

É que, apesar de sair muito cedo para o trabalho e chegar depois das 20h em casa, meu pai tinha o costume de sair e procurar cada filho. Queria saber onde estávamos, com quem e o quê fazíamos. Quando nos via, ele nos abraçava, beijava, e expressava alegria e amor por nós. Não poucas vezes, ele também nos cheirava, para perceber resquícios de fumo. Ele bem sabia que a juventude daquele lugar vivia em busca de novidades e aventuras. Sabia que adolescentes são suscetíveis ao grupo. No dizer de Rubem Alves, são verdadeiras maritacas, que gostam de fazer tudo em bando. Papai sabia que era muito difícil não se deixar dobrar pela influência dos outros. Então, mesmo cansado, todos os dias saía à nossa procura. A expressão ainda não havia sido cunhada, mas papai, “o camburão”, fazia com que pagássemos o maior mico diante dos colegas. Sentíamos uma vergonha enorme por causa dele. Dos seis blocos de apartamento daquele condomínio, ele era o único pai que, diariamente, andava a procura dos filhos.

“O Camburão” também tinha regras claras. Só podíamos ficar na rua até às 22h. Muitas vezes questionávamos aquela ordem, dizendo: “nós somos os únicos que temos de chegar a casa às 22h. Todos os nossos amigos ficam na rua até muito mais tarde”. Papai, “o Camburão”, não se comovia. Os outros não eram filhos dele. Os dele, ele cuidava.

Vi quando muitos daqueles colegas começaram a se envolver com drogas, por pura curiosidade e brincadeira. Infelizmente, assisti de perto o processo de degradação de outros. Testemunhei o desespero por dinheiro. Vi filhos de gente boa vendendo roupas de grifes por ninharia, depois arrombando carros, para conseguir dinheiro pras drogas. Nunca vi seus pais lá na rua fazendo rondas. Logicamente, não viram nada disso. Entendi, então, quando o governo lançou uma campanha antidrogas com o seguinte slogan: “seja pai do seu filho, antes que um traficante o adote”. Enquanto isso, “o Camburão”, meu pai, continuava a sua rotina de rondas. Benditas rondas.

Aquelas rondas chamavam-se amor, pois quem ama cuida. Aqueles limites, que tanto me envergonhavam, chamavam-se zelo. E aqueles constrangimentos diante dos colegas tornaram-se saudosas recordações de um grande amigo. Hoje, agradecemos a Deus pelo “Camburão” que marcou e abençoou as nossas vidas.

A você, pai, cuja vida tem sido um exemplo de retidão, amor, zelo e dedicação aos filhos, contando esta história, rende-lhe homenagem um filho saudoso, que foi amorosamente detido pelos braços de um “Pai-Camburão”.

terça-feira, 31 de julho de 2012

A Sua Casa, Um Lugar de Cura

Um pouco antes de tomar a cruz, Jesus visitou Jericó. E mais uma vez ele nos surpreende, porque ao invés de ficar na casa do beato da cidade, ele chegou para um cobrador de impostos, que arrecadava tributos não para os judeus, mas para o império romano, e disse: “hoje me convém entrar na sua casa”.
Um publicano como Zaqueu era tão odiado que as mães ensinavam a seus filhos que, ao vê-lo, cuspissem no chão e mudassem de calçada. Esses homens também eram proibidos de porem os pés no templo ou de frequentarem uma sinagoga. Eram considerados traidores da Pátria.

“Eu preciso ficar na sua casa”, disse Jesus a Zaqueu. Isso é fantástico porque, na Bíblia, encontramos uma mãe aflita, numa procura desenfreada por Jesus, porque um espírito maligno havia dominado a sua filha, e infelicitado todo o seu lar. Há pessoas que não chamam Jesus para a sua casa, mas abrem as suas portas para a entrada de entidades malignas. Há muita gente colocando coisas horríveis dentro dos seus lares.

Jesus disse a Zaqueu que precisava ficar na sua casa porque, apesar de ter uma posição privilegiada, e de ter um salário excepcional, ele ainda assim roubava. Zaqueu se parecia com muitos políticos brasileiros de hoje (alguns evangélicos). Nada bastava para saciar a sua fome material. Mas Jesus precisava ficar na casa dele porque Zaqueu levantava altares financeiros que o impediam de chegar a Deus. Muitas vezes colocamos coisas em casa, achando que nos darão vida, mas elas apenas nos impedem de conhecermos a Deus, e de experimentarmos o Seu grande amor. O que você anda colocando dentro do seu lar?

Casa é um lugar excelente para Jesus se tornar conhecido. Hospitalidade e hospital vêm da palavra latina hospes, que no inglês derivou para host, e tem o sentido de hospedar. Daí surgiu a palavra hospitalidade, que é um atributo daquele que trata bem os seus hóspedes. Max Luccado, brincando com essas palavras, diz assim: “ambas levam ao mesmo resultado: cura. Quando você abre as suas portas para alguém, envia imediatamente a seguinte mensagem: ‘você é importante para mim e para Deus’”.

A sua casa pode se tornar um hospital para curar seus vizinhos, parentes e amigos. Ela pode se tornar um oásis espiritual para aqueles que estão atravessando tempestades na vida, e necessitam de restauração e cura para a alma. A nossa proposta, em Agosto, é abrirmos os nossos lares para que Jesus se torne conhecido dos nossos amigos e vizinhos. Abra a sua casa para Jesus, e deixe-O usá-la para a salvação.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

“O Efeito Bumerangue na Vida"

Havia, numa igreja, um irmão que gostava de ser cumprimentado por todos. Ele se acostumou a ficar sentado no seu cantinho e todos tinham de ir lá cumprimentá-lo. Um dia, a mulher do pastor não o cumprimentou. Ele ficou irado, e disse: “a senhora não veio me cumprimentar hoje”. A senhora lhe respondeu: “Meu querido, a distância é a mesma”.

Jesus falou do ‘efeito bumerangue’ nas nossas vidas: devemos fazer aos outros aquilo que gostaríamos que as pessoas fizessem a nós. Devemos não julgar se queremos não ser julgados; não condenar se não quisermos ser condenados, e perdoar se quisermos ser perdoados. Ou seja, nós seremos medidos da mesma forma como medimos os outros. Cordialidade suscita cordialidade. Respeito gera respeito. Violência motiva violência. Julgamento atrai julgamento. Pessoas críticas, duras e julgadoras tornam-se alvos da dureza e do julgamento de outros. Tiago aborda isso, dizendo: “o juízo é sem misericórdia para aquele que não usa de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo” (Tg 2.13).

Lares moralistas e duros acabam se desestruturando porque aprendem a condenar tanto os outros que, quando algum problema acontece na casa deles, eles não sabem mais o que fazer. Quando somos duros com os outros na verdade nós estamos nos esquecendo de quem nós somos. Esquecemos, sobretudo, da nossa natureza pecaminosa, e da necessidade desesperadora que temos da graça de Cristo. O moralista quase sempre é desamoroso, e não sabe lidar com o fracasso e com a dor dos outros.

Jesus, conhecendo bem a natureza humana, disse pra não sermos rigorosos ao julgar os outros. É por isso que o evangelho é o melhor caminho. Pessoas legalistas idealizam os outros, e se esquecem de que elas também são falhas. Jesus escandalizou os moralistas do seu tempo porque se aproximou de gente quebrada e de gente com dificuldade de ser amada, e as aceitou assim mesmo.

Dizem que John Bunyan, autor de “O Peregrino”, um dia estava numa cidadezinha do interior da Inglaterra quando passou por ele um homem que estava sendo levado para julgamento, e talvez pegasse pena de morte. Ele vendo a vergonha e situação ruim daquele homem, chamou as pessoas que estavam por perto, e disse: “Ali está John Bunyan, não fosse a graça de Deus”. Era como se dissesse: a graça que me alcançou me poupou disso, mas eu não sou diferente daquele homem.

Então, meu irmão, muito cuidado com a dureza do seu coração. Quando você for tentado a se achar melhor do que os outros, ou superior aos outros, desconfie de você. Lembre-se do ‘efeito bumerangue’, e trate as pessoas como gostaria de ser tratado.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Muito Mais que Milagres

Facilmente podemos transformar Deus num milagreiro. Nós nos aliamos a Ele apenas para recebermos benefícios. Mas, no Novo Testamento, milagres são lições, são maneiras didáticas de Deus nos comunicar verdades maiores.

Ao fazer qualquer milagre, Jesus tinha uma clara intenção. E quando alguma coisa sobrenatural nos atinge, com certeza Deus tem propósitos nisso. Muitas pessoas veem os milagres, ficam muito contentes com eles, mas param neles. E não há equívoco maior do que transformar Jesus em Alguém que está ao nosso serviço. Essas pessoas experimentam o poder de Deus, mas não têm suas vidas transformadas.

Jesus fez muitos milagres no seu ministério, mas todos eles tiveram efeitos passageiros. Aqueles homens que foram curados de cegueira um dia morreram. Até mesmo aqueles a quem Ele ressuscitou dentre os mortos, como Lázaro e o filho da viúva de Naim, morreram de novo. É que milagres são temporários.

Quando ficamos satisfeitos com os milagres, e paramos neles, deixamos de experimentar a bênção maior que Deus quer nos dar. Por isso, após curar algumas pessoas, Jesus voltou para conversar com elas. E por que fazia isso? É que ele sabia que só o milagre não é suficiente para a nossa vida. Deus queria fazer uma coisa muito maior, mais abrangente e muito mais importante.

Após uma noite inteira de pesca frustrada, Jesus disse a Pedro, pela manhã, que lançasse as redes de novo. Pedro obedeceu-O, e ficou admirado com o que aconteceu. Ele não só ficou boquiaberto com a abundância de peixes, mas, sobretudo, com a pessoa de Jesus. Assim, prostrou-se diante d’Ele, e disse: “Senhor, retira-te de diante de mim porque eu sou pecador”.

Pedro era um homem durão. Era um cabra macho, inflexível, desses que não se dobram facilmente. Mais tarde, quando vieram prender Jesus, no Getsêmani, ele pegou a espada e cortou a orelha de Malco. Quando Jesus disse que todos os seus discípulos fugiriam, ao ser preso, Pedro disse: “O quê? Eu amarelar? Todos podem te negar, menos eu!” Em outras palavras: “Eu sou macho, e não vou ter esse tipo de atitude, não”.

Mas quando Jesus transformou aquela pesca frustrada em algo maravilhoso, aquele milagre gerou temor em Pedro, a ponto de ele se ajoelhar, e dizer: “Sou pecador, e preciso de Deus”. E a maior coisa que o milagre fez foi por Pedro de joelhos, sem arrogância, sem indiferença, sem tentar resolver as coisas no peito, mas aprendendo a se humilhar diante desse Deus grandioso.

Então, melhor do que experimentar os grandes sinais de Deus através de milagres, é entender quem é Jesus. O milagre maior é Deus transformar uma pessoa dura, irreligiosa, como eu e você, em pessoas que se curvam diante de Jesus, reconhecendo a Sua majestade. Se o milagre vem, mas nós não nos tornamos pessoas melhores, e mais sensíveis às coisas de Deus, então não aprendemos nada com ele.

Quando ficamos apenas no milagre, deixamos de receber as melhores bênçãos que Deus tem pra nós. Através dos milagres, Deus quer nos fazer pessoas mais sensíveis à sua voz, e muito mais úteis nas Suas mãos.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ídolos Sutis

O apóstolo João já estava idoso quando disse: “filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1Jo 5.21). Ele estava falando de uma idolatria muito sutil. Falava de ideias, conceitos ou pessoas que passamos a idolatrar, e trazê-las no coração. Referia-se a ídolos cultivados na alma.

Olhe para o seu coração e note se há alguma coisa que você acha que não pode viver sem ela. Isso é o seu ídolo. Por exemplo, a menina que se apaixona por um rapaz, e começa a dizer: “Se ele for embora, eu morro!”, está idolatrando-o. Esse rapaz assumiu o lugar de Deus no seu coração.

Ídolo é tudo aquilo que ocupa prioritariamente o nosso coração. Vamos cultivando algumas coisas dentro de nós, e ficamos presas a elas. O mais impressionante é que o ídolo fascina. E sabe por quê? Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança. Isso implica que o caráter humano tem de ter como padrão o caráter de Deus, e aquilo que Deus é. Quando você faz um ídolo, você faz algo à sua própria imagem e semelhança. E sempre será algo que você pode manipulá-lo. Ele não vai dizer o que você tem de fazer, mas você vai lhe dizer como é que você quer que ele seja. E isso é uma sedução pra todos nós, porque não gostamos de nos submeter a ninguém.

Descobrimos ídolos na nossa vida percebendo os medos que nos dominam. Há muitas pessoas que vivem com medo do dinheiro faltar. Elas acham que as suas poupanças ou as suas aplicações financeiras podem cuidar delas. E quanto mais colocam confiança nesses ídolos falsos, mais obcecadas ficam, porque são coisas frágeis. Ou seja, quebram à toa. Afinal, já vimos muita gente rica perdendo tudo. Então, seja honesto, e pense naquilo que tem ocupado o seu coração e lhe causado muito medo. Veja se está colocando a sua confiança e a sua segurança em coisas que não são Deus.

Podemos identificar outros ídolos em nossa vida perguntando: O que tem ocupado o nosso coração de forma mais intensa? O que mais temos cobiçado na vida? Eu já vi muitos incrédulos falando que confiam no seu bolso. E eles têm de se entregar ao dinheiro mesmo porque eles não têm Deus no coração. Mas, se você ama a Deus e diz que confia nos seus recursos financeiros, você está criando, engordando e nutrindo a sua alma com um ídolo, e achando que com isso está seguro. E está perdendo também a capacidade de confiar no único Deus que realmente supre todas as suas necessidades.

Ídolos nos fascinam, mas não saciam a nossa alma. Eles são como bolhas de sabão no nosso coração. Quando chegamos perto deles, para tocá-los, eles simplesmente somem, deixando um enorme vazio em nossas almas. Talvez, por isso, o salmista disse assim: “O meu socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra”(Sl 121.2). Outro acrescentou: “Uns confiam em carros, e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nosso Deus” (Sl 20.7).

O apóstolo João era suficientemente experiente para saber que, mesmo sendo crentes em Cristo, o nosso coração pode ser sutilmente enganado, a ponto de não percebermos que estamos confiando em falsos ídolos. Por isso, ele termina a sua carta nos dizendo: “Guardai-vos dos ídolos”.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Saindo do Buraco

Desesperado, ele me procurou para pedir dinheiro emprestado. Contou-me uma história triste, e me garantiu que logo lhe chegaria um dinheiro, e que ainda naquela semana me pagaria. Eu estava apertado financeiramente, mas como ele me pagaria logo, cheio de compaixão, lhe emprestei o dinheiro.

A semana passou rápida e ele não deu as caras. Tive de me virar para saldar meus compromissos. Depois vieram meses e anos, e ele nada de saldar o empréstimo. Toda a vez que me lembrava dele, ou daquele fato, ficava com muita raiva. Raiva de mim e dele, pois só um tolo como eu seria capaz de cair na sua lábia.

Um dia avistei-o ao longe, na rua. Ele também me viu, mas tomou outro rumo para não cruzar comigo. Aquilo me fez muito mal. Estava a ponto de explodir. Até então, achava que ele não tivera oportunidade de me pagar. Mas agora estava certo de que era má fé mesmo.

Tomei um ódio enorme dele. Não era nem pelo dinheiro. Era pela cara-de-pau dele. Não podia ouvir falar seu nome sem que um tremendo mal-estar, uma mágoa enorme, e uma vontade de lhe fazer alguma coisa ruim viesse à minha mente. Decididamente, aquele meu ódio estava me fazendo muito mal.

Até que resolvi perdoá-lo. Disse a mim mesmo que não lhe emprestara aquele dinheiro. Fizera-lhe uma doação. Um dia, encontrei-o, e ele meio sem graça ouviu da minha boca que já não me devia nada. Não precisava mais me devolver nada. Estava quite comigo. Também não precisava fugir mais de mim. Aquilo me fez muito bem. Pela primeira vez conseguia olhar pra ele com compaixão. Já não havia ódio ou qualquer desejo de prejudicá-lo.

Descobri que perdoar aquela dívida fez muito bem à minha vida.
A ira é uma inimiga mortal da nossa alma. Alguém definiu o ódio como “você tomar um copo de veneno, acreditando que isso vai fazer mal ao outro”. E é o que fazemos muitas vezes: sofremos, ficamos angustiados, irritados, tensos, ressentidos e cheios de ódio no coração. E assim vamos nos matando, perdendo a saúde, a alegria de viver, e tudo porque sentimos vontade de nos vingar do outro. Enquanto o outro simplesmente está vivendo.

Ficamos com vontade de prender aquele que é o nosso desafeto. Mas só o que está preso mesmo é o nosso coração. O outro está livre. Por isso, perdão é uma ordem de Deus para nós. É também bênção para a nossa vida, porque tira o nó que fica atravessado no nosso peito, e nos libera para viver. Perdão também libera os outros.

Não importa o que fizeram a você. O mais importante é que resposta você vai dar aquilo que fizeram a você. Sem perdão, perdemos a capacidade de ver um Deus amoroso cuidando da nossa história e suprindo as nossas necessidades.
É tempo de sepultar a sua ira. Não perdoar é ficar atolado num buraco.

Quando perdoamos, Deus nos tira desse buraco onde caímos e começa a fazer coisas tremendas nas nossas vidas. Ele nos dá oportunidade de restauração, de mudança de rota, e começa a escrever uma nova página na nossa história.
Está com ódio de alguém? Coloque isso nas mãos de Deus. Saia do buraco, perdoe!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

É Proibido Ser Indiferente

Uma das orientações bíblicas mais estranhas ao contexto cultural brasileiro é aquela em que o apóstolo Paulo diz: “Irmãos, saudemo-nos uns aos outros com ósculo santo” (1Ts 5.26). É que os homens brasileiros não têm o costume se de beijarem. A gente vê isso em outras culturas. Alguém disse que os beijos dos homens russos chegam a ser escandalosos. Nas culturas árabes em geral os homens também se saúdam com beijos.

Então, a pergunta que chega pra gente é: esta orientação apostólica deve ser interpretada literalmente, ou há apenas um princípio aqui que nós precisamos aprender? Com base nesta exortação, a Igreja Cristã do Brasil exige que todos os crentes, homens e mulheres, se beijem. Mas eu não creio que haja aqui uma ordenança bíblica. Há, sim, um princípio. E a exortação é a seguinte: Nós não podemos ser frios e indiferentes quando se trata do relacionamento que temos com nossos irmãos em Cristo.

Mesmo que você seja formal, e há pessoas que são formais na vida, seja calorosamente formal. Mesmo que você, por uma questão de temperamento e de jeito, tenha dificuldade em ser informal, não trate o seu irmão de forma fria e distante. Mas se você é efusivo, e gosta de beijar, abraçar, tocar, use isso para aproximar pessoas. Todos temos de tratar os outros crentes de forma cordial, cuidadosa e calorosa.

Uma das razões para sermos calorosos com os outros crentes é que vivemos num corpo. Deus nos chamou com uma santa convocação para vivermos em comunidade. Isolamento no cristianismo é uma antítese da nossa fé. A fé cristã não admite a possibilidade de você ser uma pessoa distante. Porque quando você aceitou Cristo você foi inserido num corpo (1Co 12.13).

Muitas vezes a uma pessoa enferma é receitado uma injeção. E essa injeção é no braço. Bem que o braço poderia dizer: “espera aí, não sou eu quem está sentindo dor. Quem está sentindo dor é outro órgão”. Mas o braço é solidário com aquele momento para que todo o corpo esteja bem. É exatamente essa ideia que Deus sempre traz para nós. Somos inseridos numa comunidade, onde desenvolvemos dons, fazemos amizades, e vivemos uma vida comunitária em amor.

Algumas pessoas não fazem questão de criar vínculos. Elas não têm responsabilidade com os irmãos. Assim, não oram pela igreja, não estão presentes nas programações, não contribuem financeiramente nem desenvolvem seus dons. Elas gostam apenas de receber os benefícios da igreja. Elas se tornaram meras assistentes, mas quando chegam na igreja querem ser bem recebidas, mesmo que não se importem com ninguém. Mas se não as tratarem bem, elas vão chiar. Elas têm direitos, mas nenhuma responsabilidade.

É proibido ser indiferente e frio. Deus não quer que ninguém viva numa igreja de uma forma apática, como se isso não tivesse nada a ver com você, como se o irmão que caminha ao seu lado não tivesse nenhuma ligação com a sua vida.

Anos atrás identificava-se um crente por não fumar, não beber, não dançar nem jogar. Talvez por isso, um crente foi a uma fazenda e o fazendeiro lhe disse: ‘Acho que esse meu cavalo é crente, pois ele não fuma, não bebe , não dança e não joga’. Mas aquilo que deveria identificar uma igreja era o interesse de todos uns pelos outros; como eles se amam e se importam com os outros.

Comece a trabalhar para acolher bem gente nova que chega à igreja. Passe os olhos e identifique gente que está num canto, de lado, e desenvolva a sensibilidade para perceber quem precisa ser entrosado. Vá atrás das pessoas, olhe para elas, cuide delas, pois é isso que o o apóstólo Paulo está nos ensinando ao dizer: “saudai-vos uns aos outros com ósculo santo”.

Vamos nos cumprimentar calorosamente. Vamos nos aproximar, acolher uns aos outros, como Deus, em Cristo, nos acolheu.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Somos um Hospital, Não uma Delegacia.

A igreja é um lugar para pecadores. Ou seja, aqui há lugar para doentes espirituais. Ela acolhe gente que, por descuido ou falta de vigilância, caiu em tentação e agora está profundamente ferida e debilitada pelo seu pecado, necessitando de cura para a sua alma.

Algumas igrejas se parecem com uma delegacia, onde agentes são escalados para investigar e denunciar os que erram. E, uma vez confirmada a denúncia, o infrator é exilado para a terra da indiferença e o acusador é promovido a uma espécie de delegado especial. Além disso, da noite para o dia, os irmãos exibem o Boletim de Ocorrência, e dão um gelo no transgressor, fazendo de tudo para que ele não apareça mais no grupo.

A igreja que se vê como um hospital é diferente. Ela sabe que é para lá que deve ser encaminhado todo enfermo espiritual. E é lá que o pecador deve ser atendido com carinho e presteza, com seu pessoal treinado para fazer de tudo para que o paciente seja salvo, independentemente da sua aparência física, da sua classe social, da sua situação financeira, e do seu estado espiritual.

A igreja que é um hospital, e não uma delegacia, costuma ter também serviços preventivos de saúde para a alma humana. Ela ensina a verdade com amor e prega a Palavra sem omitir ou acrescentar nada. Ela também fala com objetividade as doutrinas da salvação, fortalecendo assim a fé dos seus membros.

Não poucas vezes será preciso aconselhar e advertir o enfermo, tentando reeducar os seus maus hábitos e redirecionar os seus caminhos. Por amor, algumas vezes a igreja terá que afastar do seu rol aqueles membros que teimam em permanecer se machucando espiritualmente, e assim prejudicando a sua própria vida, assim como médicos amputam um membro do corpo para evitar que aquele mal se alastre pelo corpo inteiro. A igreja-hospital age da mesma forma.

Da mesma raiz de hospital derivam-se também as palavras hóspede e hospitalidade. Assim, por natureza, numa igreja, a pessoa deve ser acolhida com caridade e cortesia. Significa que quantas vezes o enfermo precisar de atendimento espiritual serão tantas as vezes que a igreja cuidará dele. Por isso, todo o tipo de pecador é bem-vindo aos seus cultos: aquele que está com plena saúde, o que sofre recaídas, o doente crônico e até mesmo aquele que está com a vida por um fio. É que a igreja de Cristo deve lutar pela cura da alma humana até o fim.

A igreja é os seus membros. Ela deve ser uma unidade de terapia intensiva para qualquer moléstia espiritual. Deve também exercer uma grande atração sobre as pessoas com problemas, dificuldades, desajustes e crise. Que corram para ela todos os aflitos e amargurados de alma, pois era esse tipo de gente que procurava Jesus.

A questão é: Qual tem sido a sua participação para ajudar, consolar, aliviar a dor dos aflitos de alma? Você se compadece dos pecadores, ou está se especializando em jogar sal na sua ferida? A igreja de Cristo tem de ser uma Casa de Saúde para os amargurados de espírito. Muito mais do que uma instituição religiosa, a igreja é uma comunidade onde os nossos defeitos são tratados com amor. Devemos prestar serviço uns aos outros, para que todos recebam a cura para as aflições espirituais, mediante o sacrifício perfeito de Jesus Cristo no Calvário.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

"A Minha Oração Não Passa do Teto!"

Certa vez ouvi um pastor relatando uma conversa em que seu amigo lhe disse: “Rapaz, a Bíblia fala que o rei Dario decretou que ninguém podia orar por trinta dias. E Daniel foi para a cova dos leões porque o desobedeceu. Eu fiquei pensando que se hoje se baixasse um decreto parecido, isso não faria a mínima diferença na minha vida, pois eu nunca oro mesmo!” Já parou para pensar quantos crentes, hoje, poderiam dizer a mesma coisa?

Na relação dos dons dados à igreja não existe o ‘dom da oração’. E devemos dar muitas graças por isso, porque qualquer crente tem o privilégio de falar com Deus. Mas, na prática, parece que Deus escolheu alguns poucos irmãos para orar. Geralmente esse grupo é tão pequeno que em muitas igrejas é chamado de “Guerreiros da Oração”, “Exército da Fé” ou alguma coisa parecida. Quase sempre tem a tarefa hercúlea de carregar todo o ministério da igreja em oração. Não é dramático isso?

Algumas pessoas costumam dizer que oram sem cessar. Na verdade, elas nunca param num quarto fechado ou num lugar secreto para orar. Ao longo do dia, de vez em quanto, quando se lembram, o que elas fazem é falar uma frase aqui ou acolá para Deus. E chamam isso de “orar sem cessar!” Isso se parece com aquele marido que tenta ler o jornal diário ao mesmo tempo em que tenta conversar com a sua esposa. Se nunca fez isso, experimente e note a alegria que ela sentirá?

Falar algumas frases para Deus ao longo do dia não substitui a orientação dada por Jesus de você separar um tempo diário, a sós com Deus, num lugar. E a Bíblia também acrescenta que precisamos ter uma atitude de alerta constante na nossa vida, transformando o nosso andar diário numa experiência de oração. É isso que é orar sem cessar. É transformar as experiências mais comezinhas da vida numa experiência de oração. Ou como disse o apóstolo: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, tudo fazei para a glória de Deus” (1Co 10.31).

Agir assim é estar plugado, conectado, acessado ao site dos céus. Você já não divide a sua vida em compartimentos, com coisas que você faz para Deus e outras que faz para você. Mas Deus está presente em todas as coisas, horas e locais onde você está, e você quer honrá-lo e adorá-lo ali. Uma das grandes bênçãos nisso é transformarmos as coisas comuns em experiência espiritual. Aí Deus transforma as nossas coisas mais simples em experiências significativas.

Só que ninguém aprende orar lendo um artigo sobre oração. Muito menos ouvindo um bom sermão sobre o assunto. Aprende-se a orar como se aprende a andar de bicicleta. Você pode comprar um livro fantástico que lhe ensinará a andar de bicicleta em 1 hora, mas só aprenderá mesmo andar de bicicleta quando montar no selim e começar a pedalá-la. Tudo o que você tem de fazer é começar. Comece a orar. No início, a sua oração vai parecer a coisa mais sem graça e tola do mundo. Eventualmente, terá a sensação de que está fazendo um papel ridículo, e será tentado a dizer: “Eu não sei orar!” Mas Deus o chama para orar. Oração não é opcional, é algo básico na vida cristã. Não há como você crescer espiritualmente sem orar.

Você pode dizer: “Ah, pastor, mas parece que a minha oração não passa do teto!” Mas quem disse que as nossas orações têm de passar do teto? Se ela passar do seu coração já está ótimo. Sabe por quê? Porque Deus diz: “buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29.13). E lembre-se de que Deus está em todo lugar, até mesmo no teto.

Então, meu irmão, vá para a sua casa, desligue um pouco a TV, e ore! Faça alguma coisa assim intencionalmente. Oração nos livra do mal, nos conecta com o Sagrado e nos aproxima de Deus. E se a sua oração não transformar ninguém na história, ela poderá fazer uma coisa fantástica em sua vida: ela o transformará numa pessoa melhor. Então vá, entre no seu aposento, e comece a orar!

terça-feira, 22 de maio de 2012

"Pastor, A Minha Oração é Fraca!"

Poucos crentes gostam de orar. O pior é que não temos vontade de orar nem ficamos tristes por isso. Afinal, o que há de errado no nosso coração para que oração seja uma coisa tão difícil para nós? Poucos crentes sabem como orar. Aliás, os discípulos de Jesus também chegaram a essa conclusão, pois pediram a Jesus: “Ensina-nos a orar” (Lc 11.1). E a Bíblia comprova isso, dizendo que “nós não sabemos orar como convém” (Rm 8.26).

Com muita propriedade, alguém fez a seguinte observação: “alguns santos do passado gastavam horas diante de Deus que pareciam segundos, e nós, hoje, gastamos segundos que nos parecem horas”. Há um conflito no nosso coração que nos tornou uma geração de crentes que desaprendeu a orar. A nossa experiência de oração é muito pálida e fraca. Perdemos a dimensão da oração que aqueles homens de Deus tinham. Hoje nossas orações são ritualistas e decoradas e nós repetimos fórmulas.

Pedir a Deus que nos ensine a orar é uma das coisas mais importantes que podemos fazer. Se você não ora ou ora pouco, eu queria que você perguntasse honestamente a você: “por que eu não oro?” Isso é como a questão da contribuição para a obra de Deus. Quando eu não contribuo, a questão não é aumentar a culpa, mas perguntar: “Por que é tão fácil pra mim comprar um tênis de marca, de R$ 300,00, e é tão duro, tão penoso trazer uma oferta para a igreja?” Faça esse tipo de pergunta e você chegará a conclusão de que tudo é uma questão de afeto. Tem a ver com o seu coração.

Veladamente, há uma disputa nas igrejas evangélicas para anunciar a que tem mais poder em oração. Há uma igreja cujo slogan é: “Esta igreja tem poder!” Outra aliciava pessoas, dizendo que colocaria 318 pastores orando por elas, como se boa quantidade de intercessores fosse pressão suficiente para persuadir os favores dos céus. Só que o mesmo texto bíblico que diz que “não sabemos orar como convém”, diz que “o Espírito Santo, nosso intercessor, intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).

O que a Bíblia diz é que o Espírito transforma nossas débeis e superficiais orações em preces viscerais. Ou seja, orações que brotam das nossas vísceras, lá de dentro, do nosso interior. É que a palavra grega traduzida por gemidos são orações que brotam dos nossos rins. Na cultura hebraica daqueles dias, era o mundo interior mais rico que podia sair da gente. Você já teve dores renais? São dores que nos dão a impressão de que o mundo vai acabar. É uma angústia só, um peso imenso. E aqui está a promessa: o Espírito Santo, nosso Intercessor, transforma as nossas orações superficiais em orações viscerais, que saem do nosso interior.

Então, meu querido, não existem grandes intercessores humanos, não. Existe, sim, um grande Intercessor para as nossas orações, que é o Espírito Santo. Você também não precisa dizer que a sua oração é fraca, porque ela é mesmo! Não existem grandes homens de oração, mas existe um Grande Intercessor na nossa oração.

Ele pede por nós, interpreta o nosso interior, e pega aquelas nossas frágeis palavras, muitas vezes mescladas com pensamentos confusos, e transforma-as em orações poderosas, que traduzem fielmente o que queremos dizer junto ao Trono da Graça.

Estas coisas não deveriam fazer com que tivéssemos mais vontade de orar? Porque agora podemos entender que oração não é uma questão de pedir a Deus, mas um meio de me aproximar dEle e experimentá-lO em minha vida.

O nosso grande desafio é este: andar em comunhão e intimidade com Deus. E é por isso que Jesus insiste nas nossas orações, dizendo: “Tu, quando orares, entra no teu quarto, e fala em secreto com o teu Pai. E teu Pai que te vê em secreto te recompensará” (Mt 6.6). Então, vá lá! Deixe a sua alma ir com Deus.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Onde está Deus quando Sofremos?

Quem, sinceramente, diante de um sofrimento, não perguntou: “O que fiz, afinal, para merecer este castigo?” Alguns anos atrás, quando explodiu o avião 747 da TWA que fazia o vôo 800, entre New York e Paris, as pessoas comentavam: “Por que Deus permitiu que isto acontecesse?”

Uma vez perguntaram a um cristão piedoso sobre a razão de tantas injustiças e sofrimentos no mundo. E, onde estava Deus que, aparentemente, nada fazia. Ele respondeu assim: “você acha que é da vontade de Deus que homens peguem em armas e matem seus semelhantes? Acha que é da vontade de Deus que um homem se embebede, conduza um carro e provoque a morte de uma família?”

Isaías declara que “o mundo andava em trevas (em caos), debaixo da sombra da morte”
, mas que “o povo que andava em trevas viu uma grande luz.” Ou seja, a presença de Jesus na ocasião do caos, da dor, da morte e do desespero traz luz. Um dia, ao se depararem com um cego de nascença, os discípulos de Jesus lhe perguntaram: “Quem pecou?” (João 9) Desde que o mundo é mundo, duas respostas têm sido dadas para esta pergunta. Jesus acrescentou uma terceira.

“O sofrimento é de responsabilidade pessoal”, dizem alguns. Com a pergunta, os discípulos já trouxeram alguns pressupostos na mente, pois diziam: “Quem pecou, este... (v 2) ?” Esta também foi a resposta de Caim quando foi chamado por Deus a responder pelo sangue do seu irmão: “Acaso sou eu guardador do meu irmão?” Quando defendemos que o mal e a fatalidade são problemas pessoais, estamos dizendo que cada qual é responsável pela sua situação, afinal, o sistema dá oportunidade a todos. Quem não está bem é porque não quer. É uma resposta cínica que não ajuda em nada nem estanca a dor.

Outros dizem: “O sofrimento é de responsabilidade dos outros”. Os discípulos de Jesus também não rejeitaram esta hipótese, porque acrescentaram: “Quem pecou,... seus pais ?” É a ideia de que a dor e o sofrimento podem ter origem, também, fora do indivíduo. É um problema dos outros. É o jovem drogado que diz: “o problema são os meus pais”. Outros dizem: “É culpa da família”. Ou, então, furiosos, dizemos: “é culpa do governo!” Como fez Adão: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu do fruto, e comi.” Como fez Eva: “A serpente me enganou, e comi.” Ora, se a mulher foi dada por Deus e se a serpente foi criada por Ele, então, o responsável último pela dor e sofrimento é o próprio Criador.

A resposta de Jesus foi: “Nem este, nem seus pais pecaram, mas para que se manifestasse a obra de Deus na vida dele (v 3)” Em outras palavras, o sofrimento do outro é sempre um convite para manifestarmos as obras de Deus, criando um mundo mais justo, mais fraterno e solidário. Todas as vezes que encontramos gente a sofrer e a clamar no sofrimento, ali está Deus nos chamando para realizar as Suas Obras. Se você deixar que a presença de Jesus na sua vida ilumine aquele ambiente, aquela situação difícil pode trazer glórias ao nome de Deus. Muitas pessoas não verão Deus naquela situação, mas poderão enxergar o amor e a presença dEle na sua atuação desprendida e amorosa naquela hora.

sábado, 28 de abril de 2012

A Mensagem da Esperança

Quem é pregador do evangelho sabe que muitas vezes pregamos a Palavra, e não fazemos a mínima ideia de como Deus vai agir na vida das pessoas que nos ouvem. As pessoas ouvem os sermões de maneiras diferentes. Há aqueles que nos ouvem, e aquilo que é dito não lhes fala absolutamente nada. Enquanto isso, no mesmo local, ouvindo a mesma mensagem, há pessoas que dizem: “Opa! Essas ideias são interessantes; deixa eu anotá-las”. Mas, no mesmo lugar, há aquelas pessoas que acham que essa Palavra de Deus é absolutamente incisiva e imprescindível para os seus corações. Nessas pessoas nasce a esperança!

Um pastor disse que ao voltar ao Rio de Janeiro para pregar numa igreja, onde havia sido pastor, encontrou uma senhora que, sorridente, lhe disse: “Eu queria lhe dar um beijo, e lhe agradecer pela bênção que você foi para a minha vida”. E ele olhava para a mulher e não a reconhecia. Até que disse: “Que bom! Por favor, conte-me a sua história.” Ela esclareceu: “Eu recebi uma fita sua, não o conhecia, alguém me passou uma fita com a sua mensagem. E naquele dia eu estava pensando em me suicidar, estava pensando em morte, e achava que não havia resposta de Deus para o meu coração. Quando ouvi aquela mensagem, entendi que aquele era o recado de Deus para mim. E eu tomei posse daquela palavra, e ela tem sido vida para mim. E ela me livrou da morte”.

Quando era seminarista, fui convidado para pregar num culto de aniversário de 80 anos. O aniversariante queria que eu trouxesse uma mensagem evangelística para os seus filhos, que foram criados no evangelho. Então me preparei para pregar um sermão evangelístico. Na ida para aquela casa, caiu uma chuva torrencial pela cidade, de sorte que só eu e o dirigente conseguimos chegar lá. Na hora do culto havia umas cinco pessoas, todas crentes, contando também com o aniversariante. E eu não tinha outra mensagem.

Ao me passarem a palavra, fiquei todo constrangido por trazer uma mensagem evangelística para crentes. Só que colocaram um autofalante para fora, e eu trazia a mensagem louco para acabá-la o mais rapidamente possível. O que eu não sabia era que, próximo dali, uma vizinha tivera uma briga séria, em casa, com o marido. E como o ambiente na casa estava muito quente, ela disse que ia embora de casa. Mas, ao sair, reparou que chovia muito. Resolveu, então, se abrigar na velha Kombi da família. Ali, aborrecida, ouviu aquela mensagem que eu pregava com desconforto. E ela foi direta ao seu coração. Naquele dia ela teve um encontro pessoal com Jesus Cristo. Fui saber disso seis meses depois, quando fui convidado para o seu batismo.


Agora, lendo sobre a missão dada a João Batista, leio: “Todo o vale será aterrado, e todo o monte e colina serão aplanados; o que é sinuoso se endireitará, e os caminhos acidentados serão nivelados
(Lc 3.5). O Batista seria um instrumento de Deus para trazer esperança para as pessoas. A mensagem do evangelho tem poder suficiente para nivelar todos as pessoas que estão deprimidas, no vale, e sustentá-las equilibradamente com confiança e fé. O evangelho é suficiente para fazer retificar todos os caminhos tortuosos e aplanar todos os caminhos escabrosos. As pessoas podem estar na depressão ou à beira do precipício. Quando a Palavra de Deus é anunciada, as que a ouvem, e creem na Palavra, são transformadas e salvas.

Se você entrou aqui precisando de esperança, quem sabe Deus não está lhe dando oportunidade de ouvir essa Palavra da Salvação, para que não saia daqui da mesma forma como entrou. Portanto, a minha oração é que você saia desse blog, hoje, renovado, cheio da esperança que é gerada pelo Espírito Santo no seu coração.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

"O Importante é que Emoções eu Vivi!"

Anos atrás, a PIBT preparou um musical que envolvia a participação de coros, orquestras, cantores, coreografias e um grupo teatral. A preparação foi trabalhosa. Muitos crentes se envolveram nos ensaios musicais, outros na parte elétrica e peça teatral. Alguns ajudaram no som, na montagem do palco e no audiovisual. Alugamos um teatro na cidade, e por dois dias apresentamos a mensagem do amor de Deus, exaltando a bênção de termos Deus conosco. Ao final, várias pessoas fizeram decisão por Cristo. Poucos dias depois fui visitar um dos decididos, que me recebeu muito bem na sua casa. Ele me disse que, tocado pela emoção, resolveu ir à frente pedindo as bênçãos daquele Deus na sua vida. Aquilo passou. Agora, ele estava envolvido numa campanha política prestes a começar na cidade, mas depois se dedicaria ao Senhor. Nunca mais voltou ao nosso convívio. Foi apenas uma emoção.

O culto já havia começado quando o rapaz de meia idade, com uma tala que cobria um machucado num dos pés, entrou e sentou-se num dos nossos primeiros bancos. Ao longo do culto, aquele homem ora desfazia a tala e tornava a enfaixar o pé. Parecia um pouco alheio, até que chegou o momento da mensagem, quando ele prestou muita atenção. Ao apelo do pastor, surpreendentemente, ele veio à frente, abriu as mãos, e gritou: “eu entrego a Cristo tudo o que tenho e sou!” A congregação reagiu num misto de medo e fascínio. Talvez Deus tivesse realmente tocado aquele homem, ou fosse um louco. O tempo passou, ele voltou outras vezes ao nosso templo, mas nunca se comprometeu com Deus nem com nada. Era apenas uma emoção.

Num culto de Missões, o missionário começou a dar testemunho daquilo que Deus estava fazendo no seu ministério. Sentado no meio do templo, o rapaz profundamente tocado, pensou: “vou dar uma grande oferta para Missões”. O missionário contou das suas dificuldades e como, mesmo assim, Deus estava atraindo pessoas a fé. O rapaz eletrizado com aquilo, pensou: “quem sabe vendo a minha motocicleta e dou um pouco mais para Missões”. O missionário então citou as limitações e necessidades, e o garotão pensou: “vou doar todo o meu salário para Missões”. O missionário prosseguiu, agora lendo um texto bíblico, de onde embasava a sua fala. O moço pensou: “quem sabe largo meu emprego, e dedico toda minha vida para Missões.” Mas o missionário não falava pouco, e a pregação se estendeu. Então, o rapaz começou a se desligar da mensagem, pensando: “não, vou dar apenas aquela oferta inicial de Missões. Se Deus fez Missões até agora sem mim, eu não sou tão importante assim.” O pregador não parava de falar, e o rapaz, preocupado com o relógio e já impaciente com a pregação, disse: “não, não preciso dar oferta nenhuma. Vou orar para que Deus ensine esse missionário a falar pouco”. O culto acabou, e o rapaz foi embora. O seu envolvimento com Missões não passara de breves e intensos momentos de emoção.

O alvo de muitos crentes, hoje, é experimentar a letra da música mais cantada por Roberto Carlos, nestes últimos 25 anos: “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.” Eu até poderia começar esse artigo sobre o comportamento do evangélico nos templos, hoje, com o mesmo clichê do cantor: “são tantas emoções!”

A emoção faz parte do culto. Algumas vezes Deus toca o meu coração profundamente enquanto estou pregando. Aí, a voz fica um pouco embargada, e eu me esforço para prosseguir, sem que isso afete o meu raciocínio e, consequentemente, a pregação. Outras vezes ouvimos músicas, pregadores, e somos quebrantados pelo Espírito Santo. Mas não se vive a fé cristã apenas de emoção.

Há muitos crentes que classificam se um culto foi bom ou ruim pela emoção que sentem. Mas você pode ir a um teatro, e lá também vai sorrir e/ou chorar. Pode ir ao Engenhão ou ao Maracanã e vibrar ou se desesperar com o seu time de futebol. Só que isso também vai passar. A fé cristã é muito mais que emoção. É fidelidade. É levar a sério os desafios de Deus para a sua vida. E empenhar a palavra dada a Deus. É assumir um compromisso de fé e lealdade a Jesus. Aliás, falando da fé cristã, eu até parodiaria o cantor Roberto Carlos, dizendo: “Se chorei ou se sorri, o importante para Deus é o compromisso que assumi.”

segunda-feira, 23 de abril de 2012

"Crente Urubu"

As nossas igrejas evangélicas históricas são frequentadas por espécies exóticas de crentes, que dão um colorido especial, e muitas vezes triste, ao mundo eclesiástico. Já foram identificados os Crentes Cebolas, que fazem todos chorar; os Crentes Dormideiras, sensíveis, que sempre se recolhem quando se sentem ameaçados e os Crentes Chuchus, que tomam o gosto de onde estão misturados.

Ultimamente tem crescido o número de Crentes Urubus. São crentes que gostam de se alimentar de coisas deterioradas, imundas, e em decomposição. Os Crentes Urubus adoram rondar assuntos nauseabundos. Têm predileção por tudo o que cheira mal: fofocas, maledicências, e por assuntos podres. É da sua índole catar ambientes podres, fétidos, procurando explorar e tirar algum proveito dessas coisas.

O urubu é uma ave sociável. Ela frequenta a carniça com outros urubus. Quando abre uma carcaça é seguida por outras aves necrófagas, que se aproveitam da carcaça já aberta para dela se alimentarem. Quando o urubu-rei se aproxima, os outros ficam esperando respeitosamente que ele se satisfaça, para depois, então, comerem a sobra.

O Crente Urubu também é sociável. Ele adora avisar a outros Urubus que em determinado lugar encontrou um assunto podre para se deleitar. Então, eles ficam contemplando com alegria e satisfação os erros, os pecados, e os escândalos que encontraram. Nessas horas, falam tanto e se alimentam com tanto prazer da sujeira e do pecado, que a gente percebe que já neutralizaram em seus corações a piedade, a capacidade de chorar com os que choram, e a consciência da malignidade daquela situação.

Curioso, tragicamente curioso, encontrar nas igrejas pessoas que se dizem crentes que, em vez de se deleitarem com a Palavra de Deus e com a santidade, sentem prazer no pecado e na podridão. Crentes que preferem focar temas fétidos. Essa gente não percebe quem, nessas horas, de fato, está ditando ordens às suas vidas.

Tenho dito que Satanás não é um ser de confronto. Ele prefere os jogo das astúcias, da manipulação e dos disfarces. Toda obra maligna odeia a luz para que não fique exposta. Ele teme a denúncia que a luz provoca, porque a luz revela, evidencia e aponta os nossos caminhos. Satanás prefere as sombras, onde o mal e o mofo se alastram melhor. E se não abrirmos os nossos olhos, podemos deixar que as trevas nos abracem aos poucos. Eu tenho observado que não é muito difícil deixarmos que as trevas penetrem aos poucos no nosso coração.

Por isso, precisamos aprender a detestar o mal e nos apegarmos ao bem. Não dê brechas para o mal, para o sujo e para o podre. Se você tiver caminhando qual um Crente Urubu, frequentando ambientes podres, em lugares furtivos e medonhos, pegue um holofote e jogue-o no lugar onde estiver mais escuro o seu coração. Porque trevas, maldade, pecados só agem em nós por concessão. Então, não tente domesticar nem negocie com o mal. O sangue de Jesus é suficiente para nos limpar de toda a maldade. Peça também que Ele lance luzes nas suas trevas.

Só Jesus é poderoso para transformar um Crente Urubu em um Crente Colibri. O colibri é também conhecido como Beija-Flor. E a sua característica principal é que se alimenta de néctar das flores. Com seus voos entre flores ele se torna um grande polinizador. Fecunda outras flores aumentando a variedade genética.

Crentes Colibris se interessam por coisas doces e, certamente, se tornam fecundos no testemunho da sua fé em Cristo. E eles costumam obedecer o conselho do apóstolo Paulo, quando disse: “...tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8).

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Não se Precipite

“Eu dizia na minha precipitação: todo homem é mentira.” – Sl 116.11

O ditado popular diz: “apressado come cru e queima a língua.” A Bíblia fala do precipitado, que é a pessoa que procede sem refletir; que é apressada e imprudente. Curiosamente, precipitar é lançar-se de cima pra baixo; é cair impetuosamente.

Quase sempre o precipitado fala sem ter todas as informações. Faz prejulgamentos, sem ouvir todos os lados, e sem ter subsídios para firmar uma opinião bem fundamentada.

Às vezes encontro mulheres que se decepcionaram com algum homem e, contrariadas, falam precipitadamente: “homem nenhum presta!” A sua experiência particular leva-a a uma injusta avaliação generalizada. Quando eu ouço alguém perto dizendo isso, tomo logo uma atitude. Eu falo: “alto lá! Meu pai foi um homem honrado!” Apesar da minha brincadeira, você sabe que há homens sérios, de bom caráter, e que não merecem ouvir tal sentença. Aliás, foi a conclusão a que chegou o autor do Salmo 116.

Há também o caso de você vir dirigindo e o quarto carro à sua frente fazer uma grande besteira, transgredindo alguma lei do trânsito, e colocando em risco todos os outros passantes. E, na maior cara de pau, sem ter tido condições de ver tudo, você vaticina precipitadamente: “mulher ao volante perigo constante!” Com seu preconceito, acha que uma barbeiragem gigante como aquela só pode ter sido feita por uma mulher. Aí quando chega perto desse carro constata, sem graça, que foi um marmanjo quem fez aquela burrada.

No Salmo 73 Asafe está vivendo um grande dilema, que está se transformando numa grande tentação. Ele vê homens maus, sem qualquer temor a Deus, vivendo bem, com saúde, com muito dinheiro, cheios de segurança e aparentemente bem felizes. E olha pra si mesmo, que é temente a Deus, e leva a sério os seus mandamentos, e está enfrentando muitos problemas e contrariedades. Asafe, então, começa a sentir inveja desses homens maus.

Observando esse tipo de gente incrédula, Asafe nota que essas pessoas são arrogantes, insultam muita gente, zombam de todos, inclusive de Deus. Eles costumam até falar contra os céus, dizendo: “Como sabe Deus? Ou “Há conhecimento no Altíssimo? (Sl 73.11)”

Na sua precipitação, ele foi tentado a dizer: “Não vale a pena ser crente!” Na verdade, quando já estava pronto a dizer algo parecido, pra todo mundo ouvir, ele pensou melhor, e acabou concluindo: “se eu tivesse dito: falarei como eles, eu teria traído a geração dos teus filhos” (Sl 73.15).

O livro de Provérbios diz que “até o tolo quando se cala é tido por sábio” (Pv.17.28). O que impediu Asafe de falar um monte de bobagem foi ter pensado nas consequências dos seus ditos sobre os crentes. E ele chegou à seguinte conclusão: “eu estou muito desiludido, passando por muitas incertezas, mas eu não tenho o direito de prejudicar o povo de Deus. Eu sei que não posso, com as minhas palavras, atrapalhar a fé de ninguém”. Portanto, meu querido, mesmo que esteja inquieto, não faça nada que possa abalar a fé de outro crente.

Se a sua palavra não vai edificar, fique calado. Se não sabe de todos os fatos, não avalie. Não repasse uma afirmação que você não pode provar. Não alimente a maledicência. Não faça fofoca. Não se precipite. Não se desmorone espiritualmente, e, acima de tudo, não faça o povo de Deus tropeçar!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

"Sim, Eu Amo a Mensagem da Cruz"

Na sua biografia, Billy Graham conta que descobriu que nas suas Cruzadas Evangelísticas toda a vez que pregava sobre a crucificação de Cristo e seu significado havia muito mais pessoas se convertendo do que quando expunha outros temas do evangelho. A partir daí, em todas as suas campanhas, ele reservava um dia para falar sobre a cruz.

John Stott , ex-capelão da Rainha da Inglaterra, e um dos maiores expositores bíblicos do mundo, ficou assustado quando descobriu que por 50 anos nenhum teólogo, professor ou erudito (na verdade, ele usou o termo ”escritor evangélico para livros sérios”) escrevia alguma coisa densa sobre a cruz de Cristo, e seu significado nos evangelhos. Assim, em 1986, ele escreveu o clássico “A Cruz de Cristo”.

Oswald Smith já dizia que “a morte de Jesus é tão essencial para a fé cristã que se você pregar a Bíblia, mas não chegar na cruz, você ainda não pregou o evangelho e, na verdade, você está traindo o evangelho.”


A cruz é o centro da nossa fé, por isso o símbolo universal da fé cristã não é a manjedoura, mas a cruz. Os cristãos evangélicos creem que, em Cristo e através do Cristo crucificado, Deus substituiu a Si mesmo por nós e levou os nossos pecados, morrendo em nosso lugar a morte que merecíamos morrer, a fim de que pudéssemos ser restaurados em Seu favor e adotados na Sua família.

Quando o Senhor ressurreto encontrou dois discípulos caminhando em direção a Emaús, tristes e abatidos com a Sua crucificação, começou a lhes relembrar os pontos das Escrituras Sagradas que falavam da necessidade dEle tomar a cruz. Aquilo aqueceu e confortou seus corações, a ponto de eles terem nova disposição para retornar a Jerusalém, anunciando a Sua ressurreição. Assim, o apóstolo Paulo, embora fosse um intelectual, chegou a Corinto jogando fora toda a sua cultura. Então, ele disse: “A cruz é loucura para os judeus e escândalo para os gentios, mas quando estive com vocês, eu não fui com palavras de ostentação e de sabedoria, porque eu não queria que nada impedisse a mensagem do evangelho. Então eu falei pra vocês da cruz, porque eu quero que a entendam.”

Curiosamente, a nossa sociedade faz de tudo para que a mensagem da cruz seja esquecida num canto. Então, hoje, mais importante que a cruz são os ovos de chocolate. Mais importante que a cruz é o coelhinho. Mais importante que a cruz é não comer carne na sexta-feira, já que, nesse dia, o lobby da indústria de pescado é muito forte no Brasil. Em Portugal, um país extremamente católico, desconhece-se esta prática na Páscoa. E mais importante que a cruz é sair, de folga, para passear no feriadão.

Ver incrédulos marginalizando a cruz não surpreende. Mas, hoje, igrejas ditas cristãs colocaram a mensagem da cruz de lado. Até trocaram a cruz pela pomba, símbolo de poder nas hostes evangélicas. E os seus assuntos são milagres, curas, correntes, descarregos e libertação. Em nossa igreja, havia um irmão que durante muito tempo foi locutor de uma rádio do maior grupo neopentecostal do País. Ele era monitorado e proibido de citar versículos bíblicos que falassem da cruz de Cristo.Também era severamente constrangido a não abordar a crucificação.

Mas, como nos ensina o Novo Testamento, na cruz “Deus estava reconciliando consigo mesmo o mundo” em Cristo. Por isso, nesta semana em que se relembra o sacrifício de Cristo por nós, queremos dizer como Paulo: “longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.” Ou como diz o autor sacro:

“Sim, eu amo a mensagem da cruz; suas bênçãos eu vou proclamar.
Levarei eu também minha cruz, até por uma coroa a trocar.”

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O Brilho da Igreja

Um amigo pastoreava uma pequena igreja na capital paulista quando foi contatado por uma comissão de sucessão pastoral de uma grande igreja da região metropolitana do Rio. A comissão dava como barbada a ida dele para lá. Feito o convite, convite recusado. O pastor entendeu que a vontade de Deus para ele era outra.

Tentando persuadir aquele pastor do seu flagrante “erro” em não aceitar tão honroso convite, membros daquela comissão disseram: “Pastor, a nossa igreja é grande, a sua é pequena. O nosso templo é bem maior do que o daí. Além do mais, o prefeito e alguns vereadores da cidade são membros da nossa grei. Os cultos cívicos da cidade são sempre realizados aqui e será uma honra para o senhor ser o pastor da nossa igreja. Além disso, o salário que lhe daremos será muito maior do que o salário que ganha aí.”

A resposta do pastor foi exemplar: “O mesmo Cristo que ama a sua igreja rica aí é o que ama e sustenta a minha igreja pobre aqui. O Jesus que morreu pelo prefeito daí é o mesmo Jesus que morreu pelo humilde introdutor da minha igrejinha aqui. Além disso, há valores no Reino de Deus muito mais importantes do que patrimônio, prestígio, poder e dinheiro. Honra é servir ao Senhor Jesus no lugar que Ele queira que eu O sirva.”

Hoje, na igreja de Cristo, triunfa o valor do homem sobre os valores de Deus. O que vale é quantos membros somos, o patrimônio que temos, o dinheiro que entra e as pessoas que frequentam nossos cultos. Muitas igrejas já não se preocupam se a mensagem que pregam é bíblica, desde que isso atraia pessoas para os seus arraiais. Para isso, há marqueteiros de igrejas que ensinam como encantar e seduzir os incautos. Muitas igrejas querem simplesmente o fascínio das multidões. O importante são as atrações e as festas, Jesus é circunstancial. Não há preocupação com Deus, com a moral, com padrões, nem com os princípios do evangelho. Não ensinam como andar com Deus nem como viver uma vida que lhe honre e agrade.

O brilho de uma igreja não está na imponência arquitetônica do seu templo. O esplendor de uma igreja não está no número de seus membros. A beleza de uma igreja não está na formação cultural nem no nível social dos seus membros. O encanto de uma igreja está na presença de Jesus Cristo.

Já preguei em igrejas grandes e em outras pequenas. Já pastoreei igrejas de gente rica, com posses, e outras com povo bem pobre. Já subi morro e participei de cultos em igrejas de favelas, com crentes debilmente agasalhados em dias frios. Também já falei em igrejas cujo número de casacos de vison ultrapassava a meia centena. Mas o que traz glória para uma igreja não é nada disso, é a presença de Cristo vivo no meio do seu povo. Não há nada que faça uma igreja tão bonita quanto ver a presença de Jesus Cristo entre seus membros.

Não nos esqueçamos disso. O brilho da PIB de Teresópolis não virá pelo seu novo templo, nem pelo seu pastor, de seu ministro de música, dos seus corais, da sua orquestra, da posição social de seus membros, ou pelo bairro onde se localiza. Virá pelo quanto Jesus Cristo brilhar em sua vida, for exaltado em seus cultos e pregado pelo seu testemunho. A glória de uma igreja não são sinais e maravilhas. A honra de uma igreja não é gente pelo ladrão, música de nível ou discursos bonitos. É Jesus Cristo. Faltando Jesus, tudo será inútil.